aphoenix22 a phoenix

O mundo fora fraturado. Após séculos de guerras infindáveis entre humanos comuns e feiticeiros, o dia do julgamento final enfim recaiu sobre os mortais. Os deuses ancestrais honram sua promessa e retornam para decidir, no campo de batalha, o destino de toda a criação de uma vez por todas. Na Coreia do Norte, uma nova rainha é coroada pelos feiticeiros como a encarnação de Yue, deusa da morte, e um implacável general humano, reverenciado como a encarnação de Huo, deus da vida, luta pelo trono da Coreia do Sul. Dois leões vorazes se aproximam no campo de batalha, e seus rugidos ecoam por todo mundo. As chamas de uma nova guerra ameaçam queimar tudo em seu caminho. Inclusive Jeon Jeongguk, o impopular príncipe herdeiro do trono sul-coreano, e Jimin, um mero servo sem sobrenome. Antes que possam perceber, os dois acabam presos em um emaranhado de intrigas e conspirações de nobres com sede de poder, antigas rixas familiares, uma guerra catastrófica, um genocídio iminente e uma profecia enigmática. E só haverá uma maneira de saírem vivos de todo o caos: lutando.


Fanfiction Bands/Singers Not for children under 13.

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PRÓLOGO

[Montes Daebaek, Coreia do Norte, 11 de fevereiro de 1885]

— Hoje... — a Alta Sacerdotisa falou, a plenos pulmões, do topo dos degraus para a entrada do Templo de Yue. O povo, dezenas de milhares de pessoas praticamente se acotovelando por um lugar na pequena praça, imediatamente se calou para ouvir o pronunciamento. A cerimônia de coroação havia começado. — Nós presenciamos o início de uma nova era. Mil oitocentos e oitenta e cinco anos atrás, a grande deusa da lua, da noite, dos céus, dos mares, dos espíritos e da morte, Yue, deixava para trás sua existência terrena para retornar ao seu posto no plano celestial. Mas ela nunca nos abandonou.

Kim Jisoo, a Alta Sacerdotisa, parou por um breve momento. Seus olhos profundos e serenos fitaram o brilho da lua cheia. As chamas que iluminavam a praça tremulavam sob o vento frio de fim de inverno. A primavera se aproximava e, com ela, o renascimento de um povo. Jisoo, assim como a maioria de seus ouvintes, nascera em meio aos horrores da guerra e tivera uma infância repleta de medo e incerteza.

Ela temia a morte antes de sequer compreendê-la direito. Por anos, ela não soube o que era esperança. Duas décadas depois, ela discursava no topo dos degraus que conduziam ao Templo da Lua, construído pela deusa em pessoa, quase dois mil anos antes, um símbolo da grandeza dos feiticeiros. Duas décadas depois, ela ajudava a ressuscitar a esperança de seu povo.

A atmosfera era de uma solenidade absoluta, embora o êxtase dos espectadores fosse palpável. Era possível ver lágrimas escorrendo pelos rostos da plateia. Eles haviam esperado por aquele momento, haviam esperado por muito tempo. E, enfim, a hora havia chegado.

— Yue deixou ensinamentos, dons, discípulos, guias — Jisoo continuou. — E desses discípulos, nós, os feiticeiros, surgiu a Ordem da Noite. Nós mantivemos viva a memória de Yue, nos organizamos e nos articulamos, assumindo a posição que era nossa por direito: o comando. Contudo, com o passar dos séculos, um por um, nós fomos derrubados. Derrubados pelos servos de Huo, os humanos. Criaturas simplórias, sem habilidades capazes de se equipararem às nossas, mas em grande quantidade. Um a um, nós fomos soterrados pelos humanos. Primeiro no Japão, depois na China, e então na Tailândia.

Sussurros se fizeram audíveis enquanto a atenção do povo se voltava à Lisa, a antiga princesa tailandesa que assistia ao pronunciamento junto da multidão. Ela abaixou a cabeça, tomada pelas lembranças de sua família, a família real de feiticeiros que fugira de um massacre na Tailândia para encontrar outro na Coreia do Norte.

— Pouco a pouco, a Coreia do Norte acabou só, o último reino liderado por feiticeiros. Cinquenta e sete anos atrás, os humanos tentaram nos derrubar também — agora, as palavras da sacerdotisa faziam o povo abaixar a cabeça. Os que haviam contido as lágrimas até aquele momento, não conseguiam mais lutar. — Resistimos durante cinquenta anos de guerra, até que não pudemos escapar de nossa queda. Líderes incompetentes e acomodados nos colocaram cara a cara com a nossa extinção. Nós seríamos apenas mais um reino de feiticeiros destruído pelos humanos. Toda a nossa história, tudo o que representamos, tudo o que fizemos seria esquecido, enterrado pelos humanos junto com nossos cadáveres. O mundo esqueceria que já houve feiticeiros. O mundo se esqueceria de Yue. Mas nossa deusa não nos abandonou.

Um sino tocou, no alto de uma torre. As portas do templo se abriram, e a plateia irrompeu em brados de alegria com a visão de Kim Soojin se aproximando com sua postura característica, que carregava a elegância de uma rainha e o poder de uma guerreira. Sua longa capa prateada arrastava pelo chão enquanto ela caminhava até Jisoo.

— Cumprindo a profecia, vinte e dois anos atrás, Yue retornou — a Alta Sacerdotisa falou, permitindo que um sorriso exuberante tomasse seu rosto. — Vinda de uma família simples, sem títulos de nobreza, poucos se permitiram enxergar a verdadeira essência da garota que, anos mais tarde, sairia vitoriosa nas Sete Provas. Poucas pessoas se permitiram vê-la como a líder, a salvadora que ela foi destinada a se tornar. Mas ela nunca parou. Ela foi rejeitada, várias vezes, mas ela nunca nos rejeitou — Jisoo olhou para o lado, para Soojin. — E hoje, ela assume o posto que é dela por direito, no trono real da Coreia do Norte. Hoje, recebemos o futuro. Hoje, coroamos Kim Soojin, a encarnação de Yue, rainha da Coreia do Norte.

— Após 57 anos — a rainha gritou. — É hora de acabar com essa guerra! De uma vez. Por. Todas.

E com aquelas palavras, a multidão irrompeu em comemorações que ecoaram pelas montanhas. Comemorações que ecoaram por toda a parte: pelas colônias humanas, pela Coreia do Sul, por toda a península, por todo o continente, em um som cada vez mais parecido com o rugido de uma fera que despertava, sedenta por sangue e por vingança.


[Seul, Coreia do Sul, 25 de novembro de 1890]

A noite caíra como um véu pesado sobre a capital. No céu, não havia uma estrela sequer, nem mesmo um vislumbre do luar prateado. Havia espaço somente para a escuridão. E no abrigo fornecido pelas sombras, eles se moviam pelo palácio real. Homens encapuzados serpenteavam pelos corredores desertos, vez ou outra cruzando com um servo que imediatamente desviava o olhar e dava meia volta, seguindo como se nada tivesse acontecido.

Uma presa inteligente sabe que não se deve mexer com os predadores.

Todos tinham o mesmo destino: o salão subterrâneo, em meio às criptas dos antigos reis. Eles aguardavam de pé, murmurando e sussurrando palavras apressadas e raivosas uns com os outros. Os ânimos se acirravam no reino do sul. Algo precisava ser feito, uma atitude precisava ser tomada urgentemente. Suas palavras ecoavam pelas paredes da cripta como sibilos de cobras traiçoeiras, ameaças indistintas para qualquer um que ousasse se aproximar.

Estranhamente, o general foi o último a chegar. Moon Jiho sempre fora conhecido por sua pontualidade, ortodoxo até ao seguir as badaladas do relógio. Um silêncio profundo se fez entre eles e, por um momento, só se pôde ouvir o crepitar das chamas tremulando nas tochas.

Lorde Byul foi o primeiro a falar.

— Nossa situação não é nada boa — ele disse.

— Como pôde Huo permitir que uma calamidade dessas recaísse sobre nós? — questionou o Alto Sacerdote da Irmandade de Huo. — Ainda mais agora!

— Se aquele... garoto — o homem cuspiu a palavra. — Assumir o trono, será o nosso fim. Será o fim da Coreia do Sul. O fim dos humanos, de tudo o que lutamos para construir.

— Como puderam não nos ouvir? Apresentamos todos os indícios, sinais e provas. Não há como questionar: o general é o escolhido, é a encarnação de Huo. É o destino dele assumir o trono — o velho sacerdote falou mais uma vez, com toda a potência que seus pulmões debilitados ainda tinham a oferecer.

— Creio que os senhores saibam do escândalo que ele causou durante a estadia no meu palácio, em Busan — disse o lorde Choi. — A posição do garoto esteve nas palmas das nossas mãos depois de tamanha imprudência. Se não fosse a intervenção da minha esposa, não teríamos esse problema agora.

— A que ponto nós chegamos...

— Estamos perdidos.

— Que Huo tenha misericórdia de nós!

— O casamento com a rainha louca em breve será anulado, mas o fruto dessa maldita união continua sendo o herdeiro oficial até que o rei tenha outro filho com sua nova esposa legítima. E ainda assim, essa criança que ainda nem nasceu não é de quem precisamos para vencer essa guerra. Estamos encurralados. Nossa aniquilação é inevitável.

— Tudo porque os malditos Kim decidiram voltar do exílio, e nós permitimos. Jeon Wooyoung deveria mesmo ter aniquilado até o último deles!

— Senhores, senhores... — começou o general. — Sem pânico. Como vocês bem sabem, esse reino esteve nas mãos dos Jeon por sessenta e dois anos. Meu sangue pode não ser puro, e eu posso ser um bastardo, mas meu pai era Jeon Wooyoung, e lei nenhuma muda o fato de que eu tenho seu sangue em minhas veias. Posso não ter o nome, mas tenho o espírito e a força de meus antepassados, daqueles que salvaram o povo da fome, da morte, da impotência, que lhes deram armas e uma causa pela qual lutar, pela qual viver... e pela qual morrer. Nós guiamos este reino para longe do caos implantado pelo demônio Yue.

— Bendita seja a proteção de Huo — todos sussurraram em uníssono.

— E nós sobrevivemos. Meus antepassados deram tudo o que tinham: terras, dinheiro, prestígio, influência, suor e sangue por este reino. Eu não serei diferente. Nem nobres, nem demônios foram capazes de nos deter, e nunca serão. Meu irmão errou muito. Ele se esqueceu que o primeiro compromisso dos Jeon é para com o povo, para com a humanidade. Ele se sente ameaçado por mim. Sempre foi assim, desde o dia em que eu saí das sarjetas e me tornei o melhor guerreiro que esse reino já viu. Obcecado por se manter no poder, o rei trouxe vergonha para o nome da família Jeon, se desviou dos ensinamentos e desejos de nossos grandes antepassados, mas eu irei nos redimir. Custe o que custar. Os juristas negaram nosso apelo porque eu sou um bastardo. Não tenho "direito ao trono". Mas a coroa será minha.

Mais uma vez, o silêncio se instalou sobre os homens como uma pedra. Chegava a ser sufocante. Em algum lugar atrás deles, uma goteira pingava em um ritmo constante, como um relógio. Tic tac, tic tac. Marcando a passagem do tempo, a aproximação do futuro sombrio que Yue guardava para os humanos.

Eles olhavam em volta, para as tumbas dos antigos reis, todos reunidos ali com os inconfidentes, lembrando-os da veracidade das palavras do general. A estátua de Jeon Wooyoung, o grande, os encarava com seus olhos duros de mármore. Em menos de três gerações, os Jeon combateram os feiticeiros da Coreia do Norte, começaram a guerra e venceram, mesmo quando todas as variáveis estavam contra eles. A península nunca esteve mais próxima de uma reunificação, os humanos nunca estiveram mais próximos da vitória. E era tudo graças a eles.

— General... o que o senhor está propondo? — questionou o Alto Sacerdote.

— A lei falhou conosco. Falhou com o povo, e com a Coréia do Sul. Sangue nobre não vai nos salvar do inimigo que se agita no norte. A linhagem, a nobreza, nada disso importa. Nunca importou. Foi por isso que meu pai depôs os Kim, em primeiro lugar. Tentamos o caminho correto, o caminho das leis. Agora é hora de tomar medidas mais... assertivas. Teremos que lidar com isso nós mesmos.

E assim, os sibilos tornaram a preencher a cripta. Ir contra a determinação de uma corte jurídica real era um crime, e intervir em questões sucessórias era traição, punida com a morte. Tratava-se de um golpe de Estado. Se fossem pegos, pagariam com suas cabeças.

— Vocês estão loucos? Nós não podemos! — protestou o lorde Cha, o mais novo dentre eles. Todos o encaravam, impassíveis. Eles já tinham tomado sua decisão. — Estamos falando de traição, do assassinato de um nobre. O avô dele é o chefe da família Kim. Eles podem ter sido depostos, mas ainda controlam as últimas terras férteis do país. Por enquanto, ainda temos a produção das colônias do norte, mas os feiticeiros estão reconquistando suas terras. Em breve, só teremos Jeju e as Ilhas do Sul outra vez.

— Outro assunto muito importante! — o general exclamou. — Obrigado pela lembrança, lorde Cha. Outro erro do meu irmão: permitir que os sanguessugas dos Kim se aproximassem tanto do trono outra vez, pondo a perder tudo que nosso pai fez. Os Kim podem ser nobres, mas qualquer um que não seja o rei não passa de um súdito. Precisamos lembrá-los de sua posição. Nada que uma ocupação militar não resolva. Se eles não quiserem cooperar, perderão suas terras e suas cabeças. Simples assim.

— A família Kim está em declínio — disse o lorde Choi. — Eles voltaram a se achar ultimamente. Porém, mais cedo ou mais tarde, voltarão a ser o que realmente são: um bando de covardes exilados que só sabem fugir dos problemas. Não poderão nos tocar.

— Nossa lealdade, nossa obrigação é para com o escolhido dessa geração. E posso dizer, posso garantir com minha vida que o general Moon Jiho é o escolhido. Não há outra possibilidade. Ele apresenta todas as bênçãos de Huo. Ele é a encarnação — o Alto Sacerdote afirmou. — É seu dever sagrado derrotar o inimigo. As leis dos homens não nos salvarão. Temos que cuidar disso nós mesmos.

Todos concordaram.

— Não... eu me recuso a fazer parte dessa loucura — lorde Cha afirmou, incisivo, enquanto saía do círculo e caminhava para longe.

A dois passos das escadarias, ele parou, de repente. Sangue já escorria de sua boca e de seu tórax, onde a espada do general estava cravada. O lorde cambaleou, tentando respirar. Seus resmungos de dor ecoaram pelas criptas, assim como o baque de seu corpo caindo ao chão.

De onde estava, ao lado do cadáver, o general olhou para os homens restantes. As chamas de sua tocha projetavam sombras profundas em seu rosto, distorcendo suas feições.

— Nenhuma palavra do que dissemos deixa esse círculo. Mais alguém quer desistir? — ele perguntou, puxando sua espada ensanguentada do corpo estirado aos seus pés. Ninguém se manifestou. — Ótimo. Jeon Jeongguk não assumirá o trono. E eu... tenho um plano.

May 17, 2021, 9:47 p.m. 0 Report Embed Follow story
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