Nota: escrevi essa releitura em uma aula de literatura Brasileira, depois de analisar o texto original de Pero Vaz de Caminha. Acabei gostando tanto do resultado que resolvi trazê-la pra cá. Boa leitura!
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Frederico Westphalen, 10 de abril de 2019.
A Sua Excelência
Senhor Primeiro-Ministro de Portugal
António Costa
Vossa Excelência,
escrevo-lhe para descrever a terra descoberta, da qual o Excelentíssimo senhor já deve ter ouvido rumores a respeito.
Aportamos em uma terra muito curiosa. Aqui, o governo pensa em destinar menos verbas para a educação e na aposentadoria dos idosos e inválidos enquanto os deputados recebem R$ 33 mil por mês.
Além disso, o racismo é tido como algo normal a ponto de policiais darem 80 tiros “de advertência” em um carro, a intolerância religiosa é tanta que a laicidade do país é questionada por autoridades, a homofobia é tida como comum e quase sempre justificada com “quem mandou demonstrar?” e o machismo como justificativa para a violência doméstica contra mulheres e pautado na ideia de que ela “mereceu apanhar”. Chega a ser cômico ver os invasores questionando os direitos indígenas, reinvadindo reservas e reclamando a terra que “não é adequadamente aproveitada”. É incrível observar como um país com tanta diversidade pode ter tanto preconceito e, ainda, considerar tudo isso natural ou até mesmo propondo uma vitimização daqueles que oprimem.
Um ponto a ser ressaltado é o desmatamento da Floresta Amazônica, o qual tende a crescer cada vez mais. Exploram-se indevidamente os recursos naturais e ameaçam a fauna e a flora da nativa, composta, inclusive, de espécies ameaçadas de extinção.
Apesar da violência dentro das cidades, o povo é extremamente pacífico quando seus direitos são questionados ou mesmo retirados, salvo uma pequena parte da população constituída por minorias que vão às ruas e organizam manifestações. No entanto, os próprios brasileiros rechaçam tais iniciativas, então não nos seria um grande problema se tivéssemos que explorar mais um pouco essa terra e essa gente.
Dito isso, Excelentíssimo Senhor, não admirar-me-ia se aceitassem ser nossa Colônia, desde que lhes oferecêssemos ideais que façam com que a tortura e a violência da Ditadura Militar sejam consideradas como estratégias de governo, pois parece que aqui está sendo construída uma nova narrativa baseada na negação desse evento.
Espero que tenha tido uma imagem desta terra. Depois de ter um maior contato com essa nação, escrever-lhe-ei novamente.
Respeitosamente,
Daniela Machado
Vielen Dank für das Lesen!
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