Começou esquecendo as minhas cores.
A cor dos meus olhos, depois a cor das pintas do meu braço.
Depois meu time de futebol e as estampas das minhas camisetas.
Em seguida já não lembrava mais dos bordões que a gente costumava repetir,
nem dos apelidos que inventamos um para o outro durante a vida.
Às vezes eu notava que havia um silêncio e um esforço pra lembrar efetivamente quem eu sou. Parecia conversar por educação, mas seu rosto era como uma vitrine vazia de sentimentos.
O Alzheimer foi repentino como um vento forte, que derrubou um castelo de cartas.
E, eu me apeguei à única lembrança que não foi levada. O ato mais amoroso que ainda existe. Não somente meu sorriso, mas toda a minha vida ainda moram ali naquele gesto simples.
Todos os dias chego da padaria e ouço a frase:
"Pão de queijo! Eu sei que você não gosta, mas eu amo!
Eu te amo muito!"
Todos os dias eu sorrio por isso.
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