Kurzgeschichte
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5.2k ABRUFE
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Refém

Ela despertou do pior de seus últimos pesadelos. A camisola estava molhada de suor e sua respiração era agitada. Parecia que um ataque cardíaco lhe tiraria a vida naquele instante. Sentou-se na beirada da cama, na esperança de que tudo melhorasse e o sono pudesse voltar. Lembrou-se do pai que abusava dela, da mãe que sabia, mas que por medo das agressões do marido, não denunciava à polícia. Era madrugada. Uma brisa leve entrava pelas frestas da janela e um arrepio na espinha fez Elisa se contrair. Estava assustada. O medo de sair do quarto era tão grande, que ela resolveu continuar ali mesmo, ao lado de suas coisas, suas bonecas, suas pelúcias, seu desespero. A porta começou a bater. Era o vento, mas poderia ser a mão de seu pai, tentando derrubar tudo só para lhe maltratar. Seu olhar era de um azul medonho, a cor da morte, a cor da fúria, a cor de quem quer se ver livre, ser livre, se libertar. Elisa saiu da cama, de dentro da gaveta do guarda roupa tirou um lençol cor de rosa. Embrulhou-o nos braços e o segurou igual se segura um bebê e saiu. O quintal era de terra, e um abacateiro cheio de frutos jazia resplandecente diante dela, era alto o bastante para fazer o que ela imaginava. O céu estava estrelado. A lua cheia iluminava todo o horizonte e um vento gelado cortava a carne de seu corpo. Sentia-se triste, envergonhada. Lágrimas correram por seu rosto. Com a destreza de um felino Elisa subiu na árvore com o lençol em mãos e lá no alto deu um nó forte o suficiente para não ser desmanchado. Ficou ali, na beirada do galho. O olhar distante, o pensamento mais ainda. Ao fechar os olhos se lembrou das mãos do pai tocando seu corpo, acariciando seu seio pequeno e dedilhando por suas coxas; chorou, gritou e engoliu o choro e o grito. Enrolou o lençol no pescoço e como um pássaro ferido que deseja sair da gaiola, pulou, saltou e suas asas de anjo se abriram. Elisa estava livre.

1. April 2019 17:22 4 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Das Ende

Über den Autor

Fernando Camargo Escrevo desde os oito anos de idade, culpa da professora de português. De tanto gostar de fazer isso (escrever), resolvi estudar jornalismo. Formado, atualmente eu passo meus dias a criar personagens e novas histórias.

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Edson Capistrano Edson Capistrano
Amei... Simples, porém perfeito. Parabéns
May 06, 2019, 15:22

~