Olá, amados tudo bem?
Essa é a segunda fic do desafio de sogfics do FNS, música: Quebre as Correntes do Fresno.
Essa Fic faz jus ao nome desafio da desgraça, olha as tags. ^^
Ester marida, não me mata.
Betada pela mana Lollys Mars, gracias mana!
Boa leitura! ;*
***
Primeira vez.
O sol naquele dia, como nas últimas duas semanas, não despontou no céu nublado. Não sabia se eram os olhos que regulavam as cores, ou se realmente tudo estava opaco.
Por que nada fazia sentido em suas memórias? Por que as imagens passavam despercebidas a sua frente?
Estava preso naquele jardim. Narcisos coloriram em amarelo o verde da grama, mesmo assim as imagens pareciam acinzentadas e fora de foco.
O mesmo banquinho de pedra, as mesmas visões que piscavam bem diante de seus olhos.
“Morra, aberração!”
“Você nunca será capaz!”
Os sonhos lúcidos do quarto escuro, tudo se passava com tanta rapidez em sua frente. Mesclavam entre o jardim de Narcisos fosco e o quarto escuro, sempre se via preso ali.
Sentiu o corpo preso a correntes invisíveis ao se arrastar até o lugar que sabia passar parte do seu dia. Continuou galgando o lugar seguro para apoiar o corpo cansado.
Piscou algumas vezes notando algo diferente no lugar, era um homem, este lhe sorriu, antes de sair caminhando sem dizer uma palavra. Nagato piscou algumas vezes ao ver a silhueta sumir no meio da paisagem nebulosa.
Sabia que, estava sozinho de novo.
Segunda vez.
O mesmo jardim de Narcisos, colorindo o ambiente. O banquinho de pedra era visível.
Naquele dia peculiarmente ensolarado, as vozes ecoavam na cabeça de Nagato sem pausa.
A cabeça girava e o estômago em ânsia queria botar tudo para fora. Tudo o quê? Se ele não lembrava a última vez que havia comido algo.
Sentiu que cairia, acompanhado da vertigem, forçou os passos largos a alcançar o banquinho, daquela vez ele estava vazio, sentou e respirou fundo e fechou os olhos na ilusão que o mal estar fosse embora.
A cabeça girou mais.
“Sua criança estúpida!”
O ouvido fora tomado por um grito lúcido de uma mulher, ele de forma inevitável teve os olhos tomados de lágrimas. Elas caiam sem sua vontade.
“Suma daqui!”
A mesma voz transpassou a audição. Novamente o enjoo voltou voraz. Se inclinou para o cesto metálico próximo ao banco de pedra vomitando.
O que estava acontecendo?
De quem eram aquelas vozes?
Mesmo botando tudo para fora ainda sentia-se mal, fraco, sem qualquer lembrança e sem saber como chegou ao jardim florido. O desespero só o fazia vomitar e as lágrimas que escorriam pelo seu rosto sem parar.
Perdido, sozinho, triste, desnorteado, esses eram apenas alguns dos males que atingiam seu corpo e sua alma, e, tudo isso misturava as dores generalizadas e as visões lúcidas, o entorpecendo.
Expeliu inclusive a bílis amarga e mesmo assim a cabeça rodou como nunca. Pensou que desmaiaria, até que os ouvidos captaram passos em sua direção.
O Uzumaki arredio guiou o par de olhos violetas na direção dos ruídos, até ver o mesmo homem, do dia anterior sorrir como se esse não visse seu estado, ou se não ligasse para ele.
Este apenas sentou ao seu lado em silêncio, respeitando o espaço do Uzumaki, afinal, não se conheciam.
Com o tempo Nagato não estava mais desesperado, algo no rosto claro, no sorriso ameno, nos olhos escuros refletiam indulgência e calma. Respirou fundo antes de adormecer. Quando acordou ele não estava mais lá.
Terceira vez
— Olá! — As palavras vieram acompanhadas de um largo sorriso no rosto do homem caminhando ao seu lado.
Nagato arqueou as sobrancelhas com surpresa, até aquele dia o homem alguns centímetros mais alto, que mantinha o semblante pacífico, não dirigiu-lhe a palavra. O Uzumaki pronunciou:
— Olá — A voz saiu falha, pelo tempo em que se mantinha isolado.
— Que dia bonito!
Gesticulou simples, mantendo os olhos pretos presos ao céu azul, sem nem ao menos piscar. Nagato sentiu uma necessidade imensurável de responder o rapaz, uma necessidade sem explicação que partia de cada célula de seu corpo:
— É, como dias não via desta maneira!
O rapaz encarou fundo os olhos de Nagato, antes de pronunciar:
— O sol está dentro de você!
Nagato piscou algumas vezes, não entendendo o que ele falava, e sem conseguir conter a agitação. O corpo magro se remexeu no banco, ele mordeu os lábios pensativo, sentido o peso de suas palavras revirando em sua mente.
Neste momento perdeu a noção, o corpo já não respondia, a mente brincava, o jardim sumiu, apenas as palavras do outro rodavam a mente, como se estivesse em repeat na rádio. Nagato fora sugado para dentro do breu, que eram os olhos do outro.
“O sol está dentro de você!”
“O sol está dentro de você!”
“O sol está dentro de você!”
Aquela foi a primeira vez que recordou-se quem ele era, só ainda não sabia o que fazia preso aquele jardim.
E antes que a visão se distorcesse mais, seu ombro foi tocado, despertando-o do transe.
— Está bem? — O outro gesticulou.
— Sim, o sol está dentro de mim!
Viu-o fechar os olhos, e o rosto alvo a sua frente soltar a respiração com força, como se há muito segurasse ela.
— Hum, prazer sou Uchiha Itachi!
Nagato respondeu simples:
— Uzumaki Nagato, prazer!
Narcisos.
— Segundo algumas mitologias as flores possuem significados. — Itachi estreitou os olhos, enquanto apontava para as flores amarelas.
O Uzumaki mantinha a face impassível a cada palavra que o outro gesticulava, caminhavam lado a lado sem qualquer explicação.
— E esses Narcisos?
O Uchiha riu grave notando o olhar curioso nos olhos extraordinários do rapaz.
— Segundo a mitologia grega, Narciso era filho do Deus-rio, Cefiso e da ninfa Liríope, ele nasceu dono de uma beleza exorbitante.
— Nossa…
— Sim, seus pais no dia de seu nascimento consultaram uma adivinha, a mulher disse que ele possuiria vida longa, se nunca contemplasse a própria figura!
Nagato piscou algumas vezes virando-se no próprio eixo e encarando o rapaz, então animado perguntou:
— Ele olhou seu rosto?
Itachi riu.
— Uma vez, cercado de ninfas que corriam desesperadas por seu amor, a Deusa Nêmesis, padeceu do sofrimento do rapaz e lhe guiou até um riacho. Quando ele se encarou, apaixonou-se de imediato e morreu na margem daquele rio.
— Oh, que pena! — Exclamou horrorizado.
— Dizem que o significado da flor vai além do mal agouro causado pela vaidade.
— E quais seriam?
— Narcisos representam a falsidade e a ilusão.
Nagato pensou, como poderia uma flor tão bela ter tal significado?
Apenas suspirou, sendo guiado pelo Uchiha, e deixando se perder pelo jardim com o rapaz uma vez mais.
O Uzumaki naquela altura estava perdido nos pares de olhos pretos que todas as manhãs lhe guiavam jardim adentro, que já nem contava mais o tempo. Não sabia quantos foram os encontros ocasionados com o rapaz, ou há quanto tempo se conheciam.
Acontece que desde que conheceu Itachi, o Uzumaki parecia mais feliz, enxergou a beleza do mundo novamente, já não sentia mais o peso das arestas invisíveis que lhe puxavam para baixo.
Agora era feliz...
Não muito longe do jardim.
— Ele está delirando de novo! — A voz da mulher ecoou nas paredes finas da sala perfeitamente limpa e branca.
Tsunade cerrou os olhos, respirando por seguida. Levantou da poltrona confortável, dirigindo para as largas janelas da sala, até avistar o rapaz que a pouco mais de um ano chegara ao hospital, e não havia demonstrado qualquer tipo de melhora.
Ele encarava seu lado e falava como se alguém estivesse ali ao seu lado, bastante entretido.
— Chame os enfermeiros, doutora! — Deixou escapar, voltando a mulher a porta.
Ainda observou o sorriso largo marcado no rosto do Uzumaki, ao longe olhando para o nada, antes de suspirar fundo fechando as cortinas e se sentar:
— Pobre Nagato… — suspirou.
Vielen Dank für das Lesen!
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