dracula 𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 .

Acamada, Elise sabe que a melhor maneira de aniquilar o tédio é a leitura. No que seria sua décima terceira releitura de um dos grandes clássicos do terror e sobrenatural, a jovem moça acaba se envolvendo de um modo diferente do esperado.


Fanfiction Books Not for children under 13.

#cheirodelivro #drácula #bramstoker #tw-sangue #tw-morte #sobrenatural #vampiro
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Pois a vida da carne está no sangue (Levítico 17:11)

Notas: aos quarenta e cinco do segundo tempo, eu consegui entregar essa história. Acho que o livro escolhido não deve ser novidade, dado ao meu username no site, e eu queria poder acrescentar mil e um detalhes, mas... está feito! Boa leitura.


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Sangue é tudo de que você precisa.

Só no sangue descobrimos a verdade.

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O calor febril espalhava-se por todo seu corpo, mas em contraste Elise sentia um frio cortante que parecia se alojar nos ossos, deixando-a trêmula da cabeça aos pés, por mais que se encolhesse sob as cobertas.


A maldita gripe veio logo na transição da estação, nada de novo para quem já estava acostumada aos malefícios de uma imunidade baixa. Tudo que restava à Elise era se conformar, entupir-se de remédios e chocolate quente, e ocupar a mente com uma boa leitura.


Sentia-se especialmente nostálgica naquela noite, e começou a releitura, mais uma vez, de seu clássico favorito: Drácula.


Aquela edição parecia uma Bíblia gótica, paródia esta que sua mãe jamais aprovaria. A capa escura onde gravava-se em dourado um enorme morcego tinha algumas marcas de manuseio, ademais o desgaste do tempo; o que apenas acrescia à estética do livro, como gostava de pensar sua dona.


Contudo, por mais que a obra em outros tempos fosse capaz de cativá-la de corpo e alma, Elise sentia-se especialmente cansada no que seria a décima terceira releitura. Sua cabeça latejava com alguma insistência, impedindo que progredisse nos capítulos, ou que se recordasse das falas de cor como lhe era de costume.


As pálpebras de Elise pesaram sobre seus olhos, uma ameaça constante de que ela estava prestes a perder a consciência. Cansada e derrotada, a última coisa que fez antes de se aninhar para dormir foi colocar o exemplar de Drácula cuidadosamente na mesa-cabeceira.


Depois disso, tudo se dissolveu em escuridão.


Em seu sono, Elise ouvia vozes que pareciam rodear seu leito de descanso.


As vozes persistiam, por vezes incômodas, lhe provocando reações de desconforto. Mas, ela não era capaz de despertar. Não havia um resquício de força em seu corpo que o permitisse fazê-lo, e sua maior realização foi abrir meros milímetros dos olhos antes que uma dor lancinante lhe obrigasse a voltar para o torpor indolor do sono.


No entanto, permanecia escutando o que acontecia aos seus arredores.


Elise já era capaz de identificar trechos de conversas, e certa vez entreouviu algo preocupante o bastante para fazer seu coração, antes tão sereno sob domínio do sono, disparar.


— Monsenhor, eu imploro, ajude-me a salvar a vida de minha filha pelo intermédio do Senhor! — pedia uma voz conhecida, em pranto. — Que Ele em sua infinita misericórdia possa salvar minha doce Elise! Tão jovem, tão jovem...


— Acalme-se, minha senhora! O que disseram os médicos desta vez?


— Que ela precisa de uma transfusão de sangue com urgência. — respondeu a mãe de Elise, fungando. — Jamais cogitei fazê-lo, é claro, uma vez que o sangue é a vida, e quem somos nós para adulterá-la? Mas os médicos... eles insistem que ela vai morrer, e meu marido já me culpa como se tivesse.


— Você faz o certo pela vida de Elise, sra. Windsor. Sua fé vai contribuir para a melhora dela, e não há médico que possa mudar isso — consolou o Monsenhor, antes de pedir para que eles começassem a orar.


Conforme a oração se desenrolava, em um tom que mesclava mágoa e pesar, a jovem não podia deixar de questionar toda aquela loucura do sonho ao qual estava presa. Só poderia ser um sonho. Por mais religiosa que fosse a mãe, ela decerto não colocaria sua crença por sobre a palavra de um médico, e sobretudo: como uma gripe poderia se agravar de um dia para o outro a ponto de se fazer necessária uma transfusão de sangue, sob risco de morte?


Era a febre, só podia ser a febre. Estava lhe provocando delírios que perturbavam seu descanso, de modo que Elise se tranquilizou. Logo, seu despertador tocaria, e ela amanheceria aos risos quando notasse que tudo não passou de uma artimanha de seu subconsciente.


“Logo,” procurava se tranquilizar, tentando, como podia, manter-se atenta.


Mas o logo nunca chegou, e Elise continuava alternando entre consciência e inconsciência, cada vez mais desesperada quando percebia que ainda estava inerte. Àquela altura, a justificativa da febre já havia se tornado um mantra vazio e cansativo, que pouco fazia efeito.


Em seus curtos períodos de consciência, Elise sentia dor. Era como se alguém estivesse tentando equilibrar uma bigorna em seu tórax, ou forçando uma laranja inteira goela abaixo. Sufocante, frio e angustiante resumiam as sensações que se apoderavam de seu corpo inanimado.


Era como se ela estivesse protagonizando a versão obscura de uma fábula, sendo um boneco de madeira, vazio e doente, ao qual alguma fada presenteou com vida, mas esqueceu-se de conceder o dom de se movimentar. Sendo assim, nada podia fazer para curar suas aflições. Permanecia estático, largado às traças, mas vivendo.


A aflição era tamanha que Elise podia sentir o tremular dos dedos, desesperados para agarrarem uma coisa; fosse essa o fio que a mantinha ligada a vida, fosse a tela fria do celular. Qualquer coisa que fosse capaz de anular aquele delírio.


Sem noção alguma do tempo que transcorreu desde que deitou-se naquela fatídica noite, tendo deixado seu livro sobre a mesa-cabeceira da cama, Elise apresentou o que seriam os primeiros sinais de melhora. Seu coração começou a pulsar contra as costelas, bombeando sangue pelas veias.


Sangue este que ela tardiamente descobriria não ser seu.


Com as pálpebras tremendo sobre os olhos, esforçando-se para abri-las, Elise distinguiu vozes familiares outra vez. A de sua mãe destacou-se primeiro, no mesmo tom choroso, mas a voz do pai tão logo se sobressaiu, tão cortante quanto o trovejar na tempestade. Ela não conseguia enxergá-los, a visão ainda obstruída por alguma obscuridade, mas os conhecia bem o bastante para confundí-los.


— Eu jamais me limitaria a cruzar meus braços e ficar admirando minha única filha morrer! — esbravejou. — O sangue de Elise é meu sangue, agora mais do que nunca. A menina vai viver, e nada graças ao seu venerado Monsenhor.


— Você não entende o que acaba de fazer! — fungou a mãe em resposta, desmanchando-se em lágrimas. — Não passaremos impunes. Deus irá nos castigar por termos corrompido o sangue de Elise. Ele nos fará pagar pelo nosso pecado!


— Para fora daqui com as suas lamúrias! — a alteração na voz do pai preocupava Elise, tão mais quando seguiu-se do estrondo de um objeto sendo esmurrado, mas ela não conseguia mover um músculo para interferir. Seu coração, no entanto, batia frenético. — Não ouse nunca mais questionar o que fiz para salvar nossa filha. Nossa! Tenha piedade… como pôde hesitar em salvá-la? Teve prazer em vê-la definhar?


Elise pareceu despedaçar-se quando ouviu o choro copioso da mãe, o ultimato da discussão. Queria poder dizer algo, que ela havia buscado a cura ao seu próprio modo e que não poderia ser culpada de maneira tão grave… mas aquilo não poderia ser real. Seu pai jamais usaria aquele tom tão acusatório, beirando a crueldade, jamais seria violento, sequer com algo inanimado.


Ainda alucinava, estava certa que sim, mas pensar sobre não a fazia sentir menos vontade de chorar. Aquele era um pesadelo terrível e doloroso.


Febre, maldita febre! Maldita dor que persistia incansavelmente! Se Elise soubesse que teria de atravessar todo este tormento em uma noite, teria se dopado dos comprimidos e poupado toda aquela angústia.


Ela precisava acordar, e seu corpo começava a responder. O sangue corria por suas veias, voltava a fluir em abundância, e aos poucos ela escapava das garras afiadas do sono, tornando-se plenamente consciente de seus arredores, do silêncio mortífero da sala e de sua pele fria como gelo.


Tão logo que despertou de uma vez por todas, notou que não estava mais em seu quarto, por mais que a sala estivesse imersa em um breu se não pela única vela disposta a um canto. Elise apertou bem os olhos, tentando distinguir os contornos resguardados nas sombras.


O cômodo parecia arcaico, do papel de parede aos móveis, por mais sofisticados que fossem. Elise calculou que deveriam ser mais antigos que sua avó quando sentou-se na cama, esquadrinhando o quarto de canto em canto. O único ponto positivo era a grossa coberta que descansava sobre seu corpo, macia e felpuda.


Havia também sua roupa; peça que jamais viu antes. A camisola de seda perolada lhe cobria desde o pescoço, com uma gola alta que chegava a ser sufocante, aos pés, terminando em uma bainha de rendados. Elise estremeceu só de pensar como terminou vestida assim, dentro do que mais parecia ser uma fantasia caricata de Halloween; faltando apenas o sangue falso respingando o tecido.


No entanto, a antiguidade dos móveis e as estranhas vestes não eram, nem de longe, sua maior preocupação. Sobretudo, ela ainda não tinha ideia de onde estava.


Pela falta de equipamentos médicos e da movimentação de enfermeiros e pacientes, supôs que não estaria em um hospital, o que lhe causou um crescente desespero. Aquele quarto não remetia familiaridade alguma à Elise, que, inquieta, considerava chamar pela mãe aos gritos.


Contudo, o foco de sua atenção desviou-se assim que um eco de colisão soou pelo cômodo, vindo da janela ao lado da cama. Sobressaltada, mas não menos curiosa, Elise esticou-se para afastar as cortinas.


A cidade lá fora era iluminada majoritariamente pela luz prateada da lua, e parecia tão antiga quanto a predisposição do quarto onde repousava. Elise continuava sem fazer ideia de onde estava, ou porquê estava, e então lembrou-se de que estava prestes a chamar a mãe. Tinha de chamar a mãe e pôr um ponto final nessa loucura! Ora, não era ela quem outrora guardava seu leito?


Contudo, um borrão escuro colidiu outra vez com o vidro, deixando marcas de arranhões na superfície.


Elise levou a mão ao peito com o susto, descansando-a sobre o lado esquerdo de modo a sentir as fracas batidas do próprio coração pulsante. Então, espichou o pescoço e enxergou o causador de todo aquele alvoroço.


No céu escuro da noite, um enorme morcego descrevia círculos no ar, guinchando. Elise pode suspirar aliviada, hipnotizada pelo farfalhar das asas escuras do animal. Ficou quase uma eternidade admirando o balé da criatura de noite, esquecendo-se de suas preocupações como se fossem insignificantes.


Então, sentiu-se drenada de todas as suas energias; que já não eram muitas. Seu corpo se movia além da própria vontade, e ela abriu uma fresta da janela, deixando entrar uma brisa fria e cortante, antes de se atirar de volta aos cobertores.


A última coisa que viu antes de ser arrastada de volta ao sono foi um par de olhos escuros cada vez mais próximos, brilhando em um vívido escarlate na penumbra.

༻༺༻༺༻༺


— Quem foi a cria de Satã que ousou abrir a janela deste quarto? — a voz furiosa do pai a despertou, gradativamente, seguida tão logo pelo choro de uma mulher há muito desolada; sua mãe.


— Por favor, Philippe… não profane ainda mais o Senhor, não diga esse nome.

As lamúrias da sra. Windsor, no entanto, eram meras palavras atiradas ao vento, prontamente ignoradas por seu marido.


Elise abriu os olhos por inteiro, enxergando pouco menos que alguns borrões: um estava largado ao chão em prantos, outros três enfileiravam-se perto da porta, usando vestidos de um azul-marinho tão escuro que os fazia parecer manchas de tinta. O último, virado de costas para ela, decerto era seu pai. Ela não precisava vê-lo com nitidez para notar sua fúria, tão pouco o quão estremeciam os três borrões azul-marinho.


— Eu mato! Juro que mato com minhas próprias mãos e lavo de sangue esta casa quando descobrir quem foi. — rosnava, circundando o trio como um animal, pronto para atacar. — Quem?! Quem foi a criatura imunda que entrou aqui e abriu essa maldita janela no meio da noite?


— Sr. Windsor, — pronunciou-se a primeira corajosa, um dos borrões que aos poucos começava a tomar forma à vista de Elise. — fui eu quem vi a menina Elise por último, na madrugada. Afofei seus travesseiros e a coberta antes de partir, e ela estava tão serena em sono…


— Ela parece serena para você agora?! — interpôs-se, impaciente. — Minha filha está morrendo, caso esse detalhe tenha escapado de sua percepção. — seu tom ríspido tornou-se então cansado, deprimido com a própria constatação. — Não me conformo que a janela tenha se escancarado sozinha durante a madrugada, tendo eu mesmo fechado com o trinco antes de me deitar! Portanto, só pode ter sido um de vocês… e olhe só para ela, está fria! Fria como um cadáver.


Elise piscou, aos poucos ajustando-se à luminosidade do cômodo, provinda de raios de sol entrando pela janela; raios esses que pareciam arder quando iam de encontro a sua pele. Encolheu-se então sob as cobertas por instinto, quase silvando de dor, o que atraiu a atenção dos presentes.


— A patroinha! A patroinha acordou — comemorou uma das mulheres vestidas em azul-marinho.


Empregadas, constou Elise. Do século passado. Não muito diferentes de todo aquele cômodo, ou dos trejeitos daquelas pessoas que pareciam ser seus pais, mas cujas semelhanças com estes eram praticamente eclipsadas ao modo como estavam arrumados.


Elise então tentou dizer algo, mas da boca seca não escapou menos de um gemido fraco e rouco. O sr. Windsor ajoelhou-se apressado ao lado de sua cama, acariciando o rosto pálido da filha com os dedos calejados.


— Chá, tragam chá — pediu, com toda gentileza que ainda cabia em seu ser, por cima do ombro. — Elise, querida… — a voz do pai embargou, e ele comprimiu os lábios como se bastasse para afastar as lágrimas acumuladas no canto de seus olhos; verdes e desamparados. — Como você está? Consegue me ouvir, ao menos?


Dados segundos aflitos nos quais Elise permaneceu estática, a boca entreaberta, dando mais tempo ao pai para admirar seu estado de dar pena, ela enfim conseguiu aquiescer, lenta e dolorosamente.


— Estupendo — o sr. Windsor abriu um sorriso emocionado, e uma única lágrima trilhou seu caminho pela bochecha enrugada. — Você é uma menina forte, tão forte… o doutor já está chegando, e eu sei que você vai aguentar firme. Não vai, Elise?


Mas, àquela pergunta não houve resposta. Elise permaneceu tão paralisada quanto os móveis do quarto, e tomou o chá com muito custo quando este lhe foi oferecido.


A mente de Elise estava escura, como o céu da noite quando ainda mais obscurecido por grossas nuvens tempestuosas. Ela não conseguia pensar, tão pouco sentir. Estava anestesiada, e fria… frente a frente com a morte.


Mas, antes que fosse abatida outra vez pela inconsciência, ela ainda foi capaz de ouvir o diálogo entre seus pais e o médico, terminada a consulta.


— É inacreditável, sr. e sra. Windsor, porém… Elise precisa de uma nova transfusão de sangue.


— O que?! — bradou o pai. — Fizemos uma ainda dois dias atrás! Não é inacreditável, é impossível.


— Oh, Philippe… eu disse! Eu disse! — chorou outra vez a sra. Windsor, correndo para a cama de Elise, e não poupando carinhos ao rosto gelado da filha. — Este só pode ser um castigo de Deus. Não podemos continuar a contrariar a vontade do Senhor!


Castigo, vontade… as palavras soaram como ecos distantes na mente vazia de Elise, e ela fechou seus olhos pelo que seria a última vez.


༻༺༻༺༻༺


Do olfato aguçado não escapou o odor fétido de carne podre. Por mais que não se fizesse necessário tragar ar para os pulmões, ainda era dona de seus sentidos, agora afiados como uma faca de dois gumes.


Abriu os olhos, somente para encontrar a superfície lisa de mármore polido.

Estava frio, mas sua pele mal sentia a temperatura, estando tão gélida quanto o ar da câmara.


Elise, fazendo um esforço tal qual para afastar uma formiga furtiva tentando se esgueirar para dentro do açucareiro, empurrou a tampa que selava seu caixão, depositado com honraria ao centro do mausoléu da família; agora, era fácil discernir de onde vinha o cheiro de putrefação.


Ela, no entanto, estava intacta.


De mente e corpo, Elise conservou-se imaculadamente bela e excepcionalmente forte, mais do que jamais fora, mesmo dias após o que supunha-se ser sua morte.


Contudo, em méritos de sua mente, não era mais a mesma pessoa. Havia, é claro, um único e insistente pensamento: fome.


Chovia para além do abrigo do mausoléu, cujas vidraças eram açoitadas pelo vento uivante. Os sons inevitavelmente obstruíam sua audição, tal qual levavam para longe os cheiros, impedindo-a de detectar a presença de qualquer criatura viva rondando as proximidades.


Com alguma resignação, voltou a se deitar no próprio túmulo, e esperou pacientemente… sabe-se lá Deus quanto tempo.


Mas triunfou.


Tão logo ouviu os passos afundando no chão lamacento, voltou a despertar com um apetite voraz. E então, parou para ouvir: passos, o bater de um coração, o sangue que pulsava e corria pelas veias.


O transeunte que caminhava por entre as lápides, um marinheiro que fugiu do serviço no cais, quase cuspiu o próprio coração com a aproximação repentina daquela mulher vestida em branco, o rosto coberto por um véu que se arrastava pelo chão conforme ela caminhava, etérea.


Paralisado de medo, e convicto de que estava na presença de um fantasma, seu coração não desacelerou sequer quando constou a beleza fantasmagórica da jovem moça, que agora afastava o véu com delicadeza, aproximando seus rostos. Ela era linda, sólida… e fria; como uma morta.


— Beije-me — pediu Elise, em um sussurro, erguendo os olhos para o marinheiro. — Agora.


O pobre rapaz nada fez senão inclinar-se para obedecer, em torpor do mais completo transe. Que sorte, talvez, uma vez que nada sentiu quando Elise enterrou suas presas na pele bronzeada, solvendo o sangue direto de suas veias.


Doce e infeccioso como o vinho, ela não conseguiu parar. Bebeu do marinheiro até a última gota, limpando os resquícios que lhe escaparam com o polegar que mais tarde levou à boca, e assim levou também a vida daquele pobre homem.


O sangue. O sangue é a vida. E Elise agora estava cheia de vida, embebedou-se dela e havia se fartado; por aquela noite. Podia voltar e descansar na paz que pertencia aos mortos, por mais que ela mesma não estivesse morta, e soubesse disso. Contudo, era evidente que não se preocupava, como se as mudanças radicais não merecessem sua atenção.


Sua nova condição era uma frivolidade, o que viveu no passado mais ainda. Toda a loucura de não saber onde estava, a doença que lhe acometeu, as transfusões de sangue, a décima terceira releitura da obra de Bram Stoker… eram pensamentos que não mais lhe atormentavam. A única preocupação de Elise havia terminado ali: ela satisfez sua fome, e podia voltar a descansar.


Caminhou de volta por entre as lápides, abandonando o corpo seco do marinheiro, rumo ao mausoléu dos Windsor.


Se tivesse um coração, ele teria batido freneticamente quando, mesmo antes de passar pelas portas, detectou uma segunda presença ali. Alguém que, tal qual ela, não estava nem vivo, nem morto; mas se equilibrava entre ambas as condições. E se ainda se lembrasse… teria reagido com muito mais animosidade assim que se deparou com o próprio Drácula, casualmente apoiado no tempo de mármore do caixão de Elise.


— Eu estive esperando por você, querida. — com uma voz aveludada digna de causar arrepios, ele direcionou à Elise o mais amável dos olhares. — E pensar em todas as noites nas quais te visitei, estando finalmente diante de você… te cortejo há tanto tempo que as apresentações a essa altura soam tão dispensáveis — ele suspira, unindo as mãos de unhas compridas.


Elise, impassível, encarou o homem com curiosidade, esperando que prossiga. Ele se vestia de maneira impecável, nos mais finos trajes, e seu rosto era jovial apesar do porte maduro, que lhe concedia algum respeito. Era, sem sombra de dúvidas, um homem belo e de muitas posses, e para ela não havia estranheza no tom avermelhado que coloria suas íris.


— Você entende tamanha dádiva que lhe foi concedida? — o conde avança um passo, mas Elise não recua. — Seu sangue agora é o meu sangue; compartilhamos nossas vidas. Estamos, logo, irremediavelmente interligados. — frente a frente, Drácula segura a mão de Elise, guiando-a até o lado esquerdo de seu peito. Onde deveria haver um coração, não há nada, nem mesmo a mais suave dos pulsares. — Por toda uma eternidade, você me pertence, e eu pertenço a você.


O conde se inclinou para ela, e o toque de seus lábios nos dela não despertou sentimento algum. Não até que ele fizesse roçar contra a pele sensível suas presas afiadas, e Elise ansiou… ansiou por aquele toque doloroso e interminável.


Mas ela havia fechado os olhos, e agora tudo estava escuro. Escuro e frio, como era no princípio.


༻༺༻༺༻༺


Despertar daquele sonho, se é que poderia ser classificado como tal, foi um alívio e uma dor.


A experiência vivida deixou marcas em Elise, tão profundas quanto as cicatrizes feitas pelas presas de um vampiro. Ela nunca havia divagado tanto sobre o poder sobrenatural da obra de Bram Stoker, e relutava em prosseguir com a décima terceira releitura, sempre retornando algumas páginas na leviana esperança de que isso pudesse provocar algo.


Para sua infelicidade, nada de espetacular acontecia, e ela sequer conseguia sonhar nas noites subsequentes.


Sua maior frustração era, sem dúvidas, o desfecho do sonho. Se ela apenas pudesse retomar as coisas a partir daquele ponto… com certeza beijaria o conde com muito mais gosto, e a deixaria mordê-la o quanto bem entendesse; quem sabe, talvez, fosse algo prazeroso para os vampiros, como ditavam as Crônicas Vampirescas de Anne Rice.


Ao fim, Elise tinha de admitir: Drácula era uma criatura nefasta, seus propósitos eram egoístas e nele não havia o menor resquício de humanidade, mas o pilantra era lindíssimo!

April 22, 2021, 2:14 a.m. 15 Report Embed Follow story
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The End

Meet the author

𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 . alimento minha alma perversa com batatinha frita e fanfiction

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Post!
Asley laurent Asley laurent
Amei esse conto Elise é uma protagonista encantadora e esta certíssima sobre Drácula é um pilantra lindíssimo e encantador principalmente na sua escrita.
July 15, 2023, 21:47
Ruana Aretha Ruana Aretha
Nossa! Sinceramente, que história! Me senti ao lado de Elise , ou diria que estava sentada em uma cadeira mega confortável em todos os momentos da história , me senti convidada a ler e a viver cada frase escrita e ver um dos melhores clássicos a tua maneira. Elise no final de tudo precisava encarar os fatos, embora o Drácula fosse encantador , sentiu no seu sonho a partida dela na família e a própria partida humana, encarou isso e mesmo assim o Drácula no final conseguiu mais um vislumbre. Que história ! Parabéns !
May 02, 2021, 03:46

  • 𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 . 𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 .
    Oi, Ru! ♡ Seu comentário me deixou super feliz. Eu tinha muitos receios quanto a essa história, mas receber comentários como o seu sempre me deixam de coração quentinho. Muito obrigada por ter tirado um tempinho pra aparecer por aqui. ヽ(o♡o)/ May 17, 2021, 02:45
Inkspired Brasil Inkspired Brasil
Olá, Amy! Primeiramente, gostaríamos de agradecer a sua participação no #cheirodelivro! Sabemos como foi complicado pra você participar desse desafio com a gente, pois, além de estar se adaptando a uma nova rotina, ainda precisou ficar de olho em todos os acontecimentos do desafio, por ter sido uma das embaixadoras responsáveis por ele. E é isso que nos deixa ainda mais orgulhosos de ter você com a gente! Mesmo com todas as dificuldades, você sempre faz o possível e o impossível para participar ao máximo das atividades propostas na embaixada. É maravilhoso saber que podemos dividir essa empreitada com você. Amy, vimos nos bastidores o quanto você estava insatisfeita com a sua história, mas, olha, em Lúgubre você não apenas escreveu a história da Elise entrando na narrativa de Drácula e se tornando uma personagem dele, você fez um resgate de pontos impactantes do livro e nos mostrou um pouco de como seria se adentrássemos no mundo de Bram Stoker. E isso foi mágico. Uma das coisas que mais gostamos, sem dúvidas, foi a forma como você desenvolveu toda a passagem da personagem do mundo dela para o mundo do livro. Você fez com que esse acontecimento se mesclasse à doença dela e soasse bastante natural, a ponto de a própria protagonista confundir todos os acontecimentos com delírios provocados pela febre. Achamos isso bastante interessante. Sem dúvidas a sua história respeita com louvor o tema do desafio. Vemos do começo ao fim da narrativa o quão apaixonada pelo livro Drácula a Elise é, e a prova da importância desse livro pra ela é o final, que mostra que, apesar de ela estar ciente da personalidade e caráter do Drácula, ainda não poderia negar o quão lindo ele é. E por falar da beleza do Drácula, não poderíamos deixar de lado também a presença intimidadora que ele nos passa, em principal quando surge apoiado no mármore do caixão de Elise. Essa cena, em particular, é bastante marcante, pois é quando ela se encontra de fato com ele — sem nenhum tipo de camuflagem. Percebemos que a Elise é uma garota de coração teimoso também. Mesmo depois que as coisas estavam mais nítidas, ela se negava a dizer que de fato estava dentro de algo bem mais profundo do que um delírio. E não fica difícil notar que esse temperamento forte dela foi herdado do pai, claro, que foi tão presente na narrativa. Também queremos parabenizá-la por mostrar como a Elise percebeu a diferença nos pais dela dentro daquela nova realidade que ela estava presenciando. Isso deu um toque bastante especial para a narrativa. Você fez um ótimo trabalho ao corrigir sua história, Amy, no entanto gostaríamos de contribuir com sua escrita apontando o seguinte: a sua narrativa possui dois tempos verbais, como “avança” - no presente - e “estava” - no pretérito. É importante tomar cuidado com isso e sempre se manter no tempo verbal escolhido por você, para que não haja confusão. Esperamos que isso tenha utilidade para você. Como a fã que você é de Drácula, esperamos que você alcance outros leitores e autores que também o apreciam, através desta história. E esperamos que todos eles se sintam tão encantados quando nós ao ver a Elise deslizando de um mundo para o outro. Obrigada por participar não somente desse desafio, mas de tudo e toda a proposta que nós trazemos. O #cheirodelivro certamente não teria sido o mesmo sem você. Somos mais fortes por tê-la conosco! Um cheiro!
April 23, 2021, 23:03

  • 𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 . 𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 .
    Oi, meninas! Apesar da resposta tardia, fiquei super emocionada quando vi o comentário de vocês aqui. Estar na embaixada me proporciona experiências muito únicas, mas sobretudo estar com vocês é o que me causa mais alegria. Temos uma equipe incrível, e eu tenho muito orgulho de fazer parte dela. ♡ Que bom que consegui resgatar a essência da história original, e até mesmo fazer com que se sentissem dentro dela. Drácula é meu xodó, não somente o personagem, mas a obra como um tudo. Admito que temia que o caminho que escolhi pra fazê-la entrar no livro soasse confuso. Afinal, foi um delírio? Não foi um delírio? Nem Vitor Metaforando descobre esse mistério. KWDJAWKF É sempre reconfortante ouvir elogios no que se diz respeito a isso, porque acabo me tranquilizando. E JESUS CRISTO, eu sempre tropeço no tempo verbal. Karimy, eu sei que você deve querer me dar uma chinelada na busanfa por isso, mas me perdoa. UDWHAUF E acaba passando despercebido pra mim sempre que reviso. Vou começar a prestar mais atenção nisso toda vez que revisar. Enfim, muito obrigada por esse comentário lindo e por todo o apoio de vocês. (´ε` )♡ May 17, 2021, 02:37
Fabiana Souza Fabiana Souza
Alucinação por causa de febre é definitivamente um bom meio de se entrar num livro! Ótima narrativa, bem imersiva! E todos os diálogos no tom de época foram bem desenvolvidos. Não sou muito fã de histórias de vampiros hoje em dia, embora já tenha lido muitas e até escrito um ou outro conto, hahaha. A Sra. Anne Rice certamente é uma diva e o Sr. Bram Stoker um divo. Hahaha. Clássicos!
April 22, 2021, 23:36

  • 𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 . 𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 .
    Oi, Fabiana! ♡ E no final, ainda fica aquela dúvida: será que foi só um delírio mesmo? 👀 hahah Eu preciso urgentemente me aventurar no mundo dos vampiros que a Anne desenvolveu, e o Bram realmente é o clássico do clássico. Muito obrigada pelo seu comentário! Significa muito pra mim. May 17, 2021, 02:38
Welington Pinheiro Welington Pinheiro
Amy, eu gosto bastante de histórias de terror, embora as histórias de vampiro hoje em dia não estejam muito no meu foco. A primeira década me sobrecarregou de histórias do tipo, algumas até bem distantes da proposta original dessa figura lendária do vampiro. Contudo, eu já elogio teu trabalho pela escolha que você fez no início: se é para falar de vampiro, vamos para o Drácula. Sim, porque Drácula não é uma história de monstro, mas principalmente uma história de amor ambientada em cenário sombrio. Para mim - me corrija se eu estiver sendo superficial e desavisado - este romance de Bram Stoker é o pai de toda literatura gótica que temos. Amor, horror e morte misturados de uma forma a nos fazer mergulhar no mundo incoerente, inconsistente e abissal de nossos sentimentos e emoções. E você honrou o autor com louvor. Porque sua narrativa é fortemente focada na interioridade, dou destaque aqui para a importância que você deu ao elemento da temperatura como forma de falar da vida voltando ao vampiro. Provavelmente se inspirou no fim de um estado de dormência (como quando a gente prende o pé por muito tempo). Achei genial e muito competente da tua parte como escritora dar atenção a esses detalhes da interioridade e do mundo das sensações dos seus personagens, como forma de fazer tua história não ser linear, não ser banal. Eu gosto bastante desse tipo de narrativa e sempre busco levar um pouco disso para o que escrevo também. Parabéns!
April 22, 2021, 22:12

  • 𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 . 𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 .
    Oi, Welington! Eu também sou apegada com a versão clássica dos vampiros, e gosto de destrincha-la de diversas formas. E claro, falando em vampiro é praticamente impossível não mencionar Drácula. E realmente, a presença dele no livro é eclipsada quando se trata do romance de Mina e John; que eu acho adorável. Aqui, especificamente, eu quis explorar outros lados da história, dando ênfase no conde, por mais que meu tempo curto para escrever possa ter afetado muito o produto final. Bom, eu ainda tenho muitos projetos por vir. heheh Mas, tenho que agradecer imensamente pelos elogios. Eu nunca imaginei que ia me afeiçoar tanto pela obra de Stoker, e quando você diz que o honrei sinto que meu trabalho de fanfiqueira está mais que bem feito. ♡ May 17, 2021, 02:26
Karimy Lubarino Karimy Lubarino
Oiê! Ah, Amy, to tão feliz que você conseguiu publicar sua história. Você estava receosa quanto ao desenvolvimento, mas, olha, eu particularmente adorei acompanhar a história da Elise. Uma das coisas que mais gostei foi a transição suave que você fez dos acontecimentos. Foi como se eu pudesse, além de ler, sentir toda a confusão da protagonista ao mesmo tempo que ia absorvendo tudo e tornando algo comum. Parabéns pela sua história. Agora vou pensar duas vezes antes de ler Drácula se não estiver me sentindo muito bem. Dispenso um sonho macabro assim, já pensou? A beleza do homi não vale meu apovoramento hahahha
April 22, 2021, 17:46

  • 𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 . 𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 .
    Olá, mamis poderosa. udwahfwu ♡ Desenvolver essa história foi 100% dedo no 🆒 e gritaria, mas eu mesma fiquei muito contente quando consegui postar! Agora, fico ainda mais contente sabendo que foi uma história aceitável. Quanto a ler Drácula quando estiver mal... se acontecer comigo o que eu aconteceu com a Elise, eu leria sem pensar duas vezes. Só torceria pra ter mais tempo com ele. KDWJAIFJ Se eu tenho vergonha nessa minha cara? Nem um pouco. Muito obrigada pelo comentário. (♡´౪`♡) May 17, 2021, 02:20
Afonso Luiz Pereira Afonso Luiz Pereira
Oi, Amy, sou apreciador de histórias de terror e Drácula, para quem gosta do gênero, é leitura obrigatória. Já li duas vezes e acho fascinante todo o enredo do romance contado através de cartas com aquele viés gótico. Achei muito interessante, e inteligente também, de sua parte em construir a transição da leitora fã estar doente, uma gripe forte, para nos seus delírios de febre acabar nas páginas do livro do vampiro famoso. Neste certame, tivemos de tudo um pouco. Desde máquinas de teletransporte (O Arauto Manchado) a hipnose (A Caverna) e, você, encontrou o seu caminho também. Gostei muito da maneira como você foi desenrolando os sintomas da “doença” de Elise em se transformar na vampira sedenta. A imersão da protagonista leitora foi tão intensa que ela levou um bom tempo para descobrir o que estava ocorrendo em sua natureza humana. Teu conto tem leitura agradável, corre suave, como eu costumo dizer. Muito bom. A propósito, como fã de Drácula, você já deve ter lido um conto de Abraham "Bram" Stoker chamado “O hóspede de Drácula”, que muitos dizem ter sido parte do próprio livro, em que um Inglês de visita a Monique, antes de seguir para Transilvânia, acaba se abrigando no cemitério para fugir de uma nevasca de dá de cara com uma mulher que acorda do caixão (Condessa Dolingen de Graz), que na hora me lembrou que podia ser Elise. Achei muito bom, Amy. Minhas congratulações.
April 22, 2021, 04:08

  • 𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 . 𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 .
    Oi, Afonso! Muito obrigada pelo seu comentário. ♡ Drácula foi um dos primeiros clássicos de terror no qual me aventurei, e é impossível não se apaixonar pelo livro. In Inclusive, uma das edições que eu tenho, a Dark Edition da Darkside Books, tem o conto que você mencionou mais ao fim do livro! Recomendo bastante, inclusive, porque além de lindíssima contém uma riqueza de detalhes sobre a obra, e nos permite continuar aproveitando mesmo quando a história chega ao fim. Admito que fiquei com medo de ser repetitiva quanto ao tema estando entre tantas histórias diferentes, mas fico contente que tenha se desenrolado de maneira que possa ter seu destaque. Aliás, fiquei muito contente com todos os seus elogios! Muito obrigada. (n˘v˘•)¬ April 22, 2021, 11:57
Max Rocha Max Rocha
Olá Amy. Gosto de clássicos. Como então poderia não gostar de uma obra derivada do clássico maior da literatura de horror? As histórias vampirescas sofreram um processo de banalização recentemente e acabaram por ofuscar o poder sombrio e sedutor do Príncipe das Trevas original. Mas aqui você nos proporciona um resgate da magia que ronda o universo do Conde Drácula, de Bram Stoker, trazendo uma história oculta, onde Elise é visitada repetidamente pelo vampiro mor, tendo sua saúde literalmente drenada noite após noite. até que se converte em mais uma alma amaldiçoada, apesar do esforço inútil de seus pobres pais. Me lembrei de Mina da história original. Em destaque a atmosfera elegante e sedutora, que faz com que Elise deseje mergulhar novamente no livro macabro, mesmo sabendo que isso a levaria a um caminho sem volta. Escrita elegante, terror na medida certa, sem excessos ou descrições explícitas. Congratulações do Fantasma e boa sorte no desafio...
April 22, 2021, 02:51

  • 𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 . 𝐏𝐒𝐘𝐂𝐇𝐎𝐂𝐀𝐓 .
    Oi, Max! Que bom te ver por aqui. ♡ Eu fico muito feliz que tenha conseguido resgatar a essência de Drácula. A intenção foi, inclusive, fazer alusão à Mina mesmo; é como se Elise tivesse assumido seu papel na obra, apesar de não ter a sorte de contar com o professor van Helsing. Com a minha tendência a gostar de vilões, foi inevitável não imprimir isso na protagonista, porque eu mesma não ia querer outra coisa se não voltar para o dito sonho. ɾ⚈▿⚈ɹ Muito obrigada pelos elogios! Me deixou de coração quentinho. April 22, 2021, 11:49
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