Nos apegamos às falsas sensações de segurança, àquele ser estúpido e egocêntrico que parece nos fornecer estabilidade, sem nem pensar que o futuro não nos pertence. Perdoamos a primeira vez porque tentamos ser bons e até porque aquele ser está passando por dificuldades. Quem nunca pedra, que atire o primeiro erro.
Quando acontece pela segunda vez, começamos a pensar que talvez seja de propósito. Ah, mas o que é isso? O ser só se esqueceu que não gostamos desse tipo de atitude, ele ainda está passando por problemas. Dessa vez não brigamos, na verdade resolvemos ajudar o ser.
Então acontece, a terceira vez que o ser fala o que não deve. Dessa vez o ser extrapola e nós também explodimos em uma discussão acusatória e cheia de palavreado baixo. Depois de uns dois dias nós e o ser estamos nos comunicando normalmente.
Depois da décima primeira vez, a convivência já se modelou a uma rotina de insultos e momentos descontraídos. A essa altura nós já nos perguntamos pelo menos cinquenta vezes por que ainda não fomos embora, tendo a porta da frente como serventia da casa.
Aquela sensação de bom espírito se esvai e nós só conseguimos nos perguntar como chegamos àquele ponto. Momentos de felicidade tornam-se o objetivo da vida e nós até esquecemos o que é perdoar, porque depois de um tempo a humilhação pública se torna constante e a atitude do ser já virou sacanagem. No fim das contas nós só queremos viver em paz. Nós que antes éramos sorridentes e gentis, nos tornamos frios e sérios. Aos insultos e cobranças devolvemos o silêncio como resposta, porque é melhor ter paz do que ter razão.
A vida vai se arrastando e nós percebemos que já perdemos anos de nossas vidas e de nosso bem estar, sustentando uma relação que desde o começo era fadada ao fracasso. Então vem aquele momento de insight, onde nós só temos dois caminhos a seguir: ou você mata ou você morre.
Ou você mata de uma vez essa convivência enfadonha e conturbada, ou você morre engasgado com todas as palavras e choros que ficaram presos na garganta. No meu caso, meu enterro será realizado amanhã, só para os íntimos, o que abrange a infinidade de livros do meu quarto e as páginas dos poemas que eu escrevi. Meu epitáfio será: Morreu calada, mas morreu revoltada.
Vielen Dank für das Lesen!
Wir können Inkspired kostenlos behalten, indem wir unseren Besuchern Werbung anzeigen. Bitte unterstützen Sie uns, indem Sie den AdBlocker auf die Whitelist setzen oder deaktivieren.
Laden Sie danach die Website neu, um Inkspired weiterhin normal zu verwenden.