bura03 Bura _

Eu sempre quis ser mãe. Não havia um único dia da minha vida que eu não pensasse: “Caramba, um dia eu vou sentir todo esse amor, um dia eu vou sentir um pequeno e indefeso ser crescer dentro de mim dia após dia por nove lindos meses. ” Eu não sabia quando aconteceria, quem seria o pai dessa criança, como estaria a minha vida ou qualquer outra coisa para me preparar, eu só sabia que, um dia, teria esse bebê, o qual eu já o amava muito.


Fanfiction Anime/Manga All public.

#amor #dia-das-maes #mãe #mães #sonho #maternidade #jerza #fairy-tail #FT
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Capítulo Único

Eu sempre quis ser mãe. Não havia um único dia da minha vida que eu não pensasse: “Caramba, um dia eu vou sentir todo esse amor, um dia eu vou sentir um pequeno e indefeso ser crescer dentro de mim dia após dia por nove meses.” Eu não sabia quando aconteceria, quem seria o pai dessa criança, como estaria a minha vida ou qualquer outra coisa para me preparar, eu só sabia que, um dia, teria esse bebê, o qual eu já o amava muito.

Atualmente, eu já tenho um leve rascunho do futuro que meu filho encontrará. Eu já sou formada, já tenho estabilidade financeira, social, psicológica e mental, já sou casada a dois anos com Jellal Fernandes e enquanto meu esposo não chega eu estou aqui, no banheiro da nossa suíte, esperando cinco intermináveis minutos para descobrir se esse momento incrível que é a maternidade está acontecendo nesse instante no meu corpo. Eu sou Erza Scarlet, por sinal.

Os cinco minutos passaram e o teste já deve estar com as listras que eu tanto espero.

Eu nunca fui covarde, sabe, mas hoje eu estou com medo. Um medo tão grande a ponto de não conseguir me mexer, eu não tenho mais controle do meu corpo, quem tem é o medo e a insegurança. Eu e Jellal já estamos tentando a mais de um ano e nada, nunca dá certo, eu nunca consigo engravidar. Eu não consigo ter o nosso bebê. Ele sempre diz com um sorriso que é só questão de tempo, mas eu acho que não. Tem algo errado. Tem que ter.

Suspiro pesadamente e conto até três, minhas mãos tremem e suam pelas palmas. Estou ansiosa. Respiro profundamente e fecho os olhos, e ao levar minhas mãos até o teste, abro um olho e depois outro, viro o objeto e vejo o resultado: Negativo.

Mais uma vez, negativo.

Desvio o olhar para baixo sentindo as lágrimas virem, acabo saindo às pressas do banheiro e me jogando na cama. Eu não estou grávida. Acho que nunca estarei. Eu nunca serei mãe.

Faz uma semana que aquele teste deu negativo e secretamente eu marquei uma consulta com um médico. Faz mais de um ano que eu e Jellal tentamos ter um filho e, honestamente, eu sabia que o problema não é dele, já que o mesmo já foi doador de sêmen quando solteiro. O problema só podia ser comigo. Eu tentaria de tudo para alcançar a única forma de ser mãe, eu daria à luz a um bebê.

― Erza Scarlet, por favor. ― Ouvi a voz do médico na porta do consultório me tirar dos devaneios. Levantei e entrei em sua sala e sentei na cadeira destinada aos pacientes. Ele fechou a porta atrás de mim e se sentou na sua cadeira, atrás da mesa. ― Então, o que traz a senhora aqui? ― Perguntou gentilmente

― Doutor, eu não consigo engravidar. Eu e meu marido tentamos a mais de um ano e não conseguimos. ― Comecei ― Eu quero tentar fazer uma inseminação artificial, por favor.

― Bom, a senhora tem certeza? ― Perguntou

― Tenho e sei que meu marido me apoiará.

― Bem, então, eu irei prescrever alguns exames que vocês deverão fazer antes do procedimento, mas saiba, senhora Fernandes, essa é só a primeira etapa de um longo processo.

― Eu entendo, doutor.

Faziam duas semanas desde a última consulta e, hoje, após a entrega de exames eu e Jellal começaríamos mais uma etapa para a inseminação.

O médico me deu um sorriso bondoso enquanto abria o envelope dos exames e eu senti a mão de Jellal apertar levemente a minha, me dando força.

― Vai dar tudo certo. ― Ele sussurrou e eu lhe devolvi um sorriso confiante, enquanto isso o médico lia meus exames.

― Me desculpe. ― O profissional começou.

― O que foi doutor, algo errado? ― Meu marido perguntou.

― Infelizmente, sim. Eu sinto muito, mas a senhora não pode ter filhos. Você é é estéril.

― O que?

Depois da notícia que eu era estéril, eu entrei numa espécie de depressão. Não comia, não dormia, não fazia nada, apenas ficava na cama, sem vontade de viver, eu só queria morrer. Eu não me sentia mulher.

Se passaram dez meses desde que meus sonhos tinham sido desfeitos, admito que nunca mais fui a mesma. Havia deixado meu emprego cerca de seis meses atrás, me afastado dos amigos e família e eu sabia que não demoraria para que o meu marido me deixasse também, para que meu casamento também findasse. A única coisa que se manteve estável era o sentimento de que meu maior sonho havia sido perdido para sempre.

― Assine isso, Erza ― Ouvi Jellal me chamar e me virei para ele. Observei alguns papéis em suas mãos, na certa eram os papéis de divórcio. Não sei, não tinha certeza, não me importava também. Não perguntaria o que eram, se fosse mesmo o divórcio eu ficaria feliz em dá-lo, pois sabia que não era certo prender o homem que amo a uma mulher como eu, seca e podre por dentro. Uma mulher que nunca poderia lhe dar um filho. Foi por isso que assinei os papéis sem nem ao menos olhar do que se tratavam.

Faziam uns dois meses desde que eu assinei os papéis que Jellal pediu, acredito que não eram o divórcio, já que ele não saiu de casa e nem apareceu com uma outra mulher. Quanto ao meu estado, eu continuava na mesma. Morrendo aos poucos, ficando tão seca por fora quanto sou por dentro. Meus pensamentos foram interrompidos por um leve balançar no meu braço, me virei e vi Jellal me encarando.

― O que é, Jellal? ― Falei grosseiramente. Ultimamente tenho ficado mais irritada, acho que quero lhe afastar de mim.

― Venha comigo até a sala, Erza.

― Eu não quero! ― Gritei ― Eu quero ficar aqui, eu e a minha incapacidade de ser mulher!

― Pare de besteira e venha comigo, Erza. ― Falou sério e com a voz mais grave que o comum. Ele estava zangado, provavelmente havia ficado com a minha atitude. Suspirei me sentindo derrotada, coloquei meus chinelos e desci com ele até a sala. Talvez não fizesse mal esticar as pernas.

― O que tem na sala? ― Perguntei enquanto descia as escadas.

― Você verá. ― Me respondeu com um sorriso mínimo. Não entendia o porquê daquele mistério todo, mas aceitei e desci as escadas até a sala, quando me virei até onde ficava o nosso tapete, tomei um susto. Havia uma criança ali, um bebê de não mais de um ano, com cabelos levemente roxeados, pele branca, olhos avelãs e as bochechas rosadas mais fofas e lindas desse mundo.

― O que é isso? ― Perguntei atordoada enquanto fitava o garotinho balançar um chacoalho colorido e rir do barulho que o brinquedo fazia.

― Isso não, Erza.

― Quem é ele? ― Repeti a pergunta, agora, de forma melhor.

― O nosso filho.

― O que? ― Falei mais atordoada ainda.

― O nosso filho ― Repetiu.

― Ele não é nosso filho! ― Falei apontando para o menino.

― É sim. ― Afirmou ― Eu e você o adotamos.

― O que? ― Minha cabeça virou um turbilhão de pensamentos. Os papéis! Era um termo de adoção, então?

― Erza, ― Ele se aproximou e pegou em minhas mãos ― ser mãe não é apenas dar à luz ou conceber uma criança. Adotar também é um ato de amor, adotar te faz mãe. ― Falou e meus olhos se encheram de lágrimas ao ponto da visão do rosto de Jellal ficar embaçada.

― Ele é mesmo nosso? ― Perguntei com a voz embargada. Aos poucos, a ideia de ser mãe mesmo sem dar à luz a uma criança foi sendo aceita pela minha mente. Surpreendentemente, Jellal pegou o menino que estava no tapete e o colocou no meu colo.

― É sim ― Falou abraçando meu corpo e o do nosso filho e me dando um beijo na testa. ― Nós somos pais, meu bem. ― Eu sorri e deixei as lágrimas descerem enquanto olhava emocionada para o meu filho. Agora eu tinha um filho.

Anos depois....

― Mamãe! ― Benjamin¹ correu até mim com uma folha em mãos.

― Olá, querido ― Abracei meu filho que acabava de sair da escola. Agora, ele já tinha seus quatro anos de idade e já era um mocinho muito alegre e inteligente

― Mamãe, mamãe, ― ele balançava a folha muito contente ― eu fiz isso para você! ― Me entregou a folha levemente amassada e eu sorri quando vi o que havia nela, um grande coração azul com algumas lantejoulas vermelhas e muitos rabiscos em volta, digitado acima havia a seguinte frase “A palavra mãe não é um substantivo. É um verbo. ” Eu sorri lendo e meus olhos marejaram com o pequeno gesto do meu filho. Era mais um dos tanto trabalhinhos escolares para o dia das mães, mas para mim era especial. Era apenas uma folha de papel para uns, mas para mim era o melhor presente do mundo.

As lágrimas desceram pelos meus olhos e caíram presente de Benjamin.

― O que foi, mamãe? ― Ele perguntou com a inocência que só uma criança pode ter, ao fitar minhas lágrimas caindo pelo papel. ― Está triste?

― Não, não ― neguei enquanto tentava limpar as lágrimas com as costas da mão ― É que a mamãe está tão feliz que a felicidade dela está transbordando pelos olhos. ― Falei e eu vi a carinha de preocupação dele se transformar num sorriso brilhante ― Eu te amo, filho!

― Eu também te amo, mamãe ― Respondeu e eu o abracei com força.

Outra mulher deu à luz ao meu filho. Eu estava enganada quando achava que o veria crescendo em meu interior. Eu estava enganada quando achava mães são aquelas que põem filhos no mundo. Existem diversos tipos de mães, tão variados quanto os tipos de amor. Existem as mães que tem seus filhos do próprio ventre, mas existem as que os adotam. Existem mães que seus filhos têm quatro patas ou uma cauda, mas ainda assim são amados. Existem mães que... não, não, eu paro por aqui. Existem muitos tipos de mães, em todos os lugares e não seria justo lista-las, eu sempre esqueceria de uma ou outra. Só saibam que ser mãe é saber o real significado do verbo amar e hoje, com orgulho, eu digo: eu sou mãe.


¹ Benjamim quer dizer, de acordo com minha pesquisa, filho da felicidade.

Aug. 24, 2020, 5:44 p.m. 0 Report Embed Follow story
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The End

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Bura _ Quase engenheira| Agnóstica| Whovian| ENFJ-T| Viúva do Tennant| Apaixonada por Vegebul e pela Mulher-maravilha| Ficwritter e leitora sempre que dá| Fã de muitas coisas| She/ her

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