tsukki_090 Ray Vecchio

Uma coletânea de contos que eu escrevi.


Short Story Not for children under 13.

#Contos
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Gato Yakuchi

Gato Yakuchi era de um pelo que se camuflava com a neve e da cor dos olhos nublados do norte das montanhas japonesas, seus donos residiam em um templo que tinha muitos ratos, então me adotaram, mas estou ficando muito velho; meus donos, Sayuri e Nezumi Yamauchi eram donos muito normais e velhos.


Minha dona Sayuri era uma gueixa de muito sucesso, mas agora é uma velhinha bem grisalha, foi mãe muito rápido como também foi avó cedo, eu amo quando ela faz carinho na minha cabeça enquanto tricota, o que acaba acontecendo bastante.


Ela é uma senhorinha muito habilidosa, tem um quarto só de peças produzidas por ela, o quarto desse mês é repleto de roupas verdes que eu estou adorando desfiar, o que me rende menos petiscos, mas eu preciso afiar minhas garras se não minha dona vai cortar minhas unhas com aquele alicate infeliz!


Eles são muito maldosos por não notar o quanto odeio que as cortem, atrapalha minha caçada aos ratinhos miseráveis, queria só ver o que fariam se tirassem o tabaco do Nezumi!


Meu dono é um senhor muito bom, mas pequeno, menor que os armários, todo dia eu tento motiva-lo a alongar a coluna me espichando ao lado dele, mas ele me chama de preguiçoso e acende seu tabaco que minha dona odeia, sempre que ele chega perto ela bota um pano no nariz e diz pra ele se lavar, então nunca encontro meus donos na mesma sala, tanto que o templo é dividido em dois, ou melhor, em três, já que sempre os vejo juntos nas sextas quando eles recebem doações para manter o cachimbo e as linhas de diferentes cores.


Mas hoje é um dia muito especial, não tem nenhum sinal da neblina de tabaco do meu dono, já que meus donos vão ter a visita de sua cria, Yuri era uma piralha muito barraqueira, vivia visitando templos vizinhos, o que manchava muito a imagem da minha casa e me deixou sem meus petiscos por alguns meses, até que arranjaram um casamento com um dos noviços que viajava pelo mundo.


Um ano depois eles tiveram uma cria muito bonita, eu amo quando ela traz a Raya, uma linda criança, ela sempre sorri quando eu faço carinho nela, ela é diferente da mãe que era uma piralha muito rançosa, nasceu uma criança irritada e desgostosa.


A cria da peste já que está aqui em casa enquanto a progenitora está jogada no sofá dizendo que estava desesperada por algum momento de sossego, minha dona não parece estar a ouvindo já que está sorrindo abobalhada, ela queria muito uma netinha e faz um mês da última visita, diz que estava trabalhando muito depois que o marido pediu o divórcio


Isso fez muito bem a ela, pena que meus ouvidos estão sofrendo com uma mãe indesejada.


Me deito ao lado de Raya que tenta pegar o meu rabo enquanto ri, minha dona também estava brincando até que ouviu a água na cozinha ferver, fico sozinho com a rabugenta que ainda está reclamando do marido e das suas costas. me pergunto se ela também vive na poltrona como meu dono.


Minha dona volta com o bule, biscoitos e o botinho com minha comida que eu ataco, estou faminto, Yuri diz que a velhice me deixou um gato muito desesperado já que não pego mais gatos e minha dona ralha com ela, mas acabo dormindo.


Acordei com a piralha pegando o filhote de mim. Me estico, já que minhas sonecas andam me dando muitas canseiras, me aproximo da minha dona que tricotava um novo moletom em um tom de verde-lima enquanto Yuri mostrava o quarto das peças a sua filhote.


- Está vendo, Querida? – ela puxou um cachecol de um dos cabides – tudo isso sua avó que fez!


Ela começa a pegar varias peças e veste elas.


- Daqui a pouco tempo você vai poder usar os modelitos que sua avó faz! – ela diz com um brilho bem estranho nos olhos, talvez ela esteja com fome, ninguém alimentou essa piralha?


- Claro, vai ser bom ter algo a fazer, todos os dias eu tricoto, nunca tive mais problemas quando parei de trabalhar e daqui a pouco poderei pedir minha aposentadoria – ela disse fechando um ponto que parecia difícil minha dona estava com uma expressão de raiva.


Yuri lança outro olhar de fome na direção da minha dona e adormeço de novo com o cafuné em minhas orelhas.


- Suas garras estão muito afiadas Yamakuchi querido – ela diz apertando minha patinha, tenho vontade de miar enquanto a piralha falava, o som desapareceu, aquilo ainda estava doendo.


— quero mais dormir.



Feb. 10, 2022, 1:40 a.m. 0 Report Embed Follow story
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