Em direção ao mar, apesar da noite é possível ver nitidamente; adentrando ao mar até uma onda me pegar e me fazer flutuar, de olhos fechados sinto a correnteza me puxando ao mar aberto, para alguns é uma prisão, para outros caminho da liberdade; fecho meus olhos e sigo meu destino incerto, apenas sendo guiado pela natureza.

Ele não sabe que o amo, não sabe o quanto eu queria está com ele e não com seu pai. Ele não me ama, eu sofro sozinha, mas tento viver. Hoje em dia, ele não está nada bem. Não sei o porquê, seu pai diz que ele está amando alguém. Meu querido Otávio, eu queria ser a pessoa que você ama. Mas estou presa ao seu pai, presa por toda minha vida e não posso te ama. Se você está lendo isso, saiba que te amo, mas você e eu não podemos ficar juntos. Pois, seu pai mataria você, por supostamente me amar.

Ódio, junto à angústia e a falta que sinto de quem mais amei, é o veneno que há muito me corrói. É certo que aquele quem o tirou de mim tem sua prisão por trás das barras metálicas; sou eu, no entanto, o maior encarcerado. Preso pela dor de tudo que jamais terei outra vez, desde o concreto ao abstrato. Há quem diga que o tempo tudo cura, acredito, agora, que esse é o mais cruel dos contos de fadas. Ou, quem sabe, o tempo e sua cura somente passem lentos demais para quem tem pressa.

Costumava cantar ao mundo a cada alvorada. A alegria de uma canção sem letras e cheia de poesia. O céu, palco de seu canto. Mas hoje não, de asa ferida, ficou preso à gaiola. A vida, as grades cercaram. E o canto não mais se ouviu.