Por Gisinha Lima
Godric´s Hollow, Inglaterra, 16 anos atrás.
O calor era quase insuportável na velha aldeia de Godric´s hollow. As pessoas sentavam-se em frente às portas de suas casas, de forma esparramada, a temperatura anormalmente quente para a época do ano que atravessavam, quando as chuvas já deveriam ser mais fortes, deixando o ambiente quase gelado, o inverno deixando sua marca. No entanto, tudo que se via era as pessoas reclamando do calor, rostos e ombros, quando expostos, úmidos com gotas visíveis de suor, mas, nada disso pareceu incomodar o velho de longas barbas brancas e vestes longas até os pés que passava pelas largas ruas até uma pequena viela cheia de pequenas casas brancas.
A noite já ia alta na pequena aldeia, mas, as pessoas, devido o clima excessivamente quente, ainda permaneciam estiradas nas varandas e pátios de suas casas, tentando atrair uma brisa inexistente. Alguns torciam o nariz para o homem de longas vestes azuis, que andava com uma majestade incomum para alguém tão idoso. Os olhares maldosos cessaram no momento em que chegou a frente de uma porta elegante e simples feita de carvalho, que somente ele podia ver. Suave, ele murmurou algo ininteligível e esperou alguns segundos. Uma mulher muito jovem de cabelos acaju e imensos olhos verdes abriu a porta, brindando o visitante com um largo sorriso.
- Tiago vai ficar feliz – ela ainda sorria enquanto dava espaço para o idoso – ele reclamou de não ter muitas visitas, ultimamente.
Alvo Dumbledore sorriu em reposta.
- Fico contente em saber. Onde ele está?
Lílian Potter andou a frente de Dumbledore, o sorriso maior no rosto.
- Na sala, com Harry. Ele já consegue ficar em pé com um pouco de ajuda, e logo vai tentar pegar tudo que puder alcançar. – os olhos de Lílian brilhavam – E ele chama por Tiago o tempo todo.
Os dois entraram em uma sala pequena e aconchegante onde um homem e um bebê rechonchudo e rosado brincavam, as pequenas espirais de fumaça subindo, enquanto o bebê tentava pegá-las com as mãos. O menininho gargalhava muito animado ao ver as espirais subirem. Os dois ficaram entretidos por um tempo até que o pai ergueu os olhos, um sorriso tranquilo demonstrando a satisfação em ver Dumbledore.
- Interrompo? – Dumbledore sorriu, breve, ao ver o garotinho tentar levantar para tentar andar até o recém-chegado.
- De modo algum. – os dois pararam um pouco para ver a tentativa do menino de andar. Com um sorriso, os três se entreolharam ao ver o bebê dar seus primeiros passinhos, a mãe se inchando de orgulho.
O pequeno Harry se locomoveu um pouco até quase alcançar a mãe, caindo em frente aos pés dela. Muito feliz, Lílian abaixou-se para pegar o menino no colo.
- Muito bem, querido, muito bem.
Tiago Potter também levantou do chão para ir até o filho.
- Parabéns, filho. – tornou, beijando o menino.
- Esse é um evento importante, merece uma comemoração. – sorriu Dumbledore.
Ao ouvir a voz dele, Harry começou a estender a mãozinha pequena, como que tentando chegar até Dumbledore.
- O que foi, filhinho?
- Tóia! Tóia! – o menino ainda se balançava na direção de Dumbledore. Ele ergueu a sobrancelha, surpreso.
- Estória. – Tiago sorriu.
- Todo dia ele gosta de ouvir uma história diferente, especialmente os contos de fadas. – tornou Lílian, embalando o bebê nos braços.
Dumbledore sorriu.
- Ele gosta de historinhas de magia? Eu conheço algumas, não sei ao certo se são boas, mas acredito que vão deixá-lo bem entretido.
- Poderia então contar uma a ele? – Tiago apontou para o filho.
Ao ouvir a conversa, o menininho balançou-se, animado, na direção de Dumbledore.
- Tóia, hahaha! Tóia! Tóia! – o garotinho gritou, muito feliz.
Dumbledore sorriu, sentando-se na poltrona mais próxima.
- Bom, acho que posso contar uma.
Sentando com o menino no colo, Dumbledore pigarreou antes de olhar para o garoto que batia palminha para ouvir a historia do bruxo.
- Hum, bom... – o menino parou, em silencio, o rosto voltado para Dumbledore - ... há muito tempo atrás, muito antes dos bruxos começarem a ser caçados, muito antes dos trouxas começarem a se organizarem em grandes vilas feudais, havia um clã muito antigo de jovens bruxas, magas muito poderosas, que viviam para espalharem a magia entre os seres humanos (Lílian e Tiago sorriram juntos)...
“As feiticeiras de ouro, como era conhecido esse clã, descendiam de famílias élficas, o clã da cidade de Valfenda é o mais antigo deles, e também o mais numeroso.
Contavam-se as lendas que quando uma jovem bruxa completava quinze anos, ela tinha os cabelos totalmente dourados, verdadeiros fios de ouro puro, o que significava que ela havia chegado à maturidade, quando ela tinha permissão para usar de forma plena seus poderes, além de ganhar o direito a uma visita ao mundo dos trouxas, para conhecê-los e seus costumes.
Por terem sangue élfico, elas tinham o poder de encantar os trouxas que conheciam, e faziam com que eles se apaixonassem por elas...”
- Dumbledore! – Lílian sorriu, mas deixou claro que Harry era pequeno para certas partes das histórias.
- Desculpe. – ele sorriu, ligeiramente corado. – é óbvio que devo pular algumas partes. Então, muito bem...
O velho bruxo seguiu contando a história, fazendo o pequeno olhá-lo curioso, o corpinho imóvel a cada vez que a voz de Dumbledore mudava de tom.
“Então, uma delas, Selena, a mais poderosa delas, conheceu um mortal, com quem se casou e teve uma linda e grande família. E até hoje, não se sabe o que aconteceu ela... nem com sua linhagem...”
- Poquê? – perguntou o pequeno Harry, os olhinhos brilhando, encantados.
- Ninguém sabe, Harry, - Dumbledore sorriu para o bebê. – A única coisa que se sabe é que só um bruxo muito poderoso pode encontrar uma bruxa dessa linhagem... Mas quer saber a verdade? – o menino sacudiu a cabecinha quando a voz virou um sussurro de confidência. – Uma feiticeira dourada só é encontrada se quiser encontrada, mas chegará um dia em que só o poder de uma feiticeira de ouro poderá derrotar o pior bruxo que já existiu! – a voz agora causou grande impacto no jovem menino, que batia palminha, curioso. – e nesse dia, só o poder de um bruxo igualmente poderoso irá despertá-la.
Ao fim da história, o bebê já estava profundamente adormecido em seu modesto berço, os sonhos mais doces desse mundo, sem fazer a menor ideia de que já existia o grande bruxo das histórias de Dumbledore... e, naquele momento, ele estava em seu quarto, profundamente adormecido, o mais doce do sonhos, o vislumbre de algo muito distante, mas que iria mudar mais de uma vida para sempre.
Fim.
Thank you for reading!
We can keep Inkspired for free by displaying Ads to our visitors. Please, support us by whitelisting or deactivating the AdBlocker.
After doing it, please reload the website to continue using Inkspired normally.