~ Aos Cobras Fumantes
O monte se estende alto ao céu
O soldado o olha e aperta o rifle na mão
Lá em cima o inimigo protege sua posição
Defende sua pátria em nome dum réu
O suor escorre por seu rosto
Endurecido pelo pavor da guerra
Cumpre a ordem e assume seu posto
O homem férrico luta por sua terra
As vezes, durante as noites enfumaçadas
Tira de sua farda uma foto
Nela, filha e esposa, suas amadas
E se pergunta:
Para elas, será que volto?
Não tem jeito, não tem jeito
Se endireita e guarda a foto
O dever no vale acabou
E pensa:
Disse o general, ao Reno eu vou
O clima não estava bom
Por que ele nunca está bom?
O toró deixou este lamaçal bem gostoso
E pra piorar, lá vem inverno rigoroso
Mas a DIE não titubeia
Senta a pua e emprega peia
E se é pra tanto lutar
Vamos o ritmo um pouco mudar
A DIE chegou bem empregada
Se juntou a Mark Clark, à força aliada
E Mascarenhas de Morais
Sem recuar jamais
Viu a situação
E percebeu então
Eita! Nós somos os principais!
E então assim foi-se começando
Vamo lá! Vamo lá!
Gritava brasileiro e americando
Aqui e acolá
A primeira foi bem preta
Os aliados subindo o monte
Começaram a rastejar e sair da reta
Da velha amiga que encontraram
E tu me pergunta onde?
Foi lá no monte do castello
Pra lá e pra cá virava
Rasgando o chão e subindo a terra
Mas a arma aliada não emperra
Subiram o monte e a vitória perto estava
O Belvedere já tinha sido tomado
Lá estava a bandeira americana
Só faltava um bom músculo estriado
Pra vencer esse braço de cana
E ele veio! Ele veio!
Pouco tempo depois de subirem ao cume do Castellão
Ele veio, ele veio
O tedesco, o alemão
E rolou uma batalha
Das braba que tu só imagina
E no final da trocação de navalha
O Brasil tava lá na China
E assim falhou-se a ofensiva
Foi necessária a evasiva
Mas relaxa, vamos passar por cima!
No Belvedere os ianques ainda estão em cima!
E preparou-se a segunda
Agora a peia ia apertar
Os brasileiros em posição moribunda
Sozinhos iam lutar
E quando menos se esperava
La vinha o contra-ataque
E com um forte baque
No Belvedere o tedesco estava!
Neste momento, Mascarenhas se indagou
O flanco esquerdo tá descoberto, assim não tem como atacar!
‘Isso mesmo, isso mesmo’ pensou
Devemos esperar!
Mas senhor, disseram os soldados
Não tem como recuar
Os brasileiros já estão posicionados
Devemos atacar!
Ataquemos então, ataquemos!
Temos três pelotões de tanques americanos, pelo menos!
Não senhor, não senhor!
O tempo tá pior
Os tanques não se movimentarão
Nessa tresloucada condição!
Raios! Arre!
Vão! Comecem o ataque!
E lá foram os soldados
Subir o monte enlameado
E pra nossa surpresa, Zénobio teve sucesso!
Mas por pouco tempo, pois foram contra-atacados
E tiveram de empreender regresso
O mês passava
A semana entremeava
Mascarenhas em tomar o monte muito pensava
Quando uma ordem recebeu
De Morais, te digo eu
Que aguentes mais
E não apenas isso
Vai tomar o Belvedere, agora esse é teu compromisso!
O tomou e o manteve
Não é preciso nota ao esforço que teve, bem o sabem
E pouco depois, finarmente
Subiriam ao Castello novamente
E num romance diferenciado
Lurdinha o Brasil beijou
Já era bem apresentado
O soldado o tiro matou
No meio da loucura
Os soldados lutavam com bravura
Pois tinham fé de que logo ao Brasil voltariam
E o que viram no Monte Castello diriam!
Os batalhões empregaram milagre
Espancaram Lurdinha cum bagre
Tomaram diversas posições
Cantariam vitória pras nações?
Quase, quase!
Quando estava quase acabada a fase
Veio lá muito tedesco de novo
Rolou tiro pra todo lado
A batalha tornou-se agravo
20 brasileiros no chão deitados
Para nunca mais serem acordados
E 150 feridos
Sem pernas, forças e braços!
Recuaram como puderam
Pela lama da vara da sinhá correram
Rapidamente desceram o monte infernal
Em seu âmago muitos gritaram
Terá esse sofrimento um final?
Mascarenhas estava agora sombrio
Em sua mesa ponderava
E ter de fazer isso não esperava
Resolveu usar de toda a DIE o brio
Soldados! Irmãos!
Levantem suas cabeças!
A situação está ruim, mas não te esqueças
Que em Itororó, foram necessárias cinco investidas
Antes da sexta, a final
Para derrotar de vez o mal
Que esganava nossa nação!
Lembrem-se do porque de estarem aqui
Lembrem-se que nos defendemos!
E se sofremos
É por nossa família! Por nossa pátria! Por nosso Senhor!
Venham! Vão! É a hora!
Hoje tomaremos este monte e os alemães venceremos
Urra! Vamos! Antes do entardecer no topo estaremos!
Neste ataque feroz nossos irmãos novamente atacaram
Subiram e dispararam como deviam
Lutaram com braveza e fé
Pois sabiam que no final estariam de pé
A batalha se arrastou por todo o dia
Sinhá Lurdinha tava toda afobadinha
Querendo os pegar!
Mas eles rastejavam
Da varada desviavam
E não paravam de se aproximar
Chegavam perto do cume e o combate não tardava de apertar
Mas dessa vez era morrer ou ganhar
Quando já chegava o tardar
Numa barragem o Cordeiro
Disse que faria!
Então o Carneiro
Entre as quatro e as cinco
Armou o morteiro, pro ar granada ia
Disparou com muito afinco
E desmontou a inimiga posição
Agora o brasileiro festejava
Descoberto o monte se achava
Subiu e subiu com perna forte
Escapando da morte
Alemão no monte não mais estava!
Finarmente as cinquimeia
Chegava ao final a peia
Franklin mei tremente embaixava
‘Té que a nossa clava
Derrubou os que restava
Estava terminada a missão!
O Monte Castello era nosso
E se algo podemos tirar destes versos
É que não foi sem grandes esforços
A guerra não estava acabada
Montese ainda estava por vir
Os três...
Porém uma vitória estava conquistada
E conquistaria também as que estavam por vir
Em meio a força e heroísmo
A poucas alegrias
Nas noites frias
Que precediam o cataclismo
Mantiveram seu espírito brasileiro
Mantiveram a saudade da terra
Mesmo aqueles que não voltaram de corpo inteiro
Para longe da Grande Guerra
Mesmo aqueles que não voltaram de mente sã
Voltaram com orgulho
Trajam com todo motivo hoje, antes e amanhã
A bela braçadeira, brasão tão belo
Não há como produzir suficientes elegias
Para os que foram e não voltaram para suas famílias
Para os que lutaram pelo verde e amarelo
Não há como produzir suficientes poemas
Em honra dos que lutaram e voltaram
E não há como agradecer o suficiente
Àqueles que aqui estão,
Mas do pavor da guerra nunca se desvencilharam
Vielen Dank für das Lesen!