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Bianca Hellen Martins Lima


Filippo Martino, um homem italiano no qual participa da máfia mais perigosa da Itália e a mais temida entre as máfias, segue em uma jornada solitária para outro país — vulgo Brasil — afim de conseguir 1,5 Bilhão em barras de ouro que foi deixado por um parente distante. Precisará enfrentar os parentes desconhecidos, a justiça falsa e uma ex-advogada que segue atual carreira de bailarina.


Crime Not for children under 13.
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Chapter 1.

Segurando uma arma com a destra, Filippo Martino havia acabado de puxar o gatilho.

O corpo próximo aos seus pés estava banhado em sangue fresco, e a perfuração em sua testa, feita pela bala, era nítida e ainda continha o objeto mortal.

O lugar, que a pouco estava silencioso, começou a ecoar o toque do celular caro do Martino.



— Oi. – atendeu ao telefonema.



A ligação durou apenas 1 minuto, e então o elegante homem guardou sua arma antes de se retirar da residência alheia.

Seguiu até a bela limousine, adentrou na mesma e se acomodou, vendo pela janela que percorria o caminho para a grande e luxuosa mansão de Nicola Pasquale, o chefe da mais perigosa e procurada máfia.

Ao chegar no lugar, entrou como se estivesse numa passarela de um desfile de moda.

Usava um terno feito por Desmond Merrion, juntamente com uma calça de tecido delicado, acompanhados por um par de sapatos sociais de cor marrom de tom claro.

Seu andar fazia jus ao tipo de roupa, e a cada passo, transmitia confiança, permanecendo com seu semblante sério.

Ao adentrar no salão de jogos, viu Nicola sozinho jogando sinuca.



— Que bom ver que você veio depressa, Filippo. Tenho um trabalho em especial para você.


— Estou escutando, sr. Pasquale. – disse deveras indiferente.


– encarou brevemente Martino antes de dar um sorriso ladino. — Primeiramente eu quero ressaltar que odeio sua mania de me tratar com indiferença, sendo que sou seu chefe e posso te matar se eu quiser.


— Devo lhe lembrar que já tentou fazê-lo, porém não teve sucesso e apenas perdeu alguns dos seus subordinados. Te deixo se nomear meu chefe por vontade do Stefano, que no momento descansa em paz, contudo não ache que pode me dar a ordem que quiser.


— Hunf. Vá para a Rússia assinar um contrato em meu nome.


— Vá você mesmo, é apenas um simples contrato, tenho coisa mais importante 'pra fazer.


— Pare de se opor, é uma ordem. – falou, ignorando Filippo.


— Ti ho già detto che non accetterò tutti i tuoi ordini. ( Já falei que não vou aceitar todas as suas ordens.)


— Quindi preparati per la tua morte, d'ora in poi è vicina. (Então prepare-se para sua morte, está próxima a partir de agora.) – Disse com o semblante raivoso, encarando Martino profundamente.



Filippo apenas se retirou do cômodo, e antes de sair da mansão gigantesca, seu nome foi chamado por uma voz que conhecia bem.



— Ah, Giovanni.


— Fiquei sabendo da viagem para a Rússia, o que vai fazer?


— Vamos para outro lugar.


— Pague a minha comida.



Bellini seguiu para a limousine em frente, e após Martino sorrir incrédulo com a ousadia do amigo, fez o mesmo que o mais velho.

O veículo levou os dois belos homens para um restaurante chique, deixando-os lá.



— Agora fala, o que aconteceu naquela sala?


– após ter tomado um gole do capuccino, começou a falar. — Pasquale quis que eu fosse para a Rússia apenas para assinar um contrato em nome dele, mas eu não vou ficar aceitando as ordens dele, então Nicola vai mandar me matarem de novo.


– revirou os olhos. — O que se passa na sua cabeça, Filippo? Vai ficar fugindo dos capangas do Nicola 'pra sempre? Alguma hora você será pego.


— Sejamos racionais, Giovanni, eu sou o melhor de todas as máfias da Itália, ninguém conseguiria me matar mesmo se quisesse.


— Mesmo assim, você-


— Fica calmo, amigo, eu não vou morrer tão facilmente.


— Já que estamos conversando... eu fui olhar suas informações sem ninguém ver, e eu acabei indo pesquisar sobre seus parentes, até...


— "Até..."?


— Você tem parentes distantes que tem uma grande fortuna que pertence a você.


— Quanto, mais ou menos?


— Cerca de 1,5 Bilhão em barras de ouro.


— Pertence mesmo a mim?


— Uhum, eu chequei tudo na sua árvore genealógica.


— Parentes distantes, você disse, mas aonde eles estão?


— Brasil.


— Brasil?


— Visitar sua terra natal hein.


— Não sei se estou afim.


— Se quiser eu vou com você. É uma boa oportunidade para você fugir da perseguição do Nicola.


— Então eu vou sozinho, melhor você não se arriscar.


— Mas-


— Me dê suporte aqui, sim? Vou arrumar minha mala, não vou passar muito tempo lá, não será necessário.



Após dizer isso, se retirou do estabelecimento.



No dia seguinte...


Filippo já se encontrava no aeroporto, havia comprado o passaporte no dia anterior logo após ter saído da cafeteria.

Andava em direção ao lugar de embarque, estava quase na hora afinal.

As pessoas ao seu redor ficavam o fitando, por causa de sua beleza natural que o fazia se destacar no meio de todas aquelas pessoas. Porém, toda aquela atenção apenas o irritava, ao ponto de aumentar a velocidade dos seus passos para chegar mais rápido ao local de embarque.

Após mais alguns passos, dois policiais o chamaram a atenção, fazendo-o parar.


— Senhor, podemos ver sua identidade e passaporte?

— Algum motivo especial para quererem ver apenas o meu?


— Por favor, não torne isso difícil, só queremos ver seu passaporte e sua identidade, senhor.


Filippo apenas pegou o passaporte e entregou-o para o policial à sua frente, que checaram e logo devolveram.




— Perdão pelo incômodo, senhor.



Balançou a cabeça positivamente, e depois de ver os policiais se afastarem, voltou a seguir seu caminho até a ala de embarque, não demorando muito para chegar, e logo se escutou sua chamada para embarcar no avião.

🍷

Anika andava apressada até sua academia de ballet, segurando sua bolsa que continha os utensílios necessários para praticar a dança citada, garrafa d'água e um lanche, caso sinta fome.

Faltava duas quadras para chegar, mas sequer tinha fôlego, e seus pulmões estavam implorando por descanso, fazendo com que a mulher parasse e colocasse as mãos nos joelhos.

Seu celular começou a tocar, então puxou o ar com o nariz e expirou com a boca, pegando logo o aparelho eletrônico e atendendo a ligação.


— Eu já 'tô chegando, Flora.


— Falei 'pra você colocar despertador, olha o resultado de ter ido para uma festa.


— Desculpe, acho que bebi demais.


— Venha logo, a professora do ballet vai arrancar seu cabelo se não chegar em menos de trinta segundos.


— 'Tô indo, 'tô indo.



Desligou a ligação, colocou o celular no bolso e voltou a correr, não demorando muito para chegar na academia de ballet.



— Sinto muito pela demora, sra. Lopez.


— Anika, você é adulta, deveria ser mais responsável. Olha só, estamos próximas de uma apresentação, cada dia de ensaio conta para o grande evento do ano.


— Sei que fui descuidada, prometo que não irá se repetir.


— Assim espero. Coloque sua sapatilha e fique em posição para quando chegar sua vez.


— Sim, senhora.



Alves fez o que lhe foi dito, logo voltando para o salão, ficando no canto para esperar sua deixa.


Após o ensaio...



Flora foi em direção a amiga.


— Deveria me dar mais ouvidos, Anika.


— Desculpa.


— Como foi a festa? – perguntou se sentando ao lado de Anika.


— Ah, foi incrível, tinha gente bebendo e dançando, a música 'tava alta, e tinha muita comida também. – mentiu.


— Você precisa dar uma pausa de festas enquanto chega o dia da apresentação.


— Eu vou pensar sobre isso, sério.


— Bem, eu vou indo, o Stevie já me ligou perguntando de que horas voltaria 'pra casa.


— Qualquer coisa, me liga.


— Se você atender o telefone, eu penso se ligo.


— Ah, para, eu vou atender.



Se abraçaram em despedida e ambas seguiram caminhos diferentes.

Ao entrar em casa, Anika avistou seu pai e seu marido abusivo conversando amigavelmente no sofá da sala.



— Anika, meu amor, seu pai está aqui.


— Oi pai. – forçou um sorriso.



Foi até seu pai e lhe deu um abraço, desde que casou o seu marido não deixou que fosse visitar o próprio pai.



— Como está, filha?



— Eu vou indo, e como estão o senhor e minha mãe?


— Estamos bem, só com saudades de você. Por que não vem nos visitar?


— Ahn, bem, é que-



Foi interrompida pelo marido, que coçou a garganta.



— Eu ando sem tempo por causa da academia de ballet.


— E como está no ballet, querida?



— Ando me atrasando as vezes, mas nada que atrapalhe algo.


Conversaram um pouco mais, até o senhor mais velho ir embora.

Rodrigo, o marido de Anika, a olhou feio e seguiu até ela e segurou seu pulso com força extrema.



— O que ele veio fazer aqui, hã?


— Não fui eu que o chamei, eu juro. – disse arrastado pela dor no pulso causada pelo marido.


— Sei. E por que chegou tão tarde hoje?


— Conversei um pouco com Flora e depois vim 'pra casa.


— Hum. Vai me preparar comida, eu 'tô com fome. – soltou o pulso alheio e se sentou novamente no sofá, colocando algo na tv que lhe chamasse atenção.



Anika fez o que Rodrigo havia lhe falado, com lágrimas descendo pelo seu rosto e seu pulso com o tom roxo na parte em que foi pressionada pela mão forte de seu marido.

Aquilo acontecia com frequência, já até foi para o hospital após ser espancada por causa de ciúmes da parte do homem.

Pensava em se divorciar e denunciar, mas já foi ameaçada diversas vezes sobre essas coisas, ao ponto de não ter coragem alguma para fazê-lo.



— Aqui está, querido. – disse após enxugar as lágrimas, entregando a comida do homem numa bandeja prateada.



Ao colocar uma colherada da comida na boca, fez sinal para a mulher sair de sua presença como se fosse uma simples empregada, e Anika apenas foi para seu quarto, começando a chorar silenciosamente.


🍷


Ao desembarcar do avião, ainda era uma parte da tarde no Brasil, então, quando chegasse em seu apartamento, Filippo teria tempo para organizar tudo antes de escurecer.

Por Filippo ter nascido no Brasil, sabia bem o idioma, então não foi difícil se comunicar com o taxista.

A viagem no carro foi tranquila, havia ar-condicionado, assentos confortáveis e outras outras coisas que deixavam o caminho mais vantajoso.

Ao descer do carro, viu o apartamento em que ia ficar por um tempo, e parecia ser um lugar descente.

Entrou no lugar, pagou a hospedagem de antemão e foi para seu novo e temporário lar.

Os móveis cobertos por lençóis brancos, para conservá-los.

Filippo afrouxou a gravata, deixou sua mala de lado, juntamente com os documentos pessoais, dinheiro e terno, andou pela casa para ver o que precisava arrumar e logo começou a organizar a casa.

Demorou horas para tudo estar pronto, e quando viu pela janela, já havia anoitecido, então desfez a mala, pegou seu pijama caro e foi se banhar.

Sentiu a água morna percorrer todo seu corpo, e pôde se sentir relaxado, finalmente. Após o banho, se enxugou com sua toalha macia e se vestiu, saindo do banheiro se sentindo mais leve.

Enquanto ia em direção a cama, pensou consigo mesmo que no dia seguinte colocaria Internet, tv e todo o resto que precisava, e se permitiu "cair" sobre a cama confortável.

Não demorou muito até Martino pegar no sono, estava cansado da viagem, além da faxina na casa.


No dia seguinte...


Filippo despertou 08:35 da manhã, então fez sua higiene matinal, se banhou e começou a fazer o que havia planejado na noite passada, terminando antes do almoço.

Colocou o terno e decidiu dar uma volta pela cidade.

Saiu do apartamento, dando a chave para a recepcionista, e andou sem rumo algum pelas ruas.

Todos o olhavam como se fosse obra de uma galeria de artes, e Martino se sentia desconfortável, mas preferiria ignorar e seguir em frente.

Seu celular começou a tocar, então atendeu a ligação sem pensar duas vezes, vendo no visor do celular o nome de seu amigo.



— Giovanni. – pronunciou amigavelmente.



— Filippo, amigo meu. Como foi o pouso?



— Foi cansativo, cheguei ontem.


— Bem, então deu para descansar, não é? Liguei para informar sobre seus parentes distantes.


— Oh, mas é claro.


— Indiquei esse apartamento em que você está porque, justamente, é próximo às casas dos seus parentes.


— Sei.


— Lhe mandarei uma espécie de mapa por e-mail, é fá-



A ligação foi interrompida por um corpo que bateu com força ao corpo de Martino, fazendo com que o celular caísse no chão.



— Me desculpe, eu 'tô com pressa e não vi o senhor. – disse a mulher se levantando do chão com suas coisas e pegando o celular alheio para devolvê-lo.


— Tenha mais cuidado, srta. – pegou o celular da mão pequena da mulher.


— Sim, sinto muito, com licença. – falou depressa e saiu correndo.


— Filippo? – chamou mais uma vez pelo telefone.


— Oi, uma mulher acabou derrubando o celular, mas ela já foi, pode falar.


— Esqueça, sim? Irei lhe mandar o e-mail e voltar ao trabalho, nos falamos outra hora.


— Tudo bem.



A ligação foi encerrada, então Martino apenas continuou seu caminho, até avistar uma sorveteria.

Adentrou no estabelecimento, fez seu pedido, e ao recebê-lo, comeu enquanto analisava o "mapa" que havia sido mandado por Bellini.

Terminou o que havia pedido, pagou-o e guardou o celular no bolso, antes de sair do local e ir de volta para o apartamento.

Durante o caminho, sentiu que estava sendo seguido, então apenas esperou para ver o que aconteceria. De repente lhe deram um "mata-leão", o fazendo se curvar para trás por causa da altura do sujeito.



— Esvazia o bolso desse idiota logo, Rodolfo.



Dito e feito, o tal "Rodolfo" começou a tatear os bolsos do Martino a procura de algo valioso, achando logo o celular caro do mesmo.



— Olha só esse celular, Gleison.



— Não deveria ficar andando com um celular desses por aí, moço. – riu.


— Encontrei uma carteira cheia de dinheiro também, esse cara é rico, Gleison.



Filippo meteu o cotovelo na costela em seguido de um murro no rosto do sujeito que lhe segurava.



— Está bem, cansei de ficar parado.



Após dizer isso, Martino também deu um murro no rosto do homem que segurava seus pertences, pegando-os de volta quando o mais velho caiu no chão.



— Deveriam ir trabalhar ao invés de ficar roubando coisas que não são de vocês, dois canalhas.



Saiu dali como se nada tivesse acontecido, deixando os dois homens para trás.

Ao chegar no apartamento, foi até a recepcionista pegar a chave da sua casa.



— Com licença.


— Ah- sr. Martino, bem-vindo de volta. – disse num tom seduzente.


— Quero a chave da minha casa. – ignorou o tom alheio.


— Claro, mas...


— Sim?


— O que acha de bebermos um pouco hoje á noite? Por minha conta, prometo que não vai se arrepender.



Filippo sorriu ladino, abaixando a cabeça e fechando os olhos, logo se recompondo e aproximando o rosto do da recepcionista.



— Escuta docinho, você é a recepcionista, então só vim falar com você para pedir a chave da minha casa, não tenho interesse nenhum em sair para beber com você. Entende, não é? – afastou o rosto. — Por favor, a chave. – estendeu a mão.



A recepcionista, sem graça, pegou a chave e a entregou, vendo Martino subir as escadas.


🍷


— Parece que você não cumpre com suas promessas, Anika.


— Desculpe, meu marido acordou assim que eu estava saindo, então tive que preparar a comida dele antes de vir.


— Anika, pela última vez, seja mais responsável aos seus compromissos, porque se continuar assim, eu vou ter que lhe retirar da apresentação.


— Não, por favor, eu vou me esforçar para fazer uma boa performance, eu juro.


— Não vou mais confiar em você, então da próxima vez que você se atrasar assim para um ensaio geral, ficará sem seu solo e sem apresentação.


— 'Tô ciente, sinto muito sra. Lopez.


— Vamos começar, meninas. – gritou para chamar a atenção de todas.



Ensaiaram, como todos os dias, tiveram a pausa para descanso, retornaram ao ensaio e, após algumas horas, chegou ao fim.



— O que acontece, amiga?


— Do que está falando, Flora?


— Essa pressa toda 'pra ir 'pra casa, além do seu atraso de hoje.


— Não é nada, mas eu preciso mesmo ir, amanhã nos falamos, ok?


— Hum.



Anika foi correndo para casa, sabia o que ia acontecer se demorasse a voltar mais um dia.

Ao chegar em casa, viu Rodrigo sentado no sofá assistindo algo aleatório na tv.



— Dessa vez você não demorou tanto, Anika.


— Sinto muito.


— Venha aqui.



Com o coração acelerado e as mãos suando, Alves foi até o marido, e ao estar á frente do homem, recebeu um tapa no rosto.



— Pare de ser rebelde, sim? Eu sei exatamente a hora de encerramento da academia, você sempre se atrasa meia hora.


— Me perdoe, querido... o caminho é longo, e-



Rodrigo lhe deu mais um tapa.



— Não quero desculpinhas, Anika, agora coloque meu almoço.



Anika, mais uma vez, foi com os olhos lacrimejando para a cozinha, começando a fazer a comida de seu marido.



— Amanhã à noite vamos 'pra uma festa bastante chique, e eu quero você bonita, entendeu? Trate de não se vestir de forma vulgar, se algum homem olhar 'pra você, eu irei te dar uma lição.


— Sim, querido...



Ao passar da tarde, a campainha tocou, então Rodrigo foi atender a porta.



— Boa tarde, Rodrigo, a Anika 'tá em casa?


— 'Tá no quarto, entra. – disse amigável.



A mulher adentrou na casa e foi até o quarto do casal, vendo Anika passando base no rosto.



— Anika. – chamou, entrando no quarto.


— Ah- oi amiga.


— O que 'tá fazendo? Vai sair 'pra algum lugar?


— E-eu... por que não avisou que ia vir, Flora?


— Preferi não avisar, eu sei que você iria fugir.


— Eu não iria fugir de você.


— Eu vim falar sobre a minha pergunta mais cedo.


— Pergunta?


— Do porque do seu atraso hoje. Seu marido sabe sobre o ballet, por que ele mesmo não fez o café da manhã dele quando viu você saindo?


— Eu sou a mulher dele, é minha obrigação-


— Meu marido faz isso, porque ele sabe como o ballet é importante 'pra mim. Seu marido tem que ser mais compreensivo, Anika.


— E-ele é, só que-


— Sobre o quê estão falando? – perguntou entrando no quarto.


— Nada de importante, querido.


— Rodrigo, você sabe como o ballet é importante para a Anika? Precisa ser mais compreensivo com ela.


— O quê? O que ela disse?


— Que se atrasou porque você quis que ela fizesse seu café da manhã.


— M-mas eu não 'tô te culpando nem nada, querido, apenas justifiquei o meu atraso e-


— Ellie, acho que já 'tá na hora de você ir, eu vou conversar com a minha esposa.


— Mas eu acabei de-


— Amanhã vocês se veem, com licença.



Flora saiu da casa, e Rodrigo foi até Anika, a puxando pelo cabelo e a jogando no chão do quarto.



— Você lembra do meu aviso se você falasse sobre minhas ações 'pra alguém? – perguntou tirando o cinto da bermuda.


— Me perdoa, eu não falei por mal, nunca foi minha intenção-


— Agora já foi, Anika. E aqui vai uma pequena lição para sua cabeça voltar a funcionar.


🍷


Bebia uma taça de vinho, enquanto olhava a rua pela janela. A brisa fresca batia no seu rosto, e inspirava aquele ar contaminado pela poluição.

Seu celular estava em cima da bancada da cozinha, e no visor estava o mapa da casa dos parentes de Martino.

Pensava em como chegar lá, precisaria de um advogado e um comprovante de sua árvore genealógica, para confirmar á justiça que aquela herança pertencia a ele, Filippo sabia bem disso, e assim, pediu para Giovanni imprimir numa folha sua árvore genealógica e recomendar um excelente e confiável advogado.

Se tudo correr bem, conseguirei essa herança em menos de um mês. — Pensava enquanto bebia mais um gole do vinho tinto.

Escutou o toque do seu celular, indicando mensagem, então seguiu até o aparelho, pegou-o e abriu no aplicativo de mensagens.



Giovanni: Sei de uma advogada esplêndida de onde você está, ela se chama Anika de Souza Alves, na verdade, ela é uma ex-advogada, encerrou essa carreira quando se casou, mas se você conseguir com que ela atue em sua defesa, conseguirá fácil a sua herança. Ela estará presente com o marido na festa chique de amanhã a noite, se quiser, lhe mando o endereço.


*foto enviada*


Giovanni: Esta é a Anika. Tem 22 anos e participa de uma academia de ballet.



Essa não é aquela mulher com quem esbarrei mais cedo? — Pensou enquanto analisava bem a foto da mulher.

Mandou mensagem para Giovanni enviar-lhe tudo o que for necessário, desligou o visor do celular e pegou o notebook, procurando mais sobre a tal Anika.




Informações: Anika de Souza Alves, mulher de 22 anos de idade(2000), casada com Rodrigo de Melo á 1 ano e 15 dias. Mãe de Anika faleceu dia 8 de novembro de 2020, enquanto o pai trabalha de rigger a 5 anos. Quando criança, participou de[...]



— Certo, não será algo tão difícil, ela é emocionalmente instável, posso usar isso ao meu favor se minhas cartadas falharem.



O celular de Martino ficava vibrando e tocando o som das mensagens, mas Filippo ignorava, sabia bem quem e sobre o quê era.

Fechou o notebook, deixou de lado no sofá e foi até a geladeira, onde estavam conservados alguns pirulitos em um pote fechado. Tirou um de embalagem verde e fechou de volta o pote e a porta da geladeira.

Abriu a embalagem, a jogando no lixo, e colocou o doce na boca, caminhando até a janela novamente.



— Uma festa...


🍷


— Agora não vai escapar de mim, Anika.


— Por favor, Flora, 'pro bem de nós duas, esqueça esse assunto, okay?


— Anika de Souza Alves, eu vou começar a pensar que seu marido é um machista.


— Não, não diga isso. – disse gaguejando, com a voz trêmula.


— Anika... amiga, não me diz que eu estou certa. Seu marido é machista?


— Não. Flora Ellie Pereira Lopes, muda de assunto agora.


— Amiga, por que não me disse nada?



Anika apenas abaixou a cabeça e fechou os olhos, temia o que Flora poderia fazer e ficava com mais medo quando pensava o que Rodrigo poderia fazer com as duas.



— Eu vou dar um jeito nisso-


— Não! Você não pode falar nada 'pra ele! – gritou desesperada.


— Amiga, o que acontece- ... Anika, ele te bate?


— Não, não é nada disso-


— Lógico que é, agora tudo faz sentido, por isso você não discorda dele e faz tudo o que ele quer, e por isso você estava se maquiando mesmo não indo sair de casa, era 'pra esconder o machucado no rosto. Deixa eu ver. – falou segurando o rosto alheio.


— Não, espera-


— Deixa eu ver, Anika.



Flora pegou um pano seco e o molhou com uma garrafa d'água, passando pela bochecha esquerda de Anika, que já estava com os olhos lacrimejando.

Quando Ellie viu o rosto de Anika mais vermelho que o normal, a olhou surpresa.



— Amiga, isso é crime, por que não o denunciou ainda?


— E-ele me ameaçou, se eu denunciar ou contar 'pra alguém sobre isso, ele ia matar quem soubesse e eu.



Naquela altura, Anika já estava chorando nos braços de Flora, que respirava fundo.

Estava desesperada, nunca imaginaria que Anika fosse vítima de agressão e machismo pelo marido que aparentava ser inofensivo para outras pessoas.



— Calma Anika, eu vou dar um jeito e ninguém vai se machucar, eu prometo.


— Não, eu não quero que você se envolva.


— Confia em mim, vai dar tudo certo.



Mais tarde, na casa da Flora...


Flora estava sentada no chão de seu quarto com o notebook ligado em cima da cama e o celular em mãos, planejava como iria pôr Rodrigo atrás das grades sem que nenhuma das duas amigas se machucassem.

Stevie não estava em casa, então poderia ter mais liberdade para planejar algo sem o marido descobrir.

Após um tempo, a porta foi aberta, então Flora fechou depressa o notebook e desligou o visor do celular.



— Querido, você já chegou?



Nada foi respondido, apenas se escutava os passos se aproximando do quarto.



— Querido?



Ellie já estava assustada. Se levantou do chão e seguiu até a porta do quarto, levando a mão até a maçaneta para abri-la.

Ao abrir, viu uma arma direcionada á sua cabeça.



— Devia ser menos curiosa, Flora Ellie.



E o gatilho foi puxado.

A bala atravessou a cabeça da mulher, que morreu no mesmo instante.

Seu rosto, cabelo e gola da roupa estavam manchados de seu próprio sangue, e seus olhos permaneceram abertos.

O homem apenas saiu como se nada tivesse acontecido, deixando a porta do quarto e a porta da frente fechadas.


Na casa da Anika...



— Anika, venha cá, querida. – chamou Rodrigo.



Anika foi até o marido, que lhe direcionou o visor do celular, mostrando uma foto.



— Flora. – falou aterrorizada, colocando as duas mãos na frente da boca, com os olhos arregalados.


— Isso é o que acontece com quem sabe demais.


— Querido-


— Acha que não sei? Eu contratei um cara 'pra te vigiar, Anika. Flora deveria ter ficado na dela ao invés de ficar "curiando" a vida dos outros, esse foi o maior erro da vida dela.



Anika pôde ver manchas poucas e claras de sangue no pescoço e braço direito de Rodrigo.



— Eu avisei o que aconteceria, mas mais uma vez você resolveu ser rebelde.



Rodrigo se levantou do sofá e caminhou até Anika com um pedaço de madeira.



— Agora é hora de você retornar ao seu lugar. – disse levantando a mão que continha o pedaço de madeira.


🍷


Á noite...


Filippo já estava pronto para a festa. Se olhava no espelho enquanto arrumava o terno.

Quando viu a hora, pegou seu celular, a carteira e foi para a festa.

Ao chegar lá, pagou e entrou no local, que estava lotado com pessoas elegantes.

Martino andou no meio daquela multidão, até conseguir chegar no barzinho.



— Me dê uma taça de vinho tinto, por favor. – pediu ao barman.


— Claro, senhor.



Logo seu pedido lhe foi entregue, então Filippo se sentou em um dos bancos do barzinho, virado para o meio das pessoas.

Após um tempo olhando para a entrada da festa, viu, finalmente, a tal Anika com o marido.

A mulher parecia abatida, mas aparentava também fingir que estava bem, Filippo percebeu isso mesmo de longe.

Antes que os dois se perdessem no meio da multidão, Martino foi para próximo deles sem que nenhum dos dois o vissem.

Martino percebeu que Anika não estava se divertindo e parecia muito triste, enquanto o tal Rodrigo parecia estar paquerando outras mulheres sem se importar com a esposa á sua frente.

Filippo bebeu mais um gole do vinho e suspirou, precisaria que Alves ficasse sozinha para chegar perto.

A mulher levantou a cabeça e seus olhos conseguiram encontrar com os de Martino por um breve segundo, até o homem desviar o olhar para o lado oposto.

Precisava ficar de olho na Souza, então voltou a encará-la, e trocaram olhares por um momento.

Anika estava tão triste pela morte de sua melhor amiga e por ter sido espancada que não conseguia lembrar de onde já tinha visto Martino, mas lembrava de seu belo rosto.

Ao Rodrigo perceber que Anika olhava para Filippo, ficou enfurecido e a puxou pelo pulso para o lado de fora atrás do local.



— No que está pensando? Acha que pode ficar paquerando outros caras e ainda por cima na minha frente? – disse apertando o pulso da mulher.


— Não é nada disso, querido, por favor-


— Eu sei muito bem o que eu vi, Anika, eu não sou estúpido.


— Querido-


— Solta ela! – gritou, se aproximando.

Dec. 26, 2021, 5:04 p.m. 0 Report Embed Follow story
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