vatrushka Bê Azevedo

Confesso que em determinados momentos, desejava a morte. Talvez fosse mais fácil - me tornar um fantasma e amedrontar trouxas pelo resto de minha existência. Mas infelizmente, eu era habilidosa demais para ser derrotada com facilidade. Creio que esta fosse a minha verdadeira maldição. * Esta é uma fanfic da saga Harry Potter. Eu (Vatrushka) a escrevi, mas o universo em que a história se passa e seus personagens não são de minha autoria. Eu montei a capa. * Essa fanfic também foi postada nas minhas contas do Spirit, Nyah! e Wattpad


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Ceia

1968


Era noite de Natal.

Não que eu particularmente me importasse.

Para variar, papai fingia civilidade, forçando a família a se unir para a ceia. Mamãe cumpria muito bem o seu papel de esposa submissa e obediente – não é como se lhe restassem muitas outras opções. Sirius, para variar, sentado na outra ponta da mesa, agia como se não estivesse presente.

Narcisa encarava a sua própria refeição como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Consigo vê-la apertando o tecido de seu vestido. Sei que não queria estar ali, e também sei que não estava lidando bem com a situação.

Eu a disse para ser forte, como sempre. Não demonstrar fraqueza. Não chorar, nunca, em hipótese alguma.

Aquela traidora do sangue não merece uma única lágrima sequer.

Era nosso primeiro Natal sem Andrômeda. Era impressionante a rapidez e a facilidade com que aquela que já chamei de irmã nos abandonou – literalmente assim que se formou em Hogwarts. Papai retirou seu lugar da mesa – dando-nos mais espaço.

Noite feliz, noite feliz…

Contenho o meu riso debochado. Papai certamente não gostaria de vê-lo.

Dizem que minha risada é muito estridente. Quase como se fosse uma válvula que, fechada por muito tempo, estourasse com maior intensidade.

Mas eu não ligo. Meu senso de humor é muito peculiar, eles não entenderiam.

Todos comiam em um silêncio quase mórbido. Conseguia sentir a tremedeira do elfo doméstico do meu assento.

Medo é uma emoção ridiculamente fácil de se perceber – quase consigo sentir o cheiro da adrenalina e do suor, ainda que a distância. Não são todos que são treinados a abafá-lo.

Bati na mesa com violência. O elfo soltou um pequeno grito.

Não pude evitar de rir. Narcisa também havia se assustado com meu movimento repentino.

“Bella…” Corrigiu-me meu pai. Um olhar seu já era o suficiente.

“Precisamos de ânimo nesta casa!” Exclamei, entediada. “Temos algum plano para amanhã?”

“Talvez você possa sair com o nosso estimado Rodolfinho…” Sirius gracejou, em um suave tom de voz.

Reagi com veemência, alterando um pouco minha voz. “Não quero mais saber de Rodolfo! Ele é irritante!”

“Você também é…” Murmurou Sirius para si mesmo.

Meu pai declarou, ao cortar a carne de seu prato: “Os Lestrange são uma excelente família. Não descarte-o ainda.”

“Lucius me disse que ele gosta de você.” Murmurou Narcisa.

Revirei os olhos. “Oh, não me diga!” Desde que havia perdido uma aposta tendo que beijá-lo, o Lestrange não largava mais do meu pé. Complementei: “Existem outras famílias boas. Não tenho que me prender a só essa.”

“Boas famílias estão cada vez mais raras, Bellatrix.” Meu pai reafirmou, com o tom autoritário de costume. “Não podemos nos dar ao luxo de perder os poucos contatos que nos restam. Não seja que nem a sua irmã.”

Pronto. Falaram nela. Era agora que o clima ficaria pesado o resto da noite mesmo.

“Nunca, papai.” Profetizei, de queixo erguido. “Sabe disso.”

“Bom.” Ele limitou-se a dizer. Apesar de ele não declarar sempre, sabia que tinha orgulho de mim.

Olhei para a minha mãe. Patética. Agora quem segurava as lágrimas era ela.

Senti a raiva crescer no meu peito. Bruxos de sangue puro se tornavam cada vez mais escassos, e os que sobraram estavam fragilizados. É frustrante.

Creio que estamos cada vez mais fracos e abalados. Os bruxos de respeito, que prezam pela tradição e manutenção do mundo mágico, estão sendo terrivelmente humilhados. Não tem mais voz no Ministério e estão perdendo cada dia mais a influência, enquanto sangue trouxa imundo suja o que resta da nossa história. Aparecem como ratos no bueiro, cada vez mais e mais.

O que eu não daria para melhorar as coisas. Para honrar meus antepassados e fazer o sangue mágico ser respeitado mais uma vez…

O buraco de nossa tapeçaria latejava na parede. Quero vê-lo queimar.

Dec. 7, 2020, 9:01 p.m. 0 Report Embed Follow story
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