nathymaki Nathy Maki

Midoriya e Ochako andavam muito desconfiados com o motivo de Iida rejeitar seus convites para as reuniões semanais sucessivas vezes. Portanto, eles começam uma pequena investigação e passam a seguir Iida pela cidade, determinados ao chegar ao fundo daquele mistério. O que eles não esperavam era o que iriam encontrar ao fim do caminho.


Fanfiction Anime/Manga All public.

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Capítulo Único

Olá! História escrita com uma mãozinha (e ideia inicial) da Kayane LuyeShu, muito fofa ela gente! Pois é, era para ser curtinho, mas controle pra quê mesmo, não é? Boa leitura e espero que gostem!

***

— Sinto muito, mas vou ter que recusar.

Foram as palavras de Tenya Iida para os dois amigos que agora o fitavam um pouco decepcionados. Midoriya, Uraraka e o jovem representante de classe tinham o hábito de fazer pequenas reuniões entre eles para apenas papear nos períodos livres entre aula. E, apesar de cada um estar ocupado com seus próprios treinos, a recusa de Iida naquele dia era algo bem atípico.

— Fizemos algo de errado, Iida-kun? — Ochako indagou, os olhos castanhos brilhando de preocupação.

— Claro que não, eu só tenho planos marcados para o final de semana.

— O que você vai fazer? — foi a vez de Midoriya perguntar, já que como os três eram próximos e tinham uma relação muito sólida em sua amizade, não era raro que eles compartilhassem os planos para os dias livres. Porém, ele não pôde deixar de notar o quão rápido o ar de seriedade se esvaiu do rosto do amigo e se tornou algo cauteloso embaraçado.

— Er... nada que tenha que se preocupar. Se me der licença, preciso entregar esse relatório para o Aizawa-sensei antes que o período livre acabe.

Os dois o observaram sair tão rápido que podiam jurar que ele tinha usado sua individualidade para isso.

— Também achou isso estranho, Deku-kun?

— Você notou? — Izuku se voltou para a amiga, os olhos verdes muito acesos naquela típica expressão de quem cataloga hipóteses. Não seria uma visão estranha se no instante seguinte ele pegasse o seu caderno e começasse uma profunda análise repleta de murmúrios incessantes. — Será que aconteceu alguma coisa?

— Ou talvez seja mesmo culpa nossa e ele é apenas é educado demais para dizer.

Foi nesse momento que a confusão se formou. Os dois começaram a acreditar que haviam feito algo de errado, talvez magoado Iida de alguma maneira, e permaneceram na sala remoendo a situação e todas as conversas anteriores que haviam tido em busca de alguma pista ou indicação do que poderia estar errado. O resto dos seus colegas vendo a situação que se armava, decidiram que era melhor interferir antes que se tornasse algo muito maior do que parecia.

— Vocês dois não deviam se preocupar tanto — Kirishima falou, como sempre atuando como um suporte para os amigos e tentando ser a voz da razão. —, o cara só tem planos. Não é como se ele estivesse fugindo de vocês nem nada.

— Mas o Iida-kun não faz planos! — Ochako retrucou. O que era um fato conhecido por todos, visto que mesmo nos dias livres era raro ver o representante se aventurando além dos treinos e estudos.

— As pessoas não são sempre constantes, Uraraka-san — Yaoyorozu também se intrometeu na conversa. — Talvez seja algo que ele ainda vá contar a vocês e apenas esteja esperando o momento certo. Então, se esse for o caso, o melhor é não forçar nada e apenas esperar ele estar pronto no próprio tempo e nos próprios termos.

Quando Momo falava assim, fazia bastante sentido.

— Isso mesmo, deixe para a próxima vez — Kaminari ecoou. — Tenho certeza que vai dar certo.

Midoriya e Uraraka se entreolharam, pensando que talvez estivessem exagerando um pouco e acabaram cedendo as palavras da amiga.

— Talvez você tenha razão, Yaomomo.

Ou era o que eles tinham pensado. Entretanto, na vez seguinte, a situação se repetiu. De novo. E de novo. E mais uma vez! Sempre com uma desculpa diferente:

— Vou visitar meu irmão no hospital, sinto muito.

— Tenho uma reunião de família marcada para esse final de semana, então não posso.

— Tenho que fazer uma limpeza nos meus motores, talvez na próxima.

Infelizmente para ele, Iida era um péssimo mentiroso. Então os dois amigos logo de cara perceberam que aquela situação não era exatamente tão simples quanto Momo os havia feito acreditar. Foi nesse ponto que Izuku e Ochako desistiram de ser 'bons amigos que respeitam limites' para se tornarem 'duas mães preocupadíssimas'. Então, após várias discussões e com a velha justificativa de ‘as boas intenções justificam os meios’, eles optaram por seguir o amigo, depois deste negar mais uma vez sair com eles no fim de semana seguinte, para tentar pôr um fim em todo aquele mistério.

E qual não foi a surpresa deles, quando Iida se afastou do almoço com a desculpa de atender um telefonema, dispensando as perguntas preocupadas dos dois, ao descobrir o motivo. Como se fossem uma só unidade, ambos se entreolharam e assentiram, enfiando-se embaixo da mesa e seguindo o amigo em uma tentativa de se manterem ocultos, sem se dar conta como suas ações pareciam hilárias para os demais. Eles se aproximaram de um dos nichos mais tranquilos para o qual o amigo havia fugido e se esconderam atrás dos vasos de plantas tentando fazer o menor barulho possível e apurando os ouvidos para captar a voz baixa do amigo.

— Alô? — Iida atendeu a ligação. — Ah, Toshi?

Midoriya e Ochako se entreolharam e sussurraram um para o outro:“Toshi?!?!”

— Sim, eu estou bem. — Ele aguardou, ouvindo o que a outra pessoa respondia do outro lado com um sorriso discreto. — Ah, é tão bom ouvir sua voz agora.

Os dois detetives tinham os olhos muito arregalados. Ochako murmurou para Midoriya com apenas o mover dos lábios: “Ouvir a voz de quem??”

— No mesmo lugar de sempre? Na cafeteria? Tudo bem, estarei ansioso.

“Ele tem um encontro!” Izuku devolveu, tendo a boca tampada por Uraraka no exato momento em que Iida encerrava a chamada. Eles se agacharam mais em seu esconderijo e rezaram fervorosamente para que o amigo não os notasse ali, só respirando aliviados de novo quando este já havia retornado ao seu lugar.

— O que você acha, Deku-kun? — Ochako cochichou, espiando-o voltar a comer tranquilo sua refeição como se nada de mais houvesse acabado de acontecer.

— Com certeza ele está escondendo alguma coisa. — Izuku assentiu, as mãos enfiadas no queixo enquanto sua mente corria a mil. — E ‘Toshi’? Acha que é alguém da família dele?

— Não seja bobo, está na cara que é um apelido carinhoso para alguém.

— Então... — Midoriya começou, um pouco hesitante. — Talvez seja melhor parar por aqui, Uraraka. Se isso é algo pessoal, significaria então que estaríamos invadindo a privacidade dele se continuássemos a segui-lo.

No entanto, para sua surpresa, Ochako o olhou com tanta intensidade que o garoto quase podia jurar que Iida os havia descoberto.

— Pelo contrário, Deku-kun. Isso só torna a nossa missão ainda mais importante. Precisamos saber se essa pessoa é alguém de confiança e se não está apenas enganando o nosso amigo! É um caso de vida ou morte!

— Tem certeza disso?

— Absoluta! — Ela ergueu o punho, um fogo silencioso ardendo em seus olhos. Afinal, proteger um amigo também fazia parte de suas funções como heróis. —Pensa comigo: o Iida-kun é o irmão mais novo de um herói famoso, vem de uma família e tem status conhecido, e se essa pessoa só estiver se aproveitando dessas coisas para benefício próprio? Por isso precisamos continuar, para o bem do próprio Iida-kun. Ao menos, até que possamos ter certeza que está tudo bem.

Midoriya concordou e ambos abandonaram o esconderijo para retornar à mesa na qual estavam almoçando.

— Aonde vocês foram? — Iida perguntou, aparentemente alheio a todos os planos em andamento recém-feitos. — Não sabem que é desaconselhável deixar a comida assim descoberta por muito tempo?

Os dois amigos se entreolharam antes de retomar seus lugares a sua frente.

— Sinto muito, Iida-kun. Tivemos uma emergência e precisávamos muito ir ao banheiro.

— Os dois? — Ele os encarou, as sobrancelhas erguidas em desconfiança. Midoriya e Ochako assentiram solenemente. — Muito bem então, desde que não tornem isso um hábito.

— Não se preocupe, senhor representante de classe, não vamos.

***

O Sol estava radiante no sábado. As folhas ondulavam com a brisa fresca que apaziguava o ar abafado do verão. Tudo estava calma nos dormitórios da U.A. Ao menos, era isso que aparentava. Na entrada principal, Iida se despediu dos colegas, alegando que voltaria em breve e calçou os sapatos para sair rumo ao seu encontro.

— Divirta-se, Iida-kun — Ochako sorriu, acenando para o amigo. Quando a porta se fechou, separando-os, a garota agarrou a manga de Midoriya e o arrastando pelo corredor com uma determinação inabalável. — Ele saiu, Deku-kun, é a nossa hora! Vamos fazer isso pelo bem dele!

Do lado de fora, Iida caminhava com tranquilidade até o ponto de ônibus mais próximo aos dormitórios, ignorante quanto a dupla de detetives (eles haviam saído pelos fundos e dado a volta no prédio para encontrá-lo) que o seguia sem muita discrição. Bom, roupas pesadas e óculos de Sol grandes e de armação pesada não era exatamente o disfarce ideal, mas Midoriya e Uraraka não haviam pensado nisso tanto quanto deviam. Eles se esconderam na brecha entre duas casas e se revezaram para observar o amigo encostado na parede do muro o maior sorriso que ambos já haviam o visto esboçar, enquanto olhava de um lado para o outro da rua pouco movimentada e então para a tela do celular em um aparente tique de ansiedade não reprimida.

— Eu nunca vi ele sorrindo assim — Uraraka comentou, puxando os óculos escuros para longe do rosto e se abanando com a mão. Realmente, aquelas roupas haviam sido uma péssima ideia naquele calor.

— E eu nunca vi ele bater o pé tão rápido, deve estar muito ansioso para encontrar quem quer que seja. Muito embora... ‘Toshi’, não é? Tenho a sensação de que esse nome é muito familiar. Onde eu o ouvi antes...?

Os olhos de Uraraka se arregalaram como duas moedas enquanto ela escutava os murmúrios indistintos de Izuku e o começo de uma ideia começava a se formar em sua mente. Ela agarrou a mão do amigo num súbito rompante de inspiração e começou:

— Deku-kun, acha que...

Não houve tempo para concluir o pensamento, pois a pessoa que ambos — e Iida — aguardavam tão ansiosamente havia chegado com um aceno tímido. E qual não foi a surpresa deles, quando perceberam que o estranho misterioso não era ninguém menos que Shinsou Hitoshi, da sala 1-C. O mesmo que havia enfrentado Midoriya durante o Festival de Esportes. A boca de Ochako se abriu e ela murmurou baixinho:

— Eu sabia...

— Toshi, Hitoshi, como eu não percebi antes? —Midoriya se lamentou. — E eu lutei contra ele!

— Isso é ruim, Deku-kun — Ela disse, observando os dois se encontrarem em abraço caloroso. A postura de Iida estava mais relaxada, os músculos deixando parte daquela tensão acumulada se esvair. Ele parecia de algum modo diferente, parecia não agir de forma tão... perfeitamente correta? Não haviam mais gestos de robô e movimentos duros, apenas só mais um garoto normal saindo em um encontro casual. — E se ele estiver controlando ele? Não é essa a individualidade dele?

— Eu acho... — Izuku estudou os movimentos mais relaxados de Iida. — Não sei, Uraraka, não acho que Shinsou seria esse tipo de pessoa. Ele quer ser um herói também, afinal.

— Mas concorda comigo que Iida-kun está agindo diferente, não é? — Ela insistiu. —Quer dizer, olhe só para ele! Com certeza aquele garoto está controlando o nosso amigo. Venha, precisamos intervir logo antes que algo de ruim aconteça.

A garota arrastou Midoriya consigo enquanto seguia a passos duros em direção ao local onde os outros dois se encontravam. Eles estavam prestes a abordá-los, quando Shinsou acenou com uma mão em direção à rua, conversando de forma agradável com Iida, e um táxi parou no meio fio. E, rápido assim, tudo aconteceu. Eles entraram no carro e deixaram uma Uraraka e um Midoriya os observando partir com os olhos arregalados.

— Não acredito que perdemos eles! — ela exclamou, indignada.

— Talvez tenha sido melhor assim — Izuku ponderou.

— Não diga isso! E agora o que faremos, Deku-kun?

O garoto encarou a amiga, ponderando o melhor a se fazer no momento.

— Isso é muito importante para você, não é? — Ela assentiu vigorosamente. — Muito bem. Vejamos o que posso fazer. — Ele respirou fundo, puxando o telefone do bolso e seus olhos passaram a ter aquele brilho focado que a garota sempre presenciava quando ele estava imerso em suas análises. — O Iida-kun falou de uma cafeteria pelo telefone, semana passada ele bateu a foto de um gatinho e publicou no Instagram. Como sabemos que ele não tem um bichinho e o gatinho estava bem cuidado o bastante para ser um gato de rua, isso só pode significar que ele foi a algum lugar que é experiente em tratar desse tipo de animal. Levando em conta o índice de análises local e a quantidade de citações, junto ao fato deles terem pegado um táxi, isso só pode significar que os dois foram ao Cat Café do distrito vizinho que vem ganhando muito destaque nas mídias sociais. — Os dedos se moviam como flashes pela tela, digitando algo na barra de pesquisa. Com o resultado obtido, ele ergueu o aparelho para ela, mostrando uma imagem de um bonito edifício arborizado, com uma cobertura colorida e uma vidraça na qual era possível ver várias caras felinas espiando curiosas o lado de fora. — O nome é Black Cat Coffee e este é o endereço.

— Uau, isso foi incrível, Deku-kun! — Os olhos castanhos de Ochako brilharam de empolgação. — Pareceu até aquele detetive famoso, Sherlock Holmes.

Midoriya levantou os braços para esconder o rosto que brilhava em um vermelho vibrante.

— N...não foi nada.

— Foi fantástico sim! Agora podemos ir até lá e ver por nós mesmos se está tudo bem. Vamos!

Sabendo que depois que Ochako colocava algo na cabeça nada poderia impedi-la, Midoriya apenas assentiu, guardou o celular após memorizar o endereço e a acompanhou até o metrô, preferindo acompanhá-la de bom grado para se assegurar que nada de errado acontecesse.

***

Enquanto a dupla de detetives estava presa no metrô, avançando em direção ao local onde o amigo estava em seu encontro; no Cat Café, Iida e Shinsou se encontravam cercados de gatos e com enormes sorrisos na face.

O jovem representante da classe 1-A tinha um ar tranquilo, seus movimentos estavam menos rígidos e ele parecia agir mais como uma pessoa normal e menos como um robô. Seu corpo estava mais relaxado e parecia rir mais naturalmente enquanto ele e Hitoshi conversavam e os gatos pareciam pensar que o garoto era algum tipo de parente, escalando suas costas e se pendurando em sua cabeça, aninhando-se para dormir bem ali.

Era um fato àquela altura que Iida não conseguia parar de olhar para ele, os olhos focados e brilhantes, as maçãs do rosto levemente avermelhadas, exatamente como quem aprecia uma bela obra de arte. Já Hitoshi que aparentava estar sempre tão cansado e abatido, com olheiras marcadas na pele sob os olhos e tom pálido, agora parecia ter energia de sobra. Ele sorriu com sinceridade e sem um pingo de sarcasmo, olhando de canto para Tenya quando este estava distraído em afastar os felinos de seu cappuccino, sem se dar conta do sorriso bobo que lhe tomava os lábios. Iida gostava de estar ali, gostava de descansar sua cabeça na curva do pescoço de Shinsou, sentindo o perfume que dele emanava e o acalmava com tanta eficiência. Ele amava aquele cheiro. Gostava do modo que o cabelo dele caía sobre a testa quando estavam correndo e do leve repuxar dos lábios quando ele ria de algo que falava. Era uma de suas expressões favoritas.

Eles estavam saindo para aqueles encontros há alguns meses, logo após o incidente na sala da 1-A antes do Festival de Esportes quando Shinsou procurou Iida para se desculpar pelo seu comportamento naquele encontro e durante os jogos e o outro garoto o surpreendera ao convidá-lo para um café como forma de compensar o modo grosseiro que aquele loiro explosivo havia o tratado. Shinsou aceitou, nunca esperando que fosse gostar tanto da companhia e muito menos que acabasse desejando que a saída pudesse durar mais. Os dias haviam se passado e em sua mente, as cenas daquela conversa e a calma que tomara seu corpo continuavam voltado. Ele não queria admitir, mas sentiria falta de conversar com o representante novamente. Por isso, desistindo de resistir aos argumentos mentais que mantinha listados, na vez seguinte, ele o havia convidado para um café. Para sua surpresa, Iida havia aceitado sem nenhuma dificuldade.

O que os trazia de volta a esse momento e ao conforto que era estar ali ao lado dele novamente. Era claro que eles se gostavam, mas eles não namoravam oficialmente, apesar ambos querem muito dar o próximo passo, no entanto, não sabiam como fazer isso. Hitoshi era um pouco inseguro e Iida tinha medo de estar apressando as coisas. O representante era muito observador e sabia de quase tudo que Shinsou gostava, bem como seus medos e preocupações. Ele também tinha noção da própria posição e do fato de que sua família poderia não ser tão receptiva quanto desejava. Acontecia por vezes das famílias mais antigas e dedicadas as carreiras heróicas de se tornarem um pouco conservadoras. E, apesar de desejar dar o próximo passo e proclamar para o mundo que Hitoshi era dele, Iida estava bem com a situação atual. Tudo o que ele queria era apenas fazê-lo feliz. Não havia decepção ou tristeza, eles estavam bem daquele jeito. Era o suficiente.

— Então, mesma hora semana que vem? — Shinsou perguntou, timidamente, fechando a porta enquanto Iida conferia que nenhum gato os havia seguido até o lado de fora. O representante sorriu suavemente, esticando o braço para lhe entrelaçar os dedos.

Nisso, Ochako e Izuku haviam acabado de chegar ao endereço procurado, bem a tempo de vê-los entregues em um caloroso abraço. Midoriya corou, culpa caindo em seu estômago por estar presenciando algo tão particular. Ele não sabia ao certo do que Uraraka ainda desconfiava, mas para ele, os dois pareciam gostar bastante de estarem na companhia um do outro. Os dois alvos se separam, olhando-se nos olhos na porta da cafeteria e antes de se despedirem. Havia algo de estranho na cena, mas Izuku não sabia nomear o que exatamente lhe incomodava.

— Muito bem, o plano é o seguinte: você vai distrair o Iida-kun enquanto eu tenho uma conversinha com o tal Hitoshi sobre os seus verdadeiros propósitos com o nosso amigo.

— Por favor, tente ser um pouquinho gentil com ele. Nunca se sabe, Shinsou pode ter boas intenções.

Uraraka apenas assentiu de forma ausente e correu para alcançar Shinsou que havia dobrado a esquina na direção oposta à que Iida seguia. Midoriya suspirou e pôs-se a andar, chamando Iida que permanecia parado na porta do Cat Café.

— Midoriya? — Iida recuou subitamente, surpreso.

— Oi, Iida-kun, que coincidência, não acha?

— O que faz aqui? — Ele ajustou os óculos no rosto que haviam escorregado um pouco com o gesto brusco.

Midoriya estava bem desconfortável com a situação na qual havia se metido — felizmente ele havia se livrado das roupas pesadas, bem como dos óculos escuros, durante o período no metrô —, mas ele faria o seu melhor para ser compreensível, ainda que suas mãos suassem de nervoso e ele não soubesse exatamente o que dizer. Nesse caso, tudo o que ele podia fazer era recorrer ao discurso básico de descoberta de ‘meu amigo é gay e eu preciso demonstrar o meu apoio’. Ele achou melhor não mentir ou inventar alguma desculpa para a sua aparição naquele local repentino e longe da escola e contou o que havia acontecido de fato:

— Eu vi você e o Shinsou.

O corpo de Iida enrijeceu em pânico. Suor frio escorreu por seu pescoço e seu estômago dava voltas desconfortáveis em sua barrida. “Acabou tudo”, ele pensou, encarando os olhos muito verdes e atentos de Izuku. O garoto percebeu o nervosismo do amigo e se apressou em erguer as mãos em uma tentativa de acalmá-lo para que pudesse se explicar de forma mais clara, o fluxo de palavras se descontrolando conforme elas saíam.

— N-não precisa se preocupar, eu não vou contar para ninguém. Não faria isso com você! Você é meu amigo e… eu entendo o porquê de você não querer me contar algo assim. Eu sei que não é fácil, mas eu quero que saiba que você é alguém muito importante para mim e que pode falar comigo sobre qualquer coisa. NÃO QUE VOCÊ PRECISE, CLARO! Eu não estou te obrigando eu… Argh, eu só quero que saiba que tem o meu apoio no que precisar e eu fico muito feliz em saber que você está feliz com alguém que ama e...

— Midoriya — Iida chamou, o interrompendo. A essa altura, ele já estava acostumado com aqueles momentos em que o outro perdia o rumo dos próprios pensamentos. O representante respirou fundo e lançou um meio sorriso hesitante, mas compreensivo. — Vamos caminhar de volta, sim?

A-ah, sim, claro, como você quiser.

Andar ajudava com o fluxo embaraçado que havia se tornado seus pensamentos. Iida ajustou os óculos com um tique nervoso e, após vários minutos de silêncio, enfim ele disse:

— Eu sinto muito por isso.

— Não há motivo para você pedir desculpa, Iida. É algo particular e íntimo seu. Eu quem o devia estar fazendo, visto que acabei invadindo sua privacidade e passando dos limites. Sinto muito. — Midoriya abaixou a cabeça com sinceridade.

— Eu sei que devia ter contado, foi errado da minha parte esconder isso de meus amigos, mas… é complicado.

— Então me explica. — Ele apoiou a mão no ombro de Iida, tentando passar alguma segurança para o amigo. — Estou aqui para ouvir, se quiser me contar.

Eles seguiram o caminho, sem rumo direto, enquanto Iida pensava e repensava os benefícios e consequências de falar a respeito e o quanto poderia dizer. Por fim, ele finalmente relaxou, respirou bem fundo e decidiu soltar tudo de uma vez. Sem mais mentiras ou enganações. Apenas a verdade nua e crua.

— Eu não queria contar para ninguém porque nem eu sei o que temos. Quer dizer, eu quero muito tomar o próximo passo, muito mesmo, mas sinto que ele sempre me afasta de alguma maneira. Eu estou muito feliz com o que temos, mas… — ele hesitou.

— Não se preocupe, leve o tempo que precisar, eu vou ouvir tudo.

Iida mexeu as mãos de forma nervosa, aquela agitação inquieta retornando aos seus movimentos, enquanto ele mantinha o olhar fixo a frente, sem realmente enxergar o que estava vendo.

— Estamos saindo juntos há algumas semanas, mas eu não tinha ideia de que iríamos acabar desse jeito. Ele me faz tão bem, eu sinto como se eu fosse minha melhor parte quando estou com ele. Quando nos separamos, eu começo a contar mentalmente cada segundo de espera até poder vê-lo de novo. É doloroso ver ele passando ao meu lado no corredor, sendo que tudo o que eu mais quero é abraçá-lo e matar essa maldita saudade, mas não posso fazer nada além de sorrir. Eu costumava me irritar tanto quando ele me chamava de placa de saída, mas, após a primeira semana, eu nem me importei mais. No começo, quando ele me chamou pelo meu nome pela primeira vez eu… foi como se eu tivesse congelado por fora e por dentro estivesse queimando. Eu queria simplesmente poder abraçar ele e o proteger de tudo que poderia magoá-lo, e o que eu mais quero é estar ao lado dele pelo resto de minha vida, mas… céus, por que tem que ser tão complicado?

— Mas qual é o problema? Vocês se gostam, por que simplesmente não ficam juntos?

— Minha família não sabe de nada ainda e a dele muito menos.

Foi nesse momento que a realidade bateu. Por um longo e alegre momento Midoriya havia esquecido que o preconceito, a homofobia, ainda era um problema recorrente, principalmente em famílias tradicionais como a de lida. Não era à toa que o amigo parecia tão nervoso ao pensar sobre isso. Iida continuou:

— Eu não quero apressar as coisas, quero que tudo ocorra no tempo certo, céus, a gente ainda nem… sabe… se beijou. Até andar de mãos dadas é um problema.

Era isso que estava faltando, por isso aquela cena de despedida que presenciara mais cedo pareceu tão estranha para Izuku. Era como se algo estivesse faltando, algo que ambas as partes do casal queriam fazer e não haviam feito, mesmo parecendo aceitar sua ausência. Eles não podiam expressar seu amor, seja pelo medo de apressar o relacionamento quanto pelo fato de estarem em público. Midoriya se sentia mal pelo amigo agora. Estar por tão pouco tempo com a pessoa que se ama e não poder se sentir livre parecia ser uma verdadeira tortura.

— lida, você já disse ao Shinsou o que sente?

— Ainda não. Eu não quero que ele se sinta pressionado a isso.

Midoriya deixou escapar um meio sorriso ao pensar: “Os dois pareciam querer aquele beijo. Parece que Iida não usa óculos à toa, está mais cego que um sem olho.” Era isso. Naquele momento ele decidiu que daria o seu melhor para ajudar e apoiar Iida quaisquer que fossem suas escolhas.

— É, sei que é meio estranho ouvir isso de mim, levando em conta que eu nunca namorei, mas eu realmente acredito que conversar é a parte mais importante em um relacionamento. Se você realmente ama o Shinsou, precisa começar dizendo a ele o que realmente sente, sabe, seja sincero com seu parceiro. Vocês dois parecem se gostar bastante e isso que construíram é algo difícil de conseguir, é raro e muito especial, por isso deve ser guardado no peito e protegido com carinho. Não deixe nada ficar no seu caminho, Iida. Você merece ser feliz ao lado de quem ama, independente de quem seja.

Os olhos de Iida estavam marejados, as lágrimas que vinha segurando com tanto afinco beiravam a represa, prontas para explodir. Apesar de tudo, ele estava muito feliz. Aquelas eram as palavras que ele tanto precisava ouvir e, por isso, se recusava a chorar por algo que era o motivo de sua alegria.

— E se sua família não concordar, você tem uma sala inteira de alunos e professores para te defender e acolher, então não precisa ficar assim, porque todos nós vamos estar aqui por você.

Era um caso perdido. Sua visão ficou embaçada, e as lágrimas que vinha segurando escaparam em uma cachoeira, escorrendo por suas bochechas e pingando na camisa. Cedendo às necessidades, ele não resistiu a súbita carência que seu corpo sentiu e abraçou seu amigo com força o suficiente para fazê-lo perder o fôlego.

Midoriya, mesmo estando com a coluna completamente dobrada como um canudinho de plástico e por fim triturada, estava feliz em saber que tudo estava bem e que seu amigo se sentia acolhido. Esse era um dos motivos que o haviam levado a desejar se tornar um herói. Mesmo com algumas poucas palavras, saber que fora o suficiente, que havia confortado alguém, era algo que ele sempre havia apreciado.

— Obrigada, Midoriya — Iida fungou baixinho.

— Ei — O garoto sorriu, envergonhado por mais uma vez ter se metido em uma situação que não lhe pertencia. Mas desde que sua intromissão significasse ajudar alguém que estava sofrendo com o peso de algo maior do que podia suportar, ele estava bem com isso. —, é para isso que servem os amigos, não é?

— É. Acho que com isso um grande peso foi tirado dos meus ombros.

— Sempre feliz em ser útil. Já sabe o que fazer?

— Preciso contar para ele como eu me sinto. Estou confiante que conseguirei!

— Isso é ótimo, Iida! Quando vai fazer isso?

O representante hesitou, o sorriso murchando um pouco.

— Acho... acho que vou precisar esperar pelo nosso próximo encontro.

Midoriya lhe deu alguns tapinhas em seu ombro, piscando para ele de forma conspiratória.

— E por que não agora? Aposto que ele não deve estar muito longe a essa altura. E, pelo que eu soube, você é um corredor muito veloz.

Iida apenas encarou o amigo por vários segundos, perplexo, até absorver o que ele realmente queria dizer e então começou a correr.

***

Enquanto isso, uma esbaforida Ochako enfim se encontrava cara a cara com um surpreso Shinsou que não sabia de onde a garota havia brotado.

— Ei, você! — ela gritou. As poucas pessoas que passavam pela rua, lançaram olhares atravessados, mas a garota não pareceu se abalar. — É você que está saindo com o Iida nas últimas semanas, não é? O que pretende com isso? O que quer com ele?

— Quem é você mesmo?

— A melhor amiga dele!

— Claro, você estava no festival esportivo. Ochako, certo? Iida falou muito bem sobre você.

Uraraka hesitou, sua pose de intimidação sofreu um forte abalo e ela ficou meio comovida em saber que Iida havia falado bem dela para outras pessoas.

— Isso não vem ao caso agora! — Ela balançou a cabeça com força, tinha uma missão a cumprir e não podia se permitir perder o foco. — O que eu quero saber é o seguinte: você está com o Iida-kun só pelos benefícios? Hipnotizou ele para se aproveitar? Porque eu juro por todos os deuses que se você estiver iludindo ou brincando com os sentimentos dele, nada vai me impedir de dar um fim nessa sua cara...

— Não! — Shinsou devolveu, as mãos se fechando em punhos. — Não estou com ele por nada disso! Eu nem mesmo me importo com essas coisas. Não quero ser o grande herói prestigiado e famoso, tampouco ligo para o que as pessoas pensam de mim, mas eu sei que o Iida quer se tornar um herói profissional importante como o irmão. A última coisa que eu quero é acabar com o futuro brilhante que ele pode ter só por causa de um amor adolescente. Então não posso fazer nada, não podemos fazer nada. Eu não seria capaz de arruinar o sonho dele por uma coisa como essa.

Aquilo pesou fundo em Ochako. E pensar que ela havia julgado antes de conhecer, desconfiara de suas intenções antes de sequer para ter uma conversa franca. Culpa recaiu em seu estômago e ela sentiu o calor subir as bochechas. O quão feio ela havia errado? Eles estavam verdadeiramente apaixonados, podia dizer isso pelo modo com que Iida encarava Shinsou, o carinho contido naquele olhar, a suavidade dos gestos; e, do mesmo modo, Shinsou também gostava de Iida, ele sabia das consequências e estava disposto a abrir mão dos próprios sentimentos, da própria felicidade, em nome dos sonhos dele. Ainda assim, ela não podia aceitar o que ele estava dizendo.

‘Uma coisa como essa’ você diz? — Ela expirou pesadamente, esticando-se em toda a sua altura para encarar o garoto com determinação o suficiente para fazer uma pessoa normal repensar sua vida e sair correndo em busca de um abrigo seguro. — Eu entendo que você tenha medo, eu mesma me apavoro só de imaginar o dia que vou precisar estar lá fora, o que as pessoas irão dizer, como vão me julgar como mulher e heroína. Não vai ser fácil, eu sei, mas, mesmo que a sociedade seja imunda, o amor é algo pelo qual vale a pena lutar, se estão felizes juntos, fiquem juntos. Simples assim.

Shinsou apertou a ponte do nariz, sentindo uma dor de cabeça latejante se formar ali. Ele de forma alguma esperava ser abordado desse modo naquele dia, muito menos de ter sua relutância e insegurança apontadas assim tão claramente. Quando ela dizia essas coisas assim, parecia tão fácil..., mas não era. O mundo não era simplesmente dessa forma. Por mais que estivesse certo de seu amor por Iida, ele não queria que a vida dele fosse pelo ralo por causa desse amor. Ele não queria vê-lo sofrer e muito menos ser o causador de tal situação.

— Não é simples, você sabe disso.

— Então você não se importa com os sentimentos do Iida-kun? É isso que está querendo dizer? — Ela rebateu. — Ao menos já parou para perguntar a ele como ele se sentia?

— Não! Quer dizer, claro que eu me importo. Como não poderia? — Os dedos subiram para os cabelos e seguraram os fios com força. Apesar de desejar seguir em frente naquele relacionamento mais do que qualquer outra coisa, ele não podia se arriscar. Não sem saber que o preço a se pagar por isso valeria a pena. — Como pode dizer coisas assim? Por que você se importa?

— Iida-kun estava verdadeiramente alegre ao seu lado e eu sou a melhor amiga dele, só quero lhe dar a chance de ser feliz ao lado de quem ama se é isso que ele deseja. E agora eu sei que é. Não deixe essa chance fugir de você sem que possa ao menos tentar ou fazer alguma coisa. O amor é algo raro e precioso, quando encontrado não devemos deixá-lo escapar, mas sim cuidar para que floresça.

Shinsou suspirou pesado, a cabeça pesada rodava e ele estava farto daquela conversa.

— Eu não sei ainda. — Ele mordeu o lábio inferior, claramente angustiado. — Preciso pensar.

Ochako engoliu o resto do discurso que palpitava em sua língua e apenas assentiu. Ela podia entender a sensação de ter a cabeça cheia demais de coisas. E com assuntos de tamanha importância, decisões impulsivas não eram a melhor escolha.

— Apenas não pense demais. Nunca sabemos quanto tempo ainda nos resta, e não é sábio desperdiçar se preocupando com coisas que ainda não aconteceram — aconselhou, preparando-se para ir embora. — Bom, me desculpe por desconfiar e acusar você de planos nefastos. Mas sabe como é — ela lhe deu um sorriso sem graça. —, é muito difícil tentar não o proteger.

Shinshou piscou, atordoado com o pedido, e então assentiu de modo compreensivo. Ele também desejava proteger Iida de todos os males do mundo.

— Acho... acho que isso é um adeus então?

— Por enquanto. Não se esqueça que eu ainda vou estar de olho.

Shinsou balançou a cabeça e voltou a andar de volta para casa, parando a esquina para pedir um táxi. Ochako o observou desaparecer pelas ruas por vários minutos em silêncio até que um borrão passou correndo ao seu lado. A garota franziu as sobrancelhas, perguntando-se se havia imaginado coisas, mas então resolveu chamar mesmo assim, apenas para ter certeza:

— Iida-kun?

O borrão parou e olhou para ela com olhos faiscantes e uma expressão ansiosa.

— Para onde foi o Hitoshi? Você viu?

— Ele foi embora. Acabou de pegar um táxi de volta para casa.

— Ah... — Toda a animação que antes o consumia pareceu evaporar no mesmo instante. — Tudo bem então. Suponho que vou ter a oportunidade de conversar com ele de novo em algum momento.

— Sinto muito, Iida-kun. De verdade. Por tudo.

O representante assentiu e acenou para ela como se disse “não se preocupe com isso”.

— Está tudo bem, Midoriya me contou tudo e eu entendo que vocês estavam apenas preocupados. Lamento ter causado essa confusão toda. Venha, vamos voltar para os dormitórios juntos.

A garota o seguiu e eles se reencontraram com Izuku em frente à porta do Cat Café, percebendo que por todo o caminho de volta aquela pontada de tristeza e decepção insistia em permanecer na expressão dele. Subindo as escadas para o seu quarto, ela teve uma ideia. Uma muito ideia muito boa para consertar toda aquela situação, mas, para isso, ela iria precisar de ajuda.

***

Os alunos da U.A tinham um calendário bastante organizado para os dias de limpeza da sala. Por isso, não foi difícil para Momo descobrir os horários que Shinsou estava encarregado, ou para Kaminari e Kirishima — a dupla charmosa de boa lábia — convencer os demais a deixá-lo a sós discretamente, muito menos para Midoriya e Ochako arrastarem um inquieto Iida até a porta da sala 1-C e praticamente o empurrarem para dentro e então trancarem a porta. Se eles haviam permanecido do outro lado ouvindo, era apenas uma medida de segurança para ninguém tentasse fugir e, desse modo, pudessem se assegurar que tudo iria sair conforme o planejado.

Pelo lado bom, todos os colegas de Shinsou pareceram muito dispostos e ansiosos em ajudar como pudessem. Todos nutriam uma grande admiração pela determinação do colega que só vinha crescendo desde a sua colocação no Festival de Esportes, e haviam notado que ele estivera um pouco — para não dizer muito — aéreo durante a semana. Por isso, quando a oportunidade surgiu, não houve dúvidas quanto a aceitar ou não. Eles apenas fizeram.

Shinsou estava tão alheio que sequer percebera que se encontrava sozinho para lidar com a limpeza, se não fosse uma vozinha abafada no fundo de sua mente que se perguntava o porquê de todo mundo ter saído mais cedo. Não, ele só notou quando a porta principal se fechou com um baque e ele encontrou Iida parado bem ali a sua frente, as mãos se movendo de forma nervosa e uma expressão determinada no rosto. Shinsou piscou, surpreso demais para que qualquer outra coisa saísse de sua boca além de:

— O que você está fazendo aqui?

Iida avançou até onde Hitoshi estava parado, ainda atordoado, e retirou a vassoura de suas mãos, segurando-as em seguida. Ele havia decidido que era hora de ser completamente sincero.

— Toshi, nas últimas semanas que estivemos saindo, algo em mim começou a crescer, eu tenho um carinho muito grande por você e se dependesse de mim estaríamos juntos o tempo inteiro. Você se tornou uma pessoa importante demais em minha vida, quero estar contigo nos bons e maus momentos, quero enxugar suas lágrimas quando estiver chorando e estar lá para te fazer sorrir nos momentos sombrios. Sinto que enquanto estiver com você nada mais vai importar, as outras pessoas não vão mais importar, seremos só eu e você... e provavelmente mais algumas pessoas... — ele disse a última parte baixinho, olhando de canto de olho para a porta, sabendo que seus amigos haviam permanecido ali. Mas, naquele momento aquilo não importava. — Hitoshi, se me der uma chance, eu prometo fazer de tudo só para te ver sorrir e acredite quando eu digo que isso me faria o homem mais feliz do mundo. Você provavelmente já sabe disso, mas, ainda assim eu gostaria de dizer. Shinsou Hitoshi, eu te amo muito.

Shinsou sentiu o coração martelando no peito e uma súbita vontade de chorar e derramar unto as lágrimas todos os pensamentos e sentimentos que vinha acumulando durante aqueles dias. Ele queria apenas abraçar Iida e derreter em seus braços com o som daquelas palavras tão belas pintando um futuro de esperança para eles. Mas, ainda assim, ele hesitou. Como Iida podia dizer tudo isso sem nem pensar duas vezes? Ele precisava ter certeza que aquela não era uma decisão momentânea da qual posteriormente ele viria a se arrepender.

— Tenya, tem certeza do que está dizendo? Sabe os riscos que estava assumindo? As coisas que precisaria estar disposto a desistir? O modo como as pessoas te tratariam? — Hitoshi questionou. — Tudo isso seria por minha causa. Eu... eu não quero que você se machuque. Não quero te ver triste e muito menos abandonando algo que você ama por mim.

Iida apenas sorriu suavemente, apertando de forma mais firme os dedos dele entre os seus. Ele não precisava daquelas perguntas para se decidir. Não, ele já estava certo do que queria e nada no mundo o tiraria desse caminho agora.

— Você não vai me fazer abrir mão de nada, Toshi. Pelo contrário, vai me proporcionar mais felicidade do que eu jamais havia pensado em sentir. Apenas por estar com você, ao seu lado. Sinto podemos passar por tudo enquanto estivermos juntos. Isso é, se você estiver disposto a me aceitar.

— Não seja bobo. — Shinsou riu, engasgado com o choro preso em sua garganta. — Como eu poderia escolher algo que não fosse você? Eu também te amo, Iida Tenya. Tanto que nem mesmo posso expressar o quanto.

Iida o acompanhou e logo eles estavam presos nos braços um do outro em um abraço necessitado e reconfortante, inundando-os com a certeza de que pertenciam de fato um ao outro, como duas peças em um quebra-cabeças que por fim se completava. A luz do pôr do Sol iluminava a sala com o seu dourado exuberante, afastando as sombras e a leve penumbra que se formava nos cantos. Eles se separaram apenas o suficiente para seus olhares se encontrarem, as testas unidas e as respirações se mesclando no curto espaço que os separava, e lentamente começam a se aproximar até que os lábios se tocaram doce e suavemente, tornando o momento pelo qual eles tanto haviam esperado uma realidade.

— ELES BEIJARAM! — Ochako gritou do lado de fora e foi tudo o que bastou para iniciar uma série de gritos e urros nos corredores e derrubar a pilha precária que os amigos haviam montado atrás da porta em uma tentativa de captar o que era dito lá dentro. — Francamente, eu tenho que fazer o trabalho todo — ela resmungou, espremendo-se para ver mais pela pequena fresta na fechadura enquanto todos os outros pareciam comemorar de maneira escandalosa, mas sem conseguir parar de sorrir com o sucesso do seu plano.

Midoriya sorriu também, agarrando a mão da amiga e empurrando o resto dos colegas que haviam permanecido de penetra para longe. Ele havia aprendido com toda a bagunça que certas coisas são particulares e não devem ser vistas — muito menos ouvidas — por outros olhos.

— Vai ficar tudo bem agora. Daqui para frente, o resto é com eles.

Do lado de dentro da sala, o casal escutava a baderna que se seguira ao grito levemente envergonhados.

— Amigos seus? — Shinsou ergueu as sobrancelhas, divertido, não perdendo a oportunidade para provocá-lo um pouco.

— É complicado — Iida devolveu.

Logo ambos não aguentaram mais e caíram na risada. Os olhares voltaram a se encontrar, enquanto as testas se tocavam de forma lenta e as bocas buscavam uma pela outra em mais um beijo. Um de muitos que ainda estavam por vir.

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The End

Meet the author

Nathy Maki Fanfiqueira sem controle cujos plots sempre acabam maiores do que o planejado. De romances recheados de fofura a histórias repletas dor e sofrimento ou mesmo aventuras fantásticas, aqui temos um pouco de tudo. Sintam-se à vontade para ler! Eterna participante da Igreja do Sagrado Tododeku <3

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