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Milhares de pessoas presas e isoladas em centenas de abrigos de sobrevivência, casas e lojas abandonadas; o ser humano saindo da cidade grande para se abrigar em áreas florestais isoladas em abrigos subterrâneos; tais coisas tornaram-se algo comum quando um vírus que começou a se espalhar pelo mundo, transformando simples seres humanos em metamorfos. Um dos mais temidos mitos tinha se tornado real: lobisomens. Yoongi, jovem desocupado e com poucos hobbies no seu abrigo, se assusta quando um garoto de cabelos azuis pede ajuda nas portas do lugar. Ele dizia ter uma cura para aquilo tudo, que só precisava chegar aos chefes e homens poderosos para mostrar sua proposta. Então, Yoongi resolve acompanhar Jimin em sua jornada em meio a floresta. Uma das piores e melhores escolhas de sua vida.


Fanfiction Bands/Singers For over 18 only.

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Capítulo Único

Escrito por: girl_daegu

Notas Iniciais: Bom dia, boa tarde e boa noite! Boa leitura, anjos <3


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Terças e quintas eram os dias de buscas de alimentos. Depois que um grupo reclamou que estava cansado de comer a pasta artificial de nutrientes — que, de acordo com eles, tinha gosto de batata mofada com peixe —, os caçadores prometeram trazer carne de algum animal não infectado pelo vírus.

Um desses jovens era Min Yoongi, que tentava miseravelmente terminar de tricotar um cachecol amarelo. Sua mãe tinha lhe dito há algumas semanas que ele parecia mais inútil do que o resto dos adolescentes do abrigo, ensinando-lhe a tricotar, fazendo Yoongi ganhar um novo passatempo.

— Não acho que tricotar seja lá uma coisa muito bacana pra se fazer enquanto o mundo tá acabando lá fora — Taehyung, amigo de Yoongi, disse, encostando-se na porta da pequena cabine do Min, essa que era como um pequeno quarto de três metros quadrados, onde só cabia um beliche com escrivaninha embaixo.

— Qual é? Por que ela não me deixa ajudar nas tentativas de plantação de tomate, assim como sua mãe deixou? — Yoongi largou o tricô sobre a cama e desceu, passando a acompanhar Taehyung pelos corredores, que eram completamente feitos de ferro e aço. Na realidade, todo o abrigo era feito desses materiais, dessa forma aguentariam ao tempo, assim como já tinham aguentado todos aqueles quinze anos.

— E se você ferrasse os estudos? — perguntou, quando, enfim, entraram no grande refeitório.

— E você já não é capaz de fazer isso? — Yoongi falou em tom de ironia, recebendo um tapa na nuca.

Os combatentes tinham acabado de chegar, e não tinham expressões muito boas nos rostos. Os dois jovens se aproximaram da mãe de Taehyung, que era uma das líderes do grupo de pessoas que saíam do abrigo para procurar suprimentos, e questionaram:

— O que houve? — o loiro perguntou à mãe.

— Richard ficou lá fora. Foi mordido por um deles…

Os dois se assustaram no mesmo momento. O homem era um estrangeiro que vivia no país, tinha quase dois metros de altura e músculos tão fortes que poderiam segurar três Yoongis em cada braço.

Eles estavam ficando cada vez mais fortes. Encarando até mesmo um brutamontes como Richard. Constantemente o grupo de humanos perdia algum dos combatentes, mas sentiam cada perda como se fossem parentes. Todos do abrigo 37 se tratavam como uma família.

Taehyung se aproximou da mãe e a abraçou, grato por ela estar viva junto a eles. Yoongi permaneceu observando em silêncio.

O refeitório era banhado por silêncio, que ia se acabando conforme uma voz exasperada se aproximava cada vez mais do local.

— Acreditem em mim! Meu pai é Park Jihoon! — Dois homens seguravam um garoto de cabelos azuis, que tentava se soltar a todo custo, mas não era forte o suficiente. O trio chegou em frente à Kim, uma das líderes.

— Ele estava pedindo socorro em nossas portas. Diz que um lobisomem estava correndo atrás dele — o homem disse inexpressivo, fazendo o azulado revirar os olhos, não entendendo por que o tratar assim, sendo que também era um humano.

— Já fizeram o teste nele? — perguntou com uma voz suspeita.

— Resultado negativo, senhora.

— Soltem-no.

O garoto sorriu vencedor, lançando um olhar bravo aos soldados, antes de se curvar em frente a mulher e se apresentar.

— Obrigado pela recepção, senhora. Sou Park Jimin, do abrigo 25. — Continuou com um grande sorriso no rosto.

— Park Jihoon é mesmo seu pai? — perguntou. Yoongi e Taehyung encaravam tudo de perto, ainda confusos.

— Quem é Park Jihoon? — Taehyung ousou questionar, mas foi ignorado pela mãe, que estava mais séria que o normal.

— Sim! Eu o ajudava nos estudos da cura e resolvi continuar mesmo depois de sua morte. — Os dois amigos arregalaram os olhos quando ouviram a palavra cura. Realmente tinha um estudo promissor para a cura?

— Venha comigo. — A mulher saiu do refeitório, seguida de Park Jimin, que não carregava nada mais do que uma pequena mochila nas costas.

Yoongi e Taehyung se olharam, assustados. Tinha sido muita informação de uma única vez. Ainda bem que Yoongi não continuara tricotando em seu quarto.

O assunto durante aquela tarde tinha sido o “maluco do cabelo azul”, em todos os cantos se ouvia algo sobre garoto, fosse para comentar sobre a cura ou para fazer piadinhas com seu jeito extrovertido.

Taehyung até mesmo faltou ao projeto de plantação de tomate para passar a tarde fofocando sobre o azulado e também atualizar Yoongi da briga do casal da cabine 104, se tinham voltado ou não, já que fazia horas que não viam o garoto do abrigo 25. Havia tempo que eles não conheciam alguém de fora.

— Imagine se realmente há uma cura? — Taehyung disse sonhador, deitado na cama de sua cabine. Yoongi estava sentado na cadeira rotatória que tinha ao lado da mesa, rodando um ioiô. — Poderíamos viver igual aos jovens! Viver o clássico Ensino Médio que vimos nos filmes! Imagine só! — Ele já olhava para o moreno esperando uma resposta tão animada quanto a dele, mas Yoongi estava muito disperso. Nem mesmo prestou atenção no que o amigo tinha dito.

— Muito obrigado por confiar em mim, senhora Kim. Eu estava mesmo precisando de suprimentos. — Yoongi ouviu uma voz ao longe. Ele e o amigo não precisaram ter uma troca de olhar por mais de dois segundos para correrem em direção ao som. Jimin e a mulher estavam passando pelo corredor em direção à saída.

Muitas pessoas estavam reunidas em volta dos dois, desejando boa viagem a Jimin, que dessa vez tinha sua mochila cheia de alimentos nas costas, junto a uma besta pendurada nela.

Naquele momento, Yoongi se sentia tão fútil. Seu melhor amigo trabalhava nas plantações, a Kim era uma das líderes, sua mãe trabalhava na pequena creche do abrigo… bem, e ele? Às vezes ajudava a velhinha da limpeza a limpar os corredores e às vezes tentava tricotar cachecóis para sua mãe. Vários jovens da sua mesma idade, ao completar os vinte anos, se alistavam para os combatentes. E para completar, naquele dia, um garoto tinha aparecido sozinho no abrigo, com a missão de levar a suposta cura para a Base, mais conhecida como abrigo 01, um local completamente desenvolvido, repleto de segurança e alta tecnologia.

Se ele tivesse um mínimo de coragem…

— Eu vou com ele — Yoongi disse em um tom de bravura, não tendo noção do que fazia, dando um passo à frente no meio da multidão, que o olhou confusa.

— O quê? — Dessa vez, foi Jimin que ficou confuso.

— Você não vai conseguir chegar lá sozinho. — Yoongi sabia que tinha entrado em uma cilada.

— Senhora Kim, ele é um combatente? — Jimin perguntou confuso à mulher, estranhando, pois costumavam ser bem altos e fortes, não baixinhos e magros.

— Não faz sentido, Yoongi. Você não vai lá pra fora desde o começo de tudo. — A mulher se preocupou; conhecia o garoto, já que ele crescera com seu filho desde os 5 anos de idade, sabia que ele não levava jeito nenhum com aquilo.

— Eu não faço nada aqui dentro. Não vou fazer nenhuma diferença, seja aqui dentro ou fora.

— Yoongi?! — Taehyung gritou.

Todos o olhavam assustados. Ninguém tinha entendido a ideia do garoto, já que era quase que uma missão suicida. Seriam quatro dias de caminhada.

— Olha, por mim tudo bem desde que a gente saia daqui antes das 15h. — Jimin deu de ombros. — Precisamos de tempo para procurar algum abrigo.

Yoongi olhou esperançoso para a Kim, que o olhou com um olhar duvidoso. Ela confiava muito no Min, mas o colocar lá fora…

— Se é sua vontade… não posso segurá-lo, não é uma criança… — Yoongi sorriu grande com a resposta. Talvez ele não estivesse cem por cento ciente de suas escolhas pela euforia, mas não ligava para isso.

[...]

— Eu peguei tudo, mãe, relaxa. — A mulher verificava a mochila do filho pela sexta vez, certificando-se de que ele não tinha esquecido nada.

— Você não vai sobreviver um dia lá fora, Yoon… — Pegou a mão do filho.

— Que encorajador… — Soltou uma risada nervosa, antes de ser pego em um abraço apertado.

Algumas pessoas se reuniram em volta da grande escada de mão, que ligava o abrigo subterrâneo à grande porta reforçada na superfície. Alguns combatentes analisavam a situação, sérios, e até mesmo a Kim parecia muito mais séria do que o normal. Yoongi já tinha se despedido do melhor amigo, mas Taehyung continuava chorando enquanto abraçava sua mãe de lado. Ele realmente era tão “frágil” assim?

— Provavelmente não terá nenhum deles lá fora, mas irei na frente por precaução, ok, Yoonji? — Jimin perguntou, já subindo alguns degraus.

— É Yoongi! — repreendeu o garoto, dando um tchauzinho para sua mãe e o amigo, antes de subir também, não muito longe de Jimin.

Demoraram alguns minutos para subir a escada que tinha o cumprimento de quase 100 metros, chegando um pouco cansados, mas ainda com muita energia e ânimo para o que havia lá fora. Jimin abriu a grande porta, que tinha diversas trancas, sendo o primeiro a sair. O mais novo parou do lado de fora, apoiando as mãos na cintura e sentindo o ar fresco, enquanto Yoongi observava tudo debaixo, ainda nos últimos degraus da escada, paralisado. O olhar confuso que Jimin lhe lançou o despertou da situação, nisso decidiu terminar a subida e, enfim, colocando seus pés no gramado assim que saiu do portão.

Era uma área tão isolada, com um vasto campo verde de grama alta, um pouco seca, mas ainda assim muito resistente. Se alguém que não soubesse da realidade atual, nunca suspeitaria que estavam em meio a um apocalipse genético. O sol das três da tarde brilhava como Yoongi nunca tinha visto; ele realmente tinha se esquecido de como era a sensação do sol em sua pele. Os suplementos de vitamina D que tomava ao longo daqueles anos não chegava nem perto do sentimento de vida que sentia agora.

— O ar aqui fora é bem melhor, não é, Yoonjun? — Yoongi foi despertado por Jimin errando seu nome novamente, sorrindo, observando o vasto campo.

— É Yoongi! — bradou.

— Se não me engano, devemos ir para o leste! — Jimin se lembrou do que realmente iam fazer lá fora, retirando a bússola do bolso e analisando o objeto com calma, apontando para a direção que supostamente era o leste, imaginando como iria ser o caminho.

Um longo caminho…

Em volta do grande campo havia uma vasta floresta, indicando que, assim que entrassem na mata, não teriam mais um campo de visão tão grande, encarando o real desafio da situação.

Não era nem mesmo possível seguir uma trilha, uma vez que todas já haviam sido cobertas pelo matagal. Algumas placas desgastadas de madeira diziam perigo, acompanhadas de uma cabeça de caveira, isso quando no lugar delas não tinha a silhueta mal feita de um lobisomem. As pernas de Yoongi vacilaram em alguns momentos com os avisos e, a única coisa que se era possível ver eram as enormes árvores, que quase cobriam por completo a visão do céu, o mais velho engoliu em seco, andando um pouco mais devagar do que anteriormente. Jimin assobiava uma música desconhecida. Ele não tem ideia que isso pode chamar a atenção deles? Yoongi se perguntou com os olhos arregalados.

— Você sabe pelo menos segurar uma besta? — o Park perguntou curioso, virando-se de costas para conversar melhor com o garoto que lhe acompanhava atrás.

— Você sabe? — Yoongi não respondeu, fazendo Jimin entender de cara que não.

— O que você acha? — Sorriu sugestivo, fazendo Yoongi ficar confuso e, em seguida, desesperado.

— Você veio pra uma missão suicida sem nem saber segurar uma besta? — frisou paralisado.

— Onde acha melhor dormirmos essa noite? Em um galho de uma árvore? Já vi isso nos filmes e parece que deu certo!

“Parece que deu certo”? São filmes, Jimin, eles não tentaram isso na vida real! Minha nossa… Eu saí do meu abrigo para acompanhar um maluco que quer se basear em filmes! Yoongi pensou.

Dizer que o caminho foi tranquilo para Yoongi seria uma mentira. Todas as vezes que ele ouvia um barulho suspeito entre os galhos das árvores, seus ombros ficavam tensos e sua respiração não passava mais a ser involuntária.

Jimin permanecia assobiando músicas que ele queria ouvir naquele momento, porém ainda atento em seu entorno. Ao longo dos anos, os celulares passaram a se tornar inúteis, isso porque as criaturas destruíam tudo o que viam pela frente, e nisso as torres telefônicas e de internet passaram a ser inúteis. Por isso, o máximo que podiam fazer era transferir músicas para seus telefones e, se tivessem uma grande sorte, transferiam algum jogo através dos equipamentos e registros salvos nos abrigos.

Já acontecia o crepúsculo, e o sol dizia olá, quando a noite começava a se fazer presente. Yoongi e Jimin precisavam discutir antes que o sol fosse embora, para se abrigarem em um local seguro. Yoongi segurava a lanterna com a mão um pouco trêmula, enquanto Jimin tirava uma lona verde musgo da mochila.

— Vamos fazer uma barraca com essa lona, venha, me ajude, Yoonbin.

— Caralho, quantas vezes vou ter que dizer que meu nome é Yoongi?! — gritou, arrependendo-se segundos depois que ouviu um rosnado a alguns metros deles, acompanhado de alguns passos apressados.

— Porra… — Jimin entrou em desespero, largando tudo o que segurava no chão. Yoongi estava paralisado. — Sobe na árvore — Jimin disse, mas Yoongi nem tinha o ouvido. — Sobe na árvore, caralho!! — Acordou Yoongi de seus devaneios, fazendo pezinho para que o outro subisse de forma mais prática. Ao ouvir outro rosnado, dessa vez mais próximo, Yoongi se apressou em subir na árvore, acompanhado de Jimin, que o incentivou a subir no galho mais alto que tivesse. E assim os dois fizeram, sentando um ao lado do outro.

O grande lobisomem tinha cerca de dois metros, com uma grande corcunda enquanto andava sobre os dois pés, com os dentes totalmente à mostra, farejando meticulosamente tudo o que via pela frente.

Merda, eles farejam o sangue humano. Estamos mortos. Yoongi pensou, lembrando dos ensinamentos básicos sobre os lobisomens que aprendeu quando criança.

Antes que ele começasse a gritar de desespero, prestes a usar suas últimas palavras para berrar o quanto amava sua mãe, Jimin colocou a mão sobre a sua boca, pressionando seus corpos para deixar Yoongi o mais quieto possível. Depois, retirou um spray do bolso com a mão livre e jogou um perfume estranho sobre ambos.

Se Yoongi não tivesse que ficar com a boca calada, provavelmente reclamaria alegando que aquilo cheirava a… odor de gambá. O aroma era extremamente forte, mas suportável se você prendesse a respiração uma vez ou outra. A criatura gigante estava confusa, farejando todo o ar em busca do cheiro humano que encontrara segundos atrás, mas não mais do que Yoongi, que tinha as sobrancelhas franzidas e sentia que seria capaz de vomitar a qualquer momento.

Jimin hesitava se deveria pegar a besta que tinha nas costas para matar o monstro, contudo, o que normalmente era ouvido a uma distância de dia, seria ouvido ao dobro durante a noite. Se atraísse outros lobisomens àquela hora, provavelmente não estariam vivos até o próximo nascer do sol. O ideal era esperar ele ir embora.

Bem, se aquele lobisomem em específico não fosse tão esperto e continuasse lá durante longos minutos averiguando o local.

Caso Jimin não fosse paciente, Yoongi, com certeza, já teria atirado uma flecha nas costas do ser. Só faltava morder a mão de Jimin, que continuava em sua boca e começava a suar um pouco.

[...]

— Que nojo, que nojo — reclamou, dessa vez mais baixo, pois não queria que passassem por outro sufoco daqueles. — Precisava disso? Que porqueira, Jimin!

— Eu salvei sua vida, seu merda! Me agradeça! — retrucou dessa vez, descendo da árvore primeiro.

— Obrigado por me fazer sentir o leve e suave aroma de mãos suadas e sujas, Park.

— Estão mais limpas que sua boca!

Depois do inconveniente, ambos não tiveram muito sono, alegando que não tinham confiança um no outro para dormir enquanto o outro vigiava, quando, na verdade, só estavam com medo do cheiro de gambá não funcionar da próxima vez e eles tiverem que correr como se não houvesse amanhã.

Depois de notar que o sol já brilhava no céu e ver um lindo passarinho azul cantando como se não estivessem lidando com vírus genético que transformava as pessoas em lobisomens se tido contato com as glândulas da boca da fera, Yoongi se sentiu revigorado, um novo homem.

Jimin estava ferrado de sono, já que não era sua primeira noite de viagem — como a de Yoongi —, mas sim a terceira.

— O que acha de tomarmos um banho em algum rio? Ainda estou com resquícios dessa merda desse cheiro de gambá. — Espreguiçou-se, e foi possível ouvir dois ossos estalando. Ele nem se assustou, uma vez que, desde que entrara para o abrigo não realizara muitos exercícios físicos.

— Primeiramente, essa “merda desse cheiro de gambá” salvou sua vida. E segundo, lhe garanto que noventa por cento dos rios estão com um cheiro bem pior do que o nosso agora. — Jimin era uma graça durante o dia, mas, quando acordava, era a pura ignorância, ainda mais quando acordava com sono.

— Porra, com você dessa forma, o efeito do passarinho azul vai embora rapidinho — bufou, jogando sua mochila nas costas. Tinha acordado se sentindo um aventureiro, mas não admitiria em voz alta.

Depois de comerem cada um uma maçã — essas que estavam nas mochilas de ambos —, continuaram a missão, em uma longa caminhada. Como o esperado, Jimin ia na frente, Yoongi não iria contrariar.

O caminho no segundo dia parecia um pouco diferente do primeiro. Pelo jeito, no dia anterior, havia chovido naquela região durante a noite, e não no lugar onde dormiam.

Jimin já tinha passado de sua fase de estresse, mas andava arrastando os pés e às vezes até mesmo via sua visão embaçar por conta do sono. Yoongi tinha notado aquilo, mas tentava não se preocupar muito, mesmo que seus ombros estivessem tensos durante todo o caminho.

O trajeto, que antes era coberto por folhas secas e galhos quebrados, agora era um lamaçal, onde a sola de seus sapatos afundavam quase que completamente no barro, fazendo a caminhada ser a cada segundo mais torturante. O que era pra ser um segundo dia se tornou em um caos, no qual não trocaram mais do que dez palavras.

Até Yoongi ouvir um barulho estranho entre os arbustos.

— Jimin, acho melhor corrermos — disse em um fio de voz, alertando Jimin, que puxou a besta das costas, sonolento, apontando em direção ao arbusto. Yoongi se colocou atrás do azulado, que piscava várias vezes tentando melhorar sua visão.

Depois de alguns segundos, vidrados na moita, viram um pequeno coelho saindo de lá, fazendo-os soltar suas respirações e os ombros relaxarem. Jimin virou para seu parceiro, suspirando.

— Nunca mais me dê um susto desses, Yoonji. — Colocou a besta de volta nas costas, junto à mochila.

— Eu já disse que meu nome é… — Sua voz parou no meio da frase, dando passos para trás com os olhos arregalados observando o que estava a alguns metros atrás de Jimin. — Merda.

Um lobisomem.

— Sim, você é um merdinha, isso sim! — O azulado zoava com a cara do outro, mas ainda assim parecia preocupado com as expressões de Yoongi. — Não vou cair em suas brincadeirinhas mais.

No mesmo segundo, um rugido ecoou por toda a floresta, fazendo as pernas de Jimin tremerem e ele se virar de costas. Uma enorme fera se aproximava, correndo entre as duas pernas e vez ou outra utilizando suas mãos para ganhar mais velocidade; uma baba gosmenta escorria por sua boca.

Não foi preciso que nenhum dos dois dissessem algo mais para que saíssem correndo aos tropeços.

De todas as fantasias que Yoongi tivera dentro do abrigo, de como era o lado de fora, com certeza uma delas não era estar fugindo de um monstro faminto, que, além de ter encontrado seu almoço, encontrou um jantar.

As mochilas pesadas atrapalharam a corrida e o histórico de atleta de Yoongi não era um dos melhores, uma vez que o máximo que fazia era subir algumas curtas escadas do abrigo. Já Jimin, parecia ter tirado energia do nada, correndo como se não houvesse amanhã.

O lobisomem se aproximava a cada segundo que se passava, e a distância se fazia ainda menor entre os três. As pernas dos dois jovens já perdiam o controle, visto que corriam por muito tempo e muito rápido. Suas visões já não focavam mais e tudo o que enxergavam era a terra molhada espirrando em seus rostos antes dos dois darem de cara com o chão, quando Jimin tropeçou em seus próprios pés, e Yoongi, que estava somente um pouco atrás, topou com o garoto no chão.

A criatura já se aproximava em passos lentos, ficando sobre as duas pernas traseiras e mostrando seu grande porte. Sua pele era quase toda coberta por pelos, havendo somente algumas falhas; nelas, podia-se ver altas veias roxas, principalmente na parte de seus braços e peito.

Jimin retirou a besta das costas, ainda com as mãos trêmulas, enquanto Yoongi tentava se esconder atrás de seu corpo, que ainda estava sobre o lamaçal. Jimin apontou a besta em direção à fera, puxando a corda para trás e ajeitando o projétil sobre o instrumento. Respirou fundo em um último pingo de coragem e atirou.

— Caralho, Jimin! — Yoongi chorou com o resultado. Não tinha passado nem perto da cabeça da fera, que soltou um som estranho e rouco, parecido com uma risada.

O lobisomem se aproximava lentamente, sedento.

Yoongi, em um impasse, com os olhos incertos, pegou a besta da mão de Jimin, que permanecia jogado no chão, e puxou a corda com o resto de força que ele ainda tinha nos braços. Mirou — ou pelo menos tentou — na cabeça da fera e apertou o gatilho.

Atirou quase no ombro esquerdo do monstro, que grunhiu de dor. Não era o que eu esperava, mas pelo menos poderei esfregar na cara desse metidinho que salvei sua vida. Yoongi pensou, sorrindo de felicidade ao notar o lobisomem se jogar no chão. Provavelmente tinha acertado seu coração, ou algo próximo disso.

Jimin, ainda incrédulo, foi levantado por Yoongi, escorregando um pouco por agora seus corpos estarem completamente cobertos pela lama.

— Temos que correr, antes que apareçam mais de onde esse veio. — O moreno suspirou quando ambos já estavam em pé. Jimin ainda o observava com os olhos arregalados, alternando seu olhar entre os dois. Ao ouvir a fera grunhir mais uma vez, sua mente foi despertada, e começaram a correr novamente, dessa vez não tão desesperadamente. Somente para pegarem uma distância segura.

Quanto mais distância pegavam do local, mais aliviados ficavam e começavam a se dar conta de tudo o que aconteceu. Realmente tinham ficado a um passo de serem devorados e incluídos na longa lista de pessoas transformadas.

— Aquilo que você fez foi… foi incrível! — Jimin disse ainda espantado, andando de costas na frente de Yoongi, que tinha as bochechas vermelhas por ser o centro da atenção, mas ainda assim esbanjava uma expressão orgulhosa no rosto. — Achava que você nunca tinha usado umas dessas — referiu-se à besta. — Sério, isso foi… surreal! Como a cena de um filme!

— Você parece bem acordado pra quem antes estava até arrastando os pés — Yoongi falou, rindo. Era a primeira vez que tinham uma conversa sem provocações e trocadilhos. Jimin estava grato, e Yoongi se sentindo sortudo por ter acertado o tiro, sem nem mesmo saber segurar o equipamento.

— Acho que, depois de quase morrer, a gente ganha um gás extra para viver, sabe? — Jimin acrescentou com um grande sorriso.

— Banho! — exclamou Yoongi, chamando a atenção de Jimin, que prestou mais atenção ao que tinha à sua frente: era um rio, com uma pequena cascata de água de uns três metros. Era sem dúvida a melhor oportunidade para um banho, depois de estarem cobertos por lama. — Qual era a possibilidade de encontrarmos um rio hoje estando cobertos por lama?

— Juntando as possibilidades de quantas formas nós poderíamos morrer antes de encontrar esse rio também? — Jimin pensou por um tempo. — Uma em duas mil e quinhentas — respondeu curto, deixando Yoongi ainda mais confuso. Jimin tinha mesmo tanta capacidade em fazer cálculos facilmente?

— Calma aí, porra, por que tu tá tirando a roupa?! — Yoongi disse assustado enquanto Jimin começava a tirar sua camisa, em questão de segundos retirando a calça, ficando somente com sua boxer preta.

— Quer molhar suas roupas? Depois não teremos o que vestir — disse simples, colocando-as sobre a mochila que tinha deixado próxima a uma pedra.

De certa forma, fazia sentido.

— Não vai entrar, Yoonji? — Jimin perguntou confuso olhando para o outro, que dessa vez ignorou quando o azulado errou seu nome.

Nisso, Yoongi começou a retirar suas roupas, ainda um pouco inseguro, observando Jimin, que já tinha entrado no rio e estava com a água batendo em sua barriga. Às vezes o outro era um sinal de interrogação na cabeça do mais velho. Não entendia como ele conseguia ser tão espontâneo em meio a tudo que a humanidade estava passando, ainda mais possivelmente ter uma cura. A tão esperada cura…

Yoongi entrou no rio ainda um pouco incerto, tentando se acostumar com a água que estava um pouco mais fria do que achava. Mas estava ansiando por aquele banho desde cedo, não iria perder aquela oportunidade pelo simples fato de ter que mostrar seu corpo branco por falta de sol.

— Eu poderia ficar aqui por horas. — O azulado passou a mão pelos cabelos molhados, deixando-os para trás depois do mergulho, contrário de como sempre ficava, com a franja jogada sobre a testa. Quando o mais novo olhou para Yoongi, notou que estava sendo observado, fazendo o moreno desviar os olhos e voltar a se limpar com a água, sem nem mesmo molhar seus cabelos. Queria provocá-lo com alguma piadinha por estar olhando diretamente para seu corpo, mas preferiu dizer outra coisa. — Não sabe nadar? — Silêncio.

— Você sabe? — perguntou olhando-o com um pequeno brilho nos olhos. Desde pequeno, era maluco para aprender a nadar, mas em seu primeiro dia de aula quando criança começaram as polêmicas alarmantes sobre as transformações. Não pôde nem mesmo desfrutar de sua primeira aula.

— Meu pai me ensinou quando eu nem me considerava como gente, disse que temos que estar preparados pra tudo. — Sorriu pequeno.

O silêncio perdurou o local, onde ambos se olhavam, Jimin lembrando de seu pai e Yoongi dos sonhos que tinha antes dos problemas mundiais aparecerem. O clima tinha ficado um pouco pesado sem nem perceberem, e era uma das qualidades de Jimin melhorar o clima.

— Vem cá. — Andou na direção de Yoongi, com um sorriso pequeno no rosto, puxando seu braço para a parte mais funda do rio, onde a água batia em seus ombros.

— O que você tá fazendo? Não! Não! — Estavam quase se aproximando da parte mais profunda. O moreno sonhava com aquilo, mas não entrava em um rio ou piscina nem mesmo para molhar seus pés há anos.

— Calma! Não vou fazer nada com você — Jimin disse, rindo quando Yoongi começava a se agarrar em seu corpo para conseguir melhor apoio. Pelo jeito, ele realmente não tinha tido grandes contatos com água.

Era mais do que óbvio que Jimin não iria magicamente ensinar Yoongi a nadar, uma vez que aquilo exigia muito treino e um profissional adequado. Ele só queria descontrair o ambiente e, quem sabe, ajudar o outro a ter mais confiança na água. Felizmente, Yoongi pareceu mais calmo quando pararam no meio do rio e notou que Jimin não iria soltá-lo no meio da água. De certa forma, ele suspeitava que o mais novo ia fazer uma miniaula.

— Prende a respiração e afunda a cabeça. — Recebeu um olhar assustado. — Sem segurar em mim, é claro — completou com um tom mais sério, fazendo Yoongi notar que não era uma brincadeira e o olhar sem dizer nada. — Qual é! Tem tanto medo de se afogar assim? Eu tô aqui do seu lado! Caso se afogue, eu te salvo. Posso até fazer uma respiração boca a boca se quiser — provocou, levando um tapa no braço.

O moreno respirou fundo duas vezes tentando se acalmar, antes de respirar fundo e finalmente afundar, voltando em menos de um segundo quando se viu completamente envolto pela água.

— Não dá, não dá… — Negou com a cabeça, respirando um pouco mais desesperado do que o normal. Nem ele mesmo entendia por que tinha tanto medo, nem mesmo tinha algum trauma com água. Ele só não tinha percebido que era normal ser inseguro depois de anos preso em um abrigo.

Yoongi já ia se afastar de Jimin, saindo de lá antes que passasse mais uma vergonha, contudo, o rapaz puxou sua mão novamente, trazendo-o para perto, para seu espaço pessoal. Yoongi, naquele momento, se assustou, já que o azulado nunca tinha tido tal atitude. Na realidade, nem mesmo Jimin tinha entendido tal ação. Talvez ele quisesse reconfortar o companheiro…

Olhavam-se profundamente, assustados e confusos, porém sem se afastarem. O ambiente tinha mudado, e seus troncos estavam quase colados um ao outro.

Jimin engoliu em seco ainda mais constrangido quando notou que agora estava olhando para os lábios do Min, que tinha suas bochechas totalmente vermelhas.

Jimin se afastou e deu um sorriso pequeno, coçando a nuca. Queria dizer uma frase motivadora para o moreno, mas perdeu todas suas palavras.

— O que acha de tentar de novo? — sugeriu, finalmente tendo coragem de olhar diretamente para Yoongi novamente.

Silêncio. Podiam até começar a ouvir um grilo que começava a cantar.

— Acho melhor irmos embora, daqui a pouco escurece. — Yoongi desviou seu olhar pela primeira vez.

Claro, deviam ir logo.

[...]

Finalmente tinham conseguido montar a barraca, a mesma da primeira noite, quando tiveram que se camuflar com cheiro de gambá. Não podiam acender uma fogueira e nem mesmo uma lanterna, já que isso chamava mais a atenção dos lobisomens que tinham uma ótima visão durante a noite.

Assim, eram iluminados somente pela lua cheia, que era o suficiente para conseguirem enxergar seu entorno enquanto conversavam sentados ao lado da barraca. Conversavam abertamente, fazendo perguntas, contando fatos aleatórios sobre a vida e às vezes rindo com algumas piadas duvidosas.

— Ainda não acredito que você sabe tricotar! — Jimin riu, ainda surpreso. — A maioria dos jovens normalmente querem ser combatentes.

— Não ria de mim! — Yoongi disse com um biquinho emburrado. — Você mesmo não é um combatente, não pode dizer nada de mim!

— Mas eu estava estudando uma cura junto com meu pai! Fiz muito mais pra humanidade do que você fazendo cachecóis! — Jimin citou seu pai pela segunda vez no dia, e aquilo despertou a curiosidade do Min.

— Por que seu pai não veio junto com você?

— Bem, eu… — Jimin foi pego desprevenido pela pergunta, não sabendo como responder. — Ele morreu pra um deles — respondeu direto, mas agora sério, um pouco triste por lembrar do que aconteceu.

— Me desculpe, Jimin… sério, eu…

— Não tem problema perguntar, eu também ficaria curioso. — Deu um sorriso pequeno tentando tranquilizá-lo. — Ele sempre pedia para os combatentes trazerem amostras do sangue e da saliva deles, mas os combatentes raramente traziam as ervas que só conseguiam aqui do lado de foras… às vezes ele saía para pegar essas ervas… caramba, em todas as vezes eu dizia pra ele não sair, mas ele não me ouvia! — Suspirou. — E aí… aí que numa quinta-feira, enquanto eu estava almoçando, recebi a notícia de que encontraram o corpo do meu pai a poucos metros do abrigo.

— Ele foi transformado… — Yoongi deduziu, e Jimin concordou, brincando com o simples anel que tinha em seus dedos.

— Ele me deu esse anel de presente atrasado de aniversário semanas antes do acidente… — Sorriu com a lembrança.

— Desculpe por ter feito você lembrar dessas coisas…

— Tudo bem, sério! Eu não fico triste como você está pensando. — Tentou tranquilizar o outro novamente. — Meu pai me dizia que se fossemos imortais, iríamos ficar deitados na cama até termos energia para fazer algo realmente útil, já que teríamos todo o tempo do mundo pra fazer depois… — Riu. — Dizia que a vida infelizmente tinha um início e um fim, cabendo a nós aproveitar o máximo que podemos com quem e o que amamos… — Respirou fundo, dessa vez sorrindo.

Realmente fazia sentido, quando não temos uma motivação tudo perde o sentido, e aproveitar a nossa vida era o mínimo.

— Eu tenho ótimas lembranças com ele, não sei se eu aproveitei o máximo que podia, mas sei que o amei demais, assim como ele me amava. Nisso, eu decidi continuar o projeto da cura dele sozinho, me aprofundei mais nos estudos, melhorei o nosso projeto e finalmente tive um bom resultado esse ano. — Notando que o ar parecia um pouco alterado, Jimin completou: — Poderei colocar o nosso nome nos futuros livros de história e também ser o cientista mais jovem a conquistar algo tão grande.

Yoongi se sentia tocado com tudo o que o garoto tinha dito, não sabendo o que dizer.

— Falando desse jeito, me sinto um vagabundo. Enquanto você ficava estudando, eu estava pensando em qual cor de cueca usar no dia.

— Hoje você estava usando uma verde. — Jimin riu, lembrando-se do Min ainda inseguro na beira do rio.

— Cala a boca, caralho — xingou com as bochechas coradas, não pensou que o Park tinha notado aquilo.

— Mas dentro das circunstâncias, é difícil ser muito produtivo. Eu te entendo, Yoongi.

— Acertou meu nome dessa vez? — Virou seu corpo em direção ao garoto, que finalmente o encarou e sorriu contido.

— Na realidade, eu sabia que seu nome era Yoongi há algum tempinho… — admitiu descaradamente.

— E por que me chamar pelo nome errado todas as vezes?! Não faz sentido! — Yoongi permaneceu indignado, e Jimin manteve-se, durante um tempo, em silêncio.

— Eu gostava de ver sua carinha emburrada — confessou, olhando diretamente para todo o rosto de Yoongi, que começou a estranhar a atitude, ficando com as bochechas rosadas. — O seu biquinho fofo, as sobrancelhas se franzindo junto ao narizinho de botão, as orelhas um pouco vermelhas… — Jimin, notando tudo que o disse, desviou seu olhar para frente, um pouco envergonhado e rindo nervoso. — Merda, falei demais, não é?

Yoongi nunca tinha visto Jimin com o rosto todo vermelho, geralmente era papel dele mesmo exercer essa função. Mas tinha que assumir que Jimin, além de ficar bonito com um sorriso provocante nos lábios, ficava ainda mais belo quando estava semelhante a um pimentão. Ele era bonito pra caralho. Yoongi sabia disso.

Em um pingo de coragem, o moreno esqueceu a insegurança que desenvolveu durante anos depois de ficar trancafiado em um abrigo. Levando sua mão até o queixo do azulado, trouxe seu olhar para o dele novamente.

Ambos sabiam o que iam fazer depois de alguns segundos, qualquer um saberia ao ver o olhar profundo dos dois um para o outro. Ambos sabiam e queriam que aquilo acontecesse, depois do acontecimento do rio.

Juntaram seus lábios.

O encaixe era um pouco desajeitado, mas, com poucos segundos, conseguiram se encontrar na ação. Sabendo o momento certo de cada movimento e cada mexida de cabeça, assim, juntavam suas línguas e aprofundavam mais ainda o beijo.

Era algo lento no início, mas, com o tempo, foi se tornando algo mais rápido, levando-os a se separarem durante poucos segundos para respirar. Não sabiam se era tesão reprimido ou até euforia do momento, mas, quando nem perceberam, Yoongi começou a levantar um pouco seu corpo, indo em direção ao outro, ficando quase por cima.

As mãos de Jimin vagavam pelos cabelos ainda um pouco molhados do outro, enquanto Yoongi se apoiava nele segurando seus ombros, ficando quase, quase por cima de seu colo.

— Yoon… — Jimin suspirou nos lábios finos assim que o garoto sentou sobre seu colo para ficar em uma melhor posição.

Ansiaram, com um pouco de falta de ar. Sabiam o que estavam fazendo, estavam muito cientes, e aquilo fazia os corações baterem desesperadamente pelo fato de serem retribuídos. Não tinham tido longos dias de convivência para desenvolverem um laço forte, mas, em um ambiente de sobrevivência, aprendiam a lidar com as diferenças de uma forma muito mais rápida, e assim tudo ocorreu de forma apressada.

Sempre era tudo à flor da pele: os jovens, os sentimentos e toda a vida. Estarem no meio da floresta só fazia aquilo parecer ainda mais atrativo.

Yoongi, com mais coragem do que anteriormente, ousou mexer seu quadril contra o outro, arrancando suspiros de ambos, que começavam a “se animar”. Isso o deixou ainda mais motivado a continuar, agora com pequenos movimentos circulares. Colou suas testas para sentirem melhor os estímulos.

— Jimin, eu juro, se você contar pra alguém que a gente… — Não conseguiu continuar quando um gemido cortou sua garganta.

Jimin agora tinha as mãos no quadril do mais velho, fazendo o atrito ficar ainda mais prazeroso. Queriam muito tirar as roupas, mas estavam gostando daquela posição e situação. Não eram muito experientes com aquilo, então se sentiam muito bem somente com os corpos juntos e os beijos.

— Yoongi… — disse, apoiando a testa no ombro do mais velho, que sempre alternava a velocidade dos movimentos.

Yoongi não disse nada, somente continuou os movimentos e tomou a boca do azulado novamente, sem hesitar.

[...]

— É aqui? — Yoongi perguntou ao dar de cara com um grande portão de quase dez metros de altura. Realmente tinham chegado à Base, uma grande estrutura com muralhas altas e portões super reforçados. Quem morava lá era de grande parte da elite, cientistas renomados, pessoas importantes e políticos, além do grande batalhão mil vezes mais equipado do que os dos abrigos dos viajantes. Mal pensavam eles que os grandes cientistas que salvariam a humanidade não faziam parte dessa elite.

— Acho que sim… — Jimin respirou fundo, indo até a pequena câmera ao lado do portão, levantando, além dos seus próprios documentos, os de seu pai. — Sou Park Jimin, filho de Park Jihoon, cientista formado em infectologia na universidade de Seul e ganhador de três prêmios Nobel nos EUA. Vim mostrar o nosso projeto de cura e solução para o caos global que estamos vivendo. — Yoongi invejava a confiança que Jimin tinha em sua voz.

— Quem é esse atrás de você? — Uma voz feminina se fez presente. Jimin olhou para trás por um segundo para pensar em o que responder. Eram amigos? Ficantes…?

— Meu parceiro. Min Yoongi, do abrigo 37, onde me ofereceram alimento e abrigo temporário.

— Somente você entra — disse curta, e os dois garotos se assustaram. Jimin nunca deixaria Yoongi lá fora sozinho.

— Me desculpe, senhora, mas só entro se Min Yoongi ir junto. Ele, além de salvar minha vida, me ajudou muito. — Tentou parecer o máximo educado possível.

— Ele não trouxe documentação, assim não entra — foi curta novamente.

Yoongi ia abrir a boca para dizer que estava tudo bem, que ele esperaria Jimin do lado de fora. A proposta tinha que entrar lá dentro. Mas Jimin insistiu.

— Me desculpe novamente, senhora, mas vocês não podem considerar alguém um ser humano com base na porra de um simples documento. Yoongi salvou minha vida, além de ser uma das melhores pessoas que conheci. Então, só irei lhes apresentar a minha proposta se permitirem a entrada dele comigo. Nunca iria deixar ele aqui fora. — Yoongi sorriu com a consideração que Jimin tinha por ele. — E me desculpe pelo palavreado. — Mais uma vez educado.

Silêncio.

— Entrem. Realizaremos os testes nos dois — finalizou. Jimin e Yoongi sorriram um para o outro.

Geralmente, diga-se sempre, realizavam testes em qualquer pessoa que não fizesse parte de determinado abrigo. Sabia-se que a pessoa era transformada quando o sangue entrava em contato direto com as presas do lobisomem, que soltavam um líquido que mudava a genética em poucos minutos, o que levava à metamorfose.

Por isso, cada abrigo tinha que ter o máximo de cuidado e prevenção possíveis. Não sabiam do que visitantes eram capazes.

Além de fazerem testes e liberarem a sua higienização — nesse momento, foi perceptível a desigualdade entre os abrigos simples e a Base —, disponibilizaram roupas limpas e novas aos dois. Depois de reconhecerem Jimin como filho de Park Jihoon, também programaram uma reunião emergencial no mesmo dia para a apresentação da proposta. Estavam desesperados por uma cura e não podiam ficar ignorando as poucas propostas que recebiam.

— Ainda não acho necessário eu ir lá dentro… Eu nem devo saber matemática básica mais… Eu… — Yoongi dizia enquanto estavam prestes a abrir a porta da sala de reuniões, onde todos os doze representantes mais poderosos do grande abrigo esperavam para saber as ideias de Jimin.

— Mas você não precisa dizer nada, só ficar lá dentro comigo. — Largou a maçaneta da porta, encontrando um Yoongi com um olhar confuso e amedrontado. Logo pegou as mãos dele e as juntou, fazendo um carinho sutil. — Você salvou minha vida, se não fosse você, eu não estaria aqui. — Passou as costas da mão sobre a bochecha do outro, que ainda não tinha se acostumado com o quão afetuoso Jimin tinha ficado depois que se beijaram.

— Eu só tive sorte, não foi nada de ficar se vangloriando tanto… — assumiu.

— Foda-se se foi sorte, vamos entrar ali dentro e fazer história — Jimin disse motivador, antes de soltar as mãos de Yoongi e finalmente entrar na sala.

Fazer história poderia ser um termo muito forte, mas, naquele momento, realmente fizeram.

[4 anos depois]

— Ainda não acredito que ela está vindo… — Yoongi murmurou nervosamente, roendo as unhas em meio ao pátio principal, esse que ficava atrás dos grandes portões da Base, que começava a abri-los para pessoas de outros abrigos.

— Faz quanto tempo que não vê sua mãe? Uns três anos? Quatro? — Jimin estava ao seu lado encarando o grande portão, que agora não ficava mais sempre trancado. As transformações genéticas tinham diminuído mais do que noventa por cento, estava tudo quase controlado.

A mãe de Yoongi iria morar junto com ele agora, assim como outras pessoas. A vida real estava voltando.

— Eu ainda não acredito que um garoto de cabelo azul salvou humanidade — Yoongi negou, brincando, sem desviar os olhos das pessoas que apareciam no portão.

— O que você tem contra meu cabelo azul? — Jimin perguntou em um biquinho, e Yoongi, já sabendo que a expressão do outro estaria adorável, olhou em sua direção com um sorriso terno.

— Ele te faz parecer a porra de um idiota bonito que parte corações — brincou e, antes que fosse xingado de todas as maneiras, circundou a cintura do outro com um braço, aproximando seus corpos. — Mas você é um doce, um doce azulzinho. — Deu-lhe um selinho curto, sorrindo para o outro, que relaxou sua expressão.

— Yoongi! Filho! — Uma voz foi ouvida dos portões. Era a senhora Min.

Era um retorno. Era um sim à vida.

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Notas Finais: Quero agradecer a @gukxcviie (spirit e wattpad) pelo design e ao @erami (spirit) @erami4 (wattpad), que fizeram um trabalho lindo para eu e o 2min trazermos essa fanfic pra vocês <3

Já deve ser milésima vez que escrevo um tema que não estou costumada, sempre as admins me desafiando ksks mas eu amei, tinha momentos que eu escrevia um monte em menos de meia hora e nem percebia kk.

Espero que vocês tenham gostado da fic tanto quanto eu gostei de escrever. Beijos <3

Jan. 3, 2022, 3:56 a.m. 0 Report Embed Follow story
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The End

Meet the author

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