Diário de uma escritora constantemente em crise Follow blog

_rebeccajorge Becca Jorge Apenas o desabafo semanal de uma escritora que precisa de um pouco de atenção, café e uma massagem na lombar. 0 reviews
Non Verified story

#blog #diário #escritora #escrita #escritores #escritor
AA Share

12/01/2022 - Crise: Cria criatividade para criar

É engraçado como a criatividade parece um bicho de sete cabeças, quando na verdade é só mais uma daquelas coisas que “quando você deixa de pensar, vem naturalmente”.

Para ser sincera, eu já passei por muitas crises sobre “será que eu sou criativa ou só doida ou só estranha ou só alguma-coisa-ruim-sobre-mim-mesma.”

Para nós, escritores, é um tanto perturbador se ver “sem criatividade”, eu estudei muitos livros que falavam sobre criatividade e mesmo assim fiquei quase dois anos sem conseguir abrir um google doc, eu simplesmente travava, e culpava a mim mesma e minha falta de “talento”.

Mas sendo bem sincera, esse tempo todo estudando sobre escrita e criatividade, apesar de me desenvolver muito como escritora profissional, não afetou em nada minha forma de criar, eu só… não conseguia. Me cobrava demais, me culpava demais e no fim, não tinha nenhum resultado favorável, quanto mais eu estudava, menos eu me sentia capaz.

Justamente porque eu estava tão concentrada em como eu tinha perdido minha criatividade que nada legal saia dos meus dedos e cabeça meio avoada. Era engraçado que entre de 2014 e 2018 mais ou menos, eu sentava e escrevia fanfic como se estivesse respirando, cheguei a escrever mais de dez mil palavras em um único dia e era tão fácil, que quando eu não eu tive minha trava — entre 2019 e 2021 — eu me senti inútil, ainda mais por ver tanta gente aproveitando seu “tempo livre” com o lockdown para colocar a escrita em dia, e eu lá, parada como uma múmia na frente do computador.

Hoje eu estou finalizando uma história com cinquenta mil palavras que comecei a escrever um mês atrás, em meados de dezembro e, minha nossa, eu me sinto tão feliz!

Acho que minha crise com criatividade estava muito mais ligada ao que eu pensava que deveria fazer e como eu me comparava com meu eu de anos atrás. Enquanto eu escrevia essa história — sem nenhuma pretensão de publicar ou nada assim, só para desenferrujar minha escrita — eu me diverti tanto que a história fluiu, saiu tão fácil que eu nem acreditei.

Como um passe de mágica minha criatividade voltou para mim, como uma velha amiga que surge depois de anos mandando mensagem de: oi sumida, saudades.

Só quando me permiti criar que todos os livros sobre criatividade fizeram sentido para mim. Como um trecho magnífico de O caminho do artista, da autora Julia Cameron:

“Em vez de criar livremente e permitir erros que mais tarde possam se revelar como descobertas, com frequência nos atolamos na tentativa de acertar os detalhes. Corrigimos nossa originalidade com uma uniformidade desprovida de paixão e espontaneidade."

Em suma, o que queremos dizer é: se permita criar sem julgar suas palavras, no geral, boas ideias surgem a partir de pensamentos estranhos, loucos e sem sentido.

Jan. 12, 2022, 2:01 p.m. 0 Report Embed 0
~

06/01/2022 - Crise: Eu vou escrever o quê?

Deusa da escrita, por favor, me mande uma iluminação!

Quem também passa pela doideira de ter muitas ideias que ama e não sabe por onde começar?

Atualmente eu tenho três histórias em andamento:

  • Um romance que está 70% escrito na primeira versão;
  • Uma fantasia que está 30% escrita na primeira versão;
  • Um romance completo na primeira versão, precisando de muitas mudanças e revisões.

Eu quero escrever os três e cada dia acordo com vontade de me dedicar a um, mas no fim isso só atrapalha meu andamento, porque eu estou sempre mudando o foco da minha atenção e não termino nenhum deles.

Ou seja, não publico nada e continuo pobre e desconhecida.

Quer dizer, grande parte das pessoas que escrevem querem que sua história receba atenção, afinal, livros são como filhos.

Nós gestamos a ideia, cuidamos com carinho quando ainda é um little baby, damos amor, vitamina — além muito ódio e problema para nossos personagens principais — e então jogamos no mundo com uma mochila nas costas e um “se vira aí”. Só para ver nosso filho massacrado pela indiferença ou criticado por crianças de doze anos de idade que nem sabem direito o que estão lendo mas precisam impor sua crueldade camuflada de crítica ou “opinião impopular”.

É assim, meus caros, que a vida funciona.

Eu quero terminar minha uma de minhas histórias, mas quando foco em uma, me sinto culpada por deixar a outra de lado. Queria saber tratar meus livros como mães tratam filhos caçula, claramente eles são os preferidos.

Sei disso, sou a mais velha.

Enfim, mas a questão é: como vou escolher só uma história se quero escrever todas? Aqui não estou nem falando dos dez rascunhos de ideias que eu estou louca para desenvolver.

Por sorte, sou uma escritora jardineira*, fazer estruturas elaboradas de escrita me irrita. Eu nunca tenho ideia do que meu personagem vai fazer até sentar e escrever.

Aí que mora meu problema, já que cada dia, um personagem se apossa dos meus dedos e conta sua própria história.

Ou talvez eu só tenha algum transtorno de múltipla personalidade, vai saber.

Bem, já desabafei minha crise do dia… Será que mais alguém passa por isso?

Agora vou fazer uni-duni-tê para saber qual história focar, porque para mim é impossível decidir.


Tenham um bom dia, bebam água e apoiem um autor nacional (de preferência, eu).



*— George Martin, sobre escritores jardineiros e arquitetos:

“Eu penso que existem dois tipos de escritores, os arquitetos e os jardineiros. Os arquitetos planejam tudo antes do tempo, como um arquiteto constrói uma casa. Eles sabem quantos aposentos a casa terá, que tipo de telhado terá, onde os fios estarão passando, que tipo de encanamento terá… Eles têm a coisa toda projetada e desenhada antes mesmo de pregarem a primeira tábua. Já os jardineiros cavam um buraco, jogam uma semente e regam. Eles meio que sabem que tipo de semente é; eles sabem se plantaram uma semente de fantasia ou uma semente de mistério ou o que quer que seja. Mas conforme eles regam e a planta cresce, eles não sabem quantos ramos ela terá, eles descobrem isso conforme ela cresce. Eu sou muito mais um jardineiro do que um arquiteto.”
Jan. 6, 2022, 1:19 p.m. 0 Report Embed 0
~
Read more Start page 1