lara-one Lara One

Parece que nossos agentes ultimamente só pensam em amor, estão com a cabeça na lua... E enquanto eles se preocupam com o amor, com o que os outros se preocupam? Skinner precisa se afastar e deixa Mulder como diretor-assistente. Dá pra imaginar?


Fan-Fiction Series/Doramas/Soap Operas Nur für über 21-Jährige (Erwachsene).

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S03#11 - PROGÊNIE

INTRODUÇÃO AO EPISÓDIO:

Fade in.

Fort Marlene – 6:21 A.M.

[Som: Duran Duran – Union of Snake]

O Canceroso anda de um lado para o outro. O Caçador de Recompensas entra na sala.

CAÇADOR: - O que tem a dizer?

CANCEROSO: - Diga a eles que não confiem em Krycek.

CAÇADOR: - Ou não confiem em você?

CANCEROSO: - Sabe que se não fosse por meus métodos, jamais teriam chegado até aqui!

CAÇADOR: - Por que não soubemos da operação?

O Canceroso acende um cigarro.

CANCEROSO: - Porque não queria pôr os planos em risco.

CAÇADOR: - Eles já sabem. Acha que vão impedir?

CANCEROSO: - Preciso que se livre deles. E do russo. Apenas três da minha confiança ficarão comigo. Os outros estão com os Rebeldes.

CAÇADOR: - Por que nos escondeu Mulder?

CANCEROSO: - Porque não sou idiota pra confiar cegamente em vocês, como vocês também não são.

CAÇADOR: - O que pediu já está em andamento. Vão levá-la.

CANCEROSO: - ...

CAÇADOR: - Agora cumpra sua parte e mostre que você não é um traidor.

CANCEROSO: - (TENSO) Acho que devem esperar.

CAÇADOR: - Não vamos esperar mais nada.

CANCEROSO: - Vão atrair atenções. O que pedi vai afastá-la da verdade. Deixe-a enlouquecer um pouco e depois faça o que tem de ser feito.

CAÇADOR: - Se falhar de novo, sabe o que o espera. O russo fica. Não podemos confiar mais em você.

O Caçador sai da sala. O Canceroso apaga o cigarro no cinzeiro. O cinzeiro transborda de bitucas.

VINHETA DE ABERTURA: A VERDADE ESTÁ LÁ FORA


BLOCO 1:

FBI – Gabinete do Diretor assistente – 9:54 A.M.

Skinner está ao telefone. Batidas na porta. Skinner desliga.

SKINNER: - Entre.

Mulder entra.

MULDER: - E então? Vai nos dar algum caso muito, mas muito interessante? Minha bunda já está com calos de ficar sentada naquela cadeira!

SKINNER: - Tenho duas notícias.

MULDER: - ... Nada daquela coisa de escolher primeiro a boa ou a ruim, né?

SKINNER: - A boa é que tenho um serviço pra você.

MULDER: - E a ruim?

SKINNER: - A ruim é que tenho de me afastar por dois dias.

MULDER: - Ah, então são duas notícias boas!

Skinner dá um sorriso, não resiste as palhaçadas de Mulder.

MULDER: - Onde é o caso?

SKINNER: - Aqui.

MULDER: - Aqui onde?

SKINNER: - Mulder, preciso ficar dois dias fora. Há uma reunião entre o diretor e o ministro da justiça, e eu fui um dos ‘sorteados’ pra participar. Eu e o Kersh. Vou apresentar o projeto que fizemos, aquele que você expôs em Atlanta.

MULDER: - Ah! O ... (ESPIRRA O NOME DE KERSH)

Skinner segura o riso.

MULDER: - Uau! Na Casa Branca? Estamos ficando importantes, não é diretor assistente...

SKINNER: - Agora, a notícia boa é que estou deixando você no meu lugar.

MULDER: - (PÂNICO) Acho que você se enganou. A boa é que você vai ficar fora. A ruim é essa. Ficar no seu lugar? Eu? O Estranho? (RINDO) Tá de piada comigo, né? Confessa, Skinner.

SKINNER: - Tenho vários casos em andamento e quero você orientando os agentes. Já mandei uma CI pedindo que se reportem à você.

MULDER: - Mas por que eu?

SKINNER: - Porque você é a única pessoa aqui dentro em quem confio.

MULDER: - (DEBOCHADO) Skinner, estou... Snif... Tão emocionado... Nunca, em toda a minha vida, alguém me deu declaração de tão grande amor... Ah, Skinner. Acho que estou apaixonado.

SKINNER: - Mulder, espero que não crie encrencas por aqui. O correto seria enviar vocês todos pro McKenna, mas eu solicitei que deixasse você nisso. Não quero o McKenna metendo o nariz dele nas minhas ordens. O diretor anda muito animado com esse projeto e não questionou nada.

MULDER: - E tenho de ‘governar’ daqui? Eu sou um ‘rei’ modesto... Prefiro ficar no porão.

SKINNER: - Claro que vai ficar no porão! Acha que deixaria meu escritório limpo e decorado nas suas mãos? Ah, aviso: Dê cheques de gasolina. Avião só se for muito, mas muito longe!

MULDER: - Tio, avião sai mais barato. Temos convênio de desconto com as empresas aéreas.

SKINNER: - Gasolina. E outra coisa: Nada de despesas inúteis. Tenho um orçamento pronto e não posso fugir dele.

MULDER: - Posso atacar seu frigobar e dormir no seu sofá? Tem TV aqui, tem banheiro, chuveiro... Posso colocar uma bananeira ali naquele canto, toalhas de banheiro bordadas com naves espaciais, jogar no computador, acessar bate-papos e sexo virtual, trazer meu pijama...

SKINNER: - Não. E mais uma coisa: Mulder, ponha os pés no chão um pouquinho, tá? Disfarce esse ar de felicidade.

Mulder caminha até a porta. Pára.

MULDER: - Ah, Skinner, mande lembranças pro Billy Boy!

SKINNER: - ... Está se referindo ao presidente Bill Clinton. Não ‘Billy Boy’.

MULDER: - É que somos ‘íntimos’. Diga que estou solidário com sua causa e que fico profundamente irritado com essas pessoas que não respeitam a privacidade sexual dos outros. Eu e todos os dentistas desse país.

SKINNER: - (CURIOSO) Dentistas?

MULDER: - É. Afinal, sexo oral não dá cárie.

Mulder sai. Skinner balança a cabeça negativamente, rindo.


2:21 P.M.

[Som: Blues Brothers – Looking for a fox]

Mulder sentado na cadeira de Skinner, com as pernas em cima da mesa. Braços apoiando a cabeça. Move os pés ao som da música.

O telefone toca. Mulder atende.

MULDER: - ... Sim, pode mandá-lo entrar. Não, pensando melhor, deixa esperando aí até colar a bunda na poltrona... Sirva um cafezinho pra ele. Pensando bem, não. Sirva água. Temos de cortar despesas inúteis. Ordens do Skinner.

Mulder desliga. Dá um sorriso maquiavélico. O telefone toca novamente.

MULDER: - ... (AO TELEFONE) Ah, mande entrar. Claro, com certeza. Prioridade pra ela sempre. E por favor, me traga dois cafés e biscoitos amanteigados.

Mulder desliga. Scully entra. Fecha a porta. Põe as mãos na cintura.

SCULLY: - (DEBOCHADA) Pensei que me daria um chá de banco, agora que ‘subiu’ na vida. Como está seu primeiro dia, diretor assistente Mulder? Ou deveria dizer ‘assistente do diretor assistente’?

MULDER: - Sente-se aí, enigmática agente Dana Scully.

SCULLY: - Algum caso pra mim, ‘senhor’?

Mulder pega uma folha de papel e escreve algo. Entrega pra Scully num sorriso debochado.

MULDER: - Aqui. Quero que investigue isso. Prioridade, agente Scully. É um Arquivo X. Pode ser Y também, A, V, papai e mamãe ou um canguru perneta.

Scully segura o riso e lê o papel. Ergue as sobrancelhas.

SCULLY: - Uau! Isso vai ser emocionante.

MULDER: - Agora, por favor, saia da minha sala. Seu cheiro de plebéia empesta o meu ar.

SCULLY: - Tem certeza de que não conviveu muito tempo com o McKenna? Ou está gostando de brincar de diretor assistente?

A secretária entra, trazendo uma bandeja. Coloca sobre a mesa de centro. Scully olha pra Mulder, num ar de incredulidade.

SECRETÁRIA: - Mais alguma coisa, agente Mulder?

MULDER: - Não, muito obrigado.

A secretária sai. Mulder levanta-se. Senta-se no sofá.

MULDER: - Então, Scully, quer café?

Scully levanta-se.

SCULLY: - Mulder, sabia que nunca se ganha mais poder do que se pode suportar?

MULDER: - Ah, confessa, eu seria um bom chefe.

Scully caminha até a porta.

MULDER: - Aonde vai?

SCULLY: - Tenho que voltar pra minha água-furtada. Meu lugar é no porão. Alguém por aqui sabe onde é o seu devido lugar.

MULDER: - Fica aqui, tem um bom ar-condicionado, cadeiras reclináveis e eu deixo você usar aquela mesa. (DEBOCHADO) Tem uma caixa de charutos ali, a gente podia brincar de presidente e estagiária...

SCULLY: - Mulder, isso é privilégio, sabia? É preconceito, discriminação com os subordinados. Ou todos ou nenhum.

MULDER: - Não é privilégio, Scully.

SCULLY: - Ah, não é? Então é assédio sexual?

MULDER: - Ah, coitada!

SCULLY: - Coitada é a pessoa que sofre a ação do coito.

Mulder olha pra ela, em pânico.

MULDER: - (BOQUIABERTO) Scully, acho que você tá convivendo demais comigo...

SCULLY: - Ah, quanto tempo vai deixar o McKenna esperando lá fora? Ainda bem que sou sua amiga!

O telefone toca. Mulder levanta-se e atende.

MULDER: - Mulder..... Tá, manda entrar. Traga mais café... Não, deixe o McKenna ficar aí mais um pouco. Estou muito ocupado agora. Sirva mais água pra ele.

Scully olha pra Mulder, incrédula. Chuck entra na sala. Scully olha pros dois.

SCULLY: - O favoritismo aqui é impressionante!

MULDER: - Primeiro os plebeus desse prédio. A elite que crie furúnculos no sofá da recepção.


Hotel Iberville - 8:14 P.M.

Scully sai do banheiro, enrolada numa toalha. Procura uma roupa na sacola. Vê uma camisa de Mulder. Veste-a. A camisa quase dá nos joelhos dela. Mulder entra no quarto, com uma das mãos no bolso da jaqueta.

MULDER: - Ahá, no flagra! Tenho sociedade nas minhas roupas agora?

SCULLY: - Esqueci de trazer uma camisa. Não imaginei que teria de sair com o ‘assistente do diretor assistente’ hoje.

MULDER: - Se quer subir na vida, Scully, é melhor começar a agradar as pessoas certas e sentar na mesa de negociações...

Scully senta-se no sofá, cruzando as pernas. Mulder fica olhando pra ela, curioso.

MULDER: - (MAQUIAVÉLICO) Tá só com essa camisa, Scully?

SCULLY: - Não.

MULDER: - Não senti firmeza nesse não.

SCULLY: - ...

MULDER: - (DEBOCHADO) Quer fudge?

SCULLY: - (INCRÉDULA) O quê?

MULDER: - Perguntei se quer um fudge? Fudge, sabe? Um tipo de bombom.

Mulder tira um bombom do bolso. Scully olha pra ele, com as bochechas coradas.

MULDER: - (DEBOCHADO) Scully, o que pensou que eu falei?

SCULLY: - (FURIOSA) Não se faça de idiota, Mulder!

Mulder segura o riso.

MULDER: - Quer?

SCULLY: - Quero.

Mulder atira o bombom, mirando pra trás do sofá, propositalmente.

MULDER: - (CÍNICO) Ops... Errei o arremesso. Me desculpe.

Scully, se fazendo de tonta, fica de quatro no sofá e estende a mão pra pegar o bombom que está no chão. Arregala os olhos. Sente Mulder encostando-se atrás dela.

SCULLY: - Mulder?

MULDER: - Hum?

SCULLY: - O que está fazendo?

MULDER: - (CÍNICO) Nada.

SCULLY: - (SE FAZENDO DE INGÊNUA) Por que está me segurando pela cintura e encostado em mim?

MULDER: - Pra você não cair tentando pegar o bombom.

SCULLY: - Mulder, isso foi de propósito.

MULDER: - Credo, Scully. Como você pensa mal de mim.

[Som: Robin Gibb – Like a Fool]

Mulder inclina-se sobre as costas dela e começa a beijá-la na nuca. Scully segura-se no encosto do sofá. Mulder desce as mãos até a barriga de Scully. Coloca as mãos debaixo da camisa, agarrando-lhe os seios, enquanto continua a beijá-la. Scully desabotoa uma parte da camisa. Desce-a pelos ombros. Mulder beija os ombros e as costas da agente, agarrando-lhe os seios fortemente. Scully inclina a cabeça pra trás. Mulder desce suas mãos pelo corpo dela. Acaricia suas costas por debaixo da camisa. Scully começa a respirar ofegante.

SCULLY: - Ah, Mulder... Eu só queria meu bombonzinho...

MULDER: - Tem certeza?

SCULLY: - ... Malvadinho...

MULDER: - Scully, pára...

SCULLY: - Hum, seu menininho levado. Se aproveitando da minha ingenuidade.

MULDER: - Scully, não me provoca, pára de falar assim...

Scully, apoiada no encosto do sofá, fica olhando pro bombom caído. Pensativa.

SCULLY: - Bem que me disseram que os homens conquistam as mulheres com bom... (GRITA) Ah, minha nossa! ... Bom... (FECHA OS OLHOS) Hum... Muito bom, Mulder...

Mulder mexe seu corpo contra o dela, segurando-a pela cintura. Scully vai à loucura. Ela se agarra no encosto do sofá, gemendo. Mulder sobe uma das mãos pelas costas dela, até subir ao pescoço, massageando-o. Com a outra mão, a segura pela cintura. Ela sente que ele vai ficando mais louco e grita.

SCULLY: - Ah, meu deus! ... Mulder...

Mulder inclina-se sobre ela, beijando-a, ensandecido. Ela vira o rosto e eles trocam um beijo, de língua. Mulder desliza seus lábios semi-abertos até a orelha dela. Morde-a. Ela solta um gemido. Agarra-se mais no sofá, sentindo o corpo dele contra o seu, numa ânsia incontrolável. Ele envolve os braços no corpo dela, beijando sua nuca, deslizando a língua até seu ombro e mordiscando-o. Agarra os cabelos dela, selvagemente. Scully começa a gemer.

MULDER: - (OFEGANTE) Diz agora que eu não sou... nada criativo.

SCULLY: - Mulder... Você... não é nada... criativo...

Mulder puxa-a pra trás pelos cabelos, segurando o corpo dela com a outra mão. Scully grita empolgada.

MULDER: - (OFEGANTE) ... Repete.

SCULLY: - Nada criativo!!!!!!

Mulder empurra seu corpo violentamente contra o dela e Scully agarra-se no encosto do sofá, soltando um grito enlouquecido.

SCULLY: - (DESESPERADA) Não pára! Não pára mais! Me maltrata! Me maltrata que eu gosto! Você não é criativo! Ai! Não é! Ai! Não é! Ah, minha nossa!!!!!!!!!!!


BLOCO 2:

10:23 A.M.

[Som: Lighthouse Family – Loving Every Minute]

Os dois agentes deitados na cama, nus, cobertos pelo lençol. Scully de costas pra Mulder, aninhada em seu braço. Assiste TV. Mulder lê uma revista.

MULDER: - Acredita em signos, Scully?

Scully olha pra ele, virando a cabeça.

SCULLY: - (INCRÉDULA) O quê?

Mulder ri. Scully volta a assistir TV.

MULDER: - Esquece... Estava pensando em como podemos realmente catalogar comportamentos por períodos de nascimento. Isso se encaixaria perfeitamente na astrologia. Longe da discussão se há mais signos ou não. O fato é que podemos realmente saber quem é uma pessoa de acordo com a data em que nasceu.

SCULLY: - (CURIOSA) O que diz sobre Peixes aí?

MULDER: - (RI) Bom, como uma boa pisciana você é dotada de grande charme, causando uma impressão estonteante à primeira vista. Moderna, emancipada, liberada, brilhante, o centro das atenções em qualquer encontro social. É muito sincera e constante, mas raramente está satisfeita no amor, desejando algo que nem você mesma sabe... É uma mulher sensível e envolvente. No campo sentimental você se deixa envolver mais pela emoção do que pela razão. Você pende às vezes para a ilusão...

SCULLY: - Hum...

MULDER: - (EMBURRADO) Chato! Não acredito mais em horóscopos!

SCULLY: - O que foi?

MULDER: - (CHATEADO) Você combina com Câncer, Touro, Escorpião, Capricórnio e Peixes. E ‘mimzinho’ aqui, onde fica?

SCULLY: - (RINDO)

MULDER: - ... Hum, aqui diz que sua zona astroerógena... Sabia que isso existia?

SCULLY: - Eu não. O esotérico por aqui é você!

MULDER: - Nem eu. Mas tudo bem... Sua zona astroerógena são os pés. Ah, é verdade. Você fica doidinha quando eu fico acariciando os teus pés. Eles me deixam loucos!

SCULLY: - (RINDO) O que mais diz aí?

MULDER: - Hum... No sexo é uma fera escondida... Verdade... (DECEPCIONADO) Ah, eu não acredito nisso!

SCULLY: - (CURIOSA) No quê?

MULDER: - (TRISTE) Aqui fala sobre a união entre Peixes e Libra: Positivamente não se entendem. Será melhor nem tentar esta união porque ambos sairão completamente machucados. A indecisão de Libra assusta a pisciana.

SCULLY: - Mas é verdade! Mulder me dá essa revista.

Scully toma a revista das mãos dele. Começa a folhear.

SCULLY: - Libra, libra... Achei. Vamos ver o seu signo... Mulder, estou começando a acreditar em astrologia!

MULDER: - (CURIOSO/ TENTANDO LER) O que diz aí?

SCULLY: - Sai!

Scully senta-se na cama, segurando a revista e o lençol.

SCULLY: - (RINDO) Aqui diz que os homens de Libra são dotados de grande poder de sedução, porém, depois, não sabem o que fazer com as suas conquistas.

MULDER: - (EMBURRADO) Sem graça.

SCULLY: - Mas é verdade! Hum... É refinado, sensual, ardente e entusiasta... (INCRÉDULA) Você? Entusiasta? Você é mórbido!

MULDER: - ... (PÂNICO)

SCULLY: - (INCRÉDULA/ DEBOCHADA) Não! Eu não acredito no que está escrito aqui! Libra é generoso em relação ao dinheiro? Só se for librianos que não sejam judeus...

MULDER: - (FAZ BEIÇO) ... Pisa, vai... Pisa mais. Me atira contra a parede e me chama de lagartixa.

SCULLY: - Ah, tá explicado. Generoso em relação ao dinheiro quando em face de atividades que proporcionam beleza e felicidade. Libra odeia a confusão?

Scully começa a rir.

MULDER: - (SÉRIO/ EMBURRADO) Vai rir ou vai ler?

SCULLY: - (SÉRIA) ... Odeia a confusão, temperamento estável e ama as coisas estabelecidas... Não, definitivamente este aqui não é você... Temperamento estável? Coisas estabelecidas? Ah, não, Mulder. Mentiram sobre sua data de nascimento então.

MULDER: - ... (EMBURRADO/ CRUZANDO OS BRAÇOS)

Scully começa a rir.

MULDER: - (CURIOSO) O que foi?

SCULLY: - Mulder, vira de costas.

MULDER: - Pra quê?

SCULLY: - Quero ver se é verdade.

MULDER: - O que é verdade?

SCULLY: - (SEGURANDO O RISO) Aqui diz que sua zona astroerógena é a espinha dorsal inferior.

MULDER: - Sai dessa! Tá me estranhando, é?

SCULLY: - Hum... Librianos são alegres, divertidos e sonham com um mundo mais justo. O maior problema é que a vida pra eles só tem graça quando estão apaixonados. Se entregam de corpo e alma e esperam que seja recíproco... No sexo precisa haver algo mais pra se entregar. É apenas um complemento... Se o envolvimento afetivo é grande, não esconde o prazer de realizar as fantasias sexuais da pessoa amada... Hum, concordo... Aqui já diz diferente, escuta só: Peixes e Libra: é uma união onde tudo pode acontecer, porque seu sucesso, libriano, depende do tipo de relacionamento que ambos escolherem... A atração física é fatal! Nossa! Que coisa, não? Como explicaria tantas diferenças?

MULDER: - Ascendentes? Acredito que os signos ascendentes também influenciem. Acho que tenho ascendente em Capricórnio. Capricornianos são pão-duros e alguns costumam ser estranhamente apaixonados pela calmaria e solidão. Solidão interrompida por aqueles que desejam. Não sei meu ascendente... Até seria interessante saber.

SCULLY: - E o meu ascendente? Qual seria?

MULDER: - Com certeza não é Capricórnio, porque Capricórnio não se acerta nem com Capricórnio. Deve ser alguma coisa que combine com o meu ascendente. Ainda vou descobrir isso. Deve haver uma explicação pra gente ter dado certo.

SCULLY: - Cientificamente, Mulder, acho que há. Mas nessa sua astrologia de revistas, duvido muito.

MULDER: - E qual seria a explicação científica pra isso?

SCULLY: - Coração? Paixão? Respeito? Amizade?

Mulder sorri. Scully deita-se ao lado dele. Ele a abraça. Ela recosta a cabeça em seu peito.

SCULLY: - Sabe de uma coisa? Não quero mais sair daqui! Estou tão feliz! E dane-se essa coisa de signos. Sabemos que no fundo, nós combinamos muito!

MULDER: - (SORRI) ...

SCULLY: - ... Mulder, não quero ser teimosa, mas... Aquela coisa de não ponha a mão no fogo... Por que temos que ficar tão separados? Ele vai descobrir. Já descobriu antes. Acha que se tiver de tentar algo contra mim não o fará? Ele já o fez, muito antes de estarmos juntos.

MULDER: - Talvez soubesse que ficaríamos juntos e isso fez parte do plano.

SCULLY: - Mulder, do que está falando? Que plano?

MULDER: - Deixa pra lá, Scully. Quem pode saber?

SCULLY: - Mulder... Você está me escondendo alguma coisa. Eu sei que ultimamente tenho estado vulnerável, meus sentimentos estão à flor da pele, mas eu não consigo deixar de me preocupar com isso.

MULDER: - Sabe que estou escondendo algo. Mas não vou falar, porque sou supersticioso. Pesadelos não devem ser contados. Você deve acordar e dizer a palavra ‘inconstância’. Pra afastar isso.

SCULLY: - E se for alguma coisa boa?

MULDER: - ‘Momentum’. Use a palavra momentum, se quer que aquilo se realize.

SCULLY: - (DEBOCHADA) Hum, Mulder, como você é místico!

MULDER: - Pode ser, Scully.

SCULLY: - Foi tão horrível assim?

MULDER: - ...

SCULLY: - Tá bom. É bom que eu saiba que suas neuroses provém de um sonho. Fico parecendo uma pateta agindo em concordância com você por causa de um sonho besta que você teve!

MULDER: - Sonhos podem ser um deja vu. E eu já tive um que nos poupou a vida. A nossa e de milhares de pessoas.

SCULLY: - Ok, senhor profeta... Acho que a astrologia está certa mesmo.

Scully começa a beijar o peito dele. Mulder afaga seus cabelos. Fecha os olhos.

SCULLY: - Mulder, que tal se nós dois fizéssemos uma tatuagem?

Mulder olha pra ela, curioso.

MULDER: - Tatuagem? Por que eu faria uma tatuagem?

SCULLY: - Pensando no que aconteceu comigo, nós faríamos uma tatuagem num local do corpo, onde só nós dois soubéssemos. Se por acaso, um dia, um de nós estiver sem tatuagem, já saberemos que é um clone.

MULDER: - Interessante. Isso me lembrou uma piada.

SCULLY: - (RINDO) Lá vem você com suas piadas sujas...

MULDER: - Billy Benson era um cara super ciumento. Tão ciumento que desconfiava até da sombra. Arranjou uma namoradinha nova, porque a outra tinha dado o fora com um texano. No primeiro encontro, o Billy foi esclarecendo que ela seria propriedade dele, e se não gostasse que desse o fora.

SCULLY: - Machista!

MULDER: - Bom, nada tinha rolado de mais íntimo entre os dois. O Billy era um cara sério. Então, a namoradinha resolveu agradar e mostrar pra ele o quanto o amava. Mandou fazer um tatuagem no bumbum com as iniciais dele: BB.

Scully começa a rir. Mulder segura o riso.

MULDER: - O tatuador achou aquilo estranho. Então sugeriu que ela fizesse um B em cada nádega, ficaria mais bonito.

SCULLY: - Que mal gosto, Mulder!

MULDER: - De noite, ela tirou toda a roupa e ficou de quatro na cama esperando pra mostrar a tatuagem pro ciumento. Ele saiu do banheiro, olhou pra aquilo e gritou enfurecido: Quem é esse tal de BoB?

Scully se enfia debaixo do lençol e começa a rir sem parar.

SCULLY: - Não... (RINDO) ... Não! (RINDO) Definitivamente não!

MULDER: - (RINDO/ CURIOSO) O que foi? Não o quê?

SCULLY: - (DEBOCHADA) Não vou tatuar ‘Fox’ no meu bumbum!!!

Mulder tem um acesso de riso e se enfia debaixo do lençol.

MULDER: - (RINDO) Eu não falei nada! Juro que nem me passou isso pela cabeça! Scully, essa foi pra matar! Olha que você se superou! O que tá acontecendo com você?

SCULLY: - (RINDO)

MULDER: - (RINDO) Puxa, eu nem tinha me tocado... Você é quem tem a mente suja, Scully! Que horror!


11:28 A.M.

Mulder e Scully sentados na cama, jogando cartas. Scully vestida num body e com as cuecas boxer dele. Mulder com um camisolão de algodão dela, com um dos Ursinhos Carinhosos desenhado.

MULDER: - (DESCONFIADO) ... Ô, Scully, acho que você tá roubando.

SCULLY: - Eu não estou roubando! Você é quem não sabe jogar pife!

MULDER: - ...

SCULLY: - Bati.

MULDER: - (INCRÉDULO) De novo?

Scully mostra as cartas em sua mão, num ar de deboche.

SCULLY: - Olha, olha pra essas cartas! Você é um azarão, Mulder!

MULDER: - (SE JULGANDO ESPERTO) ... Tá. Tudo bem. Agora é sua vez de embaralhar e dar as cartas.

Scully pega as cartas e começa a embaralhar. Olha pra Mulder, o desafiando, de nariz empinado.

SCULLY: - Tudo ou nada?

MULDER: - (CRENTE) Tudo. Se eu perder agora, paciência.

SCULLY: - Azar o seu.

Mulder esfrega as mãos, fechando os olhos.

MULDER: - Vou ganhar, vou ganhar, vou ganhar.

Scully distribui as cartas.

MULDER: - Embaralhou essa droga direito?

SCULLY: - Tá me chamando de burra?

Mulder pega suas cartas. Scully o observa, enquanto pega as suas. Mulder olha pras cartas em sua mão. Faz um fisionomia de pânico. Coça a cabeça, perplexo. Scully tenta espiar. Mulder vira as cartas pro outro lado.

MULDER: - Sai daí, curiosa! Eu começo.

Mulder compra uma carta.

MULDER: - Ahá... Acho que a sorte inverteu. Toma essa droga de 4 pra você.

SCULLY: - Não quero. Vou comprar.

Scully tira uma carta do baralho. Ri.

SCULLY: - Hum, Mulder... Acho que você vai perder.

MULDER: - Vou nada. Isso é blefe.

Scully joga uma carta fora. Mulder compra outra.

MULDER: - Droga!

Mulder atira a carta sobre as outras. Scully compra. Olha pra ele, erguendo as sobrancelhas.

SCULLY: - Bati.

MULDER: - (INDIGNADO) Bateu nada! Não pode ter batido tão rápido!

Scully mostra o jogo.

MULDER: - (INDIGNADO) Ah, Scully, você não embaralhou isso direito!

SCULLY: - Não tem desculpas, Mulder. Eu ganhei.

MULDER: - (EMBURRADO) Não!

SCULLY: - (COMO MENINA BIRRENTA/ CANTAROLANDO) Eu ganhei! Eu ganhei! Ganhei sim, eu ganheeeii! ... (SÉRIA) Agora pague o que me deve.

MULDER: - (NERVOSO) Scully, não...

SCULLY: - (DESAFIANDO) Mulder, dívidas de jogo são sagradas.

MULDER: - (DESESPERADO) Mas você roubou!

SCULLY: - Não roubei!

MULDER: - Roubou sim! Scully, você é má! Muito má! Bruxa!

SCULLY: - Pague o que me deve, Mulder.

Mulder levanta-se emburrado. Caminha até o sofá. Scully começa a rir.

MULDER: - Sem graça! Quero revanche.

SCULLY: - Já te dei a revanche. Você topou tudo ou nada.

Mulder volta irritado. Tira os travesseiros da cama. Senta-se. Entrega as algemas pra ela, fazendo um beiço de indignado.

MULDER: - Você vai ver só, sua ladra! Trapaceira! Eu vou me vingar, só espera!

Scully levanta-se e algema Mulder nas grades da cama. Mulder olha pra cama. Vê uma pilha de cartas onde ela estava sentada.

MULDER: - (INCRÉDULO) Você roubou! Você estava sentada em cima das cartas!

SCULLY: - (CONVENCIDA) E daí? Agora é tarde. Já está preso. Acha que eu sou boba?

MULDER: - (NERVOSO) Scully, isso não é justo! Me tira daqui!

SCULLY: - (DEBOCHADA) Nada feito. Jogo é jogo.

MULDER: - Mas você roubou!

SCULLY: - Não roubei. Só conduzi da maneira que eu queria.

MULDER: - (INDIGNADO CONSIGO MESMO) Não vou cair mais nessa. Da próxima vez, eu vou roubar também!

Scully apaga a luz.

MULDER: - Isso é o que dá a gente confiar nas pessoas. Você mentiu pra mim! Você me enganou, Scully!

SCULLY: - ...

MULDER: - Você é uma pessoa nada confiável e... Hum, Scully... O que você tá fazendo?

SCULLY: - ...

MULDER: - Scully... Não, Scully, isso não... Isso dói!

SCULLY: - Fica pelo truque sujo... dos bombons...

MULDER: - Não! O truque dos bombons ficou pelas duas piadinhas de 30 e 50 dólares!

SCULLY: - Nunca tente me enganar, Mulder... Não vai conseguir.

MULDER: - Eu me vingo... Espere só, eu me vingo. Você sabe que eu... (SOLTA UM GEMIDO) ... eu me vingo... Isso é... tortura, Scully. Pura tortura.

SCULLY: - ...

MULDER: - Se você sair daqui pra buscar gelo, eu juro que te mato! Não vou passar... Ai! ... Não vou passar pelo ridículo de novo... Scully, vai com calma, tá?

SCULLY: - Mulder... Cale a boca! Ou juro que vou amordaçá-lo.

MULDER: - Ah, não gosta de ouvir as verdades, não é mesmo? Scully, o que você tá fazendo? ... Scul... mmm...mmm....mmm.

SCULLY: - Pronto. Agora cale a boca. E não babe essa camiseta cinza. Aliás, ela fica melhor na sua boca do que vestida no seu corpo. Agora, Mulder, fica tranqüilo que eu estou muito, mas muito ocupada. E como toda pessoa educada, falar de boca cheia é muito, mas muito feio.

MULDER: - mmm...mmm...


1:33 A.M.

[Som: Robin Gibb – Like a Fool]

Na cama, Mulder agarrado em Scully. Ela de costas pra ele.

MULDER: - Que tal outra partida? Quero revanche.

SCULLY: - Não. Invente outra, Mulder. Precisa dormir, está cansado...

MULDER: - Por mim... Eu tô acostumado a não dormir mesmo.

SCULLY: - Dizem que quanto menos se dorme, menos sono se tem... (INCRÉDULA) Mulder, o que está fazendo?

MULDER: - (DEBOCHADO) Coisinhas...

Scully vira-se pra ele.

SCULLY: - Quem te deu permissão de fazer coisinhas comigo?

MULDER: - Eu faço coisinhas com você quando eu quero.

SCULLY: - Nossa! Virei propriedade sua agora?

MULDER: - Nada mais nesse corpo te pertence, Scully. Isso é fato.

SCULLY: - Hum... Entrando numa análise da sua teoria, Mulder, concluo que isso se aplica a você também.

MULDER: - Não confunda. E depois, você me usou a noite toda, debochou da minha cara e perturbou minha paz de espírito. Agora vou te molestar sexualmente a noite toda!

Mulder a puxa contra si. Scully deita a cabeça no ombro dele.

MULDER: - (DEBOCHADO) Se quiser dormir, eu te deixo em paz.

SCULLY: - Quem quer dormir? Eu? Absolutamente!

MULDER: - (RINDO)... Tem certeza?

SCULLY: - Humhum. Pode me molestar sexualmente, não vou reagir.

Mulder cochicha enquanto morde a orelha dela.

MULDER: - Posso me vingar das algemas, sabia?

SCULLY: - (SE FAZENDO DE LOUCA) Hum, não faria isso.

MULDER: - Ah, eu faria. Sabe que eu faria.

Mulder desce os lábios semi abertos pelo pescoço e ombros de Scully, segurando-a pelos cabelos. Scully fecha os olhos, esfregando-se nele.

SCULLY: - (RINDO) Mulder, isso faz cócegas!

Mulder desliza a língua pelo pescoço de Scully.

MULDER: - E isso?

SCULLY: - (RINDO) Hum, isso também!

Mulder procura os lábios de Scully. Sobe no corpo dela.

SCULLY: - Hum... Mulder, o que anda tomando? Viagra?

MULDER: - Uma droga alucinógena chamada Dana Scully. Mas não divido com ninguém.

SCULLY: - Egoísta...

MULDER: - Adoro olhar pra você.

Mulder passa a mão pelo rosto dela. Scully fecha os olhos.

MULDER: - Adoro seu nariz, seus olhos, sua boca... essa pintinha camuflada...

SCULLY: - ... Hum, fala mais.

MULDER: - Esses cabelos cor de fogo, esses lábios úmidos, essa serenidade de uma brisa, essa constância de terra. Existe em você os quatro elementos, Scully. Fogo, terra, água e ar.

SCULLY: - ...

Mulder olha pra ela, admirando-a. Scully abre os olhos. Mulder perde sua mão por entre os cabelos dela.

MULDER: - Fico imaginando o quanto eu fui cego... Ainda bem que não foi tarde demais.

SCULLY: - ...

MULDER: - Sabe por que gosto de olhar nos seus olhos? Porque me perco neles. Me acalma, me deixa tranqüilo... Esse é o único momento em que esqueço tudo lá fora e esqueço até de mim. Esqueço meus medos, minhas angústias, minha maldita busca da verdade. Porque eu me perco na verdade mais importante...

Mulder a beija suavemente. Ela o empurra ficando em cima dele. Afasta seus lábios.

SCULLY: - Hum... Sabe que eu adoro esse nariz grande?

Mulder sorri.

SCULLY: - Acho ele muito sexy.

Scully passa o indicar por sobre o nariz dele, delicadamente. Observa o rosto de Mulder.

SCULLY: - Adoro esses olhos puxados como os de um pistoleiro malvado do velho oeste.

MULDER: - (RI)

SCULLY: - Essa pintinha aqui no seu rosto é um charme... Esse queixo quadrado de deus grego...

MULDER: - Hum... Não sabia que meu ibope estava tão alto.

Scully contorna os lábios de Mulder com o dedo indicador, sensualmente, enquanto morde seus próprios lábios.

SCULLY: - Esses lábios suculentos.

MULDER: - Uau! ... Dana, o que anda tomando?

SCULLY: - ‘Injeção’ de ânimo, Fox?

Mulder sorri. Ela olha nos olhos dele.

SCULLY: - Olhos verdes são traiçoeiros... São como o mar... Inconstantes...

Mulder ergue as sobrancelhas. Scully põe a língua pra fora e a coloca dentro da boca de Mulder, roubando-lhe o fôlego num beijo enlouquecido, devorando-o, ao mesmo tempo em que senta sobre ele. Na acepção da palavra, ela o está ‘agredindo’. Mulder a empurra, subindo sobre o corpo de Scully, descendo seus lábios e mordendo-lhe o queixo.

MULDER: - (MURMURA) Scully, você me enlouquece...

Mulder desce sua língua pelo pescoço dela, aos beijos. Scully inclina o corpo contra a cama. Sente a respiração dele, o ar quente que sai por sua boca semi-aberta, procurando seus seios com a língua. Scully o agarra pelos cabelos, gritando enlouquecida.

SCULLY: - Me exorciza, me exorciza!!!!

Mulder beija o corpo dela. Ela puxa seus cabelos quase arrancando-os. Ele ergue a cabeça e olha pra ela, debochado.

MULDER: - Ah, não... Baixou de novo?

Scully puxa a cabeça dele de encontro aos seios.

SCULLY: - Cala a boca, Mulder!

Mulder com o nariz colado entre os seios dela.

MULDER: - (MURMURA) Sim senhora.

Mulder passa a mão pelos seios dela.

SCULLY: - Mulder, não me enrola!

Mulder desliza a língua pelos mamilos dela. Scully respira descompassadamente, gemendo baixinho. Ele desliza a mão pra baixo do lençol.

SCULLY: - Mulder, não fica aí perdendo tempo! Não me enrola! Eu estou explodindo!

MULDER: - Ah, é assim? Então tá. Não vou mais ficar te adorando. Vou é ser um canalha e pensar em mim.

SCULLY: - (ANGUSTIADA) Isso! Isso mesmo!

MULDER: - Por que vou perder meu tempo com essas coisas de preliminares? Saia desse corpo, ele não te pertence!

SCULLY: - (DESESPERADA) Mulder, entre nesse corpo, por favor, ele te pertence!

Scully apaga a luz. O quarto fica na penumbra.

MULDER: - (MURMURA) Aviso, Scully: Agarre-se nessas grades porque a coisa vai ficar feia pro teu lado.

SCULLY: - Você só fala, fala, ameaça e nada. Você só tem fama, Mulder. Só! Você não me faz nem cócegas! Esse seu brinquedinho aí não dá nem pro aperitivo e... (GRITA DESESPERADA) Ah, meu deus! Ah, meu deus!

Scully agarra-se nas grades da cama.

MULDER: - Só faz cócegas é? Aperitivo?

SCULLY: - Oh yessssssss!!!!!!!!

MULDER: - Que tal se eu... Servir o jantar inteiro, assim, hum?

SCULLY: - (GRITA) Oooooooooooooohhhhhh yessssssssssss!!!!!!

MULDER: - Pode gritar, Scully. Esse hotel não tem muitos hóspedes.

SCULLY: - Mulder... Não... (OFEGANTE) Mulder, vai com calma!

MULDER: - ... Tá.

SCULLY: - Não! Não escute o que estou dizendo! Ignore tudo o que eu falo!


BLOCO 3:

2:06 A.M.

[Som: Robin Gibb – Like a Fool]

Mulder olha pela janela. Scully aproxima-se dele e o abraça por trás. Vê o que Mulder estava olhando. Um carro suspeito estacionado na rua. Há um homem escorado no carro, olhando pro hotel.

SCULLY: - (DESCONFIADA) Mulder, por que não me conta o que está acontecendo?

MULDER: - Scully, por favor, esse assunto já está encerrado.

SCULLY: - Pra mim não, Mulder! Eu não sei o que está acontecendo e não me importa que tenha relação comigo, eu tenho o direito de saber!

MULDER: - ...

Scully fica furiosa.

SCULLY: - Mulder, se isto está ligado aos Arquivos X, eu vou descobrir! Nem que não seja pela sua boca!

Mulder senta-se na cama, pensativo. Scully continua falando. Mas ele não ouve. [Corta o som. Scully fala sem parar, mas Mulder está longe, em devaneios.]

MULDER (OFF): - E se o Rato tiver razão? Deus, eu sou muito egoísta! Não vai dar, eu preciso me afastar dela mesmo que isso nos machuque muito! Mas como eu vou dizer isso sem magoá-la?

Scully pára de falar e olha pra ele.

SCULLY: - Mulder, está me ouvindo?

MULDER: - Estou.

SCULLY: - Mulder, por favor. Nós sempre confiamos um no outro, não quebre esse nosso juramento agora!

MULDER: - Scully, sente aqui. Precisamos conversar.

Scully senta-se ao lado dele.

MULDER: - ... Scully, sabe o quanto eu amo você. E eu sei o quanto você me ama, aliás isso é a única coisa nesse mundo que tenho certeza absoluta, é inquestionável.

SCULLY: - ... Onde quer chegar com isso, Mulder?

MULDER: - Eu pedi que confiasse em mim, tenho meus motivos pra esconder de você o que eu sei. Eles vão tentar nos destruir. Vamos nos machucar como nunca nos machucamos antes.

SCULLY: - Quem te deu essa informação?

MULDER: - Não importa. Eu pedi pra nos encontrarmos às escondidas. Mas não tá adiantando. Scully, pro bem de nós dois e pelo amor que queremos ter pra sempre, eu quero pedir uma coisa pra você: Fica longe de mim.

SCULLY: - (INCRÉDULA) O quê?

MULDER: - Scully, pelo amor de Deus, entenda! A nossa felicidade vai ter que esperar! Agora é hora de sacrifício! Eu não posso deixar de amar você, mas é egoísmo da minha parte colocar você em risco só porque não posso me controlar! Assim como é egoísmo da sua parte, porque eu tô tentando nos tirar de uma enrascada grande e me parece que você pouco se importa com isso! Esqueça do amor, Scully. Agora é hora da guerra! Afaste-se de mim, eu vou me afastar de você. Mas saiba que eu te amo, e eu sei que você me ama. Vamos esperar as coisas tomarem outro rumo. É o mais sensato a ser feito agora, neste momento.

SCULLY: - Mulder, você é completamente louco! Não consigo entender essa loucura repentina! Me afastar de você? Tem certeza de que não é isso que eles querem e você está caindo como um patinho? Sofrendo à toa?

MULDER: - Scully, não estou sofrendo à toa. Estou sofrendo por antecipação, tentando evitar o inevitável. Só há uma coisa que pode nos deixar juntos agora. E você sabe o que é.

SCULLY: - ... Mulder, eu quero. Mas não é a hora certa! Eu não estou pronta pra isso!

MULDER: - Scully, por favor, vamos ter um filho!

SCULLY: - Como posso ter um filho de um homem que está me propondo que eu saia da vida dele?

MULDER: - Scully, há dois caminhos. Ou temos um filho agora, ou nos afastamos. A escolha é sua.

SCULLY: - Minha? Eu nem sei o que está acontecendo, como pode jogar toda a responsabilidade em cima de mim? Você está me pressionando, Mulder!

MULDER: - ...

SCULLY: - Quem está sofrendo nessa história sou eu!

MULDER: - Acredite, Scully, você não sabe o que é sofrer.

Mulder levanta-se. Scully fica indignada com ele.

SCULLY: - Eu não sei o que é sofrer? Acha que não sei? Eu tive um câncer, eu fiquei estéril e você diz que eu não sei o que é sofrer? Eu rezo todas as noites, pedindo à Deus que me dê um filho da maneira normal! E você me diz que eu não sei o que é sofrer?

MULDER: - Não sabe a pressão que as coisas estão fazendo na minha cabeça! Não imagina o que é ter que lutar contra algo que é maior, porque quero proteger você! A ideia de que a desgraça aconteça me deixa apavorado! Porque eu sei o que está se armando e se isso acontecer, nunca mais ou poder olhar pra você! Nem durante e nem depois!

SCULLY: - Durante e depois de quê? Mulder, se não me contar não posso ajudar você!

MULDER: - Se eu contar a você, eu é que não poderei ajuda-la. E você cairá mais, acredite.

Mulder senta-se do lado dela.

MULDER: - Scully, vamos aproveitar essa noite como a última que teremos. Talvez as coisas melhorem, dê um tempo. Quando decidirem por outra pessoa, eu que me dane, pouco me importa. Sei que eu vou ser usado. Mas não quero que usem você.

SCULLY: - ???

MULDER: - Por favor. Se quer me ajudar, faça isso. Já é difícil saber que sou parte do plano deles e ter você do meu lado representa riscos e isso é o que está me deixando nervoso. Não me importa o que farão comigo. Minha angústia é o que farão com você.

SCULLY: - Quer que eu saia dos Arquivos X?

MULDER: - Não. Podemos trabalhar, mas nada mais de envolvimento amoroso. Sei que vamos enlouquecer, mas é preciso. E fique com os Pistoleiros. Medida de precaução.

SCULLY: - Acha que não me preocupo com você?

MULDER: - Não é isso. Eu ficarei bem. Eles não querem me matar. Apenas precisam de mim.

Scully abaixa a cabeça. Está angustiada, confusa. Mulder olha pra ela.

MULDER: - Estava pensando no quanto a minha vida é complicada. Parece que em tudo, em todas as áreas da minha vida, eu sempre tenho que buscar o mais difícil, eu tenho que arranjar sempre mais e mais problemas, sempre me metendo em complicações... Você é uma complicação. Você cheira a problema. No entanto, eu não quero resistir. Quero me entregar. Por que as coisas seriam certinhas e normais na minha vida afetiva? Você cruzou meu caminho, ficou olhando nos meus olhos, segurou a minha mão, meteu a cara por mim, me defendeu, mentiu por mim... Você despertou uma coisa que estava adormecida dentro do meu peito, algo que eu nunca imaginei que pudesse sentir. Nunca imaginei que pudesse gostar de alguém, que pudesse ter alguém do meu lado. Ninguém me atura! Eu fico sem jeito muitas vezes. Sem jeito porque eu não posso desgrudar de você, eu venho atrás, tenho que bater na sua porta. Penso duas vezes antes de bater, fico constrangido. Mas não consigo mais ficar longe.

SCULLY: - ...

MULDER: - Não sei se pode me entender, mas... Eu podia ficar desfalecendo de amor num canto que ninguém suspeitaria. Mas você me dá uma luz tão grande, que as pessoas olham pra mim e ficam achando que há algo estranho. Não posso esconder que estou com você. Meus olhos me entregam!

SCULLY: - (EMOCIONADA)

MULDER: - Foi, Scully. De tudo o que já vivi, desde amores de uma noite, fantasias amorosas, amores platônicos, daqueles que você ama à distância e não tem coragem de chegar perto porque sabe que vai levar um não, então se pega sofrendo, desejando, mas calado, sem coragem... Foi assim com você. Eu tinha medo. Algo como a dama e o vagabundo. Eu amava você calado e agora preciso continuar fazendo isso. Tenho que ficar escondendo o que sinto, ouvindo o silêncio perturbador daquele apartamento vazio. Porque quando estamos juntos, eu escuto as suas risadas, a gente brinca, conversa, briga, sei lá. Agora não tenho mais isso. Tiraram a minha melhor parte. A parte que eu custei a descobrir que tinha. Mas eu falo em pensamento com você. Eu penso em você a cada passo que eu dou. E agora, nem posso mais ser a sua sombra. De todos os amores que eu tive, esse é o mais profundo. Esse dói, esse implica coragem, desafios, obstáculos.

SCULLY: - (DERRUBANDO LÁGRIMAS)

MULDER: - Me questiono por que a vida tem que ser assim. Sempre algo, alguém, alguma força tem que criar empecilhos, barreiras... Atravancar a felicidade. Minha vida tá vazia. Confesso, tá vazia. Amar você não basta se eu não tenho você, entende? É como antes! Eu te amava, você me amava, os dois sem coragem alguma, desconfiados da reciprocidade de sentimentos, mas o medo... Acho que o nosso silêncio falava mais alto ao nosso coração. Por isso nada morreu entre a gente. Eu te admiro, fico te adorando como um pateta, olhando pra você como um simples mortal olha pra uma deusa que nunca poderá ter. Você é uma das mulheres das minhas revistas. Porque eu nunca posso ter você do meu lado totalmente. Você está inacessível, intocável. Porque se não fosse assim, estaríamos juntos agora.

SCULLY: - ...

MULDER: - Eu atrapalho você. Você tropeça por minha causa. Mas você me atrapalha também, me fazendo tropeçar. Quando conseguimos andar em sincronia, alguém coloca uma barreira e um de nós cai, o outro puxa. Agora nós dois estamos prestes a cair. E eu estou com medo. Me deixa cair, Scully. Salve-se dessa.

SCULLY: - ...

MULDER: - Eu gosto tanto de você... Você é a minha fraqueza. Eu me acabo, eu me anulo quando estou do teu lado. Acaba o Mulder, entra a Scully. E eu gosto disso, sabia? Porque eu sei que você é assim também. Você se acaba quando as cortinas abrem pro Mulder. Scully, apesar de tudo, nós somos tão iguais. Tão sós. A diferença era que eu havia acreditado que nunca deixaria de ser só. E você procurava conseguir a sua outra parte. Quando nos juntamos, claro que seria explosivo, louco e completamente dependente. Eu dependo de você, você depende de mim. Pode parecer a coisa mais doentia do mundo. É sufocante? É. Mas é aquele sufoco que alivia a dor. É como uma droga que cura. Você depende dela, não vive mais sem ela, e quanto mais você a tem, mais quer ter. Na visão normal das coisas, isso não é um relacionamento verdadeiro e não tem nada pra dar certo. Isso é doença. Eu não acho. Acho que isso é aquele tudo que sempre buscamos. Aquela coisa de não ter que se preocupar com o que o outro vai dizer. Quantas vezes nós passamos a noite jogando, conversando, lendo juntos como duas crianças sem um tocar no outro? Eu procuro você pra me completar. Você a mesma coisa. Porque dois sozinhos se encontraram. Agora é natural que não queiram perder um ao outro. Porque o que temos é muito grande.

SCULLY: - ... Tem certeza de que tem que acabar?

MULDER: - Tem que acabar agora porque senão não o teremos no futuro. É apenas por um tempo.

SCULLY: - ... Acho que devo estar louca! Eu nem sei o que está se passando mas eu acredito que tenha seus motivos. Tá, Mulder. Eu confesso. Pela primeira vez na vida estou seguindo você às cegas, sem perguntar nada. Se me diz que tem que ser assim, assim será.

Os dois se abraçam. Mulder fecha os olhos.

MULDER: - Nos veremos o dia todo, Scully. Pense que estamos começando tudo do zero. Que nunca estivemos juntos e deixe que aquele amor platônico volte. Um dia vamos ter de volta, todas as coisas que deixamos agora. Vamos ter nossa primeira vez de novo. E talvez, começaremos da maneira certa. Porque não há mais medo do não.

Scully olha pra ele, contendo as lágrimas.

MULDER: - Nós vamos sobreviver, Scully. Nosso amor é maior que isso. Sempre foi. Não é agora que vai acabar.

Mulder aproxima os lábios dos dela. Trocam um beijo apaixonado, calmo. Afastam os lábios. Encostam a testa um no outro, olhando-se nos olhos.


2:33 A.M.

Os dois sentados na cama. Scully apóia as costas no corpo dele. Mulder está abraçado nela.

MULDER: - (DEBOCHADO) Scully, se lembra quando eu te falei sobre garotas da escola católica que sabiam manusear muito bem uma serpente? Você freqüentou a mesma escola?

SCULLY: - (DEBOCHADA) Não. Fui a professora delas.

MULDER: - (SURPRESO) Ah... Meu... Deus! Scully, se não se apressar, pode perder sua chance de doutorado!

Scully começa a rir. Mulder a abraça mais forte. Beija seu ombro.

MULDER: - Te amo, sabia?

SCULLY: - Amo você também, Mulder.

Scully se aninha nos braços dele, pedindo proteção. Mulder a envolve nos braços, beija-lhe a testa. Ajeita o lençol sobre ela.

MULDER: - Tá com frio?

SCULLY: - Não. Tô bem quentinha aqui. Não quero mais ir embora. Sou uma parasita e você é o meu hospedeiro.

MULDER: - Adoro declarações de médicas. São tão convincentes e mórbidas!

Scully ri. O celular toca. Mulder suspira.

MULDER: - Atendo?

SCULLY: - Acho melhor atender. Pode ser um dos seus ‘subordinados’ precisando de ajuda.

Mulder pega o celular. Atende.

MULDER: - Mulder.

[Som: Duran Duran – Union of Snake]

KRYCEK (OFF): - Onde está?

Mulder solta Scully. Sai da cama, rapidamente. Vai pro banheiro e fecha a porta. Scully fica desconfiada. Levanta-se e tenta escutar a conversa colando o ouvido na porta.

Corta pra dentro do banheiro. Mulder está nervoso.

MULDER: - O que quer?

KRYCEK (OFF): - Espero que esteja sozinho.

MULDER: - Tô sozinho.

KRYCEK (OFF): - Ora, Mulder, a quem pensa que está enganando? Hotel Iberville, não é? O ponto de encontro agora é aí. Eu te avisei, mas parece que não quer dar ouvidos. Afaste-se dela ou o seu amigo vai aprontar pra você. Fique com aquela morena que achou num bar. É mais interessante.

Mulder respira fundo.

MULDER: - Por que eu confiaria em você?

KRYCEK (OFF): - Eles estão de olho em vocês. E sabe que eu também. Sua tolice me põe em perigo.

MULDER: - Estamos sendo cuidadosos.

KRYCEK (OFF): - Acha que basta? Mulder, você não aprende mesmo. Esqueça o seu tesão por um momento e livre-se dela enquanto pode ou a coisa vai ficar pior.

MULDER: - Krycek, você não diz nada com nada, sabia? Quem me garante que você não está armando mais uma em combinação com aquele maldito Fumacinha?

KRYCEK (OFF): - Mulder, estou tentando ser seu amigo. Mas infelizmente, sua cegueira não deixa você ver. Dane-se! Se eu me sentir ameaçado, eu mesmo me livro dela.

MULDER: - (BLEFANDO) Acha que ela é tão importante assim na minha vida, Krycek? Você não me conhece.

KRYCEK (OFF): - ...

MULDER: - Acha que eu, Fox Mulder, tenho sentimento por alguma coisa? Eu sou apático, esquisito e só há uma coisa importante na minha vida: a minha busca pela verdade. Se ela vai ter de sofrer por causa disso, o problema não é meu.

KRYCEK (OFF): - Então não se importa com ela?

MULDER: - (JOGANDO ALTO) Me importo com ela. Mas tenho outras prioridades. Faça o que quiser. Eu não vou desistir.

KRYCEK (OFF): - Mesmo que ela arque com as conseqüências?

MULDER: - Eu mesmo já paguei muito caro. Mas nem por isso vou desistir. E ainda tenho a morena.

Mulder desliga. Respira fundo. Passa as mãos nos cabelos. Sua fisionomia de felicidade mudou drasticamente pra preocupação. Ele se apóia na pia e abaixa a cabeça, pensativo.

MULDER (OFF): - Estou tentando blefar... Não posso confiar nesse sujeito. Eu tô ficando desesperado, não sei como sair dessa... Scully, queria poder contar com você pra essa situação, mas não posso machucar você. Eu tenho que segurar essa sozinho. E não sei mais de onde tirar forças...

Mulder olha-se no espelho. Respira fundo. Volta pro quarto. Sorri pra ela. Scully está séria e desconfiada.

MULDER: - Era o Frohike.

SCULLY: - (DESCONFIADA) Ah, o Frohike...

[Som: Robin Gibb – Like a Fool]

Mulder deita-se na cama. Scully deita-se também. Mulder pega as algemas. Scully olha pra cima, num semblante de incredulidade e entrega o pulso pra ele, à contragosto. Mulder se algema nela. Scully vira-se e se ajeita nos braços dele. Mulder a abraça por trás, deixando seu corpo quase sobre o dela. Beija seus cabelos.

SCULLY: - Mulder...

MULDER: - Dorme. Eu só quero cuidar de você.

Scully fecha os olhos. Mulder lentamente leva a outra mão pra baixo do travesseiro e pega a arma. Fica com os olhos abertos.


BLOCO 4:

[Som: Duran Duran – Union of Snake]

FBI – Gabinete do diretor assistente – 2:11 P.M.

A secretária entra na sala com uma caneca de café e um papel nas mãos. Mulder cochila no sofá. Ela o acorda suavemente. Cochicha.

SECRETÁRIA: - Agente Mulder, já passa das duas.

Mulder senta-se no sofá. Põe as mãos no rosto. Ela lhe entrega o café.

SECRETÁRIA: - Acho que precisa disso.

MULDER: - Obrigado. Obrigado por me acordar.

SECRETÁRIA: - Isso é pra você.

Mulder pega a folha. Lê por cima.

MULDER: - Quem deixou isto?

SECRETÁRIA: - Ligaram da Casa Branca avisando que isto chegaria. Tem a assinatura do senhor Skinner e ele pede prioridade.

Mulder levanta-se.

MULDER: - Vou resolver isto. Se alguém precisar de mim, peça pra ligar pro meu celular.

SECRETÁRIA: - Tá.

A secretária sai. Mulder senta-se na cadeira e lê o papel. Pega o telefone.

MULDER: - Scully, pode subir aqui? Parece que temos um Arquivo X.


Motel Columbia – Chatanooga – Tenessee – 4:21 A.M.

[Close da janela do quarto aberta].

As cortinas voam com a brisa suave.

[Panorâmica do quarto. Corta lentamente para a cama, onde Mulder e Scully estão fazendo amor.] Ele com os dedos enlaçados nos dela, com a cabeça aconchegada em seu ombro. Os dois em êxtase.

Mulder sai de cima dela. Levanta-se da cama.

[Corta para as pernas nuas dele.] Ele caminha nu até a janela.

[Close do corpo dele por trás.] Mulder abaixa o vidro da janela e a tranca. Verifica se está trancada realmente.

[Corta para Scully que ergue-se na cama, olhando pra ele.] Ele deita-se ao lado dela, enfiando-se embaixo dos lençóis. Ela aconchega-se nos seus braços. Ele a algema em seu pulso. Está cansado, com sono. Ela fecha os olhos. Vira-se na cama, levando o braço dele junto. Ele a abraça por trás. Faz carinhos com sua mão algemada na mão dela. Beija-lhe o ombro. Ela se aconchega contra o corpo dele. Ele a envolve com mais força, a protegendo em seus braços. Fecha os olhos também.

[Som dos grilos que quebram o silêncio da noite.]

[Corte.]

[Close do relógio marcando 5:13, pulando para 5:14. Corta para a janela. A tranca levanta-se sozinha. A janela se abre. O vento faz as cortinas voarem. Uma luz intensa e azulada invade o quarto.]

[Corta para o longo dedo acinzentado tocando na testa de Mulder.] Ele vira-se na cama, dormindo, levando o braço de Scully junto, que se estende algemado por sobre o corpo dele. Scully também dorme profundamente. A algema abre-se lentamente, enquanto o corpo dela começa a flutuar, deixando o lençol escorregar por seu corpo. Ela flutua em direção à janela.

Close do relógio marcando 7:14. Muda para 7:15, despertando. Mulder abre os olhos, sentando-se na cama, assustado. Olha pra seu braço algemado em Scully. Olha pra ela, dormindo ao seu lado. Mulder respira aliviado. Scully acorda-se.

SCULLY: - (DE OLHOS FECHADOS/PREGUIÇA) Já?

MULDER: - Já.

SCULLY: - (PREGUIÇA) Hum, quero ficar na cama mais um tempo.

MULDER: - Chega de cama, temos uma investigação em andamento.

Mulder abre as algemas. Joga-as sobre a cama.

MULDER: - Vamos, preguiçosa.

SCULLY: - (RELUTANTE) Não... Tá tão bom aqui...

Mulder levanta-se, vestindo um robe. Caminha até a janela. Destranca-a. Abre-a. Respira fundo.

MULDER: - O sol está anunciando um dia quente e os passarinhos estão cantando.

SCULLY: - (RESMUNGANDO) Deixe o sol e os passarinhos. E me deixe na cama.

Mulder olha pra ela. Pula na cama. Ela enfia-se embaixo do lençol, encolhendo-se na cama.

SCULLY: - (GRITA) Não!

MULDER: - Vamos lá. Depois diz que eu pareço uma toupeira, me escondendo debaixo dos lençóis. Agora você tá agindo como uma toupeira que resiste a sair da toca.

SCULLY: - (MANHOSA) Tá, eu sou toupeira, sou o que quiser. Mas eu quero dormir!

MULDER: - (IRRITANDO) Dana! Acorde, Dana! Lá-lá-lá...

SCULLY: - Pára de buzinar no meu ouvido!

MULDER: - Vou cantar ‘My darling Clementine’ pra você.

SCULLY: - Não!

MULDER: - (DESAFINADO) Oh my darling, oh my darling, oh my darling Clementine...

Scully sai de debaixo do lençol e senta-se na cama. Cabelos desgrenhados. Passa as mão no rosto. Boceja.

SCULLY: - Tá bom, tá bom, já acordei!

MULDER: - Vou tomar um banho e me vestir. Apresse-se ou não vai dar tempo pra tomar um café.

SCULLY: - Tá.

Mulder sai da cama. Vai pro banheiro. Scully boceja. Olha pra janela. Sorri.

SCULLY: - Passarinhos...

Scully olha pro lençol. Percebe uma mancha de sangue. Segura o pedaço do lençol e observa, intrigada.

Close do lençol. Outra mancha de sangue cai.

Corta pra Scully, nariz sangrando. Ela passa a mão no nariz. Vê sangue em seus dedos. Sua fisionomia é de pânico. Ela levanta-se depressa, vestindo um robe, pega um lenço de papel da bolsa e passa no nariz. Tira o lençol da cama, nervosa. Mulder sai do banheiro.

MULDER: - Que tal me ajudar a fazer a barba? Você sempre foi melhor com objetos cortantes... Alguma coisa errada, Scully?

SCULLY: - (NERVOSA) Não, eu... Eu já vou, Mulder.

Ele entra no banheiro. Ela segura as lágrimas.


FBI - Gabinete do diretor assistente – 4:21 P.M.

Mulder entrega um relatório. Skinner passa os olhos. Larga a pasta sobre a mesa. Cruza os dedos uns nos outros e olha para os dois agentes. Scully está estranha, abatida, com uma fisionomia de palidez e medo.

SKINNER: - Acabou a palhaçada.

MULDER: - Como assim? Eu nem sabia que tinha começado! Só agora você me avisa?

SKINNER: - Mulder, é sério...

Skinner pega um fax de cima da mesa. Segura-o com força na mão, amassando o papel e o agitando no ar, com raiva.

SKINNER: - (IRRITADÍSSIMO) Isto é oficial, Mulder. E independente de grampos telefônicos, microfones e câmeras escondidos nesta sala, isto é oficial.

MULDER: - Skinner, você está me assustando.

Skinner bate com o papel sobre a mesa. Está nervoso. Levanta-se. Mulder pega o fax. Scully olha pra ele. Os dois leem juntos.

SKINNER: - Isto que está nas mãos de vocês chegou nas minhas mãos há uma hora atrás.

MULDER: - Quê?

SKINNER: - Mulder, vocês foram pro Tennessee e eu juro que a ordem não foi minha. Tanto que o caso chegou só hoje em minhas mãos e vocês acabaram de voltar de lá!

Mulder olha pra ele, intrigado. Skinner olha pela janela. Nervoso.

SKINNER: - De hoje em diante, não posso mais me afastar daqui, nem pra ir até a esquina comprar cachorro quente!

MULDER: - Mas recebi essa mesma folha, dada por sua secretária, com a sua assinatura e pedido de prioridade!

SKINNER: - Não assinei isto. Minha secretária encontrou na mesa dela. Obviamente não iria questionar. Minha assinatura está aí. Alguém ligou dizendo ser assessor da Casa Branca. Verifiquei a ligação e saiu de lá mesmo. O que concluo que me afastaram de propósito.

MULDER: - Não faz sentido. Era um caso comum, nem era um Arquivo X. Nada estranho aconteceu...

Scully começa a raciocinar. O medo a invade. Ela sai da sala, sem dar explicações. Mulder e Skinner trocam olhares.

SKINNER: - O que houve?

MULDER: - Não sei.

Mulder levanta-se.

MULDER: - Mas vou descobrir.

SKINNER: - Mulder.

MULDER: - O que é?

SKINNER: - Quero que vá comigo até o último andar. Como testemunha. Não vou tolerar isso. Quero descobrir quem foi o autor dessa imbecilidade e quero saber se como diretor assistente eu tenho que admitir que qualquer um passe por cima das minhas ordens!

Skinner está furioso. Mulder abre a porta.

MULDER: - Uau, tio, nunca te vi tão furioso assim...

SKINNER: - Quero saber o que está acontecendo por aqui e quem mandou dois agentes sob minha responsabilidade pro Tennessee, sem meu conhecimento.

Skinner sai porta à fora, furioso. A secretária olha pra ele.

SKINNER: - Anote meus recados. Estou com o diretor.

SECRETÁRIA: - Sim, senhor.

Mulder e Skinner saem pelo corredor. Skinner literalmente soltando fumaça pelo nariz. Aperta o botão do elevador com força.

SKINNER: - Mulder, acho bom começar a desembuchar o que sabe. Porque eu acho que sabe alguma coisa.

MULDER: - ...

SKINNER: - Estão armando outra, não estão?

MULDER: - Não sei do que está falando.

SKINNER: - Pense, Mulder. Pense bem se não sabe. Porque agora vou lá em cima, colocar minha cabeça à prêmio por você e pela Scully.

O elevador abre-se. Skinner entra. Mulder atrás dele. Skinner aperta o botão do andar com força. Agentes ali dentro ficam o observando.

SKINNER: - Cabeças vão rolar, acredite. A coisa já passou da conta!

MULDER: - ...

SKINNER: - Eu disse que agora eles vão ver com quem estão lidando.

Os agentes ficam de olhos arregalados. O elevador abre-se e todos eles saem depressa, assustados. Mulder ri. A porta fecha-se.

MULDER: - Acho que seus subordinados pensam que você vai fazer uma inspeção.

SKINNER: - Hoje é um bom dia pra criar um inferno aqui dentro. Afinal é Sexta-feira e eu sou divorciado, não tenho nada melhor pra fazer. Se duvidar muito vou começar a abrir gavetas!


FBI – Arquivos X – 6:17 A.M.

Scully entra na sala. Pega sua pasta sobre a mesa. No fundo da sala, Mulder está sentado em silêncio, de frente para a TV, que exibe apenas o canal fora do ar. Scully aproxima-se dele.

SCULLY: - O que foi?

Mulder levanta-se. Ela olha pra ele e vê que ele esteve chorando.

SCULLY: - Mulder, o que houve?

MULDER: - Nada, Scully. Eu... Temos um caso em Richmond. Arrume suas malas.

SCULLY: - Malas? Tanto tempo assim?

MULDER: - Acho que temos uma coisa muito grande por lá.

SCULLY: - ...

MULDER: - Não quero que vá comigo, mas não posso impedi-la. Ao mesmo tempo quero que vá, pelos menos posso cuidar de você.

Scully segura as lágrimas. Mulder percebe.

MULDER: - Por que está chorando?

SCULLY: - Nada. Nada, Mulder. Vou arrumar as malas. Passa nos Pistoleiros pra me pegar?

MULDER: - Claro.

Scully olha pra ele. Mulder está estranhando o stress dela. Scully leva as mãos no pescoço. Tira o crucifixo.

SCULLY: - Vê isso, Mulder?

MULDER: - ...

Scully aproxima-se da lata do lixo. Joga a corrente fora. Mulder olha surpreso pra ela. Ela sai, sem dizer uma palavra.


Interestadual de Virgínia – 10:15 A.M.

Scully olha fixamente para o retrovisor, observando sua corrente pendurada. Mulder olha pra ela.

MULDER: - Acho que vai querer isso de volta um dia.

SCULLY: - ... Só se usá-la como representação do meu Deus, daquele que cuida de mim, que daria a sua vida por mim. A quem eu reverencio e presto culto mesmo sabendo que ‘não haverá diante de ti outro Deus’! Pra mim há. Você.

Mulder fica desatinado.

MULDER: - Scully...

SCULLY: - Não fale nada.

MULDER: - ... Scully, por que está tão revoltada com sua fé?

SCULLY: - Não estou revoltada com a minha fé. Eu tenho fé. Fé em você. Fé em nossa vida.

Mulder fica nervoso.

MULDER: - Está acontecendo alguma coisa que queira me dizer?

SCULLY: - Não. Agora sou eu que peço pra você não me perguntar. Isso é problema meu.

MULDER: - ...

SCULLY: - E não quero mais que você fique se preocupando comigo.

MULDER: - ...

SCULLY: - (REVOLTADA) Seja lá o que for que você sabe, não vai adiantar me proteger. Se tiver de acontecer vai acontecer e você não vai poder evitar. Porque esse Deus aí quer.

MULDER: - É meu silêncio que provocou isso tudo?

SCULLY: - Não, Mulder. Seu silêncio me é uma prova de amor e agora eu entendo.

MULDER: - (NERVOSO) Por que entende? O que aconteceu?

SCULLY: - Estou vendo suas atitudes com outros olhos. Só isso.

Mulder chega a relaxar os músculos. Pensou que ouviria outra coisa. Scully percebe.

SCULLY (PENSANDO): - Mulder... Eu não quero dizer que o que você temia aconteceu. É melhor você continuar pensando que pode me proteger. Eu não vou lutar dessa vez. Porque se eu lutar, você vai ter de negociar minha vida com aquele homem de novo. E você se livrou do fardo da sua irmã. Não merece passar sua vida carregando o fardo da Scully.

MULDER (PENSANDO): - Scully, quase pensei que me diria que está grávida. Deus, quase tive um enfarte.

SCULLY (PENSANDO): - Não vou dizer que o câncer voltou. Vou esconder até que não consiga mais.

MULDER (PENSANDO): - Não posso dizer pra ela o que eles estão tramando. Não posso. Seria demais pra ela. Ela já carrega o fardo de não poder ter filhos.

SCULLY (PENSANDO): - Ele é inteligente. Ele vai relacionar o que sabe com o meu desespero. Ele vai saber que o câncer voltou, embora estivesse tentando tudo pra me salvar... Mulder... Amo tanto você... Agora entendo porquê as algemas, porque aquilo tudo... Tinha medo que me levassem. Mas não me levaram, Mulder. Acho que o chip não faz mais efeito. Sei que tirou o chip certo, mas se eu disser, vai se culpar, pensando ter tirado o chip errado.

Os dois ficam em silêncio. Pensativos. Cada um com a sua própria verdade.


Motel Jackson - Richmond – Virgínia - 11:47 P.M.

Mulder de braços cruzados, olhando TV. Scully, nua, vira-se na cama. Apaga o abajur. A TV ilumina o quarto. O silêncio é grande. Mulder olha pra ela.

MULDER: - Scully?

SCULLY: - Hum?

MULDER: - Se não quer falar, eu entendo. Mas é grave?

SCULLY: - Não. Mulder, eu não quero mais pensar nisso, tá legal? Eu...

Ela começa a chorar. Mulder a puxa pra seus braços. Ela vira-se e abraça-se nele. Ele a abraça com força, afaga seus cabelos, segurando as lágrimas.

SCULLY: - (CHORANDO) Eu só preciso chorar... E só preciso do seu carinho.

MULDER: - ...

SCULLY: - (CHORANDO)

MULDER: - (TENTANDO ANIMÁ-LA) Scully...

SCULLY: - (CHORANDO)

MULDER: - Quer fazer outra aposta? Quer um bombom?

Ela agarra-se nos ombros dele com força. Começa a beijá-lo, em desespero. Numa mistura de choro e riso, fala.

SCULLY: - Faz amor comigo. Eu preciso te sentir. Eu preciso.

Ele nada questiona. A envolve nos braços.


7:21 A.M.

Mulder olha pela janela. Scully está sentada na cama. Os dois em silêncio. Nervosos.

SCULLY: - ... Mulder.

Ele vira-se pra ela.

SCULLY: - E se eu voltar atrás e quiser ter um filho?

MULDER: - Ficará segura e sofreremos menos. Assim podemos ficar juntos. Era o que eu queria, mas te respeito, não posso te forçar a isso.

SCULLY: - Mulder, você não pensa em si? Você... (SEGURA O CHORO) Você só pensa em mim? Vai sofrer porque eu não quero optar por um filho?

MULDER: - Scully, eu... Eu faço o que você quiser.

SCULLY: - Mulder, isso não é justo! Isso é um relacionamento, uma troca! Você não pode se anular desse jeito em função dos meus desejos!

MULDER: - ...

SCULLY: - Mulder, não é acatando o que eu digo que você me conquista!

MULDER: - Scully, acontece que um filho é tudo o que você sempre quis ter, e eu não quero forçá-la a ter num momento que não quer.

SCULLY: - (DERRUBA LÁGRIMAS) Vamos ter um filho.

MULDER: - ... Scully, não faça isso por mim.

SCULLY: - Por que não faria? Você faz tanto por mim, por que eu não faria? Afinal, só está me pedindo pra te dar um filho. Você já fez tanto por mim, Mulder, e tudo o que me pede é um filho e não vou dá-lo a você? Afinal, eu também quero um filho. Se tem que ser agora, será. Se isso te deixa feliz, felicidade é tudo o que mais quero ver em você. Se eu fizer isso, vou estar te ajudando?

MULDER: - Scully, você vai acabar com os meus problemas.

SCULLY: - E se eu te deixar?

MULDER: - A preocupação fica. Mas o risco é menor.

SCULLY: - Vamos ter um filho. Assunto encerrado.

Mulder sorri. A abraça com força. Sente um alívio tomar conta de si.

SCULLY: - Meio dia, tá? Segunda-feira, ao meio dia vamos até a clínica.

MULDER: - Tá.

SCULLY: - Está preparado?

MULDER: - Nunca estive tão preparado, Scully.

Eles trocam outro beijo. Ela se abraça nele e fecha os olhos. Mulder segura as lágrimas. Sorri feliz, aliviado.

Fade out.


X


15/06/2000

4. August 2019 23:01 0 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Das Ende

Über den Autor

Lara One As fanfics da L. One são escritas em forma de roteiro adaptado, em episódios e dispostas por temporadas, como uma série de verdade. Uma alternativa shipper à mitologia da série de televisão Arquivo X.

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