5 ANOS ATRÁS
O jornal de hoje tinha algo prazeroso para Max, a voz do apresentador e a expressão séria deixavam a notícia mais cruel, fria, o relato da morte de um homem, o relato de uma família agora destruída pelas mãos de uma pessoa gananciosa.
"Foi encontrado hoje a tarde o corpo de Edward Thomas Clark, o empresário dono da empresa ED CLARK, estava desaparecido desde o dia 15 de janeiro após documentos apontarem esquemas de fraude no nome da empresa. A esposa do empresário, Antonella Hill Clark, disse em entrevista que não há fraude nenhuma envolvendo a empresa da família"
— Parece que você conseguiu o que queria — Lisa disse do outro lado da mesa assim que Max desligou a televisão.
Um sorriso satisfeito apareceu no rosto de Max, ele eliminou mais uma pessoa que tentava expor as verdades da sua família.
Sem Edward, Max Winter agora era um dos homens mais poderosos de Nova York, não existiam mais obstáculos para os negócios dos Winter, agora eles eram o poder.
— Se anime Lisa, agora que vou expandir os negócios e ganhar mais dinheiro, você poderá fazer mais plásticas para tentar ser mais bonita que a Antonella — O homem riu enquanto comia o seu jantar calmamente. Lisa suspirou e olhou para o marido com raiva.
— Você está me traindo com aquela vagabunda? — A loira perguntou, a raiva era aparente em sua voz e em seu rosto.
— Não, mas tenho certeza que ela adoraria vir me visitar e me deixar meter fundo nela agora que Edward morreu — O homem encostou as costas na cadeira, seus olhos percorreram o corpo de Lisa, que agora estava em pé, pronta para sair da sala de jantar.
— Está triste a pobrezinha, meu pau com certeza ia alegrar ela — Max continuou enquanto servia vinho em sua taça.
A mulher saiu batendo os pés, seus saltos faziam um barulho irritante enquanto ela caminhava até as escadas. Ela odiava o marido, mas não podia se separar, ela gostava de dinheiro e era isso a única coisa que fazia com que ela suportasse aquele casamento.
Henrik estava no topo da escada, sua mãe parou no caminho lhe oferecendo o melhor sorriso que ela tinha no momento. Ela subiu as escadas e passou por Henrik, ainda sentindo raiva do marido. Lisa bateu a porta do quarto.
Henrik infelizmente se acostumou com aquilo, ele se acostumou com uma família desestabilizada e sem amor, um lugar cercado de mentiras.
As mentiras foram um dos motivos que o fizeram sair de casa, ele morava em uma cobertura luxuosa no centro da cidade e tinha voltado para casa apenas para vistar seu irmão mais novo, Logan.
O Rapaz desceu as escadas até a sala de jantar, ao chegar no cômodo o seu pai estava assistindo à televisão, enquanto a empregada retirava a mesa.
Henrik era muito parecido com seu pai, tinha os mesmos cabelos escuros, um nariz fino e um pouco torto e olhos verdes. Mas as semelhanças eram apenas físicas, seus pensamentos e opiniões eram completamente diferentes, isso era um motivo de conflito para Max.
— O que você fez agora? — Henrik perguntou, Max desviou os olhos para o filho, um pequeno riso saiu dos lábios de Max.
— Não fiz nada Henrik, você sabe como sua mãe é, não sabe? Sempre me acusando de estar traindo ela — Ele disse se levantando e andando devagar até o filho.
— Mas ela está certa, todo mundo sabe da sua infidelidade — Henrik disse, olhando no fundo dos olhos do seu pai, o seu olhar era um convite para mais uma discussão entre pai e filho.
— Eu não vou brigar com mais nenhuma alma viva hoje, eu estou feliz e aliviado — Max disse, o homem soltou uma longa respiração e caminhou até a porta.
— Você assume uma das minhas empresas amanhã Henrik, é uma grande responsabilidade — Max disse parando na porta, o seu filho não se virou nem respondeu o seu pai.
— Vai ter que mudar algumas atitudes se quiser que a nossa empresa continue de pé — Max continuou a sua fala, o rapaz respirou fundo e se virou para o seu pai.
— Quer dizer que vou ter que mandar matar qualquer pessoa que eu não gostar? Vou ter que começar a jogar sujo igual você? — Henrik disse a raiva em sua voz atingiu Max, o homem fez uma pequena careta mostrando as rugas em seu rosto.
— Todo mundo joga sujo, você vai perceber isso — O homem saiu, seus passos ecoando pelo pequeno corredor.
Henrik sabia dos negócios sujos da família, aos seus 25 anos ele iria assumir uma das empresas do pai, agora ele tinha que sujar as mãos também.
Ele voltou para o seu quarto, pegou alguns pertences do seu quarto e desceu as escadas, ele abriu as portas da casa e caminhou até o seu carro.
O vento era frio e a frente da casa estava escura, o rapaz entrou no carro e olhou para a enorme casa da sua família, algumas luzes ainda estavam acesas, mas aos poucos foram se apagando.
Henrik soltou um longo suspirou e pegou seu celular, vendo uma mensagem que seu irmão deixou, com pressa para sair dali logo, ele ignorou a mensagem e ligou o carro.
Dirigiu devagar até os grandes portões de ferro, assim que os portões foram abertos ele pisou no acelerador, Henrik desceu rápido a rua da sua casa, queria chegar em casa logo, talvez ele até chamasse alguma garota para lhe fazer companhia.
Seus pensamentos estavam na empresa da família e nos negócios que ele tinha que assumir, Henrik não queria comandar a empresa do mesmo modo que o pai, ele queria que tudo fosse diferente.
...
A viagem até a sua casa foi tranquila, ele estava agora no elevador subindo para a cobertura, uma garota loira estava no elevador também, usava um vestido preto e saltos finos, sua pele era bronzeada e seus olhos estavam fixos em Henrik.
— Você mora na cobertura né? — Henrik voltou sua atenção até a moça ao seu lado, ele percorreu os olhos pelo corpo da garota, ela percebeu e aproximou-se um pouco mais.
— Meu nome é Ellen, acabei de mudar — A loira disse, um sorrisinho pequeno se formou nos lábios de Henrik, ele analisou melhor a mulher, que agora estava a sua frente. Os olhos eram grandes e azuis e o corpo era bonito de se olhar.
— Estou tentando conhecer os vizinhos — Ellen terminou a frase com um sorriso, Henrik percebeu as intenções da mulher, o elevador parou no andar de Henrik e o rapaz passou reto pela moça.
Henrik se virou e olhou para o rosto da garota, que agora tinha uma expressão não tão bonita, uma expressão de confusão.
— Se quiser conhecer as pessoas, não deveria ficar se oferecendo para qualquer homem que entra no elevador — Henrik disse e caminhou até a porta do seu apartamento.
Ele entrou e se deparou apenas com a escuridão, sem mulher para esperar ele chegar, sem um amigo para conversar, sem nenhum animal para correr ao seu encontro.
O homem trancou a porta de sua cobertura, ele sabia que ninguém podia entrar no seu apartamento, mas os acontecimentos do dia o deixaram abalado. Com passos de tartaruga, ele caminhou pelo corredor até as portas duplas do seu quarto, a cama grande demais para uma pessoa o convidava para uma noite de pesadelos.
Ao se deitar na cama, a sua mente o lembrou de que amanhã seria um dia diferente, o começo de um novo ciclo, ele assumiria algo grande e importante.
Deitado na cama, sozinho, ele desejou que apenas a sua aparência fosse igual a do seu pai. Ele tinha medo que com o tempo ele virasse uma cópia do seu pai.
Belo, Cruel, Infiel.
. . .
— Mia já sabe, não é? — Antonella olhava para o tapete vermelho que estava na sala da sua irmã.
— É claro que sabe — Sara respondeu sua irmã mais nova, os saltos finos faziam barulho enquanto ela caminhava até Antonella.
— Vagabundinha falsa... — Mia sussurrou para si mesma enquanto olhava a mãe.
Sentada do lado de fora da sala. Mia escutava a conversa, a adolescente morava com a sua tia Sara desde que sua mãe começou a trair Edward. Quando tinha 12 anos, revoltada e sentindo nojo de sua mãe, contou para o pai o que ela costumava ouvir pela casa quando o pai ia trabalhar.
Agora com 15 anos, com cabelos um pouco mais compridos e pouco mais alta. Mia continuava a sentir nojo da mãe, o que o seu pai tinha feito para merecer a traição?
— Eu gostaria que ela entrasse e falasse comigo — Antonella tinha uma expressão triste no rosto, para Mia aquilo era incrível, a mulher que te traí chora pela sua morte, sentia falta de Edward ou da proteção que dava a ela apesar de tudo que fez?
— Ela não quer, Mia está abalada demais com a morte do pai — Sara disse se sentou no sofá ao lado da irmã, um pequeno sorriso saiu dos lábios vermelhos da mulher.
— É incrível o jeito que chora, acha que chorar vai apagar o que você fez? — A voz de Sara ecoou pela sala, a altura de sua voz assustou Antonella.
— Vá embora da minha casa, Mia não precisa ser incomodada por você e sua lágrimas, ela não está bem e ver você vai deixá-la pior — A mais nova se levantou e caminhou até a porta da sala.
Mia olhou para a mãe, tentando conter as lágrimas, Mia não piscou por um tempo que para ela parecia uma eternidade, Antonella se aproximou da filha e deixou um beijo em sua testa.
— Espero que um dia você abra a boca — Antonella disse e saiu da casa, um carro preto esperava por ela lá fora, quem será que dirigia? O amante? Não importa.
Mia correu para o banheiro do seu quarto, esfregou a testa até ficar vermelha, sozinha ela se permitiu chorar, colocar para fora o luto que agora estava ali, abraçando Mia com mãos dolorosas e compridas, um abraço que duraria para sempre.
Olhando para seu reflexo, ela percebeu que sua vida nunca mais seria a mesma, agora tinha algo faltando nela, algo que alguém tirou.
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