Atravessou o corredor iluminado por grandes jarros com fogueiras dentro até chegar ao portal guardado por dois soldados fortemente armados - portando lanças, escudos circulares. peitorais, grevas e capacetes de crina lateral. Os dois homens a observavam chegar. Desde que adentrou o longo corredor, vários metros atrás, os guardas não tiraram seus olhos dela.
A mulher, que não trajava nada além de um robe branco com algumas pinturas obscurecidas pela baixa claridade do lugar, ramos de oliveira entre as orelhas e carregava em sua mão algo que, a distância, parecia uma lança feita de algum material brilhante.
Andraxa parou a poucos metros dos dois, batendo com a lança no chão. O som metálico ecoou e, para os ouvidos treinados dos soldados, revelou muitas informações sobre o motivo que levava aquela mulher até aquele lugar.
Se entreolharam sem mover suas cabeças da posição em que estavam - Você pode passar, mas eles não vou gostar de tê-la ai dentro junto a eles - Advertiu o da esquerda - Nós seremos punidos, mas não impediremos que VOCÊ vá até eles - Disse o da direita, enfatizando a palavra você claramente.
O portal se abriu, cada por sendo empurrada por um dos guardas que não ergueram suas cabeças para ver os olhares de desaprovação de alguns, a surpresa de outros e a impassividade daquele que apenas sentava-se sobre sua poltrona luxuosa.
- Com permissão de quem você entrou neste recinto? - A voz oleosa e impertinente de um dos homens que se banhava dentro da fonte foi a primeira indagação que ouviu - Andraxa, acho melhor você ter uma boa explicação para isso.. - Falou o outro que recolhia sua túnica escondendo seu sexo para que a mulher não visse - Você não tem modos, mulher? Olhe quem está nos acompanhando no nosso banho matinal - Bradou o terceiro que se levantava da piscina calma sem o menor pudor de se mostrar.
Ouvindo as sentenças dos homens a sua frente ela não fraquejou e avançou. Entrou na primeira piscina até encarar um dos que falava, o segundo. Olhou-o nos olhos e franziu o cenho. Sua mandíbula estava retesada, como se apertasse com força os dentes uns contra os outros. Bateu com a lança no ladrilho, dentro da água não reproduzindo o mesmo som que havia feito, após o mesmo ato, fora do salão de banho.
Parcialmente submergido um quarto homem tomou a palavra, após se erguer e cobrir-se com sua túnica - Andraxa, sua ousadia não será de valor nesse momento, saia de meu salão de banho e reze para que Athena faça-me ter piedade perante sua punição. Fui claro, capitã? - A voz dura, sem hesito e com pitadas prepotência ordena algo de forma que poucos na cidade poderiam fazer.
A mulher, pela primeira vez não avança mais. Estava pronta para bater uma segunda vez com a base da lança no ladrilho, dentro da água, mas parou com o movimento ao ouvir a frase que o homem falou - Majestade.. voc..o Senhor, precisa me ou.. - A voz tremulante mostra a incerteza e receio das palavras da capitã - Capitã, se acalme - A voz delicada como seda e ainda assim sinfônica e poderosa interrompeu o diálogo roubando a atenção dos homens e da mulher.
Era a figura que estava graciosamente acomodada em sua poltrona luxuosa e, que agora, sentado com postura nobre, com suas pernas cruzadas, sobre sua túnica de fio ímpar, e braços sutilmente apoiados nos apoios laterais, estava se pronunciando - Perdoe minha prepotência, Rei Melixionades, mas seus ouvidos não são sensíveis como os meus. Há apenas um metal nas terras dos homens que podem fazer esse barulho e não é algo criado por vocês - A figura coberta por panos finos estreitou seus enormes e puxados olhos ao mesmo tempo que movia suas orelhas cumpridas como se pudesse controlá-las - Onde você os encontrou, guerreira Andraxa? - Ele perguntou estreitando ainda mais seus olhos enquanto inclina-se para frente claramente aguardando ansiosa para receber sua resposta.
- Nos bosques, próximo a montanha Katrodemos, enquanto nos caçávamos - Diz a mulher com vigor renovado pelo incentivo recebido. Andraxa sabia muito bem que só havia uma pessoa em Akrixon que faria o Rei se calar e ele não era um ser humano. As suas palavras fizeram a sobrancelha esquerda da figura esguia se levantar demonstrando a atenção e curiosidade que ele sentia no momento - Conselheiro Allagariael, nobres e, meu Rei, Melixionades, por favor, deem ouvidos ao meu relato que vem a seguir, ele é verdadeiro e de suma importância - Diz a capitã, saindo de dentro da piscina de águas calmas e curvando-se em reverência a todos ali - Vou lhes contar o que aconteceu - Ela começa.
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