Eu queria, Deus sabe como eu queria e o universo também. Queria não me sentir com medo do fim da minha vida. Queria tanto não sentir o aperto no peito em pensar como minha vida é pequena, desprezível e sem significado. Como minha alma, segundo o que eu acredito, poderá ter que passar por sofrimentos, se eu não for boa o suficiente. Gostaria tanto de não me sentir assim. Mas eu sinto. E eu não posso mudar isso. Não por enquanto.

Espero que acabe. O que? Eu não sei, mas espero incansavelmente que pare. O sentimento ruim que me pega quando estou sozinha. O aperto que me assola quando eu penso. A sensação de estar sem ninguém, mesmo com pessoas por perto. Ou o vazio que me prende com a certeza da morte. Espero que meu estômago pare de revirar ao pensar em todos eles. Acho que no final, eu sei. Espero que todos acabem.

Eu penso todos os dias, será que hoje é minha hora? E isso me preocupa. Afinal quando chega sua hora, acaba. Não se entende os mistérios do, até então não descoberto, pós-morte, ou se quer se sabe o que acontece com quem morre. Para onde vão? Deixam de existir? Vivem uma eternidade gloriosa? Ou uma dolorosa? Eu não sei. Ninguém sabe. E sinceramente, o não saber é o meu pior medo.

O toque era áspero. Onde estava a suavidade pela qual foi conquistada? Machucava. Onde foi parar quem não lhe faria mal algum? Doía. E tudo era encoberto com palavras bonitas e beijos carinhosos. Sufocava. A liberdade antes existente nos braços da pessoa amada já não estava mais lá. Matava. E cuidadosamente a corda do controle foi posta em volta seu pescoço. — Nós fomos destinados a ser um. — sussurrou ele. E as lágrimas cessaram quando a arma posta em sua boca foi disparada.