Notas da História: Fanfic feita para o Desafio de Crossover (#juntaink), utilizando as obras Naruto e Hannibal.
Sasuke sorriu de canto enquanto a música tocava ao fundo. Na televisão, a notícia de que Will Graham havia sido solto lhe tirou uma risada irônica enquanto seu gato pulava de um banco a outro.
Voltou a mexer o pincel no ar e encarou a tela de pano em branco como se lhe faltasse algo, vida mais especificamente. Buscou com os olhos a paleta de cores que havia deixado preparada e estalou a língua no céu da boca ao perceber que o vermelho já estava acabando.
Aquela era uma encomenda especial, feita pelo próprio Hannibal Lecter na semana anterior depois de um delicioso banquete. O psiquiatra o interessava, muito, e o tinha encantado desde o primeiro momento quando a carne passou por seus dentes, quando a boca salivou mais ao detectar o gosto que tanto amava, quando não conteve o gemido de deleite ao deixar a imaginação tentar recriar o modo como o renomado homem sentado à ponta da mesa devia ter matado cada uma das pessoas servidas à mesa. Pessoas, no plural, eram muitos pratos, muita variedade, mesmo o melhor cozinheiro com o melhor abate poderia aproveitar tanto de uma única presa.
Não escondeu seu apreço, muito menos sua compreensão. E, como um bom artista, fez questão de ir cumprimentar o chefe ao final do banquete. Apertou a mão de Hannibal com um sorriso mínimo enquanto os olhos astutos dele viam além de sua máscara habitual, e Sasuke o analisou da mesma forma como ele fazia consigo.
— Espero que venha para um próximo banquete — Hannibal falou de forma polida e bebericou seu vinho antes dos olhos captarem a imagem de Jack Crawford entrando no salão.
Sasuke reconheceu o detetive e umedeceu os lábios antes de deixar sua taça vazia na bandeja de um dos garçons. Hannibal mantinha o perigo por perto, e isso tornava tudo ainda mais divertido.
— Na verdade, espero poder te mostrar minha arte em nosso próximo encontro — respondeu, e Hannibal fez um leve gesto com a cabeça.
— Seria um prazer. Também gosta de banquetes?
— Preciso confessar que sou um apreciador melhor que um cozinheiro. Cada prato seu estava delicioso, fazia muito tempo que eu não encontrava alguém que soubesse como valorizar a carne de animais tão… peculiares. Imagino que tenha encontrado uma melhor utilidade para eles na sua cozinha.
Hannibal sorriu, e Sasuke se arrepiou com a presença dele. Era como estar diante de outro predador, de um que sente prazer ao matar e sabe como fazê-lo com graça e elegância. Era maravilhoso sentir o coração batendo pela adrenalina, colocar o próprio cérebro em uma reação de luta ou fuga enquanto mantinha à face a máscara de civilidade ao discutir com tal assassino. Adorava jogos perigosos, amava pessoas que despertassem em seu âmago aquela curiosidade de ver até onde o ser humano podia ir.
— E qual a sua arte?
— Eu pinto. Ficaria admirado em saber quantas cores você pode extrair do material, quantos… pigmentos diferentes cada um deles pode te oferecer.
— Parece mesmo fascinante. A arte de obter pigmentos da natureza é antiga, dominá-la por si só já te faz um grande artista. Gostaria mesmo de ver seus quadros um dia. Você os expõe?
Sasuke sorriu, e Hannibal estreitou o olhar pela satisfação e pelo mistério que o sorriso transmitia.
— Eu vendo. Achará minhas obras em casas muito ricas, Doutor Lecter. São peças para… colecionadores. — Riu breve, e Hannibal deixou um leve som de compreensão escapar dos lábios. — Talvez eu possa fazer um ao senhor, como um agradecimento pelo banquete. Esta noite foi uma surpresa maravilhosa para o meu paladar, me sinto no dever de recompensá-lo.
Hannibal riu, e Sasuke não soube dizer se era verdadeiro ou apenas uma encenação. Ainda assim, ele lhe sorriu e então concordou:
— Ficarei muito feliz de aceitar uma obra de arte sua.
— Algo em mente que deseja que eu retrate?
— De um artista para outro, eu deixarei que me mostre o seu trabalho como desejar. Estou curioso para saber que imagem crio em sua mente. Mas, se me permite, acho que posso sugerir onde encontrar seus materiais.
Ah sim… Já esperava por aquela resposta. Estava há muito tempo no meio dos lobos para entender algumas de suas peculiaridades, principalmente a curiosidade que nutriam pelo trabalho alheio, pelo modo como suas mentes absorviam e expressavam o mundo.
Levantou-se de seu pequeno banco. O quadro de um metro por sessenta e cinco centímetros estava quase pronto, mas faltava algumas pequenas correções. Assobiou enquanto os passos eram abafados pela meia branca na madeira escura. Abriu sua pequena despensa e retirou de lá três pequenos potes. Acariciou o gato antes de entrar no quarto gelado onde um homem estava profundamente sedado sobre a maca. Não o olhou, não precisa olhá-lo para pegar a seringa e conectá-la ao acesso venoso e retirar precisos cinco milímetros de sangue.
Sentou-se mais uma vez e abriu cada recipiente com cuidado. Despejou o sangue com cuidado em dois deles e usou um dos pincéis de menor numeração para misturar a tinta.
Seu gato miou, irritado, e Sasuke estreitou o olhar ao vê-lo sair da sala.
— Você não reclama quando está no seu prato.
Voltou os olhos à tela, molhou o pincel e contornou as asas dos anjos com vermelho sangue. A cena do julgamento estava quase perfeita, tons sombrios e divinos partilhavam o mesmo espaço, a arrogância e a superioridade dos anjos explícita ao oferecerem um pouco de luz aos meros humanos que não viam que a mão estendida era apenas um convite ao abate. Ah, aquele quadro estava lindo…
Sua barriga roncou com o aroma que preencheu a sala. Seria mesmo maravilhoso ser convidado para outro banquete, podia até mesmo oferecer levar parte da carne já que o que conseguia de seu material era limitado, e o corpo sobre sua maca estava fresco, apenas com um pouco de sangue, pele e unhas faltando.
Afastou-se para admirar a obra e sentiu que uma pequena parte faltava. A televisão voltou a noticiar sobre o pobre Will Graham, e Sasuke sorriu ao então adicionar um pequeno veado ao canto esquerdo da tela, rindo da própria piada.
Pronto, estava enfim finalizado. Só esperava que Hannibal apreciasse sua arte, afinal, ambos sabiam bem como lidar com críticos injustos... O homem cujo nome Hannibal havia lhe soprado no banquete era o mesmo que tinha se recusado a comparecer, alegando que os jantares de Hannibal eram superestimados.
Sasuke agora estava curioso… Hannibal usaria a língua dele no próximo jantar? Ah, sim… por favor, sim, amava língua com legumes ao vapor...
Vielen Dank für das Lesen!
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