lara-one Lara One

Nossos agentes investigam um estranho caso de abdução. Coisas estranhas estão acontecendo... Se vocês acham que Scully grávida é estranho... Imaginem Mulder reagindo numa briga com Scully? E parece que realmente ninguém morre em Arquivo X... Eles estão chegando... Os mortos ressuscitam...


Fan-Fiction Series/Doramas/Soap Operas Nur für über 18-Jährige.

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S03#17 - THEY’RE COMING

“Se se soubesse estudar cientificamente os testemunhos, a justiça seria uma ciência.” Aimé Michel



INTRODUÇÃO AO EPISÓDIO:

Baseado em caso real

Fazenda dos Cumberland - Oakdale – Condado de Allen – Louisiana

9:53 P.M.

Irving, um jovem de quase 30 anos, dirige um trator, arando a terra. Fisionomia de cansaço.

Som apenas do trator.

No foco, ao fundo, no céu, uma ‘estrela’ vermelha surge. Aproxima-se rapidamente. O rapaz percebe.

Irving pára de lavrar e observa a estrela. A ‘estrela’ aproxima-se rapidamente em direção a ele, revelando ser um objeto brilhante em forma ovóide.

Um clarão ilumina o local. Irving fica petrificado. O trator pára de funcionar.

A nave movimenta-se lentamente e desce ao solo. Irving tenta ligar o trator, mas não funciona. Ele desce do trator e sai correndo, dificultado pela terra lavrada que o faz afundar os pés.

Corta para o braço da criatura que lhe toca o ombro.

Há quatro seres que usam roupas metálicas, com capacetes que lhes cobrem os ombros e são baixos. Há uma espécie de escafandro nas costas. (roupas semelhantes a trajes de descontaminação)

As criaturas o agarram, levantando-o do chão. Ele tenta se soltar, em vão.

Corta para a sala oval, paredes de metal polido, iluminada por lâmpadas quadradas. [Close da mesa rodeada de assentos giratórios, de metal branco]. Dois seres seguram o rapaz pelos braços. Os seres discutem entre si, em sons como grunhidos. Param de discutir e começam a despi-lo. Irving reluta, leva alguns golpes.

Corta para outra sala, semelhante. Irving, sentado nu, numa espécie de cama. Dois seres estão com ele. Passam uma substância líquida e incolor por seu corpo. Um deles lhe extrai sangue de dois locais do queixo, com ajuda de um balão ligado a um tubo. Irving fecha os olhos, tenso.

Corte. Uma fumaça densa cobre o lugar. Irving sente-se angustiado com o cheiro. A porta abre-se. Uma mulher loira, baixa, de olhos azuis repuxados até as têmporas aproxima-se dele pela névoa. Ela toma-o nos braços, aperta-o contra si, insinuando-se pra ele. Vai empurrando Irving na cama, deitando-se sobre ele.

Fade in (tela escura fechando-se)

Som de grunhidos grotescos como de um animal.

VINHETA DE ABERTURA


BLOCO 1:

Arquivos X – 8:34 A.M.

Mulder desliga o vídeo. Scully olha pra ele.

SCULLY: - (INCRÉDULA) Isso é parte daquele arquivo particular que você guarda em sua gaveta? Daquelas fitas que não são suas?

MULDER: - Sem graça, Scully. Isso é sério.

SCULLY: - Sério? Me parece um vídeo barato de ‘estímulos’ para os não-criativos...

MULDER: - Scully, por favor!

SCULLY: - De todas as coisas doentias que já ouvi, essa conseguiu ser a pior.

MULDER: - Scully...

SCULLY: - (IRRITADA) Mulder, por favor você! Olha que já ouvi muita besteira por aí, mas isto é a típica fantasia sexual bizarra! Não percebe que este homem é um tarado, um alienado, que está buscando fazer promoção de si próprio?

MULDER: - Não, Scully. Este vídeo do depoimento da testemunha foi gravado pelo xerife, e apenas o xerife e nós dois vimos isto. Este caso não foi para a imprensa. Ocorreu há mais de dois meses.

SCULLY: - Mulder, esse homem é louco! É como se eu pedisse pra você se fantasiar de Zorro ou de ET pra me deixar excitada!

MULDER: - (PÂNICO)

SCULLY: - Não percebe? Ele inventou essa história mórbida.

MULDER: - Tá bom, Scully. Vou pedir autorização pro Skinner e vamos conversar com esse rapaz. Aposto que teremos uma conclusão mais lógica.

SCULLY: - Lógica?

MULDER: - (DEBOCHADO) É. A conclusão lógica de que você está errada.

Ela faz um beiço. Mulder sai da sala.

SCULLY: - (DEBOCHADA) Fazer sexo com uma ET numa nave espacial... Ahn! Depois eu é que ‘sou criativa’...


Delegacia do Condado de Allen – 3:13 P.M.

Mulder estaciona o carro. Os dois descem. Caminham até a delegacia.

Corta pra dentro da delegacia. O xerife Ruston digita algo numa máquina de escrever bem antiga. Uma mulher está sentada na frente dele. Tem hematomas pelo rosto e corpo. Um policial está em pé, ao lado dela.

MULHER: - (NERVOSA) Eu não vou voltar pra cela!

XERIFE: - Não posso fazer nada.

Mulder e Scully entram. A mulher levanta-se, furiosa. O policial a segura.

MULHER: - (GRITA) Tem que me tirar daqui!

XERIFE: - Está aguardando julgamento e até lá não sairá dessa delegacia.

MULHER: - Você não pode fazer isso comigo!

XERIFE: - Leve-a de volta pra cela.

MULHER: - (GRITA) Isso é desumano! Elas vão me matar!

XERIFE: - (INDIFERENTE) Azar o seu.

O policial leva a mulher à força pra cela. O xerife levanta-se. Scully olha pra ele incrédula. Mulder puxa a credencial.

MULDER: - Xerife Ruston? Agente Mulder, FBI. Esta é a minha parceira, a agente Scully.

XERIFE: - (SORRI) Puxa, achei que não viriam!

Os dois apertam as mãos. Scully continua irritada com a atitude do xerife.

SCULLY: - O que aquela mulher fez?

XERIFE: - (INDIFERENTE) Ah! Aquela vaca? Foi estuprada pelas companheiras de cela.

Scully arregala os olhos, mais incrédula ainda.

XERIFE: - Vamos até minha sala, agentes.

Mulder percebe a irritação de Scully.

MULDER: - A jogou na mesma cela de novo?

XERIFE: - Ah, agente Mulder, me desculpe! Deve ter tido uma péssima impressão sobre isso. A joguei. E ela vai ficar lá porque o sofrimento dela é pouco em vista do que fez. A pegamos há uma semana, no hospital. Tinha levado a filhinha de um mês porque a menina estava com febre. Os médicos nos chamaram porque a criança tinha hematomas pelo corpo. Ela espancava e queimava a filha cada vez que a criança chorava. Disse que se irritava quando tinha que trocar as fraldas. Se visse as marcas de cigarro na pobre inocente, você também deixaria ela ser currada ali dentro, sem um pingo de remorso... Me desculpe o palavreado, senhora Scully. Vejo que está grávida. Mas tem mulheres que não merecem serem chamadas de mãe.

Eles entram na sala do xerife.

XERIFE: - Querem café?

MULDER: - Eu aceito.

O xerife entrega uma caneca pra Mulder.

XERIFE: - Bem, falei com Irving e ele disse que se vocês viessem, ele falaria tudo novamente.

MULDER: - Podemos conversar na fazenda?

XERIFE: - Preciso falar com o dono da fazenda. Irving e sua mãe são empregados do senhor Cumberland. Mas ligarei e marcarei um horário para conversarmos com Irving.

MULDER: - Seria interessante que eu visse o local onde ocorreu a abdução.

XERIFE: - Olha, pode parecer doidice, mas eu creio no rapaz. Conheço Irving desde pequeno, é um garoto honesto, decente, trabalhador. Costumo dizer que é uma exceção entre os jovens daqui. Ele cuida da mãe, raras vezes o vejo em algum bar. É um bom menino, não teria motivos pra inventar algo assim.

MULDER: - Gostaria de fazer testes psicológicos com ele. E precisarei que ele passe pelo detector de mentiras.

XERIFE: - Vocês já viram algo assim?

SCULLY: - (DEBOCHADA) Não. Sinceramente, não.

MULDER: - Já.

Scully olha pra Mulder, com surpresa.

MULDER: - Há vários relatos nos Arquivos X sobre casos como o de Irving. Estupro, violência e aberrações sexuais envolvendo alienígenas.

XERIFE: - (ACANHADO PELA PRESENÇA DE SCULLY) Acha que... os homenzinhos verdes também gostam de... sabe, né?

Scully segura o riso. Vira-se pra parede e finge que vê um quadro. Mulder está sério.

MULDER: - Na verdade, xerife, acho que o interesse deles é coletar material genético. E na verdade, pra ser mais exato, a probabilidade de serem extraterrestres é de apenas 20%.

XERIFE: - Acha que o governo está por trás disso?

MULDER: - Não posso afirmar nada. Mas o caso de Irving me interessa. Talvez eu consiga aqui as provas de que preciso.


Motel Road 10 – 6:19 P.M.

Mulder ajeita a antena da TV. A TV não quer pegar. Mulder começa a esmurrar a TV. A imagem aparece.

MULDER: - Jeitinho americano...

Scully entra no quarto, com uma revista. Olha pra ele, rindo.

SCULLY: - Mulder, olha o que encontrei.

Scully entrega pra ele. Mulder olha.

SCULLY: - Veja a manchete da capa: ‘Garanhão terrestre ganha marciana de olhos azuis e garante que foi sexo animal.’

Mulder atira a revista na cama, indiferente. Olha pra ela, sério.

MULDER: - Scully, ao contrário do que pensa, testemunhas e contatados costumam procurar veículos de comunicação abertos para esse tipo de coisa, e que nem sempre se preocupam com a verdade, mas sim com a quantidade de exemplares vendidos. Jornais e revistas ‘convencionais’, não dão espaço pra malucos, como eu e você, para contarmos o que vimos com abelhas, naves espaciais e ‘gravidez misteriosa’.

SCULLY: - (IRRITADA) Vai começar com essa besteira de novo?

MULDER: - (DEBOCHADO) Milagres acontecem, não é Scully?

SCULLY: - Assim que voltarmos pra Washington, eu juro que vou fazer outra ecografia, na sua frente e esfregar na sua cara!

MULDER: - ...

SCULLY: - Aposto que vai ver o tamanho do nariz de seu filho e vai mudar de ideia.

Mulder olha pra ela.

MULDER: - Scully, você tá sendo mais insuportável do que eu, sabia?

SCULLY: - Eu? Acho que não sou eu a insuportável por aqui. Você é que nem toca no seu filho com medo de que ele vai sair da minha barriga e te atacar!

MULDER: - (RESMUNGANDO PRA SI) Melhor ficar calado... Não adianta mesmo. Dizem que as mulheres ficam diferentes quando estão grávidas... São os hormônios. Provavelmente é isso.

SCULLY: - (IRRITADA) Pára de resmungar!

Mulder atira-se na cama. Muda o canal da TV. Scully deita-se ao lado dele.

SCULLY: - (RESMUNGANDO) Vou. Juro que vou fazer outra ecografia.

MULDER: - ... (ASSISTINDO TV)

SCULLY: - Sua neurose me irrita, sabia? Mulder, será que nunca vai ser uma pessoa normal? Achei que quando dissesse que estava grávida, você pularia de felicidade, iria chorar de emoção. Mas ao contrário, pulou e chorou de raiva.

MULDER: - ...

SCULLY: - (MAGOADA) E de pensar que ainda me propôs pra ter um filho! Agora que tem, age como um maluco que tem medo da criança!

Mulder vira-se de lado e fecha os olhos.

SCULLY: - Mulder, está me ouvindo?

MULDER: - Não.

Ela se levanta da cama, vai pro banheiro e bate a porta. Mulder suspira.

MULDER: - Se não acabar num manicômio agora, passei no teste. Sinal de que eu nunca mais vou enlouquecer.

Mulder levanta-se. Cola o ouvido na porta. Escuta o choro dela. Se compadece.

MULDER: - Scully.

SCULLY: - ...

MULDER: - Scully, posso entrar?

SCULLY: - ...

Mulder entra. Ela está sentada sobre a tampa do vaso, chorando, segurando um lencinho de papel, o nariz sangrando. Mulder olha pra ela, triste.

MULDER: - Vem aqui, vem. Me desculpe.

Ela levanta-se e se abraça nele. Mulder a abraça com força.

MULDER: - Temos que ficar juntos, segurar essa juntos. Me desculpe, Scully. Estou sendo egoísta de novo e achando que tenho que levar tudo nas costas sozinho.

SCULLY: - ...

MULDER: - Perdoa?

SCULLY: - ... O que me deixa triste é o descaso que você tem com seu filho. Parece que não quer ele.

MULDER: - ...

Scully afasta-se dele.

SCULLY: - Você parece que não liga pra ele. Que não tem emoções. Você nem toca na minha barriga, você nem se preocupa se ele está bem. Sei que se preocupa comigo, mas tem que se preocupar com ele, Mulder!

MULDER: - ...

SCULLY: - Você fica evitando... a impressão que tenho é que não quer se apegar.

MULDER: - Scully, por favor. Não ... Deixa pra lá.

SCULLY: - Mulder, eu estou grávida. Sabe o que é isso?

Ela segura a barriga.

SCULLY: - Tá vendo? Grávida. Tem um neném aqui dentro e ele é seu. Se você não está pronto pra me dividir com seu filho, diga. Eu vou entender. Mas não fique agindo assim com nojo e repulsa.

MULDER: - (TENSO) Não é isso, Scully. É que... Eu... (SUSPIRA)

Mulder volta pro quarto, atordoado. Ela vai atrás dele.

SCULLY: - Mulder, pode admitir. Não vou ficar chateada com você. Pelo menos terei uma explicação coerente com seus atos.

MULDER: - Amo vocês dois, Scully. Eu quero essa criança tanto quanto você.

SCULLY: - Então, Mulder? Por que está distante e apático?

MULDER: - (MENTINDO) Não sei, Scully.

SCULLY: - Ah, você sabe. O que está escondendo então?

O telefone toca. Mulder atende rápido.

MULDER: - Mulder... Sim, xerife, estamos indo.

Mulder desliga. Scully olha pra ele esperando resposta. Mulder desvia o olhar.

MULDER: - Irving está nos esperando.

Mulder levanta-se, veste um casaco e sai. Scully abaixa a cabeça.


8:21 P.M.

Irving caminha ao lado de Mulder e do xerife. Scully atrás deles. Mulder carrega uma máquina fotográfica. Irving pára.

IRVING: - Foi lá, agente Mulder. Não sei se quer sujar seus sapatos...

Mulder continua caminhando. Eles o seguem.

MULDER: - Você disse que o objeto era ovóide?

IRVING: - Exatamente.

MULDER: - Já tinha visto algo parecido?

IRVING: - Nunca.

MULDER: - De que direção ele surgiu?

IRVING: - Veio do Sul. Parecia uma estrela, depois foi se revelando uma nave.

MULDER: - Luzes vermelhas.

IRVING: - Exatamente. Ele pousou aqui.

MULDER: - Alguém mais testemunhou?

IRVING: - Ninguém.

Mulder agacha-se. Vê três buracos profundos no solo. Tira fotos.

MULDER: - Alguém pisou nesse lugar... Há várias pegadas por aqui.

IRVING: - Bom, foi há dois meses. Há pegadas por tudo. Era época de cultivo, há muito trabalho. Tanto que viramos a noite.

Mulder olha pra Scully. Percebe que ela sente-se em segundo plano.

MULDER: - Pode tirar amostras do solo?

Ela sorri.

SCULLY: - Que bom que posso ser útil.

MULDER: - (SORRINDO/ TENTANDO ALEGRÁ-LA) Está grávida, não está doente. Não vai usar isso como desculpa pra eu ter de fazer todo o serviço, espertinha.

Scully sorri. Tira as luvas do bolso.


9:35 P.M.

Numa modesta sala de estar, Mulder, Scully e o xerife escutam Irving.

MULDER: - Irving, você tem 19 anos, correto?

IRVING: - Correto.

MULDER: - Também nunca frequentou a escola?

IRVING: - Só aprendi a ler e escrever.

Mulder liga o gravador.

MULDER: - Pode me contar, em detalhes, o que aconteceu naquela noite?

Irving olha pra Scully. Olha pra Mulder.

IRVING: - (CONSTRANGIDO) Agente Mulder, eu... Eu não vou me sentir bem falando aquilo tudo na frente da sua amiga.

Mulder olha pra Scully. Scully levanta-se. Sai. Irving está nervoso. Começa a falar. Mulder o analisa.


9:47 P.M.

Mulder olha pra Irving. Scully está na cozinha tomando chá com a mãe do rapaz.

IRVING: - Diante das circunstâncias, aquilo era inacreditável, agente Mulder. Eu estava excitado, mas penso que foi devido à influência do líquido que passaram em meu corpo... Como poderia estar excitado à contragosto? ... Bem, nós transamos. Ela reagiu como qualquer outra mulher. Mas não me beijava. Mordia meu queixo. Ela emitia ruídos que me davam medo, parecia que eu estava com um animal... Então outro ser entrou e a chamou. Ela, antes de sair, ainda olhou pra mim. Apontou para sua barriga e depois para o céu, em direção ao sul... Até pensei que ela iria me levar e entrei em pânico... Depois entregaram minhas roupas. Já vestido, eles me levaram pra outra sala e três deles estavam discutindo ainda.

MULDER: - Não entendia o idioma?

IRVING: - Tudo era confuso. Era como se eu estivesse bêbado, sabe? Formas distorcidas... Vozes distorcidas... Eu tentei trazer algo, mas eles não deixaram. Havia na mesa uma caixa cúbica com uma das faces vidrada, parecia um relógio, mas era diferente dos nossos. Um dos seres olhava pra aquele objeto de vez em quando. Mas o único ponteiro permanecia sempre no mesmo lugar. Até tentei pegar, mas me impediram. Tentei raspar a parede com as unhas, pra levar alguma prova, mas era muito lisa. Me levaram para uma plataforma externa e me mostraram a nave. Posso até descrevê-la em minúcias. Mandaram que eu descesse. Então o ser que estava na plataforma apontou pra si, para o céu e depois para o sul. Então entrou.

Mulder lê um papel em suas mãos.

MULDER: - Você disse em seu depoimento ao xerife que a cúpula giratória acelerou, as luzes ligaram-se, um ruído como uma aspiração ficou intenso e o objeto decolou rapidamente... Há uns 35 metros ele parou, tornou-se vermelho e com um estalido seco desapareceu ao sul com velocidade fulgurante.

IRVING: - Sim, então voltei pro trator correndo. Queria fugir, estava com medo. Então percebi que o trator havia voltado a funcionar. Só contei isso tudo à minha mãe. Depois ao xerife.

MULDER: - Irving, você descreveu os seres vestindo trajes bem justos, espessos, com um escafandro nas costas... roupas cinzentas, com listras assimetricamente dispostas... o traje estava ligado ao capacete, da mesma cor, reforçado na frente e atrás por placas metálicas. Escondendo o rosto, exceto os olhos que podiam ser vistos através de duas grossas lentes.

IRVING: - Pareciam olhos pequenos, claros.

MULDER: - Você disse que os capacetes eram alongados pra cima, o que nos sugere que dava um volume craniano duplo. Disse que tinham 3 tubos, um no centro, outro de cada lado, tendo aspecto metálico brilhante. Esses tubos se recurvavam pra trás e eram fixados nas costas do escafandro.

IRVING: - Sim. As luvas se juntavam as mangas, tinham 5 dedos. Os sapatos eram a continuação das calças. Havia uma insígnia redonda em seus peitos, da qual partiam reflexos como olho de gato de automóveis, e ligada por uma linha fina até o cinturão sem fivela. Eram rápidos e flexíveis. Calculo que tinham 1,64 m. Apenas um era mais alto e tinha o meu tamanho.

MULDER: - Vou te mostrar uma foto. Me diga se o traje é semelhante.

Mulder tira uma foto da pasta. O rapaz a pega. Scully entra na sala.

IRVING: - Sim. Algo como isso.

MULDER: - Insígnia no uniforme... Poderia desenhá-la?

IRVING: - Não sou muito bom em desenhos.

XERIFE: - Temos um desenhista ótimo que trabalha pra nós. Podemos fazer desenhos da nave e dos detalhes.

MULDER: - Seria interessante. Pode nos ajudar, Irving?

IRVING: - Claro, agente Mulder. No que for possível.

MULDER: - Irving, me responda uma última questão. Disse que eles passaram um líquido em seu corpo. Ficou algum vestígio? Alguma reação alérgica?

IRVING: - Não, senhor. Enquanto estava no chuveiro, percebi que algo descolava da minha pele, como cola seca, sabe? Puxei da pele.

MULDER: - Se importa se a agente Scully verificasse essas manchas em seu queixo? Gostaria de ter exames seus, de ter provas do que fizeram. Isso vai nos ajudar a descobrir a verdade.

IRVING: - Também quero uma resposta pra tudo isso. Eu... eu estou com medo, agente Mulder. Muito medo.


BLOCO 2:

Hospital Geral de Oakdale – 10:37 A.M.

Scully sai da sala. Mulder olha pra ela.

MULDER: - Então? O que descobriu?

SCULLY: - Há duas perfurações no queixo, Mulder. E há ausência de pele nas duas regiões onde houve perfuração. Mulder, não faz sentido perfurarem o queixo para retirar sangue! Isso é ilógico!

MULDER: - (IRÔNICO) Eu sei, Dra. Spock. Mas talvez não estivessem retirando sangue e sim o confundindo. Talvez estivessem injetando alguma substância.

SCULLY: - Com o intuito de quê?

MULDER: - (RECEOSO) ...De... excitá-lo à força?

Scully ergue as sobrancelhas. Abre a boca. Mulder encolhe-se, assustado. Põe as mãos nas orelhas.

SCULLY: - (INDIGNADA) O que está sugerindo, Mulder? Não temos provas concretas! Eu confesso, algo aconteceu com o garoto, ele está perturbado. Mas não posso provar nada! Os exames todos não acusaram anomalias!

MULDER: - ... (CARENTE)... Vamos tentar o detector de mentiras. Pelo menos teremos isso a nosso favor... Uma pena que o caso chegou atrasado em nossas mãos.

SCULLY: - Quem te deu a fita sobre o caso?

MULDER: - (CACHORRINHO PIDÃO) O xerife mandou pelo correio.

SCULLY: - Mulder, agora vamos ser racionais. Por que um alienígena faria sexo com um humano? Para criar híbridos que o governo já faz?... Segundo suas teorias, certamente.

MULDER: - Scully, quando mostrei uma foto ao garoto, ele disse que os seres se pareciam com aquele da foto. Sabe que foto mostrei?

SCULLY: - Não. (DEBOCHADA) Do Darth Vader?

MULDER: - Não. De um funcionário do governo que trabalha no Centro de Controle de Moléstias.

SCULLY: - (INCRÉDULA) Mulder, está sugerindo que homens do governo estão se disfarçando de Ets para praticarem taras sexuais bizarras? Deveria ser conselheiro da presidência, Mulder. Teria evitado muitos transtornos políticos com desculpas como ‘eram naves em forma de charuto e a alienígena agrediu o zíper da minha calça!’.

MULDER: - (PÂNICO)

SCULLY: - ... Irritante. Eu não posso acreditar que estou aqui ouvindo essas bobagens!

MULDER: - Por isso o garoto está confuso, Scully. Já vimos algo parecido. Até aquele imbecil do Chung escreveu um livro sobre isso. Eles devem injetar algo na vítima para fazê-la ter alucinações e pensar que eram extraterrestres.

SCULLY: - Mulder, olha o absurdo que está dizendo! Está levando isso às fronteiras do inaceitável! Você sugere que o garoto foi drogado e estuprado por uma mulher enquanto o governo assistia tudo, como um bando de tarados?

MULDER: - Scully, quero que passe o garoto pelo detector de mentiras. Vá com ele até o escritório do FBI em Evangeline.

SCULLY: - E você? Onde vai?

MULDER: - Vou procurar alguém que possa fazer hipnose.

SCULLY: - Eu não acredito! Mulder, vai submetê-lo à hipnose? Não acha que é humilhação demais pra um garoto?

MULDER: - É a melhor forma pra saber a verdade.

SCULLY: - Mulder, a hipnose não é considerada meio válido para autenticar experiências.

MULDER: - Tudo bem, Scully. Mas eu quero saber a verdade, mesmo que não possa prová-la.

Mulder sai do hospital. Scully volta pra sala, irritada.


Escritório do FBI - Evangeline – 4:32 P.M.

Scully olha para o agente em sua frente.

AGENTE: - Colega, não tem erros. O sujeito falou a verdade.

SCULLY: - Posso usar seu telefone?

AGENTE: - Claro.

O agente a acompanha até uma escrivaninha.

AGENTE: - Fique à vontade... História estranha. No que mesmo você trabalha em Washington?

SCULLY: - Nos Arquivos X.

AGENTE: - Puxa, nem sabia que isso existia...

O agente sai. Scully pega o telefone. Disca.

SCULLY: - ... Mulder, onde está? ... Temos uma prova... Sim, ele falou a verdade... Tá, eu espero você aqui.

Scully desliga. Irving aproxima-se dela.

IRVING: - Agente Scully.

SCULLY: - Sim?

IRVING: - ... Tenho medo que eles voltem.

SCULLY: - ...

IRVING: - Será que ela quis dizer que ficou grávida e que eu posso ter um filho em algum lugar desse universo?

SCULLY: - ...

IRVING: - Isso não é justo!

O rapaz senta-se e chora. Scully fica nervosa.


Delegacia do Condado de Allen – 9:23 P.M.

O desenhista entrega algumas folhas pra Mulder.

DESENHISTA: - Cara, já descrevi coisas bizarras, mas isto...

MULDER: - Perfeito. Obrigado pela sua ajuda.

DESENHISTA: - De nada. Se tiver mais coisas estranhas por aí, me chame. Acho que posso montar uma galeria de arte com isso.

O desenhista sai. O xerife aproxima-se.

XERIFE: - Conseguiu o que queria, agente Mulder?

MULDER: - Estou mais perto do que jamais estive. Esse caso me dá provas concretas.

XERIFE: - A gente passa a vida toda num lugar desses, prendendo baderneiros, multando carros... uma hora se dá conta de que existe tanta coisa bizarra por aí... Sei lá, por via das dúvidas, estou trancando as portas da casa durante a noite.

MULDER: - Quer assistir a regressão do garoto?

XERIFE: - Como eu disse, já estou cansado de multas e baderneiros. Um caso estranho cai bem de vez em quando. Embora saiba que pra você é mera rotina...

Mulder sorri. Os dois saem da delegacia. O celular de Mulder toca.

MULDER: - Mulder..... Sim, Skinner, mas acho melhor não falar por telefone... Não amanhã estarei em Washington.

Mulder desliga. Olha pro xerife.

MULDER: - Meu superior.

XERIFE: - Ah!

MULDER: - Ele quer relatórios... (RESMUNGA) Relatórios, relatórios... Acho que vou deixar isso pra Scully.

XERIFE: - Por que ela não está de licença?

MULDER: - Porque não quer. E pra não deixá-la se arriscar por aí, fico dando os serviços mais bobos pra ela. Pelo menos se sente útil. Tenho medo que se contamine com algum cadáver, que se exponha ao perigo... Mas ela é teimosa.

XERIFE: - Mulheres são teimosas. É o feminismo. Elas acham que não podem parar ou estarão perdendo para os homens.

MULDER: - Sou machista nesse ponto. Meu dever é protegê-la.


Motel Road 10 – 2:36 A.M.

Mulder sentado na cama, mexendo no laptop. Scully olha algumas radiografias.

SCULLY: - (DESANIMADA) Nenhum chip...

MULDER: - (EMPOLGADO) Uau! Procurando chips, cética agente Scully?

SCULLY: - Meio cética.

MULDER: - Ah! Estamos progredindo.

SCULLY: - (PROVOCANDO) Agora completamente cética de novo, depois desse comentário idiota.

MULDER: - ... O monstro aqui ficará de boca calada...

SCULLY: - Mulder, não faz sentido! Sei que alguma coisa aconteceu com o rapaz, mas não significa que foi o que ele descreveu... Você sabe que podem haver reações traumáticas a determinadas situações, onde a pessoa pode criar alucinações inconscientes e...

MULDER: - Viu a regressão. Viu o teste no detector de mentiras. Viu as cicatrizes no queixo dele e você mesma disse que havia ausência de pele no lugar e que é impossível não ter havido cicatrização em dois meses. Acho que está me contestando só pra me irritar.

SCULLY: - Não. Estou fazendo isso pra ter sua atenção. Pelo menos você escuta o que eu falo.

Mulder disfarça. Olha pra tela do laptop.

MULDER: - Eu te dou toda a atenção que quiser.

Scully abaixa a cabeça, magoada.

SCULLY: - Mulder, tem certeza de que já viu casos assim?

MULDER: - Scully, nunca vi casos assim. Existem pilhas nos Arquivos X, mas só agora tive a chance de ter um caso desses em minhas mãos. Por isso estou tão eufórico.

SCULLY: - Olha que já ouvi besteiras suas, mas sexo com alienígenas superou tudo!

MULDER: - Na verdade a correlação entre sexo e Óvnis é bastante antiga, Scully. O pesquisador Aimé Michel e o pré-historiador André Leroi-Gourham, encontraram pinturas pré-históricas em algumas cavernas que mostravam a figura de um astronauta arrastando mulheres de idades diferentes para uma estrutura oval. Entre os Sumérios, a divindade do amor e do sexo era Innana, que os babilônicos chamavam de Ishtar. Os textos sumérios associam essa deusa a tochas voadoras, carros de fogo e outros protótipos de Óvnis. Afrodite veio ao mundo em um carro voador em formato de concha, que saiu do mar.

SCULLY: - Ah, então todos os personagens míticos eram Ets?

MULDER: - Míticos, não, Scully. A palavra correta seria místicos. Talvez pudesse explicar o elemento sexual na casuística ufológica atribuindo-o a fantasias originadas por frustrações e neuroses de cunho sexual. Contudo, esse tipo de explicação não é nada convincente, já que os fatos antigos provém da esfera religiosa. No próprio Tantra, a união sexual é o veículo que conduz para fora do mundo das aparências e permite a contemplação mística da verdadeira realidade. Talvez seja por isso que o hinduísmo associe o lingam ou falo, ao vimana, o veículo aéreo dos deuses. Curiosamente, este tem a forma de um yoni ou vagina. Por outro lado, o lingam também é descrito como uma coluna de fogo ligando a Terra e o Céu, uma forma nada incomum para os Óvnis.

SCULLY: - (IRRITADA) Deus! Revelou o lado Freudiano! Tudo é culpa do sexo!

MULDER: - Não estou dizendo isso!

SCULLY: - (IRRITADA) Mulder, por favor! Pra mim chega! Não sei o que houve com o garoto, mas ele não transou com uma extraterrestre!

MULDER: - Eu sei disso.

SCULLY: - ???

MULDER: - Scully, talvez tenha transado com uma terrestre mesmo.

SCULLY: - Acho que vou dormir. Não estou entendendo mais nada, você conseguiu me confundir.

MULDER: - Scully, só pra citar alguns casos famosos envolvendo humanos e Ets, considerados pela ufologia mundial: Betty Hill sofreu um teste de gravidez. Julio Soria teve amostras de sêmen retiradas. Elisabeth Klarer gerou um filho de um comandante espacial. Algumas outras vítimas foram comunicadas pelos alienígenas de que eles pretendiam usá-las para gerar crianças. Um produtor de televisão contou ter observado um resplandecente ÓVNI no instante em que fazia um filho com sua mulher. Um advogado foi surpreendido pela aparição de um ÓVNI enquanto fazia amor com sua esposa. Ao contrário do que pensa, são fatos bastante comuns na casuística ufológica.

SCULLY: - Ah, Deus! Agora ele começou a despencar besteiras boca à fora...

MULDER: - Esses fatos sugerem um parágrafo do Livro dos Esplendores, a pedra angular da Cabala hebraica: ‘Recorde-se que o Senhor não permanece onde o macho e a fêmea não estão unidos. Ele cobre de bênçãos somente o lugar onde o macho e a fêmea estão unidos. É por isso que as Escrituras dizem que os abençoou e deu a eles o nome de Adão.’

SCULLY: - (INDIGNADA) Mulder, não começa! Deixe Deus fora disso!

MULDER: - Acha que Maria engravidou do Espírito Santo? Ela foi inseminada, Scully! Já viu a que ponto a tecnologia está! Isso é fato, antigamente era ‘milagre’!

SCULLY: - Por Deus, Mulder! Isso é blasfêmia sua e daquele maldito J.J. Benitez!

MULDER: - Tá, Scully. Deixa pra lá.

Ela deita-se na cama. Ele fecha o laptop e coloca sobre a cômoda.

SCULLY: - Prefiro suas piadas bobas do que suas teorias bizarras!

MULDER: - (PROVOCANDO/ IRRITADO) Ah, quer piadas bobas? Diz que um avião cargueiro, contendo produtos frigoríficos, explodiu no ar.

SCULLY: - Vem bobagem...

MULDER: - Como explodiu tudo, um salame foi parar na porta do céu.

SCULLY: - (RESMUNGANDO) Ah! Eu sabia...

MULDER: - São Pedro olhou aquilo e ficou intrigado. Então, a Virgem Maria apareceu. São Pedro olhou pra ela e perguntou se ela sabia o que era aquilo. Maria olhou pro salame, ergueu as sobrancelhas e gritou: Ah, é o divino espírito santo!

Scully faz um beiço, mete-se embaixo do edredom e vira-se de costas pra ele, emburrada. Desliga o abajur furiosa. Mulder fica rindo.

MULDER: - Ô, Scully...

Scully começa a chutá-lo pra fora da cama. Ele segura-se na cabeceira da cama.

SCULLY: - Seu imbecil, cético, desgraçado! Sai daqui!

MULDER: - Scully, foi uma piadinha...

SCULLY: - Piada? Mulder, isso foi uma blasfêmia!

MULDER: - E daí?

SCULLY: - Começo a achar que sei porque vocês judeus são expulsos de qualquer lugar que queiram habitar! São insuportáveis!

MULDER: - Scully, ruivinha ariana cuidado... Hitler começou assim...

SCULLY: - Cala a boca, Mulder! Se ouvir sua voz mais uma vez eu juro que te ponho pra fora daqui a chutes! Não blasfeme contra Deus!

Mulder levanta-se. Entra no banheiro. Espia pra ver se ela está deitada. Abre uma necessaire e retira o frasco de pílulas. Toma duas.

MULDER: - Algemas não adiantam. Preciso ficar acordado. Vocês não vão levar essa criança. Eu não vou desistir. Nem que nunca mais pregue meu olho.

Mulder volta para o quarto. Deita-se. A arma debaixo do travesseiro. Scully dorme. Ele não.


Delegacia do Condado de Allen – 10:14 A.M.

Mulder anda de um lado pra outro, de braços cruzados. O xerife serve dois cafés. Scully entra. Joga um envelope nos braços de Mulder. Ele o pega, no ar.

SCULLY: - Ok. O que está acontecendo aqui, porque sei que você tem uma teoria e parece que não quer me contar!

MULDER: - O que é isso?

SCULLY: - Não sei. Confesso que gostaria de saber. São os resultados da análise das amostras de terra que recolhemos. Presença de radiação.

Mulder abre um sorriso.

SCULLY: - Analisamos todas as pegadas e eram pertencentes a alguma coisa por volta de 1,64 metros de altura.

MULDER: - Não posso deixar essa... Quer dizer que greys são mais altos do que você?

SCULLY: - (ROSNANDO)

MULDER: - Você falou ‘alguma coisa’?

SCULLY: - Mulder, me parecem pegadas humanas. Mas deixo isso para sua análise. Meu relatório vai considerar como humanas.

MULDER: - Mais alguma notícia boa?

SCULLY: - Mulder, qual sua teoria?

MULDER: - Primeiro a sua.

SCULLY: - Algum palhaço resolveu fazer piadas com Irving Sander e o deixou profundamente traumatizado.

MULDER: - E a radiação?

SCULLY: - ...

MULDER: - (RINDO) Tá sem teorias, não é Scully?

O xerife sai. Scully cruza os braços e faz beiço.

MULDER: - Tá bom. Minha teoria é que Irving foi abduzido por homens do governo, teve suas lembranças confundidas, e foi vítima de uma experiência genética. Acredito que a mulher era um híbrido humano-alienígena, o que me parece mais coerente. Eles querem forçar a procriação entre híbridos e humanos para tornar os genes humanos imunes a vírus alienígenas e...

Scully fecha os olhos.

SCULLY: - Eu mereço... Chama isso de teoria?

MULDER: - ... (FRUSTRADO) Mas é tão boa...

SCULLY: - Mulder, experiência genética pra quê?

MULDER: - Scully, eu... Eu não queria entrar nesse assunto com você, prometi a mim mesmo que não mais o faria. Mas vou ter de fazer. Scully, não retiraram seus óvulos? Acha que não podem fazer coleta de sêmen? Aposto que se fizer um espermatograma no rapaz, vai ter as provas de que precisa.

SCULLY: - Está dizendo que ele é estéril?

MULDER: - Estou dizendo que deve ter baixa contagem de espermatozoides devido a radiação a que foi exposta.

SCULLY: - E vamos comparar isso com o quê?

MULDER: - A médica aqui é você. Sou só seu ‘assessor de ideias’.

Scully olha pra ele.

SCULLY: - (IRRITADA) Está dizendo quer terei de pedir mais testes e verificar se há presença de radiação? Como vou comparar amostras recentes de esperma com amostras antigas se não há amostras antigas do contatado, Mulder!

MULDER: - Contatado não, Scully. Testemunha.

SCULLY: - E daí? Não é tudo a mesma coisa?

MULDER: - Não. Para a testemunha, sua experiência é puramente ao acaso. O contatado já atende uma intuição. A testemunha habitualmente vem confirmada por outras, podendo, às vezes, apresentar evidências físicas de sua manifestação. O contatado nunca possui provas. A testemunha declara um comportamento frio e indistinto por parte do ET, já o contatado deve transmitir uma mensagem de advertência, pois foi um escolhido. A testemunha evita divulgar sua experiência, o contatado não. Ele pode criar seitas, grupos, livros... Para a testemunha, os seres são de baixa estatura, cabeça desproporcional ao corpo, indumentária de características espaciais, feios. Para os contatados são seres carismáticos, tipos angelicais, mensagens messiânicas. A testemunha, na maioria das vezes, passa por experiências traumáticas, o contatado exalta a beleza rara de seu contato.

SCULLY: - Odeio quando você faz isso! Você é como uma enciclopédia ambulante de conhecimentos inúteis! ... Tudo bem, Mulder. Vou conseguir as provas de que precisa. Porque eu sou a assinatura final aqui, não? Se não provar suas teorias malucas, elas não serão validadas. Eu faço tudo por você, Mulder. Quero ver quando vai fazer algo por mim.

Scully sai da sala. Mulder suspira.

MULDER: - Nem dando dicas ela consegue duvidar do que está acontecendo com ela. Acho melhor ficar quieto mesmo.


BLOCO 3:

Rodovia Estadual 10 – 11:34 P.M.

Scully dirige. Mulder dorme no banco ao lado. O rádio está ligado, bem baixinho.

LOCUTOR (OFF): - Tempo nublado na região do Mississipi. Parece que a chuva não quer ir embora... Ainda bem que não estou de férias... Aqui é tio Jesse, o locutor mais antigo da região do Mississipi. Mais antigo que eu, só jazz e café com creme em dixie lane... ôh, pessoal do Drive Orleans! Vê se mandam uns petiscos aí e aquele café gostoso! Ou não vou mais fazer anúncios pra vocês!

Scully sorri.

LOCUTOR (OFF): - A ensolarada Califórnia parece mais tranquila depois da vingança da natureza. E por falar em vingança da natureza, parece que o Greenpeace, o vingador da natureza, atacou outro navio japonês... Alguém aí pode me dizer por que japonês gosta de comer baleias? Puxa vida, dá pra fazer sushi até de lambari! Será que é complexo por causa do tamanho do povo? Por isso preferem baleias?

Scully segura o riso.

LOCUTOR (OFF): - Aliás, meus caros ouvintes, talvez japoneses gostem de baleias porque pelo menos, em algum momento da vida, eles conseguem segurar algo grande nas mãos... É, vamos rir, porque chorar não adianta. Tem um camarada em Lousiana que afirma ter sido estuprado por uma alienígena. Bom, eu não duvido de mais nada. Só espero que ele consiga que as autoridades prendam a safada agressora... Tem um cara em Nova Orleans que foi estuprado por duas adolescentes. Parece que os pais das garotas terão de indenizá-lo... De pensar que meu avô teria um enfarte se ouvisse isso. Se alguma ouvinte tarada e estupradora estiver escutando, por favor ligue pros nossos estúdios. Não vamos revelar seu nome. Gostaria muito que explicassem, pra um negro velho como eu, como pode uma mulher estuprar um homem sem que ele queira... Pela frente, gente, pela frente... A produção aqui já começou a rir da minha cara. Tá, vou rodar Nat Cole pra vocês, enquanto pego esses safados aqui com a minha velha Sarah, que ainda precisa de pólvora pra dar tiros... Vocês estão ligados na 108.5, jazz e blues 24 horas no ar.

Mulder continua dormindo. Scully olha pelo retrovisor. Percebe um carro. Não liga. Começa a dançar no volante, e batucar as mãos. Mulder vira-se no banco, ferrado no sono. O carro acende os faróis em luz alta. Aproxima-se mais rápido. Scully cutuca Mulder. Mulder acorda-se.

MULDER: - O que foi?

SCULLY: - Tem um carro nos seguindo.

Mulder puxa a arma.

MULDER: - Acelera, Scully.

Scully acelera. O carro se distancia.

SCULLY: - Mulder, o que querem?

MULDER: - (NERVOSO) Não quero nem saber. Mas não vão pegar.

O carro aproxima-se mais.

MULDER: - (GRITA) Scully, acelera essa droga!

SCULLY: - Mulder, estou a 160! Vamos nos matar!

O carro encosta ao lado deles. O vidro baixa. Um homem bem vestido olha pra eles. Mostra uma credencial.

HOMEM: - (GRITA) Encostem! CIA!

SCULLY: - (INTRIGADA) CIA?

MULDER: - (GRITA) Scully, não pára!

Scully acelera mais. O carro continua atrás deles. Atiram, tentando acertar os pneus. Mulder abaixa o vidro e tenta acertar o carro da CIA. Pega no pára-brisas, estilhaçando o vidro. O carro perde o controle e entra no meio de uma fazenda.

MULDER: - (GRITA/NERVOSO) Scully, acelera, acelera!

SCULLY: - Não dá!

Mulder pisa no pé dela, empurrando o acelerador até o fundo. Scully grita.

SCULLY: - Mulder, vai nos matar!

MULDER: - Precisamos ganhar distância.

SCULLY: - Mulder, o que eles podem querer? Não temos nada.

MULDER: - Temos as provas, Scully!

SCULLY: - Ah, Deus! Mulder, quer ser sincero comigo? Você não falou a verdade. Como conseguiu esse caso?

MULDER: - ...

SCULLY: - Mulder, pelo amor de Deus! Estamos arriscando as nossas vidas e a do nosso filho e eu nem sei o que está acontecendo?

MULDER: - Scully, foi por esse caso que ficamos no FBI.

SCULLY: - O quê?

MULDER: - O diretor pediu prioridade e não nos afastou por causa disso.

SCULLY: - Mas quem deu as informações a ele?

MULDER: - O Skinner. O Skinner nos salvou.

SCULLY: - Mas como o Skinner sabia?

MULDER: -...

SCULLY: - Mulder, não acredito! Você entrou numa armadilha!

MULDER: - Scully, não tenho outra alternativa. Era isso ou dançávamos os dois do FBI! Ou acha que eu ficaria ali por muito tempo?

SCULLY: - (GRITA IRRITADA) Droga, Mulder! Droga!

Scully estaciona o carro. Fica furiosa.

SCULLY: - Pega a direção, eu acho que vou meter um tiro na sua cabeça!

Scully desce do carro nervosa. Passa as mãos na barriga. Mulder aproxima-se dela. Começa a discussão. O barraco tá armado.

MULDER: - Scully, você está bem?

SCULLY: - Não! Estou uma pilha! Mulder, em que está metido? Meu Deus, como pode confiar naquele homem? Você me recriminou por ter confiado nele e agora faz a mesma coisa?

MULDER: - Eu nem sei se foi ele quem deu as informações pro Skinner! O Skinner não quer me falar!

SCULLY: - Mulder, nós podemos morrer, sabia? Acha justo que esse inocente pague pela sua maldita busca?

MULDER: - Não está querendo me culpar por isso, está?

Scully esmurra o carro e olha furiosa pra ele.

SCULLY: - Pra mim chega! Vou pedir minha licença maternidade agora e você que mate-se sozinho! Não vou colocar a vida do meu filho em risco por você nem por ninguém!

MULDER: - Ah, é assim? Quer dizer que estou sozinho nessa?

SCULLY: - Até seu filho nascer!

MULDER: - Sabe de uma coisa? Acho que deve sair do FBI mesmo. Porque eu não vou ter mais descanso mesmo depois que essa criança nascer!

SCULLY: - Ah, é isso então? Está preocupado porque agora tem dois pra defender? Eu não preciso de você, Mulder, nunca precisei e não vai ser agora que vou precisar!

MULDER: - Scully, pelo amor de Deus! Você não entende? Preciso que fique comigo porque se estiver do meu lado eu posso ficar tranquilo! Só estou te trazendo porque preciso cuidar de você!

SCULLY: - Cuidar de mim? Ora, essa é boa! Não consegue nem cuidar de você mesmo!

MULDER: - (FICA IRRITADO) Ah, vamos lavar roupa suja agora, no meio da estrada?

SCULLY: - Exatamente! Mulder, você foi maravilhoso, mas desde o dia em que eu disse que estava grávida você mudou da noite pro dia! Eu não agüento mais as suas neuroses! Daqui à pouco vai me colocar numa prisão de segurança máxima! Mulder, eu sou uma pessoa, tenho uma vida, não posso ficar do teu lado o dia todo!

MULDER: - (FURIOSO) Ora, cale essa boca!

SCULLY: - (FURIOSA) Cale a boca você!

MULDER: - (IRRITADO) Você é minha mulher agora!

SCULLY: - (INDIGNADA) Ahn? Eu não acredito, Fox Mulder, que pensa que isso te dá o direito de me algemar na cama, ficar grudado em mim como cola, me fazer morar com seus amigos loucos e me meter nas suas confusões!

Scully escora-se no carro. Balança a cabeça, negativamente.

SCULLY: - Eu sabia! Eu sabia que você era perfeito demais... Eu sabia que tinha algo errado. Nada é felicidade eterna. Afinal, porque estaria solteiro até os 40 se fosse tão maravilhoso?

MULDER: - Scully, tenta entender...

SCULLY: - Entender o quê? Que sou sua propriedade? Entender o que você me esconde? Eu nem sei o que é, como vou entender?

MULDER: - Tá, tá legal. Pedi que confiasse em mim, mas parece que pedi demais!

SCULLY: - Ah, é assim? Fez o mesmo com as outras? Agora entendo porque se saturaram! Você é chato, pegajoso, louco e neurótico!

Scully entra no carro. Mulder chuta o pneu da frente, enfurecido. Entra no carro e dá a partida.

SCULLY: - Foi isso?

MULDER: - (IRRITADO)... Folgada! Você tá muito folgada, Scully! Acho que fiz errado, desde o início. Te dar a certeza do meu amor te deixou folgada, convencida! Eu deveria arranjar uns casinhos por aí pra tirar a tua segurança e te colocar no teu devido lugar!

Ela olha incrédula pra ele. Mulder está irritado mesmo.

MULDER: - (AMEAÇADOR) Nunca, mas nunca se deve dar tanta certeza ou você acaba virando saco de pancadas, porque ela sabe que pode bater o quanto quiser que você volta! Aviso, Scully: Você ainda não me conhece. Não sabe como eu posso ser vingativo... é muito pouco tempo pra saber como eu me comporto numa relação. Não se baseie pela nossa amizade. No amor eu posso ser muito, mas muito diferente!

SCULLY: - Devia ter deixado você pra Diana. Seria uma ótima vingança!

MULDER: - (GRITA/ VERMELHO DE RAIVA) Quer calar essa maldita boca?

Mulder esmurra o volante, fulo da vida.

SCULLY: - (GRITA) Não vou calar minha boca! Não sou sua mãe! Acha que pode mandar em mim?

MULDER: - Tudo bem, Scully. Agora também entendo porque ficou solteirona!

SCULLY: - (INCRÉDULA) O quê?

MULDER: - ... Aposto que ninguém aturou seu mal humor! Por isso nunca voltavam! Pobre coitado do Mulder, que caiu feito patinho, achando que a ruiva era a perfeita! Você é igual a todas as outras, mesquinha, chata, ciumenta e burra!

SCULLY: - Ah, e você? Você deve se achar o ‘senhor maravilha’. Não, porque você só vê defeitos nos outros, nunca enxerga os seus!

MULDER: - Eu? Tem certeza de que está falando de mim? Acho que você é a senhora maravilha, a senhora limpeza e organização.

SCULLY: - Vai atacar minha organização agora? Você é que é bagunceiro, desorganizado...

MULDER: - (GRITA) Você sabia como eu era!

SCULLY: - (GRITA MAIS ALTO) E você também sabia!

Scully cruza os braços, emburrada. Vira o rosto. Mulder fica sério, indignado.

SCULLY: - Não quero que pense que tem que continuar comigo porque temos um filho. Se quiser ir, vá com Deus! Pegue suas trouxas e suma da minha vida!

MULDER: - Impressão minha ou fui usado?

SCULLY: - ...

MULDER: - Não, porque parece que você vai dizer a qualquer momento: Mulder, obrigado pela sua parte, mas agora que já tenho meu bebê, bye bye pra você!

SCULLY: - ...

MULDER: - Me sinto como uma doador de esperma! Só isso! Como um bobo dos seus caprichos!

SCULLY: - ...

MULDER: - Isso é a chamada produção independente? Mas saiba que ainda depende de um homem! Você não fez essa criança sozinha!

SCULLY: - (SARCÁSTICA/ GRITA) Não! Fiz com o padeiro!

MULDER: - Foi bom me avisar. Assim vou pedir croissants de graça e dar a conta da maternidade pra ele.

SCULLY: - Pára o carro. Vou descer, não suporto mais você!

MULDER: - Vai descer só no aeroporto. Isso aqui não é ônibus de linha.

SCULLY: - Seu asqueroso!

MULDER: - Sou asqueroso sim! Algum problema?

SCULLY: - ...

MULDER: - Minha paciência esgotou! É só eu que fico ouvindo, só eu que me calo, só eu que levo desaforos, só eu que me humilho...

SCULLY: - Ah, pobrezinho dele, como é vítima!

MULDER: - Chega! Você vai ter que escutar agora!

SCULLY: - Ah, vingança?

MULDER: - Você é chata, Scully! Completamente chata!

SCULLY: - Não diz isso quando estamos na cama.

MULDER: - Nem diria, afinal preciso de você.

SCULLY: - Cretino!!!

Ela dá tapas nele, ele tenta se desviar dos tapas.

MULDER: - Pára!

SCULLY: - Não! Eu vou te matar!

MULDER: - Acha que me mata com esses tapinhas?

Ela cruza os braços, faz um beiço quilométrico. Ele segura o riso. Faz cara de sério, pra não dar o braço a torcer.

SCULLY: - Se viemos atrás de alguma verdade, agora já descobri a verdade. Quero divórcio.

MULDER: - Tudo bem. Mas a custódia da criança é minha.

SCULLY: - Eu sou a mãe. E eu fico com ela.

MULDER: - Tudo bem, aos finais de semana vai ter de aturar a minha cara na porta do seu apartamento.

SCULLY: - Leve o que é seu.

MULDER: - Vou encaixotar suas coisas e depois você as pega no meu apartamento.

SCULLY: - ...

MULDER: -...

SCULLY: - Vou devolver aquele anel.

MULDER: - Tudo bem. Devolvo a aliança.

SCULLY: - E leve aquela raposa nojenta com você! Não quero mais nada que associe você naquele apartamento.

MULDER: - Então devolve minhas cuecas!

SCULLY: - Só se devolver meu camisolão dos Ursinhos Carinhosos!

MULDER: - E tem que me devolver meus livros e meus cd’s.

SCULLY: - Você também!

MULDER: - Quer ficar com os peixes?

SCULLY: - Não. Mas quero meus poemas!

MULDER: - Tá.

SCULLY: - Vou incinerá-los!

MULDER: - Vai pagar a minha coleção da Playboy que você queimou?

SCULLY: - Não!

MULDER: - (BIRRENTO) Então não vou devolver o camisolão!

SCULLY: - Tudo bem. Eu pego a TV que dei pra você!

MULDER: - Ah, é assim? Pois a TV é minha.

SCULLY: - Tá no meu nome, tenho a nota fiscal.

MULDER: - Pois quero meu vídeo-game de volta! Também tenho nota fiscal.

SCULLY: - ...

MULDER: -...

SCULLY: - Se pudesse, devolveria todos os orgasmos que tive!

MULDER: - Ah, eu não devolveria.

SCULLY: - ...

MULDER: - ...

SCULLY: - (TENTANDO ANIMÁ-LO) Mulder, pelo amor de Deus! Estamos juntos há quase 10 anos. Imagina quando estivermos juntos há 20?

MULDER: - (SÉRIO) Não vamos chegar aos 20.

SCULLY: - (FURIOSA) Ah, quer divórcio mesmo?

MULDER: - (IRRITADO) Não. Quero irritar você até o último dia da minha vida. Não tenho nada melhor pra fazer. Você foi a escolhida!

SCULLY: - (IRRITADA) Pois eu também não tenho nada melhor pra fazer.

MULDER: - (IRRITADO) Ótimo!

SCULLY: - (IRRITADA) Ótimo!

Os dois ficam em silêncio.

MULDER: - ...

SCULLY: - ...

MULDER: - ... Quer jogar?

SCULLY: - ...

MULDER: - Tenta falar isso rápido, sem errar: Peter Piper picked a peckle of pickled peppers. How many peppers did Peter Piper pick?

SCULLY: - Cala a boca, Mulder!


BLOCO 4:

FBI – Gabinete do diretor assistente – 8:34 A.M.

Scully sai da sala. Mulder olha pra Skinner.

MULDER: - Ela não relaciona nada com o que eu digo.

SKINNER: - Por que então não diz isso claramente?

MULDER: - Skinner, não quero que ela sofra! Ela vai sofrer muito.

SKINNER: - Quer saber? Você é quem está sofrendo. Você está segurando a barra sozinho, tendo que conviver com a verdade e isso a faz pensar que está negligenciando o filho.

MULDER: - ... Vai apresentar as provas?

SKINNER: - É o começo. Temos provas consistentes para expor esses canalhas. Mas não sei se conseguiremos mostrar isso. O Fumacinha não iria nos dar sua cabeça numa bandeja.

MULDER: - ... Skinner, posso te pedir um favor? Se não puder, tudo bem. Sabe que não costumo ser vencido, mas eu preciso realmente.

SKINNER: - O que precisa, Mulder?

MULDER: - (SORRI/ CANSADO) Me deixa dormir um pouquinho? Queria ir pra casa, deitar no meu colchão e dormir tranqüilo. Mal consigo ficar de pé.

SKINNER: - Vai, Mulder. Dou cobertura.

Mulder levanta-se.

MULDER: - Fica de olho nela pra mim?

SKINNER: - Fico. A levo até os pistoleiros. Vá descansar um pouco. Por que não passa na enfermaria? Pegue um atestado e durma dois dias.

MULDER: - ... Posso?

SKINNER: - Se precisar de você, eu ligo.

MULDER: - Mas e ela?

SKINNER: - Eu cuido dela, Mulder. Relaxe. Precisa dormir um pouco.

Mulder sai se arrastando, vencido pelo cansaço.


Apartamento de Mulder – 6:23 P.M.

Mulder dorme de bruços, espichado, ocupando toda a cama. O telefone toca. Mulder vira a cabeça, sem abrir os olhos. O telefone insiste. A secretária atende. Mulder abre os olhos ao ouvir a voz após o bip.

KRYCEK: - Atenda. Sei que está aí.

Mulder senta-se na cama e atende o telefone.

MULDER: - O que quer?

KRYCEK: - Não apresente aquelas provas.

MULDER: - Virou meu informante agora?

KRYCEK: - Se não acredita em mim, vai acreditar nessa pessoa.

Silêncio. Mulder fica intrigado.

MARITA: - Agente Mulder?

MULDER: - Quem fala?

MARITA: - Marita Covarrubias. Acho que lembra-se de mim.

MULDER: - (SORRI) Marita? Você...

MARITA: - Mulder, escute com atenção. É uma armadilha. Não apresente as provas, vai se expor ao ridículo e vão fechar os Arquivos X. A intenção não é separar vocês, mas encerrar os Arquivos X.

MULDER: - ... Como sabe disso?

MARITA: - Mulder, confie em mim. Precisa acreditar. Eles querem encerrar os Arquivos X. Vão tomar seu filho de você e sem os Arquivos X você nunca vai conseguir evitar isso!

MULDER: - Desgraçado!

Mulder levanta-se. Fica nervoso. Passa as mãos nos cabelos.

MARITA: - Mulder, preciso desligar. Não apresente as provas. Suma com elas. Se quiser me entregar eu saberei como usá-las.

MULDER: - E o que fará com elas?

MARITA: - Salvarei uma amiga sua que está com eles.

Mulder fecha os olhos.

MARITA: - A vida dela e a sua salvação. Ou a ruína de todos... Pense, Mulder. Ligo pra você amanhã.

Marita desliga. Mulder fica segurando o telefone nas mãos, de olhos fechados. Confuso.


Rua 46 Este – N.Y – 11:12 P.M.

Mulder, dentro de um carro, do outro lado da rua, observa a entrada do prédio. Puxa a arma e verifica se está carregada. Guarda-a no coldre novamente. Está tenso e nervoso.

Corta para Krycek. Ele sai do prédio e atravessa a rua. Mulder esquiva-se dentro do carro, escondendo-se. Krycek passa sem vê-lo. Mulder o acompanha com os olhos. Krycek entra num carro e sai. Mulder desvia as atenções para o prédio. O Canceroso sai. Pára na porta. Acende um cigarro. Traga profundamente. Sai caminhando pela calçada. Mulder sai do carro, indignado. Coloca as mãos no bolso da jaqueta e vai atrás do Canceroso. O Canceroso caminha lentamente. Mulder aproxima-se, o segurando pelo ombro.

MULDER: - Preciso conversar.

O Canceroso continua caminhando, indiferente. Mulder caminha de costas, olhando pra ele.

MULDER: - Preciso falar com você.

O Canceroso pára. Olha pra ele, com raiva.

CANCEROSO: - Seu idiota. Afaste-se de mim. Estão nos seguindo.

MULDER: - Ninguém está nos seguindo.

O Canceroso aperta o passo.

CANCEROSO: - Estão seguindo você, imbecil e estão me seguindo também.

MULDER: - Mas eu preciso...

CANCEROSO: - Não tenho nada pra conversar.

MULDER: - Desgraçado, eu quero respostas!

CANCEROSO: - Não sou homem de respostas. Eu faço as perguntas.

Mulder o agarra pelo braço e olha-o com fúria. O Canceroso percebe o nervosismo dele.

CANCEROSO: - (SORRI DEBOCHADO) Quer negociar?

MULDER: - ... Seu silêncio me deixa nervoso.

CANCEROSO: - Meia noite. Em frente ao Rockefeller Center.

O Canceroso dobra a esquina. Mulder fica parado, olhando pra ele. O Canceroso entra num estacionamento, no subsolo de outro prédio. Mulder afasta-se. Volta para o carro.


Rockefeller Center - 12:01 A.M.

Mulder sentado dentro do carro. A chuva fina cai. Mulder bebe um café, de olho no retrovisor. Percebe o Canceroso se aproximando. O Canceroso abre a porta do carona e senta-se. Acende um cigarro.

MULDER: - Não pode fumar aqui.

O Canceroso continua fumando.

CANCEROSO: - O que quer, Mulder? Negociar com o diabo novamente?

MULDER: - ...

Mulder abaixa a cabeça, angustiado. Olha pra ele.

MULDER: - Eu só quero uma resposta. Uma única resposta.

CANCEROSO: - Acha que dou respostas de graça?

MULDER: - ... Eu não sei mais no que acreditar.

CANCEROSO: - Ora, não vai começar com suas lágrimas novamente.

MULDER: - ... Eu... eu estou perdido, tá legal? Vejo uma coisa, associo, surge outro fato... Só quero que me diga se essa criança é meu filho... é o pouco que peço.

CANCEROSO: - Acha que isso é pouco?

Mulder olha pra ele.

MULDER: - Eu sei, Canceroso.

O Canceroso olha pra ele o interrogando com os olhos.

CANCEROSO: - (SORRI) Sabe?

MULDER: - (SÉRIO) Só quero que me diga se é meu filho. Só isso. Já não sei mais no que pensar, não sei se é uma criança normal ou não... Por favor. Só peço que me diga isso, é só o que preciso saber. Sei que vou lutar por essa criança, seja ou não meu filho. Porque se for uma criatura bizarra eu tenho provas contra você. Se for meu filho, esqueço esse assunto.

CANCEROSO: - ... Estão nos seguindo. Melhor sair daqui.

Mulder liga o carro. Conversa enquanto dirige.

MULDER: - Só me diz a verdade... Eu... (SEGURA AS LÁGRIMAS)... Eu sei que você não faz idéia do que é duvidar da natureza da criança... Olhar pra mulher que você ama, ter de protegê-la do que você nem sabe o que é, tomar pílulas para dormir e ficar doido pra tocar no seu filho, mas com medo, porque não sabe se é uma criança.

O Canceroso está distante.

MULDER: - Está me escutando?

CANCEROSO: - Poupe-me de seus dramas pessoais. Melhor não fechar os olhos mesmo. Seu inimigo está à espreita.

Mulder o agarra pelo colarinho. Olhos cheios de lágrimas, mas ele reluta em chorar.

MULDER: - (GRITA COM ÓDIO) Olha aqui, desgraçado! Só estou pedindo que confirme! Não estou pedindo pela vida do meu filho, porque eu vou protegê-lo! Você não vai tirá-lo de mim, tá entendendo? Eu te mato se fizer isso!

CANCEROSO: - E se não for seu filho?

MULDER: - Tire-o agora de dentro dela! E evite que ela sofra mais do que vai sofrer!

CANCEROSO: - Acha que pode me dizer o que tenho de fazer? Quem pensa que é?

MULDER: - Sou Fox Mulder, imbecil. A sua sombra.

CANCEROSO: - Estamos ficando valentes novamente?

MULDER: - ...

CANCEROSO: - Por que confiaria em mim? Acha que eu diria a verdade se é ou não seu filho?

Mulder pára o carro no sinal. Olha pra ele. O Canceroso olha pra Mulder. Os dois olham-se nos olhos.

MULDER: - Deixa ela em paz. Sei que quer minhas células. Tire-as de novo. Faça o que quiser comigo, eu não ligo. Mas deixa ela e o bebê.

CANCEROSO: - ...

MULDER: - Olha, estou cansado de você. Podia te matar agora, mas...

CANCEROSO: - Mas?

MULDER: - ...

O sinal abre, Mulder continua dirigindo.

CANCEROSO: - Seu sexto sentido lhe diz que isso seria um erro, não? Como lhe diz que alguns erros podem evitar que erros maiores aconteçam.

MULDER: - ...

CANCEROSO: - Se deixar a criança com ela, você se entrega?

MULDER: - Não vou reagir.

CANCEROSO: - Farão testes com você.

MULDER: - Não me importo.

CANCEROSO: - Doem.

MULDER: - Não tem problema.

CANCEROSO: - Pode não sair vivo.

MULDER: - Não me interessa.

CANCEROSO: - Nada feito, Mulder. Um homem sábio sempre sabe o que fazer. Você não está nos meus planos.

MULDER: - Então, tente tirar essa criança de mim. Vai ver o que acontece quando sou um animal acuado.

CANCEROSO: - ...

MULDER: - Tenho uma coisa pra você.

Mulder pega um envelope do porta-luvas. Entrega para o Canceroso.

MULDER: - Aqui estão as provas do caso Irving Sander. Dei as provas erradas ao Skinner.

CANCEROSO: - ???

MULDER: - Pegue. São suas. Apenas um sinal da minha gratidão. Pense nas coisas que eu poderia fazer pra você em troca da vida do meu filho e da Scully.

CANCEROSO: - ...

MULDER: - Eu sei que quer fechar os Arquivos X. Tudo bem, fique com as provas. Eu só quero a vida do meu filho e da minha mulher. Se quer que eu mesmo encerre tudo aquilo, eu o farei.

CANCEROSO: - ... Pare esse carro.

Mulder estaciona o carro.

CANCEROSO: - Preste atenção nas minhas palavras: Abra seus olhos muito bem. Não os feche nunca mais. Porque isso é inevitável. Você é um fracassado, Mulder. Você é previsível. Não serve pra trabalhar comigo. Embora, se eu precisar, já sei o que poderemos negociar.

MULDER: - ...

CANCEROSO: - Não se apegue. Não é seu filho. Está bem perto da verdade, Mulder, mas está cego. Associe. Não vou fazer isso por você.

O Canceroso sai levando o envelope. Mulder esmurra o volante com raiva. Abaixa a cabeça e chora.


Pistoleiros Solitários – 4:13 A.M.

Frohike destranca a porta. Mulder olha pra ele, abatido, olhos vermelhos.

FROHIKE: - Mulder? Aconteceu alguma coisa?

MULDER: - Onde ela está?

FROHIKE: - Está dormindo, no quarto...

Mulder passa por Frohike. Entra no quarto. Scully dorme na cama, encolhida. Mulder aproxima-se, engatinhando pela cama e a abraça. Frohike aproxima-se da porta. Olha para os dois. Sorri. Fecha a porta. Mulder desce a mão e segura a barriga de Scully. Começa a chorar. Scully acorda-se. Coloca sua mão sobre a mão dele. Mulder afaga-lhe a barriga. Scully derruba lágrimas, em silêncio. Mulder beija-lhe o rosto, com ternura. Scully vira-se, deitando de costas pro colchão. Ela dá um sorriso, misturado com lágrimas. Mulder ergue o pijama dela e acaricia sua barriga nua. Beija-a.

MULDER: - Acho que o moleque tá crescendo, Scully.

SCULLY: - (EMOCIONADA) ... Se colocar sua mão aqui pode senti-lo.

MULDER: - ... Já está se mexendo?

SCULLY: - Hum-hum...

MULDER: - (SORRI)

SCULLY: - Sentiu?

MULDER: - ... (CHORANDO) Eu amo vocês dois, Scully. Não pode saber o quanto eu os amo.

Mulder recosta sua cabeça na barriga de Scully. Fecha os olhos, sorrindo, mais leve. Scully afaga-lhe os cabelos.

SCULLY: - Tenho médico na próxima semana.

MULDER: - Vamos juntos.

SCULLY: - Tenho outra ecografia pra fazer... Quer saber o sexo?

MULDER: - Não. Quero surpresa.

SCULLY: - E se for menina?

MULDER: - Se for menina, vai ser a menina mais mimada do mundo.

Mulder dá um beijo na barriga de Scully e recosta-se nela.

MULDER: - Quero dormir do lado do meu filho. Agarrado em vocês dois.

SCULLY: - (SURPRESA)... Mulder, o que houve?

MULDER: - Nada, Scully. Apenas uma verdade escondida entre tantas mentiras.


Base Aérea de Wright - Patterson – Ohio – 6:13 A.M.

O Canceroso e três homens do Sindicato caminham por um corredor. Soldados armados os acompanham. O Canceroso pára em frente a uma porta.

CANCEROSO: - (DEBOCHADO) Convoquei esta reunião de emergência porque algumas coisas estão me irritando profundamente. Há alguém por aqui que está tentando atrapalhar meus planos, jogando o FBI em cima de Mulder, tentando fechar os Arquivos X, vigiando os dois e causando uma catarse coletiva, chamando atenção desnecessária, escutas desnecessárias, um Mulder mais neurótico e atento, e eu estou levando a culpa... Não que isso me desagrade, mas nem tudo é culpa do Lobo Mal. Por exemplo, Chapeuzinho Vermelho deveria ter pego um táxi, era mais seguro.

Eles se entreolham, desconfiados.

CANCEROSO: - Já disse que o problema não é a união dos dois e que isso deveria ficar longe dos ouvidos do diretor do Bureau. Mas alguém andou chiando por aí. Isso me fez perder tempo, pedir favores ao senador Matheson e ameaçar algumas cabeças do governo, em troca da cegueira do envolvimento deles.

Os homens continuam desconfiados. O Canceroso continua debochado.

CANCEROSO: - Armaram um circo todo baseados na experiência que russos tem com a arte circense. Senhores, não podem imaginar o esplendor do que verão. Aqui está toda a salvação da humanidade contra os malditos alienígenas.

HOMEM 1: - Ainda não achamos prudente tomar medidas paralelas contra eles.

CANCEROSO: - Acham então que não devemos estar preparados, caso eles não cumpram o acordo?

HOMEM 2: - Você está sugerindo que devemos trabalhar em silêncio com os rebeldes? É isso?

O Canceroso abre a porta.

CANCEROSO: - Entrem, por favor. Hoje, a humanidade ganha uma nova esperança.

Os homens entram. O Canceroso entra atrás deles.

HOMEM 3: - Não há nada aqui. Onde está o projeto?

CANCEROSO: - Quando tentei convencer vocês do caminho certo, simplesmente pensaram como aqueles outros. Cegos. Burros.

O Canceroso sai e tranca a porta. Eles gritam desesperados. Um gás esverdeado toma conta da sala. O Canceroso observa pela janela de vidro da porta. Os soldados estão sérios. O Canceroso olha pra trás. Outros 3 homens do sindicato olham pra ele.

CANCEROSO: - Agora, senhores, poderemos continuar os planos da vacina. Sem informações aos alienígenas e sem informações pro russo. Deixem que ele pense que sabe.

O Canceroso caminha com eles até outra porta. Abre-a. Há um laboratório enorme. Os quatro caminham até uma mesa redonda, no fundo da sala. Sentam-se. Há seis cadeiras ali.

CANCEROSO: - Senhores, começaremos nossa reunião na ‘nova’ velha sede. Continuaremos em Nova Iorque por medida de ‘precaução’. O feto de Scully será trocado pelo feto alienígena. Eles fizeram o acordo e nós ‘vamos cumpri-lo’.

Eles sorriem.

CANCEROSO: - Deixem que pensem que estarão com o feto certo. Nós ficaremos com ele para fazer a vacina. Evidentemente o russo não saberá disso.

VELHO 1: - Eles querem fazer a vacina antes de nós.

CANCEROSO: - E o russo quer mostrar que pode derrotar os americanos nos colocando uns contra os outros. Acha que erguemos uma nação como esta do dia para a noite? O melhor a fazer é fingirem que estão contra mim e que acreditam nele. Não exponham nosso envolvimento... Agora tenho uma novidade para vocês.

Corta para o outro lado da sala. O Homem das Unhas Bem Feitas (HUBF) está ali. Eles abrem um sorriso de surpresa.

VELHO 2: - Mas como?

HUBF: - Nada como a sabedoria dos velhos para evitar a insensatez dos novos.

Ele senta-se à mesa.

CANCEROSO: - Há muito tempo fomos noticiados de uma guerra. Não se pode deixar o passado pra trás, ele é sábio e está mais perto da verdade.

VELHO 3: - Tem mais alguém que quer nos mostrar? Há uma cadeira vaga.

CANCEROSO: - Digamos que meu fiel amigo está de volta. Sempre trabalhamos juntos e agora, chega de proteção. Eles estão chegando. Quero todo o apoio que for preciso.

Garganta Profunda entra na sala. Sorri.

GARGANTA PROFUNDA: - Prazer, senhores. Um prazer enorme sentar-me com vocês novamente. Pena não termos Bill Mulder por aqui.

O Canceroso acende um cigarro. Garganta profunda senta-se.

CANCEROSO: - Bem, senhores. Agora podemos trabalhar. Quero os relatórios de progresso das experiências. Quero os Arquivos X abertos. E quero aquele feto. Já que a confusão toda se armou, vamos revidar a nossa maneira. Próximo procedimento: Abduzir Mulder. Deixe-o nas mãos dos cientistas e dos alienígenas.

GARGANTA PROFUNDA: - Vai entregar seu filho?

CANCEROSO: - Todos temos algo a perder. Sacrifícios precisam ser feitos. Não vamos conseguir retirar o feto dela com ele por perto. Precisamos tirá-lo do caminho e tudo isto vem a nosso favor. Se os alienígenas querem Mulder, terão Mulder. Mas sob nossa supervisão.

HUBF: - E os rebeldes?

CANCEROSO: - Eles concordam. Também querem essa vacina. Até os alienígenas a descobrirem, nós já a teremos pronta.

VELHO 1: - Se os alienígenas não soubessem dos nossos planos, teríamos tudo em segurança! Agora querem o feto! E querem Mulder!

GARGANTA PROFUNDA: - Não se preocupem quanto a isso. Eles pensam que terão o feto. E pensam que só eles terão Mulder. Mas nós já temos.

VELHO 3: - O quê?

CANCEROSO: - Já tiramos dele o que precisamos. Continuem a vigiá-lo pelo chip. Vamos ganhar tempo. Precisamos ganhar tempo para abduzi-lo quando o feto estiver em estágio avançado. Enquanto os alienígenas se distraem com Mulder, nós tiramos a criança dela.

VELHO 1: - Acha que conseguiremos? Mulder está em alerta, ele sabe de tudo.

CANCEROSO: - Ele pensa que sabe de tudo. Deixem Mulder atordoado. Assim ele não é problema. Vai ficar cansado e vamos ganhar dele no cansaço. Somos 6 contra 1. Caso apareça algum problema com o russo, me tirem do jogo. Um homem ‘morto’ não levanta suspeitas.

O Canceroso sorri vitorioso. Traga o cigarro profundamente. Olha pra Garganta Profunda. Garganta Profunda olha pra ele, em silêncio de cumplicidade.


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26/06/2000

5. August 2019 01:14 0 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Das Ende

Über den Autor

Lara One As fanfics da L. One são escritas em forma de roteiro adaptado, em episódios e dispostas por temporadas, como uma série de verdade. Uma alternativa shipper à mitologia da série de televisão Arquivo X.

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