2minpjct 2Min Pjct

Após se assumir gay para seus pais, Jimin é obrigado a participar de um retiro de igreja para se “purificar”. Acontece que ele acaba conhecendo Min Yoongi e, no fim, não é bem uma purificação que ocorre dentro da barraca dele.


Fanfiction Bands/Singers For over 18 only.

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Cuide bem da sua bombinha de asma

Escrito por: @sassypotatoss

Notas Iniciais: Oioi, essa é a minha primeira fanfic para o 2minpjct!! Eu nunca tinha participado de um projeto antes e fico feliz que a minha primeira experiência tenha sido o 2min. As adms foram super compreensivas comigo e sempre me ajudavam com minhas dúvidas, por isso, muito obrigada!

Essa oneshot foi muito divertida de escrever, então espero que também se divirtam lendo. Boa leitura :)

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Jimin acordou com o toque insuportável de seu despertador naquela manhã de sábado, imediatamente sentindo sua cabeça doer com a luz ofuscante lhe atingindo o rosto, o cenho franzido com o desconforto. O que sentiu em seguida foi tudo à sua volta girando e um nó na garganta, seguido de uma repentina ânsia de vômito que o fez sentir a saliva se acumular na boca.

Park Jimin normalmente ficava sentado na beirada da cama por alguns momentos antes de se levantar pela manhã, até porque, quando se levantava de uma vez, a sua pressão baixa lhe fazia o favor de escurecer a vista. Naquele dia em específico, ele não pôde se dar ao luxo de cumprir aquele ritual. Movido pelo impulso, simplesmente deslizou para o lado na tela do seu celular com o dedo para desligar o despertador e foi correndo até o banheiro do quarto que, felizmente, era uma suíte. Conseguiu, ainda, ouvir uma voz falar alguma coisa meio embolada que não conseguiu entender, pois estava mais concentrado em chegar até o vaso sanitário e, enfim, botar tudo para fora sem tropeçar no meio do processo.

Enquanto estava ali, ajoelhado em frente ao sanitário, não conseguia se lembrar onde estava ou o que tinha acontecido na noite anterior. Seu foco consistia apenas em não sujar suas roupas e segurar a franja para trás, a mão segurando o cabelo no topo da cabeça. Foi só após terminar e dar descarga que finalmente olhou ao redor, enfim reconhecendo aquele banheiro, onde já havia estado em outras ocasiões. Ainda enjoado, lavou a boca e o rosto na pia e se encarou por algum tempo.

— ‘Tô fudido — resmungou para si mesmo, mas percebeu que talvez não tivesse sido em um tom tão baixo quanto pensava, já que notou um vulto se aproximar pela abertura da porta que havia se esquecido de fechar.

O outro garoto se escorou no batente, os braços cruzados sobre o peito e um sorriso ladino estampado no rosto. Ele era mais alto e tinha os cabelos grandes e ondulados, coisa que o fazia parecer muito charmoso.

— ‘Tá bem aí, Jimin?

Ao ver o amigo ali parado, encarando-o com aquele sorriso presunçoso, o mais baixo não conseguiu conter uma costumeira revirada de olhos, suspirando logo depois. Apontou para si mesmo e depois para o espelho, devolvendo o olhar para o garoto.

— Eu pareço bem, por acaso?

Jimin e Taehyung eram amigos de longa data. Davam-se bem simplesmente porque tinham gostos parecidos e ficavam confortáveis na presença um do outro. Isso significava que já tinham passado por poucas e boas desde que se conheceram, na metade do Ensino Fundamental. O que também significava que não era a primeira vez que Jimin vomitava no vaso de Taehyung depois de uma noite de festa.

— Não. Mas pelo menos não está pior que ontem — lembrou, o sorriso se transformando em uma risada com a feição confusa de Jimin. — Não lembra de nada?

— Bem… Eu lembro que a gente chegou lá na festa e eu comecei a beber sozinho, porque você foi atrás de um cara. E depois… fomos ‘pra outro lugar? Não lembro direito. — Jimin lambeu os lábios, enquanto puxava do fundo da sua mente as memórias de algumas horas antes. — Me lembro de chegar na sua casa, mas não lembro de dormir. Por quê? Eu fiz merda?

— Merda, não. Só ficou meio doido. Na verdade, acho que nunca te vi tão bêbado, Jimin.

Ah, sim. Aquilo explicava o mal-estar em seu estômago e a dor de cabeça infernal que estava sentindo. Assentindo devagar, ele se afastou da pia e se virou para Taehyung.

— Hã… Tem Dorflex aí?

O moreno riu mais uma vez antes de sair do banheiro.

— Tem sim.

Jimin levantou os braços para o alto, espreguiçando-se, ouvindo as suas juntas estalando. Mesmo depois de dormir, ele não se sentia nem um pouco descansado e o seu corpo inteiro, praticamente, implorava por mais algumas horas de sono. Podia quase sentir as olheiras fundas abaixo dos olhos, evidenciando a noite mal dormida. Entretanto, não conseguia se livrar da sensação de que estava se esquecendo de alguma coisa.

Jimin se sentou na beirada da cama de Taehyung, de repente, percebendo que foi ali que tinha acordado. Perguntou-se se Taehyung também havia dormido ali ou se tinha deixado a cama toda para ele. Não se lembrava e nem teve tempo de perceber ao acordar, já que logo se encontrava no banheiro, em desespero. De qualquer forma, não teria problema. Não seria a primeira vez que teriam dividido uma cama, mas com certeza teria sido a primeira vez que Jimin não se lembrava de ter ido parar nela.

Ao pegar seu celular e desbloquear, Jimin quase se engasgou. Tinha mais de vinte mensagens e pelo menos cinco chamadas perdidas, coisa que o fez cair na realidade e se lembrar de que dia da semana era. Taehyung chegou no quarto com um copo d’água e uma cartela de remédio para dor de cabeça que foram rudemente tirados de suas mãos por Jimin, que já começava a entrar em pânico novamente.

— Ei, calma aí, ‘né? — reclamou do pequeno arranhão que o amigo tinha feito, sem querer, em sua mão quando tomou os objetos. — O que foi?

— Hoje é sábado — respondeu trêmulo, destacando uma pílula e logo a engolindo com água.

— E o que é que tem?

— Tem culto de manhã, Tae! O bosta do meu pai já 'tá me enchendo o saco aqui e eu nem sei como vou chegar na igreja!

— Vai ver culto de ressaca? — Taehyung começou a rir, e Jimin quis sumir. Taehyung sabia que os pais de Jimin o obrigavam a ir para a igreja e, mesmo assim, o acobertava, deixando que ele dormisse em sua casa depois de uma noite de festa e diversão. Mas de que adiantava, se no final ele ia zoar com a sua cara? Quem precisa de inimigos, afinal?

— Pois boa sorte.

— Você- argh! — resmungou irritado. — Como você consegue ser tão calmo sempre?

— Vou te dizer, Jiminnie. — O maior passou o braço nos ombros do outro, relaxado. — Não importa pelo que estamos passando. Todo mundo vai morrer um dia. E independente disso, o mundo vai continuar girando e o Universo vai continuar crescendo. Então não importa.

Jimin não sabia se era sono ou apenas lerdeza, mas não conseguiu entender bem o que Taehyung falava. Ainda assim, ele assentiu devagar, fingindo que entendia.

— E maconha. Claro. Bastante maconha.

— Ai, Taehyung. — Deu um tapa no peito do outro, que se afastou rindo. Aquilo podia explicar o cheiro enjoativo espalhado pelo quarto do amigo que, por sinal, era algo que ele não aprovava.

— Eu nem trouxe uma roupa! Como vou aparecer lá na igreja assim?

— Não tem nada de errado com a sua roupa.

Jimin estava usando calças pretas rasgadas com uma corrente pendurada em um dos bolsos e uma blusa regata que deixava a sua tatuagem à mostra. Uma tatuagem que tinha feito escondido dos seus pais.

— Bem… não muito.

— Me empresta alguma coisa decente para vestir, vai.

Com isso, Jimin pegou emprestada uma calça sem rasgos que Taehyung tinha guardada no fundo de seu guarda-roupa e uma camiseta não muito chamativa. Limitou-se a comer apenas algumas bolachas para não desmaiar no caminho, da mesma forma como, provavelmente, tinha desmaiado de sono na noite anterior. Mesmo com protestos vindos do melhor amigo para que ficasse em sua casa o resto do sábado para descansar, Jimin infelizmente conhecia as consequências de desobedecer aos seus pais e se despediu de Taehyung, apressando o passo até a igreja por já estar um pouco atrasado.

Jimin não era religioso. Se fosse para ser bem sincero, não era nem um pouco. Na verdade, gostava até mesmo de manter uma certa distância de pessoas fanaticamente religiosas, por achá-las muito espalhafatosas, sempre tentando converter os outros, simplesmente porque achavam que era o certo. Acontece que era bem difícil se manter longe desse tipo de pessoa quando os seus próprios pais se encaixavam perfeitamente na descrição.

Não era surpresa para ninguém que Jimin se amarrava em uma festa, gostava de sair com seus amigos para dançar e beber, e às vezes nem sabia direito onde acordava pela manhã, ou como teria ido parar ali. Obviamente, aquele era um hábito seu que seus pais repudiavam e sempre faziam o favor de lembrá-lo de como era o “desviado” da família, de como aquilo lhes dava vergonha e sempre comentavam sobre os rumores que corriam pela cidade sobre o filho. Este último, em especial, era sempre usado por sua mãe para fazer chantagem emocional. A mulher sempre dizia que chorava várias noites por horas a fio quando ficava sabendo de algum boato envolvendo o nome de Jimin, este que não poderia ligar menos, já que a maioria deles era verdade.

Bem, se era desviado, Jimin já não tinha certeza, mas agora “viado”… Aí sim, ele podia afirmar com convicção. Ao mesmo tempo, não sabia onde estava com a cabeça quando pensou que seria uma boa ideia contar aquilo para os seus pais, que eram conservadores com C maiúsculo. Só que, como nunca foi de ligar para a opinião dos outros, Jimin escolheu um fatídico dia para contar para os seus pais cristãos que era gay. O seu erro foi pensar que tudo acabaria por ali, apenas nos xingamentos e ameaças de ser chutado para fora de casa. Obviamente, houve esse tipo de complicação, mas Jimin acabou descobrindo que seus progenitores tinham planos muito piores para ele.

Enquanto virava a esquina final antes da rua da igreja, onde seus pais frequentavam, Jimin tirou os brincos das orelhas e os guardou no bolso da calça emprestada de Taehyung. Desde sempre, as regras foram: proibido tatuagens, proibido piercings, proibido beber e fumar, proibido chegar tarde em casa (caso fosse para chegar duas ou três da manhã, era melhor nem aparecer) e proibido tingir o cabelo. E claro, não seria porque havia se assumido gay, uma semana atrás, que isso iria mudar. Na verdade, foi até adicionada uma nova regra: sempre aparecer para os cultos. Mesmo com os protestos vindos do garoto a respeito de como religião não tinha nada a ver com a sua sexualidade, não era como se ele realmente tivesse uma escolha.

Com exceção de fumar — Jimin odiava cheiro de cigarro — e de mudar a cor do cabelo, ainda assim, fazia boa parte daquelas coisas que seus pais detestavam. Não aguentava aquela de “proibido isso”, “proibido aquilo”. Ainda não havia pintado o cabelo por mínimo respeito aos seus pais que ainda lhe deixavam, ao menos, morar naquela casa, enquanto não conseguia estabilizar sua vida financeira, mas seria uma das primeiras coisas que faria assim que tivesse a oportunidade.

No momento em que chegou à igreja, pôde sentir os olhares de alguns dos presentes em si, como sempre. Olhares que o julgavam e que o repudiavam. Não faziam sequer um esforço para parecerem discretos. E entre aqueles olhares, ele notou o de seus pais, sentados em um dos primeiros bancos da fileira. Jimin sabia que eles deviam estar olhando para as portas abertas a cada segundo, apenas esperando que ele chegasse. Assim que o notaram, seu pai balançou a cabeça em negação e sua mãe levou a mão até a testa.

É óbvio que chegaria atrasado, oras! Estava muito ocupado vomitando os bofes para fora. O culto de sábado de manhã claramente seria a sua última preocupação. Deviam mesmo era agradecer que, pelo menos, a casa de Taehyung ficava bem perto.

Sem vontade alguma de participar, Jimin simplesmente se sentou em um banco vazio mais ao fundo, perto da porta, cruzando as pernas e tirando o celular do bolso. Estar ali era uma coisa, prestar atenção já era outra completamente diferente e, longe de seus pais, poderia usar o celular sem perturbações.

Não que estivesse de fato focado no culto, mas esse se passou sem que houvesse qualquer acontecimento digno o bastante de sua atenção. Tinha passado até bem rápido, mas Jimin não sabia se era porque tinha chegado na metade ou se só estava muito desligado mesmo. De qualquer forma, faltava pelo menos dez minutos para que o culto acabasse de vez, quando o pastor levantou um pouco a voz para fazer um anúncio. E agora sim, esse anúncio foi o que deixou Jimin, minimamente, interessado.

— E não se esqueçam do retiro que ocorrerá este fim de semana. Sairemos hoje às cinco. Todos os jovens da igreja estão convidados a aparecer!

Mesmo que tivesse uma pitada de dúvida se aquilo se aplicaria para ele também, Jimin chegou a considerar a ideia. Um fim de semana inteiro sem seus pais na sua cola e ainda poder dormir fora sem nenhuma perturbação? Parecia bom demais para ser verdade. E realmente só parecia mesmo, até porque o moreno sabia que iria ser um fim de semana cheio de orações e coisas do tipo, o que não era muito a sua praia. Mas não podia negar que, por um segundo, pareceu uma boa ideia.

As pessoas começaram a se levantar e cumprimentar umas às outras, enquanto Jimin permaneceu sentado, fingindo que não estava ali, esperando que seus pais terminassem as saudações para pegar carona de carro até em casa. Estava louco para tomar um banho e planejava passar na casa de Taehyung mais tarde para buscar suas roupas, além de, talvez, combinar de sair com ele novamente mais tarde naquele dia.

— Assim que chegarmos em casa, teremos uma conversa séria.

Jimin já imaginava que aquilo ia acontecer. Sempre acontecia. Só que era pelo menos dez vezes mais assustador quando era a primeira coisa que seu pai lhe dizia no dia, depois de um silêncio insuportável que se instalou assim que ele entrou no carro.

Após isso, o silêncio permaneceu até que o carro fosse estacionado na garagem da casa e alguém só foi falar algo novamente quando estavam todos reunidos à mesa para almoçar. Infelizmente, esse alguém foi o seu pai.

— Jimin, onde você esteve noite passada? — A comida estava intocada no prato e ele tinha as mãos cruzadas abaixo do queixo.

“Céus, queria eu conseguir me lembrar”, pensou.

— Na casa do Taehyung — respondeu sem rodeios para não levantar alguma suspeita, dando de ombros enquanto levava uma porção de arroz até a boca. Sua mãe observava a conversa quieta, quase como se quisesse estar ausente.

— De novo? — disse e suspirou decepcionado. — Já te disse que não vou com a cara daquele moleque.

— Pois é. Ainda bem que ele é o meu melhor amigo.

— Sem malcriação ‘pro meu lado, Park Jimin. Já conversamos sobre isso.

— Não estou sendo malcriado. Só não gosto quando o senhor chama o Taehyung, que praticamente cresceu aqui em casa, de moleque. Quando fala dele como se tivesse nojo.

— Ele era um rapaz tão bom. Realmente, era um prodígio. Mas agora que se desviou do caminho do Senhor, ele é só mais uma má influência para você. Como se você já não fosse estragado o bastante.

Jimin segurou um riso.

“Papai, sou eu quem sou a má influência dele. Fui eu o primeiro garoto que ele beijou quando estava curioso para saber se gostava ou não de meninos e, talvez, poderíamos até termos sido algo mais”, pensou.

Se tinha uma coisa boa que ter pais conservadores havia lhe proporcionado, talvez essa coisa viesse a ser o dom de saber mentir. O moreno olhou para seu pai nos olhos, não exatamente desafiante, mas simplesmente exausto.

— Já acabou, papai?

Com o canto do olho, ele notou sua mãe levando a mão até a própria testa, massageando-a. No fundo, talvez Jimin soubesse o que estava por vir.

— Chega! — Frustrado, ele bateu o punho com força na mesa. Jimin sentiu seu prato tremer de leve. — Você não tem a liberdade de me desrespeitar assim, Jimin. Você ainda mora debaixo do meu teto, come a comida que eu boto no seu prato. O mínimo que você devia me dar em troca era um pingo de respeito, moleque. E o que é que você faz? Sai tarde da noite, sabe-se lá ‘pra onde e só volta no outro dia de manhã, fedendo a sabe-se lá o quê. Você é um ingrato, uma decepção, não move um dedo para mudar isso. Ah! Mas isso não vai ficar assim. Vou cortar essas suas regalias.

É, realmente era o que Jimin esperava. Seu pai estava calmo demais para ser verdade. Era óbvio que, mais cedo ou mais tarde, ele iria explodir e botar a culpa de tudo em Jimin, como sempre. Já estava acostumado com o fato de que seus pais lhe viam como um ser ignóbil. Era sempre por causa dele, era sempre ele o delinquente, mas claro que seu pai nunca iria pensar que talvez a culpa de Jimin ter desenvolvido aquela conduta fosse dele próprio.

— Okay, o que vai ser dessa vez? — Riu debochado, assistindo enquanto o rosto do seu progenitor começava a ficar vermelho de raiva. — Vai me socar até desmaiar? Vai tirar a tranca da minha porta? Esconder as chaves de casa? Me forçar a ir para aquela igreja idiota ‘pra me dar um “tratamento de choque”? Ah não, espera! O senhor já fez tudo isso, não foi? Acho que dá ‘pra ver que não deu muito certo, ‘né, pai? Ainda sou um gayzinho de merda, ‘né, pai?!

— Jimin, filho… — A senhora Park ainda tentou amenizar a situação, tocando gentilmente no ombro do filho. Jimin empurrou a mão da mulher, sem saco para uma falsa empatia. Ele queria ver o que estava por vir. Queria saber qual seria a próxima estratégia para tentar “consertá-lo”, de tentar mudar uma coisa sobre a qual ele não tinha controle.

— Arruma as suas coisas. Agora! — Ao invés de uma ofensa ou um tapa, foi simplesmente isso que saiu da boca do seu pai que, momentos atrás, parecia prestes a entrar em combustão. Jimin não pôde evitar franzir o cenho, confuso.

— Por quê? Finalmente vai me expulsar de casa?

— Você vai para o acampamento este fim de semana.

Jimin arregalou os olhos. Aquilo com certeza não era o que ele estava esperando.

— Como? Por quê?

— Porque é insuportável a ideia de que o meu filho está virando a noite por aí, sem eu saber onde ele está ou o que faz. Eu conversei com o pastor e ele concordou que seria uma boa ideia você ir, então assim será. Esse fim de semana será assim e, eventualmente, eu tomarei outra providência.

Jimin estava boquiaberto. Seu pai estava realmente querendo privá-lo, um jovem de dezenove anos, de simplesmente sair de casa? Ah! Mas ele não se convenceria tão fácil, muito menos naquele sábado em específico, em que já tinha alguns planos em mente.

— Eu não vou.

— Park Jimin, você vai. E vai ser muito bom para você, quem sabe até crie um pouco de juízo.

Por um momento, chegou a pensar que tinha cagado em cima da cruz em sua vida passada, porque só assim pra ter que pagar tanto na vida atual. Cansado demais para questionar, o garoto bufou descontente e afastou o prato para longe de si, de repente, sem a mínima vontade de almoçar.

//

— Park Jimin, que ótima surpresa! — exclamou o supervisor, que antes folheava os papéis em sua caderneta ao checar tudo pela segunda vez. Jimin deu um sorriso sem graça.

Tinha que admitir que gostava sim, de ser o centro das atenções, mas não era tão divertido assim quando a atenção vinha de vários jovens da sua faixa etária que pensavam muito diferente dele. Por ter chegado um pouco atrasado como de costume, o pessoal já estava começando a fazer uma fila para se organizarem dentro da van cinza da igreja.

— Hã… Eu preciso fazer alguma coisa? — questionou genuinamente perdido, simplesmente por nunca ter participado de um retiro na vida.

Tudo que Jimin carregava em sua mochila era uma toalha para quando fosse tomar banho, algumas roupas e repelente, o que o deixou meio aflito ao notar algumas garotas enfiando até alguns travesseiros no meio de seus pertences.

— Eu vou só anotar o seu nome aqui, ‘tá bem? — O rapaz alto rapidamente começou a rabiscar na primeira folha de sua caderneta. Percebendo que o garoto estava meio receoso, voltou a falar. — Não se preocupe com as barracas, nós estamos levando. Água e comida também. Pode escolher um lugar na van. Se não couber, pode ir na outra.

Ele apontou para o outro automóvel que estava um pouco mais à frente e que, por algum motivo, não tinha fila.

— Ah, ‘tá bem. Obrigado.

— Disponha. E Jimin… — disse e pousou a mão levemente sobre o ombro do moreno. — Estou contente que tenha decidido vir conosco. Você vai se divertir, vai se enturmar, não se preocupe.

Era de praxe que o supervisor dissesse algo do tipo, mas, pelos olhares que recebia, Jimin não tinha muita certeza se era mesmo bem-vindo ali. De qualquer forma, apenas suspirou e agradeceu. Não estava mesmo esperando muita coisa de algo que tinha sido obrigado a fazer, no fim das contas.

E é claro que tinha contado o vexame para Taehyung, que fez questão de mandar diversos áudios rindo para o amigo. No meio deles, ele se gabava do fato de que tinha avisado de antemão para Jimin que teria sido melhor se tivesse ficado o resto do sábado na sua casa, mas o mesmo não quis ouvir. O moreno custou para admitir, mas daquela vez o amigo tinha razão.

Jimin odiava igreja, odiava ficar no meio do mato, odiava acampar e odiava conviver com gente da sua idade. Acima disso tudo, odiava pessoas da sua idade que frequentam igrejas. Ainda assim, por pura arrogância de seu pai, estava sendo forçado a passar um fim de semana infernal em convivência com tudo aquilo. Será que podia ficar pior?

Assim que entrou na van mais esquecida, o segundo supervisor que estava no assento do motorista o cumprimentou. Jimin respondeu o cumprimento apenas por educação e se sentou, imediatamente colocando seus fones de ouvido. Já estava ali, não precisava prestar atenção nas conversas também.

Ele planejava encostar a cabeça no banco e dormir até chegar ao lugar onde ficariam. Já estava quase cochilando ali mesmo, enquanto esperava o pessoal terminar de se organizar. Acontece que, quando estava prestes a pegar no sono, sentiu um sacolejo no lugar ao seu lado e abriu os olhos imediatamente, assustado.

Alguém tinha acabado de pousar uma mochila de acampamento gigante perto dele, perto demais para o seu gosto. Era tão grande que invadia o seu espaço pessoal, chegando a encostar no seu braço. Jimin tirou os fones irritado e tentou olhar por cima do objeto.

— Ei!

Não houve resposta alguma, então Jimin se sentiu na liberdade de pegar aquele troço gigante e colocar no chão para não ocupar tanto espaço. Ainda assim, quando segurou a mochila, sentiu um puxão contrário que não o deixou movê-la nem um centímetro e foi só aí que percebeu que ela ainda estava grudada às costas de alguém.

Foi só então que um garoto franzino virou na direção de Jimin, o cenho franzido e o olhar confuso.

— O que foi?

Ele riu soprado, indignado.

— Como assim, o que foi? Essa sua mochila ‘tá me incomodando.

— Ah, sim, claro. Perdão. — O rapaz pareceu, enfim, se tocar do espaço que estava ocupando e tirou a mochila das costas, pousando-a no chão, entre as próprias pernas. Agora que conseguia enxergar melhor o seu rosto, Jimin ficou intrigado.

Ele era até bem bonito.

— O que você tanto carrega aí? — questionou sem estar realmente curioso, mas ainda assim querendo conversar mais com o garoto de cabelos escuros e olhinhos felinos. — Só vamos ficar lá por dois dias.

— Inalador — respondeu, direto. Jimin franziu o cenho confuso, então o garoto resolveu se explicar melhor. — Eu tenho asma.

Jimin logo associou o peso da mochila ao peso aproximado de um inalador compressor e não soube o porquê, mas, de repente, se sentiu um pouco culpado. Desconcertado, ele sentiu o rosto esquentar.

— Ah, ‘tá. Foi mal.

— De boa.

Jimin o observou. O garoto era pequeno, mais ou menos da sua altura. Ele tinha uma franja que caía um pouco sobre os olhos, como se não tivesse tido tempo para cortá-la. A sua boca era fina e delicada, Jimin percebeu que ele fazia biquinho involuntariamente enquanto falava.

— Não lembro de ter te visto por aqui.

Demorou algum tempo para que o outro percebesse que ainda era com ele que Jimin estava falando, mas assim que se tocou, virou-se novamente para ele.

— Eu me mudei semana passada.

— E já está indo 'pro retiro da sua nova igreja? Ficar dois dias no meio do nada?

Ele deu de ombros.

— Meus pais queriam que eu me enturmasse.

— Sei como é. — Jimin suspirou. Ele meio que duvidava que a situação do garoto fosse como a dele, mas pelo menos já era algo em comum.

— Meu nome é Jimin. E o seu?

— Yoongi.

— Legal.

— Olha — o garoto começou, olhando Jimin nos olhos. — Eu percebi que você não gosta daqui.

— É, acho que 'tá na cara, 'né? — Deu um sorriso ladino. Por pura birra e vontade de tirar seu pai do sério, Jimin resolveu usar seus brincos e uma costumeira calça rasgada para ir ao retiro.

— Sim, mas… O que quero dizer é o seguinte: não precisa tentar ser meu amigo por dó.

Jimin franziu o cenho novamente, intrigado.

— O que quer dizer?

— Quero dizer que pode ficar na sua, se quiser. — Yoongi deu de ombros e colocou seus fones de ouvido. — Não precisa ter peninha do novato asmático.

— Pena de você? — Jimin levantou as sobrancelhas, incomodado com o pensamento do outro. — Estou conversando com você porque sou educado — disse. — Além disso, seus pais queriam que você se enturmasse, não é isso?

Como se duvidasse daquilo, o garoto apertou os olhos.

— Você que sabe.

E com isso, pôs uma música para tocar e foi se distrair com um jogo qualquer no aparelho, deixando Jimin confuso e quase falando sozinho. Ainda que tivesse sido uma conversa curta, talvez Yoongi tivesse sido a primeira pessoa daquela igreja que não o olhou com um ar de superioridade ou com repúdio. Na verdade, ele sentiu como se o garoto pensasse que, na verdade, era Jimin quem estava o julgando.

"Que mal educado. Sorte a sua que você é gatinho", o moreno reclamou em pensamento, enquanto também escolhia uma de suas músicas preferidas. Pouco tempo depois, o supervisor deu partida no carro e enfim deram início ao percurso.

Foi uma viagem calma e sem complicações, tirando alguns buracos na estrada de chão que faziam o inalador de Yoongi pular e bater contra o piso da van, fazendo um barulho estalado soar de vez em quando. Acontece que Jimin tinha dado uma cochilada, então não sabia bem se tinha realmente acontecido, se tinha sonhado ou se era algum barulho na música que tocava em seus fones. Só sabia que, quando enfim chegaram ao lugar, Yoongi ficou um pouco de tempo a mais na van, enquanto os outros jovens saíam. Não entendeu bem o porquê, mas tinha a impressão de que era um gesto que indicava discretamente que talvez, Yoongi estivesse esperando por ele.

Era um ambiente reservado, um campo de grama grande cercado por muitas árvores. As duas vans foram estacionadas lado a lado, logo ao lado do que parecia ser um pequeno chalé, limpo e bem cuidado demais para estar simplesmente ali por acaso. Jimin percebeu de cara que devia ser um lugar que era alugado, deixando um lembrete mental para conversar com algum dos supervisores para pegar o número do proprietário mais tarde. Estava ali para acampar, mas a sua cabeça já estava lá na frente, pensando em como seria festejar com Taehyung e mais alguns amigos ali.

Os jovens foram instruídos pelos supervisores a se dividir em dois grupos, um que iria ajudar com a comida e outro para auxiliar com as barracas. Jimin era péssimo no quesito cozinhar, então optou por ficar por ali mesmo, esperando a próxima ordem. Olhou em volta e notou que o resto do pessoal já parecia bem acostumado ao lugar, adentrando o pequeno chalé de madeira sem hesitação com as panelas que haviam sido levadas. Talvez aquele fosse o lugar padrão em que aquele tipo de evento da igreja geralmente acontecia? Jimin não fazia ideia, mas até que faria sentido, já que era um lugar bem pacífico e isolado.

Uma barraca ainda guardada dentro da bolsa foi entregue nas mãos de Jimin por um dos supervisores, assim como para outros garotos que preferiram ficar do lado de fora do chalé. Jimin olhou melhor em volta e percebeu que, na verdade, havia apenas meninos ali, enquanto todas as garotas foram mexer com a comida. Sentiu-se desconfortável. Seria por causa de um conceito implantado na cabeça deles? Para Jimin, qualquer pessoa com duas mãos e um mínimo de coordenação motora conseguiria montar uma barraca tranquilamente.

Ele apenas resolveu deixar pra lá e suspirou, começando a tirar a barraca e as varetas da bolsa estreita. Percebeu que o garoto que tinha falado com ele no ônibus também estava ali, mas sem nada nas mãos, completamente perdido. Ele deu um assobio para chamá-lo.

— Yoongi-ah, pode me ajudar aqui?

Ao ouvir seu nome, Yoongi parou de observar as árvores e olhou na direção de Jimin com uma cara confusa. Ele não tinha ouvido nada. O moreno suspirou.

— Pode vir me ajudar? — repetiu, notando o seu olhar perdido. Assim que finalmente entendeu, ele deixou sua mochila enorme no chão junto aos pertences dos outros adolescentes e foi até Jimin.

— O que eu faço?

— Vou passar a vareta por aqui, você vai ali ‘pro outro lado e encaixa ela. — Apontou para o lado oposto e o garoto prontamente andou até lá.

— Certo.

Jimin se abaixou no chão, ficando de cócoras, enquanto passava a vareta por dentro da pequena abertura da barraca. Sentia a luz do sol quente nas suas costas e tinha a impressão de também estar sentindo algo a mais. Algo como os olhos curiosos de Yoongi para cima de si. Enquanto ia passando o objeto, olhou para o garoto, apenas para confirmar as suas suspeitas e pegá-lo no flagra, os olhos felinos o observando de cima.

— Perdeu o cu na minha cara, foi?

Ao invés de respondê-lo com um xingamento à altura, o outro apenas franziu o cenho. Jimin achou aquele comportamento esquisito, até porque era Yoongi quem estava sendo arrogante com ele no ônibus pouco tempo antes.

— O que foi, Yoongi?

— Nada não — disse e suspirou, também se abaixando na grama verdinha para ajudar Jimin.

O moreno achou aquilo um tanto estranho, mas decidiu não comentar sobre. Tinha que ficar se lembrando constantemente de que ele devia ser a última pessoa que qualquer um esperava encontrar ali, então era normal receber algumas encaradas. Por isso, resolveu apenas ignorar e após ter passado uma vareta para o outro lado, começou a desdobrar a outra para passá-la também.

— Pronto. Barraca armada.

Jimin, mente suja do jeito que era, logo associou aquilo a outra coisa. Deu risada. Yoongi, genuinamente, não entendeu o que tinha de tão engraçado na frase.

Como tinham terminado de montar, Jimin se levantou e se espreguiçou, olhando em volta para ver se podia ajudar em mais algo. Poucos momentos depois, o supervisor mais alto, que tinha sido o motorista da van em que Jimin estava, saiu de dentro do chalé e chamou a atenção dos rapazes que estavam por ali.

— Garotos, tudo pronto com as barracas? — perguntou o homem. Ele era alto, mas também bem magro, por isso Jimin o associava ao nome palito em sua cabeça.

— ‘Tá quase! — Jimin ouviu alguém gritar mais ao longe.

Era um gramado até que bem grande, então tinha barracas espalhadas de forma desorganizada por todo o espaço, cada um fazendo seu próprio trabalho de forma individual.

— Preciso de, pelo menos, duas pessoas para me ajudar a acender a fogueira.

Jimin estava sem nada melhor para fazer e tinha a impressão de que, caso continuasse por ali, Yoongi e ele iriam implicar ainda mais um com o outro. Por isso, logo se afastou dele e foi até o supervisor em passos rápidos.

— Ótimo, Park Jimin! Preciso que você encontre alguns galhos secos e gravetos para nós, pode ser?

Jimin assentiu, mas logo depois olhou para os lados e fez menção para o pequeno bosque que ficava mais ao fundo da área.

— Lá?

— Isso mesmo. Só não vá muito longe, certo?

— Tudo bem.

O garoto estava prestes a começar a andar, mas o homem pôs o braço na sua frente antes.

— Só um momento. Na verdade, o ideal seria que alguém te acompanhasse.

O Park bufou, irritado. Sim, estava começando a escurecer, só que ele nem sequer estava com medo! Mas já que precisaria ir acompanhado...

“Qualquer um. Por favor, qualquer um menos ele.”

— Eu posso ir com o Jimin.

Era a voz falhada de Yoongi, que tinha corrido até ali. Como se estivesse contente pelos dois meninos estarem se enturmando, o supervisor deu um sorriso caloroso e pousou a mão no ombro de Yoongi.

— Beleza. Cuidem um do outro e não demorem.

— Ah, ‘tá. Vou cuidar muito bem dele — Jimin resmungou revirando os olhos e depois saiu pisando forte em direção às árvores, Yoongi indo logo atrás. Às vezes, pensava que era incrível como tudo na sua vida dava errado.

Pretendia simplesmente ignorar o outro para evitar qualquer conflito, mas simplesmente não pôde deixá-lo no vácuo quando perguntou:

— Quantos anos você tem, Jimin-ah?

— Dezenove.

— Ah, sim.

Simplesmente ficou quieto, acompanhando o outro enquanto adentravam o pequeno bosque. Jimin o olhou com o canto do olho, observando como a luz do pôr do sol cor de rosa lhe atingia na cara e deixava o seu rosto mais bonito.

— E você?

— Também tenho dezenove.

Aquilo o surpreendeu minimamente. Não podia negar que, analisando apenas sua aparência, Jimin pensou que Yoongi fosse mais novo do que ele. Magrinho do jeito que era, podia facilmente se passar por um garoto de uns dezessete anos. Ele riu sozinho do pensamento.

— Não parece, ‘né?

— Não muito.

Ele era um cara estranho. Não bem estranho, mas… diferente. Bem diferente.

Yoongi e Jimin começaram a recolher os gravetos em silêncio, cada um com seus próprios pensamentos. Jimin estava começando a sentir um pouco de desconforto ali, agachado no chão com os seus jeans rasgados, e, pela primeira vez na vida, se arrependeu de não ter escutado sua mãe no momento em que ela sugeriu que ele usasse uma bermuda.

Depois de coletarem uma quantidade suficiente de galhos secos, os garotos voltaram para o gramado com as mãos cheias, onde já tinha sido providenciado um círculo de pedras. Eles despejaram a coleta ali no centro e esperaram o supervisor Choi chegar com os materiais necessários para acender uma fogueira ali. Enquanto isso, o supervisor Kang, famigerado “Palito”, pediu para que os jovens organizassem as barracas montadas de modo que formassem um círculo em volta da área onde ficaria a fogueira.

Poucos momentos depois, estavam todos os presentes sentados em volta da fogueira. A comida ia sendo servida aos poucos, de pessoa por pessoa, uma sopa leve, que Jimin teve a impressão de que não seria o bastante para suprir sua fome, mas pelo menos já era algo.

Assim como tinha imaginado, ocorreu uma breve sessão de oração antes de tomarem a sopa, na qual todos deram as mãos enquanto rezavam de olhos fechados. Jimin foi obrigado a segurar a mão de duas pessoas que mal conhecia e observou tudo de olhos abertos, esperando que elas terminassem de agradecer, uma vez que não se sentia lá muito confortável fazendo aquilo.

Enquanto comia, conseguiu avistar Yoongi na direção oposta, de pernas cruzadas em formato borboleta na grama ao levar a sopa até a boca devagar. Quando ele olhou de volta, Jimin mostrou a língua. Yoongi fingiu estar chocado e logo depois olhou para baixo. Jimin, curioso, também olhou, notando que ele estava com o dedo do meio esticado, mostrando-o para ele discretamente. O Park segurou a risada para se poupar do vexame de cuspir sopa na frente de todo mundo, até porque eles já não tinham uma boa impressão dele.

— Certo, gente. Vou começar a explicar o que vamos fazer amanhã — começou o supervisor Kang, chamando a atenção dos jovens, alguns que ainda nem tinham terminado de comer.

Ele esperou que todos estivessem olhando para ele, exceto pelo supervisor Choi, que estava se acabando de tomar sopa com barulhos excessivamente altos.

— Nós iremos separar vocês em duas equipes, azul e vermelha. Vou pedir para cada um vir até aqui e tirar um papel deste chapéu. — Ele chacoalhou a boina preta no ar para que todos vissem. — Depois, se juntem com o restante da sua equipe de um lado do gramado. A outra equipe deverá dormir nas barracas do lado oposto. Amanhã, teremos uma série de gincanas e os pontos serão contados. Nós providenciamos um roteador e o deixaremos ligado lá no chalé. A equipe vencedora vai ganhar a senha do wi-fi.

Todos pareceram bem contentes com a ideia. Jimin, por outro lado, tinha achado um prêmio bem pau mole. Ele já estava ali obrigado e ainda tinha que participar das brincadeiras idiotas pra conseguir uma migalha de internet? Céus, ele não dava a mínima para seu despertar espiritual, só queria dar o fora dali o mais rápido possível.

— Vamos começar por esse lado. — O homem apontou para a sua direita, estendendo o chapéu para a pequena garota de óculos e saia longa sentada ao seu lado. — Jiwoo-ssi, pode vir pegar, por favor.

A garota foi timidamente até lá e pegou um pedacinho de papel, desdobrando-o e revelando que estava escrito “Vermelho”. O supervisor agradeceu e pediu para que ela voltasse a se sentar onde estava.

— Yoongi-ssi?

O garoto que estava sentado ao lado de Jiwoo e que até então, estava distraído, olhou assustado na direção de onde tinha sido chamado. Seu jeito avoado até que era um pouco engraçado, o que fez Jimin dar um riso soprado enquanto o observava levantar desconfiado do seu lugar para pegar um papel também.

— Azul.

— Beleza. Sente-se ali, por favor. — Apontou para o lado oposto ao que ele estava inicialmente sentado. Meio que ainda sem entender, mas também sem vontade de questionar, ele simplesmente foi.

E assim foram sendo sorteados os integrantes de cada time, distribuídos igualmente, uma vez que era um número par de jovens. Jimin estava no time vermelho, ou seja, a partir daquele momento, ele e Yoongi eram basicamente inimigos mortais.

Bem, não exatamente mortais, mas Jimin, competitivo do jeito que era, iria se certificar de tornar as coisas difíceis para Yoongi. Afinal, já que não tinha chances de escapar dali, que mal faria tentar se divertir um pouco, certo?

//

Era um novo dia.

Jimin não esperava que fosse um bom dia, até porque ele começou com uma barulheira insuportável, o que o obrigou a botar a cara remelenta para fora de sua barraca e encontrar boa parte dos jovens já acordados, reunidos em um pequeno círculo onde um tocava violão e os outros acompanhavam cantando um hino qualquer.

Como se já não bastasse ter ido dormir tarde na noite anterior, ainda por cima tinha que acordar com aquela… homenagem. Que agradável forma de começar o dia.

A claridade indicava que devia ser por volta de sete horas da manhã, o que significava que Jimin tinha tido somente três horas de sono. Seu corpo não era acostumado a dormir cedo e acordar cedo, então sua rotina era completamente diferente da dos demais ali. No seu segundo dia seguido acordando cedo, Jimin estava em um estado onde poderia facilmente dar um pontapé com os dois pés no peito da primeira pessoa que tirasse sua paciência.

Infelizmente, aquela pessoa tinha asma, então não daria muito certo.

— Que dorminhoco.

Jimin ouviu Yoongi já lhe encher o saco com um sorriso no rosto, quando cruzou com ele enquanto se dirigia até o chalé para escovar os dentes.

— Dorminhoco? — Riu soprado, desacreditado. — São sete horas da manhã.

— Estamos todos acordados desde cinco e meia.

— Como?! — Arregalou os olhos. Como aquilo era humanamente possível?

— Mentira. — Yoongi deu risada. Jimin o encarava, estático. — Mas você foi o último a acordar. Perdeu a primeira oração do dia.

— Nossa, que triste receber uma notícia dessas. — Revirou os olhos, deixando Yoongi pra lá e indo até o banheiro, ainda conseguindo escutar ele rindo ao que se afastava.

Jimin fez ali as suas necessidades, ou seja, escovou os dentes e depois deu uma cagada no banheiro do chalé. Nem ligava, deu descarga, borrifou um Bom Ar e pronto, ele era um novo homem e o cômodo estava cheirando a lavanda.

— Que tédio — reclamou emburrado, guardando sua escova de dentes dentro da barraca e logo depois descansando as mãos na cintura, em uma pose de mulher grávida. — Quando vai começar isso? Quero voltar a dormir.

O garoto que arrumava as próprias coisas na barraca ao lado apenas deu de ombros, tomando a liberdade de responder sua pergunta retórica.

— Acho que daqui a pouco.

Jimin o olhou. Não se recordava bem, mas tinha a impressão de que ele se chamava Hyuk. Ou… será que era Hyun? Talvez Hyun. Isso, Hyun alguma coisa.

— ‘Tá no meu time, ‘né, Hyun?

— Estou — ele disse ao terminar de guardar suas coisas, levantando do chão e batendo as mãos uma na outra. — E meu nome é Hyuk.

Jimin estalou a língua. Mas que droga. Sempre foi meio ruim com nomes.

— Todos preparados? — foi o supervisor Choi quem gritou tomando a frente, chamando com um gesto de mão todos os jovens para o centro do gramado, em um ponto mais afastado das barracas.

Jimin chegou lá e só se deparou com uma corda longa e uma linha no chão.

— ‘Pra que isso?

— A primeira gincana vai ser cabo de guerra — explicou o homem.

— Sério? — De repente animado, ele estalou os dedos e levantou os braços para cima, se preparando. Aquela seria, possivelmente, sua primeira vitória contra Yoongi do dia.

Os dois times rapidamente se reuniram no local, cada equipe de um lado da corda. Um som estridente soou quando o apito foi assoprado e Jimin mal teve tempo de processar quando, dez segundos depois, já estava caindo no chão, desequilibrado. Foi como se ninguém do seu time tivesse o mínimo de força, todos sendo puxados para o outro lado da linha sem o menor esforço.

— Não é justo, todo mundo forte foi pra lá! — Jiwoo reclamou, o que fez o supervisor rir, antes de levantar o braço na direção do time azul.

— Um ponto para a equipe azul!

Jimin encarou, desacreditado. Yoongi, que estava logo no final da extensão da corda e sem ter feito muito força, tinha um pequeno sorriso no rosto enquanto o olhava, com um olhar de quem dizia "Toma essa".

E com aquilo se iniciou um longo dia, com derrota atrás de derrota para a equipe vermelha.

Jimin, que antes estava tão confiante de que ia ganhar algo com aquilo, só teve suas expectativas destruídas mais uma vez. O time azul comemorava sua vitória, o vermelho praguejava, um botando a culpa no outro. Sem saco e nem energia para ver o circo pegando fogo, Jimin simplesmente se meteu dentro da sua barraca e ficou por lá mesmo.

A culpa não era dele se seu time era ruim, afinal.

Alguém tinha ido atrás dele para chamá-lo para orar e jantar, mas Jimin simplesmente fingiu que já estava dormindo para evitar a fadiga. Mesmo que estivesse um pouco chateado por causa da derrota absurda, não conseguia parar de pensar na forma como Yoongi o olhava a cada gincana, uma hora ou outra ele sempre acabava o pegando com os olhos em si. Ele sabia que não era um olhar metido, até porque Yoongi não parecia ser aquele tipo de pessoa. Aquilo o deixou tão encucado que, querendo ou não, praticamente todos os seus pensamentos do fim da tarde até a noite, sempre acabavam no garoto de olhos felinos.

E ele estava curioso. Por causa das brincadeiras, quase não tinham se falado o dia inteiro. Jimin queria contestá-lo sobre aquilo. Por isso, esperou escurecer para colocar seu plano em prática.

De tão quieto que estava, ele ouvia até mesmo o som de uma coruja vindo do pequeno bosque ao sair o mais discretamente possível de dentro de sua barraca, cruzando o gramado na pontinha dos pés para não fazer barulho. O toque de recolher ridículo exigia que todos estivessem deitados às nove, mas Jimin nunca dormia cedo, não tinha esse costume. Não duvidava que todos os jovens mais comportados já estivessem no terceiro sono, como pessoas normais com uma rotina regularizada de sono. No seu caso, já não era tão simples assim.

Além de estar sem um pingo de sono, também queria ir encher o saco de Yoongi. E é óbvio que ele preferia escutar aquela vontade ao invés de seguir a ordem dos supervisores.

— Yoongi? — chamou baixinho por fora da barraca, ouvindo um barulho de alguém se mexendo lá dentro. Segundos depois, Yoongi abriu o zíper e o olhou, com uma expressão cansada e confusa. Jimin segurou um sorriso.

— Já estava dormindo?

— Estava quase — disse e bocejou, o que fez Jimin lutar para não bocejar também. — O que aconteceu?

— Posso ficar aqui com você?

Ele franziu o cenho, confuso.

— Por quê? O que tem de errado com a sua barraca?

— Nadinha de errado com ela.

— Então… você tem medo de escuro?

— Na verdade, eu queria pegar um pouco do wi-fi de vocês, preciso que você me passe a senha — contou uma mentirinha, apontando para o celular que levava nas mãos. O que ele queria mesmo era ficar um pouco mais com o garoto de olhos felinos e carinha de sono. — Mas não posso ficar andando por aí, se me pegarem, vão me mandar de volta lá 'pro outro lado do gramado e eu me fodo.

— Então você quer se esconder aqui?

— Isso mesmo. Faz esse favor pra mim?

— Hã… Pode entrar, eu acho.

O moreno não pôde evitar um sorriso, olhando para os dois lados para ter certeza de que ninguém estava por perto antes de se enfiar dentro da barraca de Yoongi. Uma vez lá dentro, ele se sentou com as pernas cruzadas e observou enquanto o outro fechava o zíper novamente, bem devagar para não fazer muito barulho.

Eles finalmente estavam sozinhos. Apenas os dois.

Agora que realmente estava ali, Jimin, de repente, se sentiu nervoso. Não era do seu feitio sentir timidez perto dos outros, mas Yoongi tinha algo que lhe deixava meio desestabilizado. Não sabia bem o que era, talvez fosse por causa daquele rostinho cansado de sono, olhando para ele intrigado. Era algo que, com certeza, Taehyung não acreditaria nem com reza braba caso ele contasse, e… Espera, Yoongi estava olhando para ele?

— Você não queria usar a internet? — Yoongi disse com um sorriso de canto nos lábios, e Jimin, ao perceber que estava o encarando enquanto pensava, apenas suspirou.

— Aham — respondeu desconcertado, olhando para o colo e brincando com os dedos em nervosismo ao invés de desbloquear seu celular, como Yoongi provavelmente esperava que ele fizesse. O que estava acontecendo? Ele definitivamente não era daquele jeito!

— Se você queria só me ver, era só ter falado.

Jimin olhou Yoongi nos olhos. Estava bem escuro lá dentro, salvo a mínima iluminação da tela acesa do seu celular, mas mesmo assim, ele podia claramente ver o sorriso que ele levava no rosto. Yoongi estava flertando com ele.

— Para de ser idiota.

— Mas é, ué. — Começou a rir baixinho. — Você ficou o dia todo me olhando como se quisesse me pegar no soco. Se você queria pancadaria, era só ter me falado.

Jimin o encarou em silêncio, estático.

— Que eu teria fugido antes.

— Não estou aqui pra te bater! Que coisa idiota — justificou-se entre risos. — Além disso, quem ficou me olhando foi você, isso desde ontem.

— Ainda bem que não, porque eu ia cobrar uma violência mais café com leite de você. Não tenho fôlego para brigar, sabe? — Yoongi disse e deu risada, mas Jimin não sabia se também podia rir da piada que ele tinha feito sobre a sua asma. O outro percebeu o seu silêncio e lhe deu um tapa fraco no ombro. — Tudo bem, Jimin, você pode rir.

— É desconfortável.

— Se até eu faço piada...

— Sei lá.

Eles ficaram em um silêncio esquisito por alguns momentos, que Jimin logo tratou de expulsar. Ele não tinha fugido da sua barraca para ir para a de Yoongi só para ficar encarando o chão em silêncio.

— Por que você ficava me olhando? — Jimin perguntou a primeira coisa que lhe veio na cabeça. Estava com um pouco de medo da resposta. Yoongi, por outro lado, apenas deu de ombros.

— Não sei. Só estava implicando com você.

— Ah, ‘tá. Achei que era porque tava apaixonado.

— Vai sonhando.

Jimin começou a rir.

— Quando alguém fica me olhando assim, ou é pra cair no soco comigo, ou ‘pra me pegar. E você não quer cair no soco, ‘né?

Yoongi ficou em silêncio, olhando-o nos olhos enquanto segurava o riso.

A verdade era que Jimin gostava quando Yoongi implicava com ele e também gostava de implicar. Gostava das provocações, das pequenas brigas. Gostava da forma como conseguia sentir o olhar de Yoongi fixado nele em toda gincana, como se estivesse o desafiando silenciosamente. Gostaria de dizer que era porque tinha ido com a sua cara logo de primeira e que o achava um bom amigo em potencial. Bem… aquilo também, mas não só aquilo.

Jimin achava Yoongi atraente. Demais, até. Ele só não sabia direito quando as brincadeiras tinham parado de ser brincadeiras e se tornado flertes.

Não era o momento e muito menos o local apropriado, porém, foi ali que ele quebrou o contato visual para olhar para os lábios de Yoongi. Eram delicados e pareciam muito macios. Jimin queria beijá-lo, mas não sabia como ele iria reagir.

Olhou novamente para os olhos do garoto, que o observava atentamente, assim como fez durante o dia inteiro. Era nítido o seu ar de curiosidade e Jimin estava começando a pensar seriamente em arriscar uma chance.

Assim sendo, ele começou a se aproximar de Yoongi, bem devagar para dar tempo de fugir se ele não quisesse. Yoongi, por sua vez, simplesmente ficou parado enquanto Jimin chegava mais e mais perto do seu rosto, até ficarem separados a uma distância tão curta que um ocupava boa parte da faixa de visão do outro.

— Yoongi-ah

O garoto engoliu em seco.

— ... O quê?

— Acho que quero muito te beijar agora.

— S-sério?

Jimin riu baixinho por ele ter gaguejado. Não era lá muito carinhoso, mas, naquele momento, sentiu a necessidade de procurar a mão de Yoongi para lhe passar um pouco de confiança, fazer ele se sentir mais seguro com a sua presença.

— Sim. Eu posso?

— Eu… nunca beijei um garoto.

— É igual a beijar uma garota.

— Também nunca beijei uma garota.

Os dois começaram a rir ali, baixinho para não serem pegos, a adrenalina correndo nas veias. Jimin sentia seu corpo quente, trazendo-lhe de volta uma sensação que já não sentia a muito tempo. Ele estava em seu limite.

— Só beijei de selinho.

— E você quer me dar mais do que um selinho, Yoongi-ah?

— Jimin, eu- Ai, eu sei lá. Só... vai logo com isso.

Com um sorriso brincalhão no rosto, Jimin levou a mão livre até o rosto de Yoongi sem cerimônias, trazendo-o para perto até que seus lábios se encostassem levemente. Assim como Jimin imaginava, pôde comprovar que Yoongi tinha os lábios macios. Foi um selinho simples e rápido, porém, mesmo assim, Jimin sentiu a mão de Yoongi apertar levemente a sua.

Faltava iluminação, mas no momento em que se separaram, Jimin teve certeza de que viu Yoongi de bochechas vermelhas.

— Eu… — começou ele, mas Jimin não lhe deu tempo de sentir vergonha e afastá-lo, o que provavelmente iria acontecer. A mão pequena foi do rosto de Yoongi até seus cabelos macios, mantendo-o perto ao que Jimin voltava a beijá-lo.

Yoongi não se afastou. A sua mão começava a suar por cima da mão de Jimin, que entreabriu os lábios, com vontade de aprofundar o contato. O outro ficou confuso por alguns momentos, mas também abriu minimamente a boca, desajeitado, sem saber direito como agir. Aquilo não era um problema, até porque Jimin logo tomou controle do beijo, descendo os dedos atrevidos até a nuca de Yoongi, enquanto enroscava sua língua na dele devagar, respeitando seu ritmo, fazendo-o se arrepiar por inteiro. Era um toque quente e calmo, sem muito exagero, mas ainda assim gostoso, perfeito para um primeiro beijo.

Quando se separaram, Yoongi já estava um pouco ofegante, muito acanhado. Estava constrangido, morrendo de vergonha, mas também não podia negar o fato de que tinha gostado bastante de beijar Jimin.

— E aí? — perguntou com um sorriso orgulhoso, sem se afastar muito, as mãos ainda tocando Yoongi. Tinha perguntado bem baixinho e apenas para ele ouvir, de uma forma que a sua voz tinha ficado levemente mais grave, coisa que Yoongi achou muito atraente por algum motivo.

— Foi… bom. Muito bom.

— Então me beija de novo.

Bem, como ele poderia dizer não?

Dessa vez, diferente da primeira, Yoongi já conseguia acompanhar Jimin um pouco melhor, tentando copiar os movimentos que o outro fazia com a língua. Tomado pela euforia, ele levou a mão livre até o ombro de Jimin, apertando-o. Jimin sorriu no meio do beijo, satisfeito por ter conseguido fazer o garoto tímido se soltar um pouco. Naquele momento, beijando Park Jimin dentro da sua barraca no meio da noite, Yoongi sentiu como se tivesse chegado no ponto mais alto de rebeldia de toda a sua vida. A sensação de estar fazendo algo proibido e a preocupação constante de serem descobertos, eram duas coisas que estavam o deixando extasiado.

Jimin não estava muito diferente. Obviamente já tinha feito algumas loucuras antes, mas aquilo era algo que ele nunca tinha sequer pensado em fazer. Talvez fosse por causa disso que ele teve um surto de coragem e tomou um pequeno impulso, soltando a mão de Yoongi para subir no colo do garoto, posicionando cada perna de um lado de seu corpo e se sentando sobre ele, sem nunca quebrar o beijo. Notou quando ele começou a respirar mais pesado e logo se separou, conhecendo bem as suas condições.

Yoongi ficou quieto por alguns segundos, como se estivesse ainda digerindo o fato de que Jimin estava no seu colo. E então, levou as mãos até a sua cintura, os olhos fixados em seu rosto, observando-o de baixo, quase que enfeitiçado com a visão. Jimin sorriu com o canto dos lábios, provocante, deixando mais um selinho no canto da boca de Yoongi, que tentava recuperar o fôlego.

— Você é lindo, Jimin — confessou, respirando fundo mais uma vez.

— Que gentil da sua parte — provocou com um tom irônico, o seu rosto agora apenas a alguns centímetros do rosto alheio. Seu corpo estava quente. Ele continuava querendo mais e mais de Yoongi, talvez beijá-lo a noite inteira.

Tinha a impressão de que Yoongi talvez quisesse o mesmo. Pelo menos, era o que o volume em suas calças denunciava.

— D-desculpa por isso — murmurou envergonhado, quase em desespero, como se tivesse acabado de cometer um crime. Jimin não entendeu o porquê do pedido de desculpas. Era uma reação natural do seu corpo, sinalizava que ele estava gostando, por que diabos ele deveria se desculpar?

— Cala essa boca — repreendeu, segurando o rosto de Yoongi com afeto no meio de suas duas mãos e fazendo ele se calar por contra própria.

Beijá-lo não era como beijar outros caras. Não era como ir pra uma festa na intenção de pegar alguém, beijar com gosto de bebida e depois partir para outra pessoa. Era algo espontâneo, natural. Era algo que tinha surgido de provocações e curiosidade, que logo se transformou em uma vontade insuportável de sentir mais um do outro. Tinha também o detalhe de que Jimin estava sendo o primeiro de Yoongi, coisa que fazia tudo ser mais especial ainda.

Enquanto se beijavam, cada vez mais ferozmente, Jimin não conseguiu se segurar e acabou rebolando sobre o colo do outro, sentindo ele gemer baixinho contra a sua boca. Não era a sua intenção; Jimin queria ir devagar com ele, realmente queria, mas aquilo o fez sentir seu estômago se revirar em antecipação. Queria que Yoongi segurasse a sua cintura com firmeza e o beijasse com mais força, quase se esquecendo do fato de que ele, provavelmente, era virgem. Estava um clima tão bom, um ritmo tão gostoso — e por sinal, os dois queriam, mas não foi bem isso que aconteceu.

— Jimin-ah. — O outro quebrou o beijo, apertando o pulso de Jimin, ofegante. — Por… por que está fazendo isso comigo?

Céus, ele definitivamente era um virgem.

O moreno sorriu de lado, levantando minimamente o canto da boca.

— Porque você é lindo, Yoongi. E outra coisa, esse seu jeito teimoso me deixa com tesão.

Como se nunca tivesse ouvido aquilo antes, Jimin percebeu quando Yoongi ficou vermelho feito uma pimenta e desviou o olhar. Jimin tocou o seu queixo levemente, levantando aquele rostinho tão lindo em sua direção novamente.

— Você não quer, gatinho?

— E-eu… — gaguejou, incerto. — Não sei se isso é certo.

Jimin ponderou.

— Bem, claro que não é lá muito certo transar comigo em um retiro de igreja, dentro da sua barraca, em um horário em que eu não posso ser pego por aqui. — Deu uma risada baixinha. — Mas o proibido sempre é o mais divertido, não?

O Min engoliu em seco.

— Eu não sei, Jimin. Eu nunca…

— Tudo bem. — Jimin moveu a mão do queixo de Yoongi até a sua bochecha, acariciando-o com o dedão. — Não tem problema, anjo. A gente começa, e depois podemos ver no que dá. Se você se sentir desconfortável, eu paro, sem problema algum, só quero muito te tocar. O que acha? — fez uma pausa para sorrir, tentando confortá-lo. — Quer ter a sua primeira vez comigo?

Yoongi não soube o que se passou pela sua cabeça naquele momento. Tinha algo em Jimin que o fazia simplesmente esquecer que estavam em um ambiente totalmente proibido para fazer qualquer coisa do tipo, além do fato de que o outro tinha praticamente fugido da sua área para ir até a sua barraca, de modo que se algum supervisor o pegar ali, estariam os dois ferrados por não ter uma explicação boa o bastante para justificar. Ele só não sabia se era por causa da sua voz doce, do seu sorriso galanteador ou simplesmente o seu charme. Talvez fosse por causa do jeito como aquele maldito beijava fodidamente bem, ou talvez fosse por causa de tudo aquilo, combinado com a vontade de experimentar que ele resolveu apenas suspirar e se deixar aproveitar aquele momento, subindo a mão até a cintura de Jimin.

— … Tudo bem. Me toque, Park Jimin.

Ah, mas ele nem precisava falar duas vezes.

Aquele jeitinho inocente do outro, que mal sabia onde colocar as mãos, estava deixando Jimin doido. O pensamento de que ele estava prestes a corromper Yoongi era como uma massagem no seu ego e a forma como ele tinha conseguido fazer o garoto acanhado se sentir tão à vontade com ele, a ponto de se sentir confortável para ser tocado daquele jeito, só lhe dava mais e mais vontade de continuar; de mostrar para ele que aquilo não era nenhum pecado.

E bem, caso fosse, pelo menos seria um pecado muito gostoso.

— Posso tirar a sua blusa?

Ele recebeu um simples aceno em resposta, imediatamente levando as mãos até a barra da roupa de Yoongi e puxando-a para cima, gentilmente. Yoongi levantou os braços e logo a peça estava jogada no outro canto da barraca. Depois disso, Jimin tirou sua própria camiseta e também a jogou para longe.

— ‘Tô com vergonha...

— Está escuro, nem estou te vendo — assegurou baixinho, tocando levemente as costas do outro. Era tão gostoso sentir a sua pele sem roupas para atrapalhar. — Fica tranquilo.

Como se se sentisse mais seguro com aquela informação, Yoongi voltou a tocar na cintura de Jimin, agora sem qualquer tecido. E então, o abraçou. Em qualquer outra situação, Jimin ficaria puto e cortaria todo aquele afeto meia-boca, mas não ali, não naquele momento. Naquele momento, ele ficou tão extasiado com a sensação gostosa do seu peito nu contra o de Yoongi que o abraçou de volta, escondendo o rosto no pescoço alheio enquanto aproveitava o calor dos seus braços. O outro suspirou, sentindo Jimin voltar a se mexer devagar em seu colo. Yoongi era bem sensível, Jimin notou isso quando mais uma vez ele gemeu baixinho apenas com a fricção das suas calças.

— Você ‘tá me deixando maluco — Yoongi resmungou, o que fez Jimin sorrir.

— ‘Tô, é? — Cravou as unhas nas costas do outro, que se arrepiou e suspirou de dor. Jimin aproveitou a chance para tocar seus lábios, beijando-o mais uma vez, já com saudade da sua boca. Yoongi prontamente devolveu o beijo, as mãos descendo até as coxas fartas do moreno, apertando-as por cima da calça de moletom.

Continuaram a se beijar por algum tempo, até que Jimin não conseguiu mais aguentar. Estava tão quente que sentia como se estivesse prestes a entrar em combustão. Ele quebrou o beijo, ofegante, logo levando dois de seus dedos até a própria boca. Yoongi não entendeu bem o porquê e apenas ficou o observando, hipnotizado, ao que ele cobria seus dedos com saliva.

— Yoongi-ah, abaixa a minha calça, por favor.

— ‘T-Tá bem — murmurou baixinho, lutando contra a vergonha para fazer o que Jimin tinha pedido. O moreno se levantou, minimamente, no colo do outro para facilitar, quando Yoongi puxou a barra da sua calça para baixo, assim, ficando com a bunda exposta.

O outro garoto, que não fazia ideia de como prosseguir dali, arregalou os olhos ao notar Jimin levando seus dedos cobertos de saliva até a parte de trás do seu corpo.

— Espera — Yoongi disse, nervoso, segurando o pulso de Jimin. — Você… vai passar cuspe lá?

O moreno o olhou e franziu o cenho, confuso.

— Yoongi-ah, você, por um acaso, não teria um tubinho de lubrificante aí com você, teria?

— Não…

— Então, vai ter que ser no cuspe. Senão, vai me machucar, e talvez até machucar você também — respondeu simplesmente, mas o mais velho não parecia muito relaxado com a situação. Jimin riu. — Relaxa, eu sei o que estou fazendo. Confia em mim?

— Confio.

Depois da confirmação, Jimin respirou fundo e introduziu um de seus dedos dentro de si mesmo, gemendo contra o pescoço de Yoongi, onde tinha enfiado a cara. O garoto se arrepiou, sem saber bem o que fazer.

— Jimin-ah, está… está doendo?

— Não — disse com dificuldade, a respiração entrecortada. — Só faz algum tempo que… Ah! Faz tempo que eu não fazia isso.

Yoongi engoliu em seco, nervoso. Não sabia como ajudar ou se devia passar alguma palavra de conforto, as mãos segurando a roupa restante de Jimin abaixo da polpa da bunda, conseguindo ainda sentir ele movimentar o próprio dedo.

— O que eu faço?

— Você... você se preocupa demais — disse entre risos, aproximando o seu rosto do de Yoongi e, mais uma vez, selando seus lábios. Jimin não gostava de fazer todo o trabalho sozinho, mas como era a primeira vez de Yoongi, ele nem sequer se importava, gemendo contra a sua boca ao adicionar mais um dedo em sua entrada.

Continuou se preparando com os dedos, tentando relaxar o mais rápido que podia, até porque a sua vontade mesmo era sentir o outro dentro de si. Quando decidiu por si mesmo que já estava bom, ele retirou seus dedos e saiu de cima do colo de Yoongi, apontando para o colchonete no chão da barraca.

— Deita ali.

Ele sequer questionou, deitando-se como Jimin havia pedido. O moreno ficou de joelhos à sua frente e se inclinou um pouco, levando as mãos até a sua bermuda de pijama.

— Vou tirar, tudo bem?

— Tudo bem.

Assim sendo, ele puxou o restante da roupa do outro, deslizando devagar pelas suas pernas e jogando-a junto das outras roupas. Pôde claramente perceber que Yoongi, possivelmente, nunca tinha ficado nu na frente de outra pessoa, o braço na frente do rosto para evitar contato visual. Jimin sorriu pequeno. Ele era adorável. Para não deixar o garoto tão envergonhado, Jimin logo tirou também suas próprias calças.

— Vou te chupar.

— N-Não precisa ficar falando tudo o que vai fazer.

— Estou tentando te deixar mais confortável — disse, voltando a se inclinar sobre o corpo do outro e deixando um beijinho na sua barriga, o que o fez dar um pequeno pulo de susto. — E pode puxar meu cabelo, se quiser.

Jimin percorreu as mãos pelo corpo de Yoongi, desde o seu peito até suas coxas, acariciando-o, e então de volta até a cintura, sentindo a pele se arrepiar com o toque dos seus dedos. Com uma das mãos, segurou o membro duro e lambeu devagar da base até a ponta, fazendo o garoto estremecer levemente.

Yoongi não pôde segurar um gemido quando sentiu a boca quente e molhada o chupando, com movimentos lentos vindos de Jimin, que circulava seu pau com a língua. Era simplesmente bom 'pra caralho. Tanto que ele não conseguia se controlar, contorcendo-se no colchão ao que deixava alguns suspiros saírem dos seus lábios, inchados, de tanto beijar Jimin.

— Ei, príncipe. — Jimin parou de chupá-lo para falar. — Olha, eu sei que você está gostando e eu queria muito ouvir os seus barulhinhos, mas você não quer que a gente seja pego, quer?

Yoongi estava com a visão embaçada quando o olhou, negando com a cabeça.

— Pois é, eu também não. Pode se segurar para mim? Acha que consegue?

O garoto apenas suspirou, receoso de que acabaria gemendo involuntariamente se tentasse falar algo. Assentiu com a cabeça, o que fez Jimin dar um pequeno sorriso antes de voltar para o que fazia, deixando que a língua passasse pela glande inchada, antes de tomar o membro alheio na boca e, dessa vez, ouvindo um gemido bem mais baixo, abafado.

Jimin fazia questão de manter seu ritmo devagar, subindo e descendo com calma, de um jeito que sabia que faria Yoongi ficar doido, deixando o seu pau coberto de saliva. Sabia que estava funcionando, mas teve uma confirmação quando sentiu o mesmo agarrar seus fios de cabelo, apertando-os, enquanto a outra mão ia sobre a própria boca, impedindo-o de gemer alto.

— Jimin… — chamou com uma voz manhosa, fazendo o Park sentir um arrepio no corpo inteiro. — Que gostoso…

Ele se afastou com um barulho estalado, continuando a tocar Yoongi com a mão, agora em um ritmo um pouco mais rápido.

— É gostoso? — perguntou, provocando-o, assistindo enquanto o garoto arqueava as costas de tanto prazer.

— S-Sim! Muito gostoso… — respondeu entre gemidos, inquieto, engasgando-se com as próprias palavras. Jimin se divertia com a cena, observando-o com um olhar quase predador enquanto o masturbava, apreciando as reações que causava no garoto virgem, que estava trêmulo.

— Vou te mostrar algo ainda melhor — disse e depois sorriu, parando de tocar Yoongi apenas para subir novamente no colo do garoto.

— Hã? C-Calma! — Assustado, tocou nas coxas de Jimin. Ele estava perto. Perigosamente perto. — Agora?

— Posso esperar você ficar pronto. — Inclinou-se para beijar a bochecha de Yoongi, que estava quente e, mesmo que ele não pudesse ver, também sabia que estava muito vermelha. — Não tem problema.

— Pode… pode me beijar?

Jimin respondeu à pergunta já selando seus lábios, sentindo as mãos de Yoongi percorrerem seu corpo, talvez para se distrair do nervosismo que sentia. Mesmo assim, Jimin estava sendo tão compreensivo que ele se sentia muito grato e bem mais relaxado quanto à situação do que provavelmente estaria se fosse outra pessoa no lugar.

O moreno acariciava a bochecha do garoto abaixo de si, em uma tentativa de fazer ele se sentir mais seguro em sua presença e ouvindo seus suspiros abafados durante o beijo. Ele tinha acabado de aprender a beijar, e é claro que poderia ser apenas impressão de Jimin, mas ele pensava que suas bocas se encaixavam muito bem, coisa que o fazia ter mais e mais vontade de tomar para si aqueles lábios tão bonitos.

— Acho que… — murmurou baixinho, o rosto de Jimin a um palmo do seu. — Acho que já pode ir.

— Tem certeza? Mesmo? — perguntou apenas para se certificar, deixando um beijo agora sobre a testa de Yoongi. — Posso esperar mais um pouco, se quiser. Temos a noite inteira para fazer isso.

Por mais que estivesse latejando de tanta vontade, Jimin entendia que Yoongi tinha o seu próprio ritmo. Havia sido ele a pedir aquilo, afinal, então já sabia que teria que ser paciente. Convenientemente, Yoongi também partilhava da mesma vontade que ele.

— Tenho certeza — disse e abriu os olhos, encontrando o olhar de Jimin vindo de cima, fixado em seu rosto. Ele era tão lindo daquele ângulo que chegava a ser injusto.

— Tudo bem, só não podemos fazer muito barulho. E nem mexer muito a barraca. Acha que consegue fazer isso pra mim, Yoongi-ah?

O garoto riu.

— Acho que sim.

Com aquilo, Jimin segurou o membro alheio coberto por saliva pela base e guiou até a própria entrada, conseguindo ouvir um suspiro de antecipação vindo de Yoongi. Ele apoiou uma mão no peito do garoto e finalmente foi descendo devagar, com auxílio da pouca lubrificação que tinham, até que toda a extensão de Yoongi estivesse dentro dele. Soltou o peso em seu colo, sentando-se ali e jogando a cabeça para trás em um suspiro satisfeito.

Ao sentir aquele aperto em volta do seu pau, Yoongi não conseguiu segurar um gemido, que acidentalmente acabou por sair um pouco mais alto do que esperava. Jimin logo o corrigiu, pousando o dedo indicador em seus lábios.

— Quietinho…

— Jimin-ah… — chamou, a voz baixinha e chorosa, quase como se estivesse sentindo dor. Jimin inclinou-se para escutar o que ele tinha a dizer, consequentemente se mexendo em seu colo e fazendo Yoongi cravar as unhas curtas em sua cintura, desesperado de tanto prazer, levantando levemente os quadris por impulso.

— O que foi, hm? — questionou brincalhão, rebolando minimamente e bem devagar no pau do outro de propósito, assistindo ele se engasgar com as próprias palavras. — É bom, não é?

Ele não teve uma resposta, apenas um breve aceno de cabeça. Yoongi tinha os lábios entreabertos e a face tomada por uma expressão de deleite, enquanto suspiros entrecortados saíam de sua boca. Jimin o achava angelical naquele estado, tremendo e já um pouco suado com tão pouco. Escondeu o rosto no pescoço do garoto, começando a beijar a sua pele, fazendo Yoongi se arrepiar com o contato.

Jimin achava meio engraçado a forma como, apesar de terem a mesma idade, Yoongi era bem mais inocente — pode-se dizer mais inexperiente — do que ele. Claramente tinham sido criados em condições bem distintas, mas ele não se importava. Não se incomodava nem um pouco de ir com calma, de conquistá-lo aos pouquinhos. Ter aquele contato com um garoto de igreja, virgem, querendo ou não, também significava mostrá-lo que sentir prazer não era a coisa mais monstruosa do mundo. Na verdade, ao invés de achar monstruosa, Yoongi parecia até estar gostando bastante. A sensação de que era ele quem estava sendo o seu primeiro, de que era ele quem estava corrompendo Yoongi naquele momento e naquele lugar, era muito excitante.

Enquanto distribuía beijos molhados pelo pescoço do outro, Jimin começava a se mover em seu colo, subindo e descendo devagar, sentindo o pau pulsar dentro de si. Yoongi, aos poucos, virava uma bagunça de gemidos, o que obrigou Jimin a cobrir sua boca com a mão. No fundo, ele sabia que seria pedir muito para ele ficar quieto. Aquilo sim daria trabalho.

Começou a aumentar o ritmo gradativamente, descontando seu prazer na curva do pescoço de Yoongi, mordendo-o, sentindo a saliva do garoto se acumular na sua mão enquanto a tapava. Ele era tão sensível que chegava a dar pena, apertando os olhos de tanto prazer, ainda desordenado com todas as sensações novas que Jimin estava lhe proporcionando.

— Pode me apertar — disse baixinho no meio de um sorriso, a voz trêmula enquanto movia seus quadris para cima e para baixo, quicando no colo de Yoongi. — Tudo bem. Pode... me arranhar também. Só não me bate, que faz barulho.

— E se… — murmurou baixinho, quase inaudível, as palavras sufocadas pela pequena mão de Jimin. — E se eu te machucar?

Ele sorriu provocante e levantou uma sobrancelha, desafiador.

— Machuca que eu gosto.

Yoongi só jogou a cabeça para trás no colchão, extasiado, as mãos apertando a carne da bunda de Jimin enquanto ele se movia em cima de si. O moreno tirou a mão do rosto de Yoongi e se inclinou por cima dele, começando a beijá-lo, sentindo os braços de Yoongi o abraçando pela cintura, sentindo seu calor, gemendo contra a sua boca.

Era um ritmo calmo e gostoso. Confortável. Ao mesmo tempo que Jimin sentia muito tesão em Yoongi, ainda queria que a sua primeira vez fosse tranquila e proveitosa, sem nada muito extremo para não o assustar e com tempo de sobra para ele mesmo ir se descobrindo enquanto faziam. Mesmo que fosse no lugar errado, ele sabia que provavelmente estava sendo a pessoa certa.

Enquanto Jimin rebolava em seu colo, em um momento, Yoongi levantou os quadris para cima, tocando em um ponto sensível dentro do outro. Jimin gemeu abafado contra a sua boca, sentindo um espasmo percorrer todo o seu corpo, o que fez as suas pernas tremerem levemente. Percebendo aquela reação, Yoongi tentou repetir a ação, ganhando mais um gemido manhoso do moreno acima de si.

— Yoongi-ah… — chamou, ofegante, a mão indo até o próprio membro para se estimular. — Não para. Continua, por favor...

Sentindo-se encorajado depois daquele pedido, Yoongi segurou firmemente a cintura alheia e começou a estocá-lo, seus movimentos contrários aos de Jimin, o que fazia seu pau atingir mais fundo dentro dele. Jimin grunhiu com a sensação, cravando as unhas no ombro de Yoongi, já sentindo que estava perto de gozar.

— Porra, que gostoso… — resmungou quase que em um choramingo, sentindo a sensação familiar do orgasmo se aproximando, espasmos atingindo seu corpo a cada momento, ao passo que Jimin sentia um arrepio no pé do estômago.

Yoongi também não estava diferente quando iniciaram um beijo afoito, os dois já perto do limite, um suspirando contra a boca do outro, tornando o contato desajeitado e desesperado.

Foi Jimin quem veio primeiro, gemendo manhoso ao sujar a mão e um pouco da barriga de Yoongi com seu gozo, sentindo um arrepio intenso no corpo inteiro. O outro continuou estocando até atingir o próprio orgasmo, soltando um suspiro rouco que foi logo tomado pelos lábios de Jimin quando se desfez dentro dele, as mãos apertando com força sua cintura.

Os dois permaneceram naquela posição por alguns segundos, suados e ofegantes, apenas se beijando lentamente enquanto a atmosfera na barraca era preenchida pelas respirações cansadas e uma sensação eufórica. Algum momento depois, Jimin se levantou para olhar para Yoongi.

O garoto respirava pesado, o peito subindo e descendo rapidamente, ainda tinha os olhos fechados. Jimin não sabia muito sobre asma, mas tinha quase certeza de que, mesmo depois de fazer sexo, aquilo não devia ser muito normal, por isso, fez o possível para não soar desesperado quando perguntou:

— Yoongi, ‘tá bem?

— Estou…

— Cara, tu ‘tá quase desmaiando! — Começou a se desesperar com a voz arrastada e respiração descompassada do garoto abaixo de si. — E agora, o que eu faço? Nunca ajudei ninguém com um ataque de asma antes!

— Não ‘tô tendo um ataque — respondeu agora mais calmo, pegando no pulso de Jimin para assegurá-lo. — Só estou cansado, só isso.

— Não quero deixar você passar mal — alertou, apontando o dedo indicador no rosto de Yoongi — e, muito menos quero entrar 'pra lista de suspeitos se você bater as botas. Vai, me diz o que eu faço.

— Se eu te disser que estou bem, Jimin, você precisa acreditar em mim.

— Bem, você claramente não está. ‘Tá todo molenga aí — apontou, tentando fazer Yoongi notar que estava com dificuldades para respirar.

— Isso não importa.

— Óbvio que importa! — sussurrou quase gritando, os olhos arregalados. — Imagina se você passar mal e ter um desmaio aí, só porque eu faço muito gostoso? Eu ia me sentir culpado pelo resto da vida.

Yoongi o olhou, desacreditado.

— Você nem é convencido, ‘né?

— Só um pouco. — Jimin riu, apontando para o amontoado de coisas que Yoongi tinha dentro de sua barraca. — Não tem uma daquelas bombinhas pequenas ali no meio?

— Tem.

Jimin tomou a liberdade de abrir a mochila alheia, fuçando tudo atrás da bombinha. Assim que a achou, entregou para Yoongi, que se sentou no colchonete enquanto inalava.

— Pronto, ‘tá feliz?

— Sim, bastante — respondeu como se fosse óbvio, procurando pelas suas roupas e lenços, para se limpar no meio da bagunça. Ele sentia o olhar de Yoongi em suas costas nuas.

— Hã… Nada de estranho entre a gente?

Jimin o olhou por cima do ombro.

— Só vai ser estranho se você fizer ser estranho.

— Estou de boa, eu acho.

O moreno deu de ombros.

— Eu também. Agora deixa eu voltar lá ‘pra minha barraca, ‘né?

Yoongi assistiu quieto, enquanto Jimin se limpava e vestia suas roupas no pouco espaço que tinha livre dentro da barraca, descontraído. Como se já estivesse acostumado. Quando ele terminou de pôr suas roupas, Yoongi o chamou.

— Pode me beijar só mais uma vez?

O Park o olhou e sorriu.

— Claro que sim.

Yoongi tocou a parte de trás de sua nuca quando Jimin se aproximou, selando os seus lábios em um beijo de despedida. Era relaxado e carregava um tanto de afeto, um pouco de saudade também. Jimin não queria mesmo sair dali, mas não podia dormir lá junto a Yoongi, aquilo iria meter os dois em problemas. Por isso, separou-se dos seus lábios com um selinho.

— Até amanhã, Yoongi.

— Até.

E assim, ele abriu o zíper da lona e saiu da barraca, deixando Yoongi ali, sozinho com seus próprios pensamentos, caindo na realização do que tinha acabado de fazer.

No outro dia, pela manhã, quando estavam prestes a arrumar seus pertences em cada van, Jimin foi puxado pelo braço por Yoongi. Deu logo um sorriso enquanto ia sendo arrastado para longe dos outros, achando fofo o jeito como o garoto estava evitando olhar para ele.

— O que foi, Yoongi-ah? Eu sei que você gamou em mim, mas não dá tempo de fazer um repeteco agora — disse implicante, olhando para o relógio imaginário em seu pulso. Yoongi revirou os olhos.

— Não é isso.

— Que foi, então?

— Não sei como, mas a minha bombinha sumiu!

— Sua… bombinha de asma? — perguntou com o cenho franzido. Yoongi assentiu, o desespero nos olhos. — Procurou direito?

— Sim, não achei em lugar nenhum!

— Ah, deixa ‘pra lá, é só comprar outra.

— Era novinha!

— Hã… Sinto muito, então.

— Isso é tudo culpa sua.

— Minha?! — exclamou, desacreditado. — Não é culpa minha, eu só te entreguei, você que enfiou sei lá onde.

— Mas foi você quem me mandou usar.

— Olha... — Tocou no ombro do garoto, como se estivesse o confortando pela sua perda. — 'Tá tudo bem, a gente pode só rezar 'pra Deus e ela vai acabar aparecendo.

— Não é bem assim que as coisas funcionam.

— Ah, não?

Yoongi começou a rir.

— Não, Jimin-ah. Bem… acho que pode deixar ‘pra lá, então. Só não sei como vou explicar ‘pros meus pais que perdi isso.

Assim que acabaram de conversar, voltaram juntos até a van, Jimin com um sorriso sapeca no rosto, porque sabia bem onde a bombinha estava: dentro da sua mochila, guardada especialmente para uma ocasião em que encontraria Yoongi de novo e o devolveria como quem não quer nada.

Depois daquela experiência tão boa no seu primeiro retiro, Jimin estava começando a cogitar seriamente a ideia de ir para a igreja mais frequentemente, se isso significasse poder falar mais com Yoongi e ter mais chances de transar com ele de novo. Já Yoongi, por outro lado, formulava em sua cabeça alguma desculpa para dar para os seus pais quando lhe perguntassem como diabos havia perdido a sua bombinha de asma quando voltasse para casa.

— Ei.

Eles estavam sentados lado a lado da van para o trajeto de volta. Desta vez, não por coincidência, mas sim, por vontade própria.

— O quê?

— Da próxima, vamos fazer no claro. Acho que você ia gostar da minha tatuagem.

— Ah, ‘tá. Okay — respondeu simples, mas arregalou os olhos quando terminou de processar a frase. — Espera, tatuagem? E… da próxima?!

Jimin apenas riu baixinho.

No fim das contas, apesar das inconveniências, até que o acampamento de retiro não tinha sido uma coisa tão ruim assim.

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Notas Finais: Muito obrigada a quem leu, à minha beta @mygsyl pelo trabalho impecável e à minha capista, @Yoonminishot, ficou tudo lindo, tudo perfeito!! Obrigada também ao projeto pela oportunidade, vamos nos ver mais vezes. ♥

Aug. 23, 2021, 7:50 p.m. 0 Report Embed Follow story
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The End

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