vanychan734 Vany-chan 734

Sasuke teve sucesso ao transplantar os olhos de seu irmão e assumir seu poder. Contudo, o último Uchiha vivo não sabia as consequências que tal procedimento traria para si, quais verdades inconvenientes estavam eternizadas por aqueles olhos escuros e perigosos, e que eventualmente nublariam sua mente. Ele não sabia que outro Uchiha o perseguiria em seus sonhos agora.


Fanfiction Anime/Manga For over 21 (adults) only.

#Sasuke-centric #naruto #uchihacest #shiita #un #universo-alternativo #sasusaku #puberdade #Sexualidade-tardia #Sexualidade-precoce #Adolescentes-apaixonados
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Capítulo Único

NOTAS INICIAIS

YESSSSS!!!!! EU NÃO MORRIIIII! Pra quem tá chegando agora: em Janeiro, ou seja, daqui um mês, completaria 2 anos desde minha última publicação. Nesse tempo todo eu senti muita falta de escrever, mas nada saía como o planejado, nada me agradava, mas depois de tanto sofrimento, eu voltei. Inclusive, o fandon Naruto que eu achei que tinha abandonado, também estarei voltando! Obrigada a todos que comentaram e continuaram favoritando minhas histórias, vocês me deixam maluca rs, mas eu agradeço todo o carinho!

Segue minha nova aquisição: uma one shiita. O plot tá na sinopse, mas acho que vale a pena eu informar pra vocês não ficarem confusos: Sasuke tem todas as memórias de Itachi por causa do transplante de olhos. Improvável? Sim! Mas eu tenho liberdade poética já que na história original tem até ET e Reencarnação.

Importante: eu acho que o Sasuke está um pouco OOC. Mas vida que segue.

Importante 2: está com tag de incesto porque Shisui e Itachi se pegam, não há envolvimento do Itachi com o Sasuke! Suicídio está listado apenas por causa da morte do Shisui.

Importante 3: essa história tem um fundo SASUSAKU.

P.S: a porcaria do editor do site desconfigurou tudo, sinto muito lindos mas eu nao vou reler tudo e configurar os itálico da vida.

P.S: Sempre bom lembrar que plágio é crime. E essa capa MARAVILHOSA é trabalho da Ana Paula Pereira (vulgo melhor escritora de KakaSaku do Nyah) e a fanart shiita pertence a @D_ang9 no twitter

É isto, espero que gostem! Vejo vocês nos comentários!
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Alheio.
adjetivo
1.Que se conserva afastado; distante: alheio às críticas. 2.Que pertence ou diz respeito a outra pessoa: alegra-o a tristeza alheia. 3. Sem relação com o assunto tratado; impertinente: texto alheio à obra. 4.Que precisa; que não possui; necessitado: alheio de carinho fraternal. 5.Em que há liberdade; liberto: alheio às normas, regras etc. 6.Que demonstra falta de atenção; desatento: alheio às aulas. 7.Sem conhecimento; ignorante: alheio da situação, fez a coisa errada.8Desprovido de razão; louco: depois da tragédia, ele ficou alheio.




Desde que despertara após o transplante de olhos, Sasuke era acometido com pensamentos, vozes, vivências, sonhos e memórias que não lhe pertenciam.

Logo que deixava o mundo dos sonhos se encontrava desesperado reagindo às ameaças que imaginava cercarem-no. Demorava um minuto ou dois para que reparasse o local em que estava, bem como os companheiros de viagem ou animais inofensivos ao redor. A cada vez seu peito retumbava mais e mais forte, ao ponto de um zumbido incômodo permanecer em seus ouvidos, da mesma forma que as vivências do irmão assombravam seus pensamentos por horas.

De início, as cenas que via eram os últimos dias do irmão. A preparação para sua batalha, seu tratamento paliativo e alguns sentimentos de angústia, anseio e alívio. Sasuke sempre se enfurecia com o último, achava que o outro não merecia aquela sensação depois de tudo que fez. Inclusive, estava à beira do arrependimento por ter dado fim ao sofrimento físico do mais velho. Contudo, após saber a verdade sobre o irmão e seu planejamento de morrer por suas mãos, Sasuke sentia-se enjoado quando os pensamentos e sensações de Itachi invadiam seus momentos de descanso e apatia.

Apesar de morto, era como se o fantasma de Itachi continuasse a persegui-lo, a machucá-lo e a fazê-lo se sentir indefeso. Não admitiria aquilo, mas não conseguir se livrar da imagem do irmão atormentava-o tanto quanto no passado, quando sabia que ele ainda gozava de saúde e perambulava pelo mundo shinobi. Sasuke começava a se arrepender do transplante de olhos, dado que tudo ao seu redor funcionava como um disparador para as lembranças do ex-anbu, fossem as plantas, os peixes, as cavernas e até mesmo vendedores ambulantes, e todas as alucinações estavam deixando Sasuke exausto de ouvir a voz do irmão e, às vezes, até do seu companheiro akatsuki.

O último Uchiha vivo jamais havia cogitado que o fardo de matar Iitachi poderia ser tão nocivo para si mesmo. Ao menos, após a entrada na adolescência conseguia ter noites de sono completas, agora nem em sonho conseguia relaxar. Era fato que não estava preparado para o que viria a seguir. Conforme os meses se passavam, as lembranças iam se cristalizando, de modo que as memórias recentes deram lugar às remotas. E então aquele fatídico dia chegou.

Reviver o massacre Uchiha era algo comum para ele. O silêncio do distrito, a escuridão das ruas e a imagem de seus pais caídos ao chão em uma poça de sangue o perturbava há anos. Todavia, não contava com a possibilidade de que ter os olhos do irmão o faria experimentar aquele dia por outra ótica, observando com excruciante detalhamento como fora barulhenta e suja a chacina daquela noite bem iluminada.

Sasuke chegou a vomitar assim que acordou do primeiro pesadelo com a memória traumática de Itachi e, se não fosse por Karin tê-lo impedido, teria perfurado os próprios olhos com uma kunai apenas para se livrar daquelas e de quaisquer outras cenas de violência que viriam a lhe atormentar.

Os dias, semanas e meses se passaram e Sasuke utilizou a raiva e o assombramento como um novo guia para seus recentes objetivos. Ao passo que se empenhava em novas lutas, as memórias começavam a revelar fatos mais antigos e, por vezes, serenos. Algumas eram tão velhas que eram de um Itachi pequeno, tímido e recluso, mas feliz. A felicidade do irmão passou a contagiá-lo e Sasuke se viu ansiando pelos sonhos em que Itachi se revelava, somente para descobrir um outro lado do irmão — um que há muito tempo havia se esquecido. As memórias dele agora já quase não eram mais distinguíveis das pertencentes ao irmão, o que inconscientemente gostava, afinal, juntos formavam algo maior e mais poderoso que Konoha e qualquer outra Vila e seus estúpidos códigos ninjas.

À essa altura, Sasuke era além de espectador, um fã do irmão mais velho, e após reencontrá-lo revivido por Kabuto, tudo terminou de se assentar em seu coração. A dor, o ódio e o rancor que estavam cobrindo seu amor pelo outro desapareceram com a simples frase “Não importa o que aconteça com você de agora em diante, eu sempre vou te amar1”, e só lhe restou a mais genuína estima por Itachi.

A frase, contudo, não fora apenas o ponto final na história de rancor entre irmãos, mas uma nova abertura para as lembranças mais bem guardadas de Itachi. E foi durante a prisão em Konoha que ele teve os primeiros flashes do que estava por vir, dado que os corredores da ANBU pelos quais foi levado eram muito conhecidos pelo mais velho quando este era um integrante da organização. Ainda que pudesse ter escapado da prisão, Sasuke queria se redimir de seus pecados e até seu julgamento final, então, estava disposto a continuar na cela fria e escura esperando pela aparição de mais conteúdos particulares de Itachi, já que essa conexão com o homem que mais admirou em vida era o melhor prêmio de consolação que poderia requisitar naqueles momentos.

E tudo estava indo bem até que seus antigos companheiros de time conseguiram a autorização para visitá-lo nas celas. Ainda que ficasse grato pela amizade oferecida, eles atrapalhavam seus momentos de meditação — e imersão nas lembranças do irmão —, mas nunca ousou contá-los sobre isso. Naruto poderia ser sua alma gêmea de outras vivas, no entanto, aqueles pensamentos não eram apenas seus, eles eram tudo de mais particular que tinha sobre Itachi e se recusava a dividi-los com qualquer um — referente a isso, já bastava o time Hebi tendo presenciado algumas de suas crises causadas pelas memórias alheias.

A partilha ocorreu mesmo assim, no entanto. Não porque queria que Kakashi soubesse sobre o que estava passando há um ano, mas porque no momento em que sentiu o chakra do mais velho se aproximando, o questionou:

— Por que vocês ainda se dão tanto trabalho em vir aqui?

Tendo como resposta uma inesperada confissão.

— Vim avisá-lo de que convenci os Kages a te libertarem. Apesar do costume de fazer promessas ser de Naruto, uma vez prometi nunca deixar um amigo ser morto2.

A frase inocente e gentil que o Hatake proferiu não era tão isenta de afetos quanto ele assumia ser para o moreno. Assim como os corredores eram gatilhos para o Uchiha, a frase evocou lembranças adormecidas em seu inconsciente, uma vez que era exatamente o mesmo que Kakashi havia dito para Itachi na época em que era seu capitão. A memória trazida à tona paralisou Sasuke, que instantaneamente ativou o Sharingan para reviver com riqueza de detalhes a cena que se seguia: tanto o irmão quanto o copy-nin estavam sobre um telhado, observando o poente e conversavam sobre o Sharingan que originalmente não pertencia ao Hatake. E a partir daquela singela lembrança, outras seguiram a cadeia associativa, fazendo com que Sasuke revivesse outras banais, dentre as quais uma pessoa em especial apareceu: Shisui.

Depois de tanto tempo, Sasuke nem sequer se lembrava da existência do primo mais velho, sequer sabia que ele e Itachi eram tão próximos como as memórias sugeriam, mas a cada piscar dos olhos novas imagens de Shisui apareciam, com diferentes ângulos, iluminações, expressões e sentimentos acompanhados. Sasuke teve uma avalanche de emoções que até o presente momento não cogitara que pertenciam ao irmão e, então, o que menos esperava aconteceu: a morte de Shisui o assolou.

A bochecha de Sasuke ficou encharcada com algo quente como sangue. Ele matou seu amigo. Sasuke colocou as duas mãos no lugar onde Shisui estava há um momento atrás, abaixou a cabeça sem se mover. Seu corpo exausto parece tão pesado como um chumbo, seus sentimentos profundamente feridos continuam se recusando a girar o fio da mente. Lágrimas continuam caindo de seus olhos, ele não consegue parar com tanta emoção seca. Tudo fica entorpecido3.

Ele não aguentou se manter de pé. Sasuke sentia tudo o que Itachi sentiu naquele momento e suas pernas ficaram bambas, seu corpo parecia arder em febre, seus olhos doíam com a mudança irrefreável entre os padrões de Sharingan e a dor da solidão parecia consumi-lo, como se fosse as chamas negras do Amaterasu. Kakashi, que presenciara toda a reação surpreendente do mais novo, se aproximou para segurá-lo antes que o antigo pupilo despencasse ao chão; o sangue fresco descendo sobre suas bochechas associado aos tremores corporais o levaram a desconfiar do que tinha acontecido, porque ele próprio já tivera essas vivências paralisantes devido ao Sharingan de Obito.

— É apenas uma lembrança, Sasuke, o que quer que tenha visto não lhe pertence — o Hokage pontuou calmamente, tentando tranquilizar o Uchiha.

Ainda assim, o mais novo demorou alguns segundos para reassumir o controle do próprio corpo, mas a exposição à tal lembrança já o havia despertado para o fato de que, para Itachi, perder Shisui foi tão doloroso quanto o próprio massacre. Em compensação, outra lembrança lhe veio à mente também, a de quando era pequeno e se deparou com o irmão lutando contra outros Uchihas e desrespeitando abertamente ao pai que o mandava parar o ataque. Depois desse evento, Itachi desapareceu por uma semana e Sasuke ficou angustiado por não ter tido notícias dele, enquanto Fugaku estava cada vez mais irritado com a ausência do primogênito. Agora, com o conhecimento sobre o que tinha acontecido naqueles dias, Sasuke percebeu um dos detalhes ao qual era alheio sobre o irmão: seu vínculo com o primo.

Afastando-se do antigo professor, Sasuke enxugou o sangue corrente do rosto e se virou para Kakashi incomodado, tanto pela presença dele naquele momento quanto por perceber que “Itachi” nunca fora um tema entre eles. Para o Uchiha, desconhecer a verdadeira índole de seu irmão era angustiante, mas haviam muitas mais camadas para se desbravar e agora estava empenhado em conhecer mais desse lado social do irmão, a começar pela admiração que Itachi nutria pelo copy-nin.

— Nós nunca falamos sobre a sua relação com Itachi — proferiu, desativando o Sharingan e se sentindo momentaneamente aliviado.

— Você nunca demonstrou interesse em saber dele, e acredito que não teria me escutado na época — o sensei respondeu calmo.

— Tenho interesse agora.

— Está bem — o mais velho falou, ajoelhando-se ao futon do outro e indicando com a mão para ele fazer o mesmo — Pergunte o que quiser perguntar, você tem o direito de saber.

A contragosto, Sasuke se ajoelhou diante do Hokage ponderando as recentes descobertas e sobre o que deveria averiguar primeiro acerca do irmão.

— Por que Itachi tinha tanta admiração por você?

— Itachi era um shinobi extraordinário mesmo com pouca idade, mas eu era seu capitão e, portanto, mais habilidoso na época; acredito que ele me via como um modelo a seguir. Além disso, fui um dos poucos que o tratou com respeito assim que ele foi admitido na ANBU.

— Ele tinha amigos?

Os olhos de Kakashi se sobressaltaram, demonstrando sua surpresa. De fato, o homem não esperava ser questionado por algo tão particular sobre o comportamento do aktsuki falecido, mesmo assim respondeu.

— Pelo que me recordo, poucos Uchihas são sociáveis — diante da sobrancelha arqueada de Sasuke, continuou — Itachi era solitário. As únicas crianças com quem convivia eram você, uma Uchiha mestiça, que não recordo o nome, e Shisui Uchiha.

— Qual era a relação dele com Shisui? — Sasuke questionou afoito.

O Hatake coçou o nariz, displicente, refletindo sobre a conversa.

— Eles eram muito próximos. Não sei ao certo o quão envolvidos estavam, mas o suicídio de Shisui foi uma surpresa para todos, até para os anbu’s que tinham a missão de vigiá-lo, porque ele era conhecido, tinha vários amigos e uma carreira promissora, tanto como jounin quanto na força policial... inclusive, haviam boatos sobre ele ser um dos homens mais quistos do seu pai.

— Você acreditou no suicídio dele?

O moreno observou os olhos do sensei ficarem sombrios.

— Shisui havia deixado uma carta e a justificativa era contundente, ele responsabilizava a pressão dos conflitos entre a Vila e os Uchiha e esperava que seu ato fizesse ambos os lados repensarem o que faziam. Eu deveria ter percebido que havia mais... minha percepção estava direcionada para o comportamento de Itachi, no entanto.

— E você não notou como a morte de Shisui o afetou?! — Sasuke rosnou.

Os ombros do Hatake caíram.

— Itachi mudou depois daquilo, é verdade. Ele se tornou mais violento em missões, mais pragmático também, exerceu liderança até mesmo quando não lhe era exigido. Seu isolamento piorou ao ponto de ele evitar ficar próximo a você. Ainda assim, pensei que era um modo dele lidar com a morte de Shisui, não imaginava que em algumas semanas ele massacraria o próprio clã.

Sasuke sentiu um arrepio percorrer seu corpo, desde os dedos do pé até os fios de cabelo ao ouvir sobre o massacre da família, fechando os olhos para evitar que as memórias lhe assombrassem no momento.

— E sobre o que você achou que ele se referia quando o questionou se planejava honrar a promessa do amigo que lhe deu teu Sharingan? — Sasuke fitou o ex-sensei com o doujutsu do clã ativo.

Um pequeno silêncio se estendeu entre eles.

— Sinto muito por ter falhado com ele, Sasuke... essa era uma das razões pelas quais quis treiná-lo, não queria falhar com você também.

— É tarde para isso — respondeu resoluto, levantando-se do futon e se encaminhando para a saída da cela.

— Não, não é — o Hokage contrapôs — Desde que assumi o olho de Obito passei a entrar em contato com suas experiências e sentimentos também, o que me torna a pessoa mais capacitada para ajudá-lo a controlar os pensamentos que não são seus agora.

— Não preciso ser controlado.

— O que precisa, então? — retrucou.

— Descobrir quem meu irmão realmente era e quem eu sou.

E foi assim que Sasuke começou uma nova busca por Itachi, desta vez, subjetiva e muito mais benéfica.

[...]

O primeiro local que Sasuke visitou como um homem livre foi, sem surpresas, o inabitado clã Uchiha. Voltar após tanto tempo fazia suas vísceras se revirarem, mas entrar especificamente na residência principal foi menos perturbador depois de tudo que descobriu a partir dos olhos do irmão, como o fato de que seus pais não foram sordidamente assassinados, mas que se permitiram àquilo e que ainda pediram a Itachi que cuidasse do caçula da família. Na noite em que decidiu sair da Vila, o jovem Uchiha visitou uma última vez a casa dos pais, observando os detalhes da madeira puída, o pó acumulado e os pertences de seus antepassados como um último lembrete do porquê deveria deixar o país do Fogo em busca de poder e, por conseguinte, vingança. Retornar com toda a bagagem que tinha no momento foi diferente do que pensara na época, afinal, antes esperava que a vingança traria a satisfação de honrar a morte dos familiares, no entanto, não havia o que se honrar quando a história que lhe foi contada era falsa e no fim havia assassinado seu último parente vivo.

De qualquer maneira, um arrepio passou por seu corpo quando abriu a porta da casa que uma vez chamou de lar. Ao invés de se acovardar com medo das lembranças que poderiam ressurgir ali, Sasuke caminhou pela sala e franziu o nariz devido ao pó acumulado e o cheiro de ar fechado. Respirando fundo, entrou nos demais cômodos do primeiro andar, tocou os móveis, as fotografias e os pergaminhos que ainda existiam no escritório privativo de Fugaku procurando por alguma dica que seus pais tivessem deixado para ele, mas não encontrou nada nesse sentido. Em seguida, explorou os quartos no andar superior, primeiro o seu próprio, depois os dos pais e por último o de Itachi. Desde o massacre, ele nunca havia entrado no local, como se tivesse medo de que o mais velho aparecesse e terminasse de matá-lo por ser um garoto curioso. No momento atual, esse medo era inexistente, mas o moreno ainda sentia o suor frio descer por suas têmporas ao arrastar a divisória da porta entre o corredor e o quarto do irmão.

Para sua surpresa, o local estava bagunçado, diferente do restante da casa, provavelmente em razão da ANBU ter invadido atrás de provas e pistas dos planos de Itachi a mando de Danzou no passado. Hesitante, Sasuke recolheu todos os papéis e pergaminhos, leu um a um em busca de informações, mas não encontrou nada relevante e, por fim, os reorganizou na escrivaninha e armário. Neste, o último Uchiha viu um uniforme das missões especiais de Itachi, infantil, e sentiu o estômago revirar ao refletir sobre a idade do irmão quando lhe foi designado a missão de aniquilar o próprio clã.

Não desejando mais se martirizar pelo ocorrido, Sasuke se encaminhou para sair do quarto, contudo, sentiu um chakra poderoso se aproximar e ao virar-se para a janela se deparou com uma sombra escura posicionada na mesma. De início teve dificuldades de reconhecer a assinatura de chakra estranha, mas não se sentiu ameaçado pela presença e ao dar um passo à frente com o intuito de verificar quem era, a sombra diante dele sorriu com diversão sumindo logo em seguida. Sasuke olhou ao redor, vasculhando o perímetro atrás da assinatura, porém percebeu que era impossível alguém tê-lo seguido até o distrito e não demorou a reconhecer que aquela era mais uma das lembranças do irmão e que a sombra possivelmente era Shisui.

Ao menos, isso explicaria o motivo de não ter se sentido ameaçado ou incomodado com a presença em um lugar tão particular.

Dando as costas ao quarto, Sasuke decidiu banhar-se após tanto tempo privado de higiene básica, assim se dirigiu ao banheiro da casa e limpou rapidamente o ofurô para em seguida enchê-lo com a água quente. Depois que se considerou limpo, apoiou a cabeça na parede e ruminou sobre a morte do primo, desejando esquecer um pouco do que havia visto pois duvidava que teria sonhos calmos nos próximos dias. Mesmo que lhe fosse sufocante vasculhar as memórias de Itachi, o último Uchiha vivo não conseguia esquecer a dor que o assolou com a morte do primo, como tal sentimento chegou a ser físico, por isso, Sasuke encheu os pulmões de ar e prendeu a respiração logo após, concentrando-se na figura ensanguentada de Shisui para em seguida submergir na água.

Quão mais estressantes fossem as condições em que estava, Sasuke notou que existia um padrão de reação que agora seu corpo adotava, uma memória reflexa de seus músculos que despertava como se sua vida dependesse daquilo. Ele percebeu tardiamente que parte desses movimentos nunca havia aprendido, mas incorporou-os da vivência de Itachi e os produziu intencionalmente a partir de então ao replicar situações de perigo. Assim, bloquear a entrada de oxigênio em seus pulmões em tese o levaria a reproduzir o entorpecimento da lembrança do suicídio assistido do primo, mas o resultado que conseguiu foi ainda mais estarrecedor.

Conforme os segundos se passavam, seus membros ficavam pesados e formigantes, seu coração acelerava e os pulmões pareciam gritar por ar, mas foi quando quase estava perdendo a consciência que sentiu mãos envolverem seu pescoço e pressioná-lo com força. Sasuke abriu os olhos, se arrepiando ao ter olhos acinzentados focados em seu rosto e saltou num rompante do ofurô, olhando para o banheiro enquanto tocava a garganta com receio. Era impossível que as lembranças começassem a se tornar reais, mas seus instintos de sobrevivência não permitiriam levar pensamentos como aquele a diante, ainda mais quando traziam sensações tão concretas de perigo urgente. No entanto, Sasuke sabia que Shisui e Itachi não haviam lutado nos últimos minutos de vida do primo, então, por que o mais velho teria asfixiado seu irmão?

A resposta, para seu desgosto, veio em seu sonho. Naquela noite, dentro da fantasia alheia, Sasuke desempenhava o papel de Itachi, que tinha o corpo quente e suado, como se o sangue em suas veias estivesse borbulhando e queimando a pele. A cima de si, o rosto jovial de Shisui estava atento, os olhos cinzentos dessa vez mais escuros devido às pupilas dilatadas, seu cabelo cacheado estava bagunçado e com alguns cachos presos à testa pelo suor, enquanto o lábio inferior era mordido revelando sua concentração. As mãos de Shisui estavam ao redor do pescoço de Sasuke, ou melhor, de Itachi, pressionando com tanta força que mesmo seu corpo tremendo e se debatendo não foi capaz de capturar uma fração de ar, ao ponto de sua visão começar a embaçar e esbranquiçar até que afundasse na inconsciência — ou para Sasuke, que despertasse.

Acordando com o corpo encharcado de suor, o cabelo grudando ao pescoço e testa, seus pulmões doloridos, o coração acelerado e com o mais incômodo: o pênis enrijecido, o moreno crispou as sobrancelhas indignado. Não acordava excitado desde que era um adolescente em seu pico hormonal, então, deparar-se com a genitália dura como uma rocha o fazia se sentir desconfortável e angustiado sem saber o que levara àquilo ou ao menos o que fazer dali em diante. Nunca foi adepto da masturbação em si, tanto pelo ato quanto pelo receio de que Orochimaru tirasse proveito de qualquer fluído seu para experimentos imorais. Contudo, era impossível ignorar os desejos de seu corpo naquele momento, uma vez que parecia lhe faltar o ar quando refletia sobre o que presenciou, ou melhor, viveu durante o sono.

Para seu espanto, Shisui não estava lutando até a morte com Itachi, ao invés disso eles estavam praticando uma certa atividade erótica que Sasuke só tinha conhecimento da existência por causa das inúmeras histórias de Suigetsu. Em seu interior, sempre que tal prática lhe vinha à mente, considerava tolo todos que se dispusessem a se colocarem em risco por um capricho fetichista. Itachi, no entanto, nunca foi um tolo para si. Ainda assim, o irmão confiava no primo mais velho ao ponto de tentarem algo tão surreal e perigoso quanto a asfixia erótica, e a curiosidade começou a se espalhar sobre Sasuke acerca de como seria vivenciar aquela lembrança, tendo acesso à prática de um modo prazeroso e sem a factível letalidade dela.

Respirando fundo, o último Uchiha deslizou a mão direita sobre seu pescoço, apertando firmemente a traqueia, ao passo que a mão esquerda cobriu seu corpo, enquanto cerrava os olhos e esvaziava a mente. Tocar-se era estranho, dado a pressão incômoda sentida abaixo do umbigo, mas os arrepios em seus braços e os tremores de suas pernas davam-lhe outros sinais do que seu corpo necessitava naquele momento. Sasuke jamais imaginou que sua descoberta de prazer estaria ligada de alguma forma às do irmão, mas era impossível ignorar a urgência com que seu corpo exigia a libertação, ainda mais quando sua respiração estava tão errática que ele precisava gemer alto para capturar um pouco de ar. Nesse estado, não demorou para que sua mão estivesse coberta de uma camada espessa e quente de sêmen e, por mais anti-higiênico que fosse, Sasuke não conseguiu se levantar da cama, cansado demais para se banhar.

Ele acordou horas depois com os membros pesados e o corpo fedendo a suor e sexo. Dessa vez, o banho era mais bem-vindo, principalmente com suas faculdades mentais esclarecidas e capazes de analisar de maneira crítica o conteúdo da lembrança com que teve contato. O rosto de Shisui no sonho parecia mais redondo e jovial do que na última vez em que Itachi o viu, na beira de um penhasco, o que fazia a lembrança ser ainda mais antiga e, por conseguinte, levava Sasuke a considerar a idade do irmão naquele momento. Sasuke imaginava que Shisui deveria ser dois ou três anos mais velho que o irmão e, mesmo assim, Itachi era uma criança naquele momento e em outros anteriores àquele. Assustava-o que primogênito de Fugaku fosse tão à frente de seu tempo como um shinobi, mas aquilo era mais complexo e perverso à primeira vista, uma vez que ainda que Itachi tivesse ingressado na ANBU aos onze, doía em Sasuke conceber que não havia muito da inocência do irmão para ser preservado àquela altura. E quanto mais pensava sobre isso, mais Sasuke considerava a perversão que o mundo ninja impunha aos seus shinobis, de modo que a vida ninja subvertia os valores mais puros dos homens nela.

Esse incômodo permaneceu consigo pelos próximos dias. A precoce vida sexual de Itachi não era algo que havia cogitado se preocupar, mas era tão sórdido e errado que deveria existir uma razão para a ocorrência de transas, inclusive, perigosas. À medida que buscava por essa justificativa mais a fundo em sua mente, os momentos íntimos entre os mais velhos passaram a surgir com maior frequência e ele se viu fascinado pelas interações cotidianas, as mais brandas demonstrações de uma intimidade para além da sexual.

Pelo Sharingan, observou como os olhos acinzentados de Shisui fixavam-se em Itachi com uma atenção tão aplicada, que era possível sentir sua dedicação pelo outro Uchiha. Ele até mesmo conseguia sentir a forma encabulada com que o irmão inicialmente reagia ao primo apaixonado. Cada vez que Sasuke analisava o comportamento do irmão se convencia mais que o outro tinha fobia social, dado o constante exercício de atender às expectativas de todos, do pai, do clã e da Vila, e o consequente medo de quebrar com essa imagem de perfeição que lhe foi imposta. Em contrapartida, Shisui era a única pessoa com quem o irmão se abria verdadeiramente, ao ponto de sua costumeira postura corporal ereta e alerta se tornar descontraída, como um animal domesticado e manso, diferente da fera bruta e selvagem que encarnava ao vestir o manto de Doninha4. E foi por causa de Shisui que Itachi não caiu do abismo antes do momento, porque o mais velho o seguia como um cachorro perdido, leal e fascinado pelo dono, oferecendo não só seu amor incondicional, mas sua amizade sincera e devoção.

Você é excepcional, Itachi.

Esse era o mantra de Shisui para Itachi. A frase era repetida como uma prece sagrada nos mais diversos momentos, fossem em treinos conjuntos quando Itachi demonstrava um movimento ímpar ou durante as pausas dos beijos trocados. Não foi chocante para Sasuke que fora Shisui o primeiro a atravessar a linha da amizade, embora o irmão já houvesse dado abertura corporal para tal proximidade. O primeiro beijo deles foi mais incomum do que poderia imaginar, uma vez que havia um gosto metálico de sangue no meio das línguas, que não pertencia a nenhum deles. Na verdade, pertencia há algum ninja morto pela espada de Itachi, que estava retornando de uma missão e, por acaso, encontrou a equipe de Shisui que estava partindo da vila para sua própria aventura. O protocolo esperado era que ambas as equipes fingissem que o encontro não ocorreu, mas Shisui reconheceu a assinatura de chakra de Itachi no mesmo instante que os viu. A primeira reação do primo foi a preocupação imediata, o que o impeliu a correr em sua direção, chamando seu nome e perguntando se estava bem, sem ligar para sua identidade secreta. A equipe anbu de Itachi nem teve tempo para impedi-lo, uma vez que Shisui usou o Shunshin para se locomover e de repente ele cintilou na frente do herdeiro do clã, agarrando-o e sumindo consigo para alguns quilômetros de distância. Após assegurá-lo de que o sangue não lhe pertencia, Itachi sentiu seu coração acelerar com o olhar apaziguado que lhe era direcionado, como se todo o mundo de Shisui estivesse seguro e salvo. E foi quando o herdeiro do clã percebeu que era exatamente aquilo que ele representava para o outro à frente.

— Você é excepcional, Itachi — Shisui sussurrou, acariciando os braços desnudos e sanguinolentos do mais novo.

Em resposta, Itachi sorriu e confabulou:

— Você deveria confiar mais nas minhas habilidades.

— Eu confio! Com a minha própria vida! Eu juro! É só que — ele respirou fundo, decidindo quais palavras usar — você é meu melhor amigo, não gosto de saber que você está ou esteve em perigo. Não posso nem imaginar perder você, não você...

Enquanto o mestre de genjutsu respondia com toda sinceridade do seu coração, seus olhos cinzentos fitavam a boca de Itachi, o que o fez tocar o lábio inferior do mais novo com a mão esquerda, não se atentando para o rastro de sangue que espalhava. Por algum motivo que Itachi não soube descrever, ele ativou seu doujutsu naquele momento e Shisui se mostrou ainda mais apaixonado — se isso era possível. No instante seguinte suas bocas estavam coladas, suas línguas interagiam com uma curiosidade nata para desbravar a boca alheia e os suspiros trocados eram a única forma de aspirarem ar. Itachi foi o primeiro a se afastar ao ouvir alguns passos se aproximando e ao olhar para Shisui, o viu manchado de sangue também. Curiosamente, para si, o vermelho era uma cor que valorizava tudo no outro, oferecendo um contraste sensual entre a pele pálida e o cabelo escuro como ébrio, assim como destacava o avermelhado de suas bochechas. No segundo posterior, Shisui desapareceu utilizando o Shunshin para que o outro anbu que os seguia não o visse. Itachi voltou para a vila muito mais aliviado depois disso.

O alívio, então, era a resposta que Sasuke procurou. As missões de Itachi eram terríveis, ele próprio reconheceu o quanto elas exigiam do emocional do irmão e como ele se sentia fragilizado após atos tão cruéis.

- Você me ama? – a voz de Itachi estava frágil, trêmula do recente choro.

- Mais do que você poderia imaginar. Se pudesse, levaria toda a dor que esse coração tão precioso e benevolente carrega. Ninguém, nunca mais, iria obrigar você a fazer essas coisas, essas missões. Itachi, se você me permitir, eu farei qualquer coisa por você – as mãos de Shisui seguravam a cabeça de Itachi, mantendo o olhar assustado e vermelho do mais novo no seu.

- Não me deixe só... – sussurrou, exausto.

- Nunca.

- Prometa, Shisui.

- Enquanto você me quiser ao seu lado, eu prometo que estarei aqui, Itachi-kun.

Infelizmente, Shisui quebrou aquela promessa. E Sasuke conseguia notar o porquê do irmão ter cedido tão fácil a Danzo na época do massacre... não havia mais alguém que pudesse ajudá-lo a lidar com as pressões de todos os lados e isso o quebrou. Foi por esse motivo que Shisui era tão necessário, ele era responsável por resgatar a humanidade em Itachi, fazendo-o se sentir amado e até mesmo punido quando se considerava merecedor de tal coisa. As asfixias eróticas vinham sempre após sessões de tortura ou massacres sujos demais para ele.

A segunda vez que Sasuke sentiu dedos longos e calejados sobre seu pescoço fora em meio à sonolência da madrugada. De relance, ele viu a figura do irmão olhando para o próprio reflexo no espelho arranjado à frente da cama. Itachi estava sobre o colo de Shisui, com as costas encostadas no peito do outro, fitando Shisui pela imagem refletida de seus olhos vermelhos. Pela primeira vez, havia um Sharingan brilhando luxurioso em sua mente, ao invés de apático, clínico e mortal, como se o convidasse ao desafio da insubordinação. A imagem, apesar de escura pela noite e parcial iluminação da lua, não deixava dúvidas sobre o estado necessitado de Itachi com seu cabelo solto e desgrenhado, seu peito avermelhado e arfante, a pele pálida de seu pescoço arroxeada e coberta pelos dedos de Shisui, e o olhar embriagado pedindo por mais. Havia coisas que Sasuke não queria ter visto pelos olhos do irmão e, para si, essa era uma dessas cenas perturbadoras. O corpo de Itachi ainda era franzino, sem definição ou pelos, como o de uma criança magrela comum à sua idade, tanto que seus pés sequer tocavam o chão. Shisui, por sua vez, também não era muito diferente pois, apesar da maior massa muscular, o primo não possuía qualquer sinal de barba sobre o queixo. Ao menos, isto demonstrava que apesar de disfuncional, aquela relação não se tratava de um aliciamento de vulnerável. Porque Itachi estava longe de ser um.

O gemido do irmão fez Sasuke ofegar em sintonia com Shisui, reverberando um arrepio por todo seu corpo. Focando-se no espelho, Sasuke sentia como se o primo lhe observasse diretamente e se movimentava com força, a mesma força com que comprimia sua traqueia, buscando os sinais de sua libertação. As pernas abertas de Itachi acima das coxas do amante não deixavam dúvidas sobre o quão fundo Shisui estava enterrado dentro dele e como as estocadas rápidas atingiam um ponto sensível em Itachi, fazendo com que seu corpo tremulasse e rebolasse no melhor amigo. Inconscientemente, Sasuke começou a se movimentar também, arremetendo nos lençóis ao mesmo ritmo em que Shisui afundava em Itachi, cada vez mais intenso e desesperado. O primo deixou beijos molhados sobre o lado livre do pescoço de Itachi, enquanto sua mão direita passou a masturbar o jovem anbu, de modo que seus olhos já não mais sustentavam o contato visual, embargados demais por lágrimas e necessidade. A incômoda pressão sobre o umbigo de Sasuke retornou, bem como o calor que se espalhava por todos seus membros, que tensionavam e vibravam a cada resfolegar árduo.

— Goze pra mim, passarinho.

Sasuke e Itachi apertaram o lençol ao alcance de suas mãos quando gozaram, curvando as costas e contraindo os dedos dos pés, bem como seus interiores, relaxando logo em seguida languidamente. Sasuke olhou novamente para o espelho quando sua respiração normalizou, encontrando apenas seu reflexo olhando-o de volta. Sua feição estava avermelhada, sua boca com um pequeno sangramento devido a uma mordida para conter o gemido final e o corpo exibia uma fina camada de suor.

Passarinho.

De toda a absurda situação, isso foi o que ecoou na mente de Sasuke. O apelido carinhoso dado ao irmão por Shisui era tão atípico e especial, como se Itachi fosse de fato alguém que não oferecesse risco letal a outrem ou ainda que precisava de cuidados para voar.

Por outro lado, aceitou melhor o apelido quando estava treinando com Naruto em um dos campos disponíveis para os jounins na Vila. Após uma série exaustiva com o loiro, os meninos descansaram no gramado pisoteado e, enquanto o Uzumaki tagarelava sobre qualquer tema, o moreno observou os pássaros pretos ao céu rodearem-nos. À priori tal detalhe não seria algo que daria atenção, mas aves pretas o lembrava os corvos de Itachi e, ignorando veementemente a figura ao lado, Sasuke fechou os olhos mergulhando nas lembranças do irmão.

Itachi e o primo estavam deitados em um campo florido, deixando o Sol atingir seus rostos enquanto a brisa do dia trazia o cheiro floral até seus narizes. Ambos estavam em silêncio, descansando após alguma atividade sem importância, próximos ao ponto de seus dedos mindinhos se entrelaçarem. De repente, Shisui iniciou uma conversa.

— Tachi.

O jovem anbu grunhiu, embora não demonstrasse qualquer desagrado.

— Você já pensou na aparência dos nossos filhos?

Itachi, por sua vez, soltou o ar pelo nariz com diversão. Mais um questionamento típico e excêntrico do parceiro.

— Caso não tenha percebido, Shisui, nós não podemos reproduzir.

— Não seja um desmancha prazeres, Tachi – o mais novo ouviu o farfalhar ao seu lado, imaginando que o primo estivesse ajeitado a postura para se apoiar no cotovelo direito e olhá-lo atento – Vamos, você já é uma mãe-galinha com Sasuke, não seria muito diferente.

O herdeiro do clã franziu o cenho em desagrado.

— Não me chame assim. Sou apenas cuidadoso, você não é muito diferente comigo.

— A! A! – Shisui resmungou, levantando um dedo para contra-argumentar – a qualidade da preocupação é bem diferente entre nós. Eu não quero que seu corpo seja maculado por razões bem menos altruístas e mais... prazerosas – o maior ronronou, plantando um beijo no côncavo de sua orelha, ao passo que deslizava a mão outrora levantada sobre o corpo magro – Mas tenho que concordar, você é bem mais bonito que uma galinha, está mais para um passarinho que agracia este humilde ninja com tal visão.

O mais novo deles sorriu, finalmente abrindo os olhos para fitar o primo. Ao invés dos negros profundos, Shisui encontrou o escarlate vívido do Sharingan. Sasuke podia notar como os raios de Sol beijavam a pele um tom mais escura de Shisui e como o cabelo castanho adquiria um brilho ruivo, fazendo o coração de Itachi retumbar apaixonado pela beleza exótica diante dele.

— Gosto dos teus olhos, o formato e a cor são muito distintos dentre os membros do clã. Posso reconhecê-lo mesmo com máscara e à distância. E seus cílios são mais alongados que os da okaa-san – essa era a maneira de Itachi devolver o elogio, tocando levemente as pálpebras do outro.

Shisui sorriu alegre, feliz pelo amado continuar a fantasia dos futuros bebês, e em seguida segurou a mão de Itachi para beijar-lhe a palma.

— Os olhos da minha mãe conquistaram meu pai, certamente foi o que te conquistou também – ele falou, piscando forçado para satirizar o charme que mulheres costumavam expressar.

Itachi riu, sentindo-se livre para desfrutar daquele momento infantil e apaixonante. Há muito tempo ele não sorria tão abertamente por algo bobo, mas Shisui tinha a capacidade de despertar tais sentimentos nele.

— Apesar de você ser um mestre em genjutsu, Shisui, eu não preciso de uma ilusão visual para me apaixonar por você.

— Você não deveria dizer essas coisas, estou começando a acreditar que elas sejam verdade – resmungou embaraçado, roçando seus narizes.

Itachi sorriu.

— Você deveria confiar mais em mim.

— Já te disse, confio minha vida à você, Tachi – Shisui declarou, fitando seus olhos.

O jovem anbu sustentou seu olhar e sorriu mais uma vez, quando sentiu o braço forte puxá-lo para mais perto.

— Gostaria que nossos filhos tivessem essas suas covinhas fofas – Itachi sentiu seu rosto esquentar, mas não se afastou do beliscão em sua bochecha – Não faço ideia como você as tem, tenho certeza que Fugaku-sama é geneticamente incapacitado de sorrir.

Itachi riu divertido, dessa vez cobrindo a boca com a mão.

— Para sua informação, elas são de okaa-san, você só não as viu porque nunca prestou atenção.

— Oh, tem razão, pequeno gênio – Shisui falou enquanto batia dois dedos na testa do outro – Eu só tenho olhos para você. Nem mesmo a cara emburrada do seu pai ou a expressão gentil da sua mãe podem me distrair nas reuniões do clã.

— Você não deveria falar assim dos líderes do clã – Itachi zombou, acariciando os cachos rebeldes do amante.

Os olhos de Shisui brilharam com malícia. Em resposta, ele aproximou seus lábios dos de Itachi e sussurrou:

— Sabe o que mais eu não devia fazer? Foder com o herdeiro Uchiha até ele chorar.

No instante seguinte, Itachi rolou seu corpo sobre o de Shisui e atacou sua boca.

— Certamente, vou te engravidar agora, passarinho.

Ao que parecia, todas as memórias envolvendo os dois tinham um caráter sexual. Não que Sasuke estivesse incomodado àquela altura, mas era quase impossível uma memória que Shisui não se insinuasse para o irmão e que este aceitasse as investidas com prontidão. Além disso, Sasuke não tinha completa certeza até que ponto era normal um casal gastar tanto tempo fazendo sexo, dado que seus parâmetros de relacionamento não eram os melhores e as pessoas que conhecia na Vila também não aparentavam muita experiência, como Sakura ou Naruto.

Kakashi, no entanto, era uma fonte confiável para tratar sobre a questão, mas o estava evitando desde a conversa na cela. Ele já havia notado como abaixava sua guarda quando as memórias vinham à mente e como isso era uma consequência perigosa daquelas aventuras, principalmente para um ninja como ele, mas Sasuke não queria privar-se desse contato com Itachi e, agora, da descoberta de sua própria sexualidade. Para ele, Shisui não era atraente, nem o irmão, embora os reconhecesse como homens bonitos – principalmente Itachi com sua beleza andrógina tão semelhante à Mikoto – mas ele não se via interessado em contato humano para além de seu próprio corpo, ao menos por enquanto, e isso o fazia se questionar se tal comportamento era normal ou ao menos esperado. Em contrapartida, não se imaginava dividindo suas angústias com ninguém, pela vergonha e privacidade do conteúdo, afinal, os demais não precisavam saber o que fazia sozinho no distrito Uchiha.

Felizmente, até o momento ele não se sentia uma aberração. Era mais como um adolescente descobrindo o próprio corpo de modo tardio, com o diferencial de que possuía estimulação sensorial em todos os níveis.

Apesar dessas lembranças mais carnais, as favoritas de Sasuke eram àquelas em que Shisui se provou um amante realmente apaixonado, fazendo demonstrações elaboradas e simplistas de amor a todo instante. Era como se Itachi soubesse que deveria gravar tais momentos, porque havia uma necessidade de gravar Shisui que Sasuke nunca experienciou por ele mesmo. Nas memórias, Sasuke notou o padrão com que o primo abordava o irmão, com seus sorrisos fáceis, o apelido na ponta da língua, toques gentis no ombro e pescoço seguidos por alguma surpresa. Um comentário, um presente, um pacote com dangos. Shisui surpreendia Itachi nas mesmices cotidianas, reforçando o prazer de simplesmente cuidar do amado. A exemplo disso, Sasuke experenciou quando Itachi ficou dois meses fora da Vila em missão e ao retornar, cansado e com fome, Shisui o surpreendeu materializando-se na sua frente para beijá-lo com vontade. A presença repentina do amante, fez com que Itachi retesasse seu corpo e ativasse involuntariamente o Sharingan em defesa.

— Olá, amor – Shisui cumprimentou, após afastar um pouco seus lábios.

— Shisui – o mais novo disse, relaxando seu corpo, sem distanciar seus corpos.

— Senti sua falta, Tachi.

— Como soube que já havia chego?

— Mapeei a área há dias esperando pelo retorno da sua equipe. Tome, você deve estar faminto de viajar.

Em seguida entregou-lhe uma tigela do Ichiraku com porção extra de repolho. Itachi fitou a comida quente com tanta gratidão que sentiu seu peito se aquecer e sorriu levemente. O jovem anbu estava entorpecido pelo sentimento feliz que se alastrava por todo seu corpo e fez questão de transmitir seu amor ao erguer os olhos para Shisui, que já estava tagarelando sobre como Sasuke havia sido elogiado na academia naquela semana. O coração de Itachi deu um salto por ouvir o nome do irmão ser proferido com tanto carinho pelo amante, o que só serviu para reafirmar um conhecimento muito íntimo e secreto que tinha: que se algum dia ele precisasse se ausentar, Sasuke estaria em boas mãos. Shisui vivia dizendo a Itachi que confiava sua vida a ele, mas aquela promessa era totalmente recíproca por parte do herdeiro Uchiha. Ansioso, apaixonado e faminto por algo além da comida, Itachi se curvou e beijou o primo mais uma vez, calando-o por alguns instantes.

— Obrigado, por tudo – sussurrou, deixando que o mais velho absorvesse sua mensagem.

— Não precisa me agradecer por isso... – ele acariciou a testa do mais novo com o indicador e o médio, sorrindo de leve – Se eu não te alimentar, passarinho, você vai ficar com um quadro grave de desnutrição – zombou, empurrando Itachi para um banco próximo ao portão da Vila – Vamos, você pode reportar sua missão mais tarde, agora vamos comer.

Sasuke reconheceu o banco em um insight. Era o mesmo banco em que deixara Sakura desacordada quando fugiu de Konoha. Para ele, era interessante refletir como um simples banco poderia servir como palco para tantas demonstrações afetivas, fossem às direcionadas a ele próprio ou ao irmão. Ainda pensando sobre isso, Sasuke começou a se perguntar o que poderia ter ocorrido entre ele e Sakura se tivesse permanecido na Vila durante a adolescência. Tendo a experiência de Itachi como referência, talvez fosse natural que os laços de amizade evoluíssem para um vínculo amoroso, ainda mais quando o parceiro em questão já lhe endereçasse seu coração.

Sakura, por exemplo, nunca escondeu seu amor por Sasuke. Na verdade, pelo contrário, ela sempre esteve disposta a oferecer seus sentimentos ao Uchiha, independente do momento em que estivessem, tal como Shisui. Esse pensamento em particular assustou Sasuke. O amor que Itachi sentia pelo primo chegava a ser opressor, como se nenhum outro sentimento tivesse a chance de se sobrepor quando o mais velho estava ao seu lado. Era muito além de um bem-estar constante e compartilhado, remetia-se mais a uma motivação, um caminho e o próprio objetivo a ser conquistado.

Aquele sentimento parecia mover os Uchiha, mais do que o próprio ódio do qual foram amaldiçoados.

Foi por isso que Sasuke olhou para Sakura. Realmente olhou para ela, durante um jantar do time 7. Com base nos sentimentos do irmão, Sasuke se compadeceu pelo que a antiga de companheira sentia por ele, porque vivenciar a reciprocidade do amor era como se afogar em um mar de endorfinas, mas Sakura não viveu isso em razão dele próprio não lhe corresponder e, então, só lhe sobrava a angústia da rejeição. E, pior, Sasuke sabia que era fonte de grande tormento para a garota, que sofreu demasiadamente com sua fuga de Konoha e ainda com o caminho que percorreu ao lado de Orochimaru. Ele já havia se desculpado por seus atos para com ela, mas nunca parecia suficiente, em especial depois de ter sentido a dor de perder um amor pelos olhos de Itachi.

Sakura tinha a mesma idade de Itachi – ao perder Shisui – quando pensou que Sasuke havia morrido na missão em que enfrentaram Zabuza. O moreno lembrava-se de como o corpo magricela dela tremia sobre o seu, como estava difícil respirar com um peso a mais sobre si e como seus tímpanos doíam com os soluços da garota. Naquele momento, já adulto, Sasuke aprendeu a respeitar os sentimentos dela, bem como toda Sakura, mas a partir dessa reflexão ele a olhou com uma nova admiração. A dor de perder Shisui fora capaz de despertar o Mangekyou em Itachi e se Sakura fosse uma Uchiha nascida, provavelmente Sasuke não teria sido o único a evoluir seu Sharingan naquela missão.

— Sasuke-kun? – ela perguntou, depois de se sentir avaliada pelos olhos negros.

O antigo vingador desviou o olhar, mas percebeu que Kakashi o escrutinava com interesse. Sasuke decidiu ignorar qualquer sinal acerca do que o tutor pensava sobre ele no momento, decidindo-se por mergulhar em seus próprios pensamentos.

Tanto quanto Sasuke era alheio à verdadeira natureza do irmão, a pacífica, apaixonada e benevolente, Itachi era alheio àqueles que não fossem o próprio Sasuke ou Shiui, as fontes de seu amor incondicional. E assim era a irmandade entre ambos, um compromisso com a memória do ente querido e a abnegação em função do amor. A mesma abnegação que encontrava em Sakura que não mais forçava-se sobre si, apenas demonstrava satisfação por estar perto, sem a necessidade de exigir mais do que ele estava disposto a oferecer.

Desconcertava-o como se via alheio à realidade, no entanto. Ficou claro que Sasuke nunca de fato conheceu seu irmão, nem a seus amigos e muito menos seus próprios sentimentos. Em sua jornada por vingança não havia espaço para qualquer sentimento que não fosse o ódio e a determinação, por isso era como se fosse alheio a si mesmo. Em um dado momento, Sasuke não queria mais ser alheio a tanto do mundo assim, ao ponto de viver a partir do irmão. Contudo fazer essa transição de experiências exigia cuidado, uma vez que agora ele estava acostumado a dois anos com as perspectivas de Itachi. A primeira tentativa de superação disso foi Sasuke fazer seu próprio julgamento a partir de atividades comuns e sem potencial sexual para começar a se desvencilhar da sombra de Itachi, como comer dangos na vendinha favorita do mais velho próximo à entrada da Vila. Shisui, quando vivo, vinha ali buscar os doces favoritos do irmão, e Sasuke quis julgá-los a partir de seu próprio paladar.

A sobremesa tinha uma aparência bonita, embora os bolinhos de feijão vermelho cobertos de xarope cristalizado não fizessem sua boca salivar como um bolinho de tomate, mas Sasuke estava decidido a pelo menos experimentá-los. Ao mastigar e sentir a geleia se espalhar pela língua, o moreno sentiu o refluxo vir à boca. O sabor era horrível. Ele não tinha ideia de como ou porquê Itachi gostava tanto daquela massa doce e molenga. Talvez, Itachi só gostasse deles porque Shisui os trazia para si, quem saberia afinal? A contragosto, o jovem Uchiha engoliu a primeira mordida e afastou o restante de si com nojo.

— Sasuke-kun?

O ex-nukenin retesou suas costas ao ouvir a voz gentil de Sakura. Ele olhou sobre o ombro em sua direção e ela caminhou até ele com um pequeno sorriso.

— Nunca te vi aqui antes. Eu não sabia que você gostava de doces – ela franziu o cenho, observando o prato de dangos em frente a ele – bem, você deve ter mudado mesmo nesses últimos tempos.

Sasuke crispou os lábios. Ele não tinha mudado muito em relação ao paladar ao que parecia.

— O que você achou do dango deles? Eu venho aqui normalmente para comprar shiratama anmitsu – ela continuou a falar, sentando-se à mesa para lhe fazer companhia.

Sasuke ficou levemente incomodado com a naturalidade com que ela puxava conversa consigo e se aproximava, embora não fosse uma irritação como quando era jovem. Estava mais para uma apreciação de como essa extroversão era algo simples para a antiga companheira de time. Ele engoliu a seco e empurrou o prato para Sakura, sem olhá-la.

— Coma.

Sakura corou com o gesto e ergueu as mãos rapidamente, negando.

— Oh, não, Sasuke-kun, não quis dizer isso! Só estava...

— Não irei comê-los, se você não os quiser será desperdício.

A médica-nin se convenceu então, acenando para ele com a cabeça e pegando o dango à frente. Sasuke a observou comer com atenção e por sua expressão feliz, imaginou que talvez fosse por isso que Shisui trazia a sobremesa para o irmão no passado. Ele deveria apreciar como os olhos de Itachi se enrugavam, enquanto se deliciava, e como suas bochechas redondas se enchiam ainda mais pela mastigação. Sasuke engoliu a seco mais uma vez, notando o caminho que seus pensamentos estavam tomando.

— Preciso ir – disse rápido, levantando-se da mesa para escapar da Haruno.

— Sasuke-kun! – ela chamou, contornando a mesa e se aproximando dele — Naruto e eu vamos ao campo de treinamento daqui a pouco, por que não vem junto?

Ele assentiu e depois saiu da loja, perturbado com os próprios pensamentos. Era estranho que ele olhasse para Sakura dessa forma, apreciando seus detalhes e a comparando ao amante do irmão. Sasuke não conseguia nem se imaginar na posição de Itachi, uma vez que Shisui chegava a ser inconveniente por explicitar tanto seus desejos pelo melhor amigo, deixando o mais novo consternado. Sasuke teria uma crise nervosa se Sakura algum dia o olhasse e dissesse coisas como: vou te chupar tanto que você não vai ter mais chakra depois disso ou eu gosto do som da sua voz implorando por mim.

Sasuke apertou os próprios olhos e balançou a cabeça, tentando livrar-se da imagem mental que provocava um incômodo, agora já bem conhecido, em seu baixo ventre. Ainda com a sensação de desejo latente, o moreno correu para o campo de treinamento a fim de liberar a energia inconveniente, antes que outra ideia mais imoral e urgente surgisse. Para sua satisfação, Naruto e Sakura apareceram por volta de quarenta minutos depois, quando Sasuke já tinha dissipado qualquer desejo adolescente tardio de procriação.

Depois de tanto tempo lutando juntos, os três já estavam acostumados a treinarem apenas taijutsu dentro dos limites da Vila, para diminuir os impactos no campo, e a lutarem em duplas enquanto um terceiro observava o confronto. Quando Sasuke começou o treino com Sakura, não havia mais nada em sua mente para além do hiper foco nos punhos e pernas dela, com o olhar analítico de uma batalha. Sasuke estava usando o Sharingan apenas para que ambos tivessem uma luta mais emocionante. Naruto ora ou outra gritava incentivos para amiga derrubá-lo mais rápido – o que Sasuke admitia ser uma preocupação, uma vez que se ela o prendesse em uma chave, ele perderia a luta já que o combate corpo a corpo era uma vantagem para a kunoichi. Entretanto, Sasuke era mais rápido e usava sua velocidade sabiamente, o que lhe fazia escapar com facilidade dos golpes potentes dela, permitindo ainda uma contra investida.

A exemplo disso, o ex-nukenin deslizou para a esquerda ao lado de Sakura, pegando uma kunais e a mirando em seu rosto, o que obrigou a médica-nin a erguer sua própria ferramenta em defesa, fazendo o som do choque dos metais estalar ao passo que faíscas se espalhavam no ar. Sakura sorriu, olhando fundo em seus olhos enquanto deixava a respiração exalar e mantinha o aperto firme na kunai que segurava a dele. Por um momento, Sasuke refletiu na confiança com que a garota sentia em si. Não havia medo algum no olhar esmeraldino, mesmo que estivesse fitando o doujutsu de seu clã. Quantos outros ninjas teriam essa mesma coragem e segurança? Sasuke se perguntou se Itachi nunca havia tido receio em olhar tão intensamente para Shisui, como Sakura fazia consigo nesse momento, e isso bastou para que uma voz fantasma o assolasse.

— Você é excepcional, Itachi.

Sasuke vacilou e, como consequência, a lâmina de Sakura investiu contra seu rosto, fazendo com que ele cambaleasse para trás e a olhasse chocado. Sakura também notou sua falta de atenção e franziu a testa, como se não tivesse gostado do resultado. O Uchiha reconheceu que o bordão do primo foi ouvido apenas porque era um cenário bastante familiar, mas Sakura não sabia disso e estava prestes a questioná-lo. Ao invés de se deixar ser abordado, Sasuke avançou novamente contra a kunoichi, deferindo alguns socos e chutes que a fizeram recuar. Sakura se afastou e sorriu, confiante e focada na luta novamente. Ela correu em sua direção e ele, por sua vez, fez o mesmo, saltando sobre ela e chutando a lateral de sua cabeça após pousar atrás dela. Em contrapartida, Sakura agarrou seu calcanhar e o lançou para longe, quase em cima de Naruto, que já contava com a vitória da amiga. Sasuke se levantou, ignorando os berros do Uzumaki, a tempo de vê-la correndo em sua direção com a postura de quem daria um soco de finalização; mas, para seu Sharingan, a abertura do corpo dela era suficiente para que entrasse em seu espaço e a dominasse, sendo assim, ele correu ao encontro de Sakura. Quando estava a centímetros de seu corpo, Sasuke teve o lapso de ver Shisui entrar em seu campo visual com um sorriso malicioso. A cena foi muito rápida, milésimos de segundo, mas foi o suficiente para que durante sua surpresa, Sasuke soltasse a kunai, paralisado, e o braço de Sakura liberasse a onda de choque que atingiu o centro do seu diafragma, fazendo-o voar pelo campo de treinamento.

Sasuke não respirava e a dor em seu tronco era alucinante. Ele fechou os olhos e a boca, gemendo com dificuldade. O ex-vingador não era um ninja médico pra avaliar o estrago, mas não era comum aquela dormência em seu abdômen e peito a cada inspirar e expirar. Sakura e Naruto correram para o local em que tinha caído, preocupados com a sua falta de reação.

— Sinto muito! – ela disse chorosa, estendendo as mãos envoltas de chakra curativo.

Contudo, a voz que Sasuke ouviu era a de Shisui, bem como a imagem acima de si ao abrir seus olhos. O Mangekyou de Shisui brilhava onde Sasuke sabia que deveriam estar as jades da antiga companheira de time. Sakura tocou em suas costelas e a lamúria que saiu de seus lábios foi quase indigna. Sasuke também sabia que aquele não era um som propriamente seu. Ele fechou os olhos mais uma vez e se concentrou no terreno pisoteado abaixo de si, e não o pedregoso em que seu irmão costumava treinar com o primo.

— Devemos levá-lo ao hospital? – Naruto perguntou.

— Eu sou médica, Naruto! – Sakura reclamou, ainda concentrada no dano que tinha causado a Sasuke.

— Mas ele vai precisar de exames, certo? – o loiro resmungou.

Sakura ficou quieta, e Sasuke assumiu que isso era um sinal ruim, principalmente porque a ardência que sentia não melhorava mesmo com o cuidado inicial da colega.

— Sasuke-kun, o que você estava pensando? Por que não desviou? – falou preocupada.

Essa era uma ótima questão, à qual Sasuke não tinha certeza da resposta. Não fazia sentido em se manter na mira da kunoichi, quando ele sabia que deveria e que podia ter evitado o golpe. Ao que parecia, Itachi não tivera um reflexo muito bom com o primo nessa mesma situação, porque além de seu abdômen dormente, Sasuke estava começando a duvidar que a dor em suas costelas era realmente sua. Sasuke piscou os olhos, vendo o brilho verde refletindo no cabelo róseo e ao olhar para seu corpo, havia sangue em uma camisa que não era a que vestiu mais cedo naquele dia, o que fez Sasuke suspirar. Em partes estava aliviado por saber que não estava ferido gravemente, em partes estava preocupado justamente por estar alucinando com ferimentos e dores do irmão.

— Shisui – gemeu. Ele queria chamar o nome dela.

— E! Quem é esse? – Naruto perguntou aproximando-se e entrando em seu campo visual.

— Sasuke-kun, somos apenas eu e Naruto aqui. Você está me entendendo? – ela perguntou, tocando em sua bochecha e o fazendo olhar para ela.

Sasuke piscou algumas vezes e conseguiu ver Sakura claramente. O jovem Uchiha suspirou ao perceber como era familiar tê-la sobre si, quando sentia seu corpo tão dolorido, como durante a missão na névoa em que encontraram Zabuza. Ele sentiu seu coração descompassado e a respiração errática ao se lembrar daquele momento de quase morte na infância.

— Sim – respondeu, observando a expressão dela suavizar.

— Isso é bom – sorriu – porque Naruto está certo, precisamos te levar para o hospital. Vamos carregá-lo, tudo bem?

Ele não assentiu, mas seus colegas o levaram mesmo assim. Sasuke ainda teve mais dois lapsos de memória e consciência durante o percurso até o hospital, no qual teve quase certeza de chamar por Shisui e pelo seu próprio nome.

Ele acordou no hospital depois de sonhar com outra aventura do primo com o irmão, gemendo ao ter consciência de que estava despertando e de que o calor em suas calças era uma prova de seus sonhos sórdidos. Ele piscou os olhos e se sentiu envergonhado ao observar Kakashi sentado no degrau da janela do quarto muito branco e com cheiro desagradável de antisséptico. O Uchiha olhou para o mais velho, sabendo que o estava evitando como um garotinho que fez algo errado e tinha medo da punição; em contrapartida, o Hokage apenas parecia divertido com a cena de Sasuke acamado.

— Yô, Sasuke! Bom sonho? – ele perguntou, zombando do antigo pupilo.

Sasuke sentiu suas bochechas queimarem, mas evitou responder ao outro. No entanto, ele pressionou a manta do hospital em suas pernas e quadril para cobrir qualquer vestígio do seu corpo traiçoeiro, mesmo sabendo que isso já seria suficiente para o copy-nin atormentá-lo no futuro.

— Por que você está aqui? – perguntou, não deixando brechas para outros comentários sarcásticos do mais velho.

— Fiquei intrigado quando fui informado que dois dos meus alunos carregavam o terceiro desmaiado pela Vila. Naruto explicou que vocês tiveram um incidente no campo de treinamento e Sakura, por sua vez, me contou algo interessante... – a voz dele estava nivelada como sempre, apática até, mas Sasuke sabia a qual ponto ele queria chegar.

— Não foi nada. Me distrai e Sakura me acertou.

— E por acaso sua distração tem o nome de Shisui?

Sasuke nivelou seu olhar com o do ex-mentor e esperou. Ele não estava a fim de negar algo que ambos já sabiam. Kakashi pareceu entender sua posição, porque se aproximou com as mãos nos bolsos.

— Eu disse a você para ter cuidado, Sasuke. Você não deveria se aventurar nos fragmentos das memórias de Itachi.

— E por que não?

— Por que, Sakura e Naruto são seus amigos, mas o que teria acontecido se você estivesse com outros shinobis e vacilasse como hoje?

Sasuke rangeu os dentes, frustrado.

— Isso não vai acontecer. Tenho controle sobre as memórias, em geral, elas só aparecem quando eu me concentro e quero acessá-las.

Kakashi coçou o próprio nariz, como se não acreditasse na fala do mais novo e ponderasse o que dizer em seguida.

— O que aconteceu lá então?

— Por que você se importa de qualquer maneira? – retrucou, enraivecido pelos questionamentos.

O copy-nin deu de ombros.

— Já te disse, Sasuke. Não quero falhar com você e prometi que não deixaria um amigo morrer... Isso se aplica aos meus alunos também.

Sasuke sentiu uma leve gratidão por Kakashi ainda desejar manter essa preocupação, um tanto quanto paternalista. A verdade era que o Uchiha não lembrava-se com carinho do pai, Fugaku, e no que dizia respeito a Itachi, o prodígio tinha mais respeito e estima do que amor pelo líder do clã. Essa função, então, estava vaga desde sempre e Kakashi fora a pessoa mais próxima a ocupá-la. Ainda assim, Sasuke mantinha suas ressalvas.

— Precisa me dizer o que aconteceu para avaliarmos o risco de você continuar com isso. Ainda não contei aos outros, mas não precisamos que você comece a desassociar e se torne psicótico daqui uns meses.

Sasuke refletiu em silêncio sobre o enunciado por alguns segundos e depois concordou. Ele de fato não sabia com o que estava lidando e talvez a ajuda pudesse ser bem-vinda.

— Você conheceu outro Uchiha que fez o transplante de olhos de um membro do clã?

— Não. Fugaku-san levou consigo todos os segredos da sua família. Por isso você deve ter cuidado, não sabemos com o que estamos lidando e minha experiência com o Sharingan de Obito é limitada.

Sasuke anuiu com um meneio de cabeça. Kakashi, por sua vez, tocou seu ombro a fim de demonstrar apoio, estimulando-o a falar.

— Itachi e Shisui eram amantes. Não tenho certeza de quando começou, mas eles estavam em um relacionamento sólido há muito tempo – Sasuke olhou para Kakashi e ficou surpreso ao perceber que aquela informação não era uma novidade para o homem. Ele arqueou uma sobrancelha e o Hokage moveu uma das mãos com displicência.

— Veja bem, Shisui não era exatamente discreto em relação a seus sentimentos... e ele tinha uma tendência a ser protetor perto de Itachi – Kakashi o olhou com diversão, como se soubesse um segredo do qual o próprio Sasuke não sabia – Ele era especialmente ciumento quando eu estava próximo do seu irmão, mas usava a desculpa de que devia defender a honra do herdeiro do clã. É claro que era uma mera coincidência Itachi aparecer com algumas mordidas no pescoço após nós três nos encontramos.

Sasuke estalou a língua, divertido. Aquilo era bem típico do primo, agora que se lembrava melhor dele.

— Você tinha me dito que não sabia o quão envolvidos eles estavam.

— Ah... eu não me intrometo nos assuntos românticos de meus pupilos – Sasuke deu um olhar gélido ao antigo tutor. Se ele bem se lembrava, o mais velho tinha lhe dado um sermão na guerra por causa de Sakura – Naquele dia eu estava me referindo aos sentimentos de Itachi – Kakashi terminou de se justificar.

O Uchiha, por sua vez, ponderou aquilo e decidiu responder à pergunta que Kakashi realmente estava interessado em tomar.

– Quando vi Sakura mais cedo, comecei a pensar na qualidade do relacionamento do meu irmão e de Shisui, e durante nossa luta tive contato com uma memória de Itachi, o que me distraiu e foi obviamente um erro, uma vez que ela era minha oponente.

Kakashi anuiu e em seguida coçou o queixo com displicência.

— Existia alguma semelhança entre a luta de vocês e a do seu irmão?

Sasuke ponderou por instantes, chegando a conclusão de que não havia uma similaridade para além do treino conjunto.

— Não. Normalmente as lembranças são evocadas por algo ao redor ou pelos meus próprios pensamentos... no caso estava refletindo sobre a possibilidade de Itachi nunca ter hesitado em olhar para o Sharingan de Shisui, como Sakura estava olhando para o meu.

Kakashi arqueou uma sobrancelha e depois moveu a mão direita, como se dissesse para ele continuar.

— Isso é tudo. Foi apenas um momento de distração e o Mangekyou de Shisui apareceu para mim.

— Bem, se não há nada mais para acrescentar, sugiro que você deva ponderar sobre o porquê Sakura te lembraria Shisui.

— O que quer dizer com isso? – Sasuke franziu as sobrancelhas, desgostoso.

— Eu te disse antes que os Uchiha não eram sociáveis, Sasuke. Isso implica que eles se uniam apenas com aqueles que fossem dignos de sua atenção. Ou seja, a endogamia entre os membros do seu clã não se tratava apenas de uma política interna, mas do interesse pessoal de cada um de seus integrantes. E, segundo meu pouco conhecimento da sua família, era um tanto quanto desrespeitoso olhar para os olhos de seus membros, ainda mais se estes estivessem em uma posição social superior a sua.

Sasuke ficou em silêncio, absorvendo as palavras do antigo tutor. A primeira vista, o comentário não aparentava ter muita profundidade ou ser de grande ajuda, mas o antigo vingador sabia que o irmão tinha um interesse e um investimento em Shisui, bem como a sua mãe havia tido para com seu pai; e que a ação voluntária de encarar um Uchiha em seus olhos seria tido como um desafio pelo simples fato de que seus olhos eram seu trunfo. Sendo assim, Itachi e Shisui de fato se tratavam como iguais e tinham uma confiança plena um no outro, porque se utilizavam dos olhos como uma armadilha para os momentos sensuais e como a prova de confidências serenas.

Depois de ter desvendado Itachi, Sasuke agora notava como ele era dependente do primo, e como era perigoso aquele sentimento de amor incondicional. Mas à quem Sasuke ofereceria seu Sharingan, sua memória fotográfica, com as mesmas intenções? Sakura mais uma vez veio a sua mente, porém Sasuke não tinha certeza se valia a pena aquele investimento, aquela devoção sem limites. Ela certamente era digna de sua atenção e confiança, e de certa forma até lhe lembrava o primo, por causa dos seus sorrisos fáceis, sua obstinação, seu cuidado e acalento nos momentos difíceis e, se Sasuke fosse honesto, até mesmo seus olhos o atraiam, assim como Itachi se deslumbrava com os pertencentes a Shisui. No que dizia respeito a si próprio, Sasuke se lembrava de como o olhar dela brilhou na Guerra quando estava prestes a cair exausta e ele a amparou. Não havia dúvidas em Sakura. Ela entregava seu coração a Sasuke, como o primo fizera com seu irmão.

Sasuke fitou as mãos sobre a manta amarelada da cama, um pouco perdido com as implicações daqueles pensamentos. Mais uma vez, ele estava analisando uma situação a partir da perspectiva do irmão e isso era o que menos queria no caso desse assunto tão singular. O ex-nukenin olhou para o Hokage ainda na sala, que agora tinha seu famoso livro laranja aberto, inconsciente dos pensamentos imperntinentes de Sasuke.

— Você insinuou que Sakura...?

— Eu preciso ir. Venha ao meu escritório se quiser conversar mais. Vou deixá-lo agora – o Hatake falou, sem se importar com a pergunta mal formulada do mais novo.

Sasuke teve alta do hospital no mesmo dia e usou o seu tempo livre para refletir sobre o que o atual Hokage tinha lhe dito. A medida que pensava na antiga colega de time, novos pensamentos sobre Shisui pareciam dominar sua mente. Aos poucos, o Uchiha conseguiu notar um certo paralelo entre as ações e comportamentos do primo e da kunoichi, o que fez ressurgir o pensamento inoportuno de que Sakura, talvez, pudesse ser para ele o que Shisui tinha sido para seu irmão. Contudo, não havia meios para averiguar se de fato havia um interesse genuíno de sua pessoa pela Haruno ou se ela era apenas um bode expiatório dos seus desejos adolescentes tardios, ainda influenciados pelo namoro do irmão. Todavia, a única certeza que Sasuke tinha era de que ele não iria se envolver com Sakura até que ele superasse o alheamento dos seus próprios sentimentos e isso implicava a resolução do questionamento: ele gostava de Sakura por ela mesma ou ele gostava dela porque ela lembrava Shisui e a sua perspectiva estava corrompida pelos olhos do irmão?

Tendo em vista que permanecer em Konoha implicava o contato direto com a Haruno, ainda mais depois do episódio no campo de treinamento, a solução mais óbvia – e optada pelo Uchiha – era se distanciar, o que o fez procurar Kakashi para obter a permissão de sair da Vila por um tempo indeterminado, até que encontrasse aquela almejada resposta para sua crise existencial. É claro que Sakura foi ao portão junto com ele e o antigo sensei pedir-lhe mais uma vez para levá-la consigo, mas Sasuke não podia aceitar aquela oferta; no entanto, ele se sentia privilegiado e agradecido por aquela demonstração de carinho tão inocente. Afinal, agora ele já sabia o que era ter um sentimento tão opressivo como o amor por alguém que nunca lhe exigiu nada em troca e, ao invés disso, sempre esteve ao seu lado apenas para dar. Sasuke, então, ofereceu a ela o gesto mais carinhoso que ele poderia ter, o toque na testa que Itachi fazia consigo, e que Shisui fizera com ele antes disso.

[...]

Em sua viagem de expiação e autoconhecimento, Sasuke concluiu que ser o portador de olhos alheios, no fim, era um grande desafio porque não sabia qual lembrança dominaria seus pensamentos e corpo no próximo instante, mas ser o único vivo com o poder do Rinnengan era um mistério ainda mais impressionante. E ele se deu conta disso após sonhar com Shisui caindo de um precipício e ele, enquanto Itachi, se jogando atrás do corpo do primo, o que na realidade o fez cair da árvore em que dormia e atravessar um portal roxo-azulado que não tinha percebido ter aberto em meio a sonolência e o susto do despertar.

O que Sasuke encontrou do outro lado era sua passagem de retorno a Konoha.

À Sakura.

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NOTAS FINAIS

1 Diálogo canônico do anime/mangá, de Itachi e Sasuke na Guerra.

2 Diálogo canônico do anime, de Itachi e Kakashi pouco antes do massacre.

3 Trecho da novel do Itachi. Adaptei com o nome de Sasuke ali porque a ideia era que ele se sentia no lugar do irmão na cena do suicidio do Shisui, então eu imaginei que escrevendo assim ficaria legal. Se vocês quiserem ler toda a cena original, tem nessa pag: http://shipilv.tumblr.com/post/138867914108/itachi-and-shisui-last-encounter-anya-hen-pg (se você não souber inglês, abra o link pelo google chrome, que ele traduz a pag direto). Eu particularmente gosto muito dos diálogos deles em geral, mas a cena as novels do Itachi são riquissimas.

4 Doninha/Furão, já encontrei algumas traduções diferentes, era um jeito que alguém chamava o Itachi, ACHO que era a Mikoto, mas no caso ali eu quis dizer como sendo a máscara da anbu que ele tinha que vestir (e a personalidade de máquina mortífera atribuída a isso).

Eu gostei muito dessa história e espero que vocês também! Siiiim, Sasuke é um vouyeur sem querer ser KKKK Por isso eu achei ele um pouco OOC, eu duvido que o personagem faria isso. Sim, eu pretendo lançar uma continuação com esse ganchinho do final, será que vocês conseguem adivinhar qual é a minha próxima maluquice planejada? Heheheh Beijos!!!

Dec. 17, 2020, 11:01 p.m. 1 Report Embed Follow story
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The End

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Vany-chan 734 Fada do Fluffy e maluca dos angst. Luto pelo fim dos leitores fantasmas, por SasuSaku e por ShiIta, meus OTPs! "KakaSaku - Uma Chance para Nós" não será repostada aqui até ter sido devidamente betada, assim como "O Caminho que Trilhamos".

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Giovanni Turim Giovanni Turim
Ótima narrativa, escreve bem.
September 13, 2022, 19:37
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