Sede de vingança e uma busca interminável por alimentar-se de ódio, era isso que Sasuke almejou por longos anos de sua vida mais do que qualquer coisa.
Mas agora, treze anos depois da morte de seu irmão, ele arcava com as consequências de sua própria decisão.Se é que podia chamar aquilo de decisão.
Ele havia sido torturado psicologicamente e manipulado por Itachi, por Konoha, que fez exatamente a mesma coisa com a pessoa que mais amou em suas vinte e nove primaveras.
Ele nunca perdoaria a Vila por ter passado a poeira dos problemas para debaixo do tapete, nunca perdoaria Hiruzen por ter sido conivente com toda aquela situação trágica que se entendia contra os Uchiha, nunca perdoaria Danzo por todas as atrocidades que cometera, nunca perdoaria o segundo Hokage por ter colocado desconfiança e plantado discórdia entre Konoha e seu clã por conta de águas passadas, nunca perdoaria a todos que foram responsáveis por destroçar a vida de seu irmão que era apenas uma criança inocente.Nunca.
Contudo, não havia ninguém que não conseguisse perdoar no mundo mais que a si mesmo por assassinar Itachi com suas próprias mãos.
Era algo que corroía-lhe por dentro, que fazia seu peito pesar e um bolo engatar na garganta. Mil toneladas de culpa repousavam em seu peito, e o peso só crescia a cada dia que se passava.
Você pode imaginar a dor que é tirar a vida de quem mais ama, de quem lhe protegeu a vida inteira e tentou lhe deixar longe de uma catástrofe? Que pôs a si mesmo em um sacrifício interminável e seguiu com uma vida miserável, submetendo-se ao seu ódio só para que você pudesse ter a chance de viver?
Ele fizera aquilo só para descobrir que, no final, quem supostamente não se importava consigo era quem mais lhe amou. Ele vingou seus pais e seu clã, mas quando aquilo tudo acabou, só restou a solidão e o sentimento de vazio, e então a verdade veio à tona: Itachi nunca fora realmente o culpado e descobrira da pior forma possível.
Era sempre uma tortura carregar aquilo consigo, o peso da culpa e da saudade intensa, um luto que não conseguia seguir em frente. Recordar de todos os bons momentos que haviam vivido juntos e depois a dura realidade dar-lhe um tapa era costumeiro.
Porém, o que mais doía era lembrar daquele momento. De quando o irmão o beijou em sua última despedida, de quanto sentiu os lábios dele contra os seus.E, porra! Pareceutãocerto!
Sasuke só queria acordar ao lado de Itachi novamente. Queria ver seu rosto, tocá-lo com seus dedos, abraçá-lo de novo e sentir o calor, sentir como o embrace era reconfortante. Queria vislumbrar aquele sorriso gentil novamente. Ele sentia tanta falta daquilo.
Era idiota, mas beirava os trinta anos e ainda era como se fosse uma criança assustada e perdida, sem saber o seu lugar no mundo.
Eram tantos"e se ?".
E se as coisas tivessem sido diferentes? E se ele tivesse ciência da verdade antes que fosse tarde demais?
Como seria se ele ainda estivesse vivo? O que ele pensaria de si? Será que sentiria tanta falta de si como sentia dele? O que faria se soubesse o quanto desejava aquele beijo novamente? Como reagiria ao saber que o seu amor passara do fraternal já fazia muito tempo? Ficaria consigo ou o afastaria?
Porque sim, Uchiha Sasuke foi e estava apaixonado pelo próprio irmão.
O moreno suspirou fundo, secando com a ponta dos dedos as lágrimas acumuladas no canto dos olhos. Puxou o cobertor para mais perto de seu corpo, tentando dissipar o frio daquela noite gélida e solitária, assim como a sensação de aflição e agonia. Ele sentia tanta dor que precisava de umanalgésico, mas para sua alma.
O rapaz fechou as pálpebras cansadas, porém nada sonolentas, tentando pregar o olho e cair num sono profundo, pois o dia seguinte aguardava-lhe uma missão.
O que Sasuke não sabia é que o dia seguinte aguardava-lhe muito, mas muito mais do que uma missão.
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