lilmiew Yasmin de Carvalho

Correndo pra longe, porque ficar parada é o mesmo que fugir, e eu só quero você! Uma obra Original de Yasmin de Carvalho. 14/08/2021, 10:35 pm. © Lilmiew .


Romance Not for children under 13.

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♫► https://youtu.be/BqEnB4PUpSM


Desde o princípio, eu sabia, tinha certeza plena que dizer seu nome seria um caminho sem volta, porque dentro do peito, minha alma já sussurrava e repetia aquele título com tanto anseio, beirando a agonia, um pequeno passo para o completo delírio, ainda que eu buscasse, em meio aos mais descarados fingimentos, não demonstrar o quanto você me afetava.


Mas era inevitável... O teu magnetismo era perigosamente atrativo, de um jeito muito, muito problemático. O erro nessa equação? Fácil: eu sabia que desabaria em queda livre no exato instante em que te permitisse fixar-se em mim, e para minha própria segurança era preciso manter distância. Então... Onde se lê o erro? Bem, ele é claro, quase translúcido quanto água de fonte cristalino... O erro foi o caminho oposto, a quebra no percurso, o desvio da rota correta.


O erro foi não querer me afastar, não conseguir me afastar e, ao contrario disso, deixar-me ser envolvida por seus toques, enevoando o bom senso e abrindo mão de toda a coerência sempre tão orgulhosamente exposta. O melhor erro que já cometi foi abrir mão do que eu pensava conhecer de mim, para descobrir através de você, com mãos, dedos e linhas, cada um dos detalhes em mim que eu tanto ignorava.


Porque com você, boas escolhas tornavam-se más, e meu senso do que era bom e correto, distorcia-se em seus tons tão abstratos, quase obscuros.


Não era de fato algo assim tão prejudicial, digo, nunca cometemos um crime ou tomamos juntos alguma decisão tão terrível que tenha acarretado consequências irreparáveis, não, as más escolhas iam mais de encontro a coisas triviais, como a cor do quarto de hóspedes, tapeçaria no corredor, pratos brancos ou pretos, um colchão King ou Queen Size para o nosso quarto... Coisas que nos tornavam orgânicos demais para os padrões os quais havíamos baseado nossas vidas, de acordo com o que a sociedade ditava.


Mas, ainda sim, talvez você pense que eu seria capaz de salvar-me desse suposto martírio se eu quisesse, abrindo bem meus dois olhos, buscando com avidez a luz entre toda aquela nebulosa camada de desejo e reciprocidade quase voraz, mas não... Eu não fui capaz. Eu não pude. Melhor do que isso, eu não quis.


Porque eu iria querer? Se nos braços de meu suposto algoz, eu encontrei a mais etérea plenitude nunca antes experienciada? Mesmo quando fugíamos de nossa normalidade, abrindo mão da calmaria adocicada com a qual nos encaixávamos tão bem, apenas para provar um ou outro pedaço do caos mais escandaloso, apimentado em notas ácidas e quase sempre deliciosas, ainda sim, era tão bom. Soava certo como nunca antes, e eu sei que não sou a única a pensar assim.


Eu vejo em seus olhos... Mesmo quando odeia o que faço ou falo, mesmo quando crio caso por bobeira, mesmo quando implico com coisas tolas e o mando embora, numa atitude malcriada, típica birra nossa de toda terça-feira, ele ainda sim volta pra casa com o mesmo olhar de sempre; os toques são sempre os mesmos, ardentes; há sempre a mesma atmosfera quase embriagante que o esculpe mil vezes melhor do que Michelangelo seria capaz...


É quase como se a loucura e intensidade fizessem parte do que ele é, muito além da fina camada empalidecida que o mundo contempla banalmente. Não, ele era isso e muito mais... Era calor, paixão, uma torrente inteira de pensamentos quase tão incendiários quanto o sorriso de canto que sempre conseguia me tirar de órbita sem o menor esforço. Mas ainda era muito que isso... Ele era doçura, encantamento, tanto cuidado e ternura que seria fácil atrelar sua personalidade silente e pacífica à pensamentos incorretos, julgando-o como arredio e frio, quando na verdade, ele era como o próprio Sol: morno, acolhedor, singular.


Então, é presumível que a queda livre antes citada mostrava mais prós do que contras, e isso é fato. Mas fato também que, em certos momentos, o embate entre duas personalidades tão distintas quanto as nossas, causavam momentos de atrito difíceis de se lidar... E num desses, eu decretei nosso fim.


As palavras soaram numa frieza que nunca me coube, e eu senti vergonha de dizer o que disse, mas não voltei atrás, eu nunca voltava. Ele sabia disso, por isso não insistiu. Ele tinha esse hábito... Evitar discussões que julgava desnecessárias, pelo simples discernimento de que, cedo ou tarde, tudo se resolveria.


Mas dessa vez não foi assim. Eu não voltei atrás, e ele não insistiu. Num dia, nosso castelo de cartas ruiu ao menor sopro de rancor e foi abaixo, exatamente como esse incontrolável amor. E eu estava arrasada, não creiam no contrário; eu faria qualquer coisa por ele, por nós, para voltar ao que tínhamos antes, mas haviam certas coisas que pesavam demais, que tinham a deplorável força de mostrarem-se maiores do que a felicidade tão gostosamente esbanjada, coisas difíceis demais de simplesmente resetar da memória.


Ela estava flertando com ele, de novo, e ele nem ao menos percebia!


E eu falei, Céus! Quantas vezes eu disse que não gostava dela? Da forma irritante como sempre o tocava quando conversavam ou do hábito abusado de jogar-se contra ele quando ria escandalosa como uma hiena. Ridícula.


E por causa de uma qualquer, nosso felizes para sempre desmoronou sem deixar para trás nem mesmo um rastro de desastre. O vento simplesmente varreu para longe até mesmo a memória das nossas promessas de dormir, em nossas incontáveis conversas de travesseiro. E o meu travesseiro não sentia o teu cheiro há tanto tempo, que eu me pegava pensando quando é que a minha vida inteirinha me abandonaria para trás apenas para correr atrás de você.


Não havia mais o que se fazer.... Você esteve sempre no controle e, na única vez em que eu realmente tentei tomar as rédias do meu coração, tudo se foi.


Escolha minha? Não por completo. Culpa sua? Não por completo. A gente era tão completo, não era? É por isso então que essa dor angustiante não passa, só aumenta mais e mais, como garras frias, apertando e rasgando tudo por dentro.


Porque, se tem uma coisa que eu sei, nessa vida inteira, é que você, foi meu começo mais arrebatador e meu final mais desastroso.


Você foi o melhor que eu já tive. Ainda é... E mesmo irritada, contrariada e ciente do quão mal pode ser, eu ainda estou aqui por você. Pra te ouvir me ligando às 3 da manhã porque sente saudades, mas você não diz isso em voz alta; pra te ter parado em frente ao meu prédio, chamando meu nome no tom enrouquecido que deveria render prisão perpétua, condenado a pertencer apenas à mim e ninguém mais; pra lidar com toda a complicação que você insiste em trazer pra nossa vida, dizendo que é benesse de esperteza.


Porque nunca houve um amor tão certo quanto o nosso.



|ydc, 22:35hs, 14/08/2021.


Aug. 15, 2021, 1:44 a.m. 0 Report Embed Follow story
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The End

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Yasmin de Carvalho Classical Singer, Writer, BTS ARMY, Composer, Slytherin, Dreamer.

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