bomma Bomma

Baekhyun e Chanyeol nunca pensaram que fingir um namoro fosse causar uma confusão tão grande, principalmente no coração de ambos.


Fan-Fiction Bands/Sänger Nicht für Kinder unter 13 Jahren.

#exo #chanbaek #baekyeol
Kurzgeschichte
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Baekhyun era

Byun Baekhyun era um herói.

Lembro perfeitamente da primeira vez que ele me salvou; eu era apenas um garotinho mirrado com as pernas tortas e as orelhas grandes demais quando conheci Baekhyun.

Foi uma situação um tanto quanto cômica, podemos assim dizer. Posteriormente, eu já havia assistido inúmeras vezes filmes japoneses que, contavam sobre a história da Hanako, a menina que morreu no banheiro da escola quando tinha apenas dez anos de idade; desde então, eu acreditava fielmente que a tal menina assombrava todos os banheiros, o meu medo me fazia acreditar que, de repente, eu iria entrar em um banheiro e encontrar a garota estrebuchada dentro da quarta cabine, e que ela sugaria a minha bunda para dentro do banheiro e me mataria.

Yoora me disse que seu amigo havia encontrado Hanako dentro de um banheiro, e o garoto nunca mais fora visto. Talvez ela tivesse dito aquilo só para me aterrorizar.

O caso, era que estávamos na primeira série, e eu estava extremamente apertado. Era o segundo dia de aula e a professora havia saído da sala por alguns minutinhos para pegar algumas apostilas para os alunos que haviam faltado no dia anterior. Como o Byun era o mais velho da turma, ele ficaria responsável por vigiar os alunos nesses curtos minutos que a professora ficaria ausente, e ela havia dito para ele não deixar ninguém sair; então, por dois motivos eu sequer cogitei pedir para ele me deixar ir no banheiro, porque, a) a professora havia pedido para ninguém sair da sala, b) eu teria de ir sozinho porque ele não poderia deixar a sala sozinha. E jamais que eu entraria em um banheiro sozinho com chances de encontrar a Hanako ali dentro. Então, eu só fiz xixi mesmo; e foi aí que começou o meu desespero

Eu sentava na primeira carteira, e quando o xixi começou a pingar da cadeira para o chão, com medo de alguém ver e eu virar piada, eu peguei uma toalhinha de rosto que fazia parte dos itens pessoais dos alunos e comecei a tentar enxugar o xixi. Percebendo o meu desespero, o garoto me encarou por detrás daquele óculos de fundo de garrafa e se aproximou, perguntando se eu estava com algum problema. Porém, assim que ele sentiu o cheiro da urina, ele franziu o cenho e disse “eu vou te ajudar, tenho uma calça extra na minha mochila. Vem comigo.”, e ele pegou minha mão pequena e deixou um tal de Jongdae vigiando a sala enquanto me arrastava até o banheiro, e ao tempo em que minhas lágrimas desciam, ele tentava me assegurar de que fazer xixi na calça era a coisa mais normal do mundo, e também, que a Hanako só aparecia nos banheiros femininos.

Me disse também que vivia se mijando porque bebia água demais e esquecia de ir ao banheiro. Aquela foi a primeira vez que Baekhyun me salvou, e também, foi quando conheci meu melhor amigo.

...

Byun Baekhyun era um traidor.

Eu sempre gostei bastante de doramas. Assistia vários e vários, um atrás do outro, e desde sempre repugnei traição. Há quem diga que traição é uma coisa perdoável, que quem ama perdoa. Perdoável é o meu ovo! Quem perdoa é deus, eu guardo rancor mesmo; o desgraçadinho me olhava com aquela carinha triste, os olhos castanhos caidinhos e os lábios curvados em um bico adorável enquanto eu via claramente a prova de que ele realmente havia me traído.

Estávamos em uma relação faziam longos anos, e eu nunca esperei que fosse ser apunhalado nas costas daquela maneira, mas a prova estava bem diante dos meus olhos, em “Continuar o terceiro episódio”.

Ele havia assistido os três primeiros episódios da décima temporada de supernatural sem mim, e foi naquele momento que eu vi nosso relacionamento, que antes era considerado perfeito, ruir.

– Chanyeol ... Por favor, acredita em mim, não é o que está pensando...

– Como não, Baekhyun? Eu estou vendo, ‘tá bem na minha frente.

– Eu posso te explicar...

– Me explicar o que? – questionei baixinho, com a voz carregada de mágoa. – Eu confiei em você, Baekhyun. Como pode fazer isso comigo?

– Deixa eu te explicar, por favorzinho! – ele juntou as mãos em uma súplica, me fazendo soltar um suspiro cansado. Encolhi os ombros, me dando finalmente por vencido. Não tinha como negar um pedido diante daquela carinha do gif do Pernalonga. Balancei a cabeça para frente, o incentivando a falar. – Você se lembra da tempestade que caiu na quinta-feira, não é? – é claro que eu lembrava, afinal, eu tomei tanta chuva que uma mini lagoa havia se formado no bolso da minha jaqueta, e pasmem! Tinha até uma rã ali dentro. – Então, assim que você foi embora, a energia acabou. Eu já tinha lido todas as fanfics da minha biblioteca, ‘tava sem 3G e em um tédio total. Eu tinha baixado os três episódios para vermos no dia seguinte, já que tínhamos aula de literatura, mas então, em um ato impulsivo, eu vi os três... Eu juro que não foi proposital, Yeol... Por favorzinho, me desculpa?

– Meu coração está quebrado. – disse levando a mão de forma dramática até o peito.

– Eu posso colar ele, Yeol. Juro, juradinho, que nunca mais isso vai acontecer. – prometeu, esticando o dedo mindinho na minha direção. Encarei seu dedo esticado, pensando seriamente se deveria ou não selar aquela promessa, mas a minha indecisão fez o biquinho triste de Baekhyun cair ainda mais, e meu coração não é de ferro, então, eu juntei nossos mindinhos e selei a promessa. Sorri quando senti seus braços me envolvendo em um abraço desajeitado, sentindo meu peito se aquecer com aquele ato.

Naquele domingo chato, eu e Baekhyun passamos a tarde toda criando mil teorias tentando descobrir quem era Deus, e no final, estávamos ambos errados.

Às vezes a vida tem dessas, né, fazer o quê.

...

Byun Baekhyun tinha os olhos bonitos.

Doze anos haviam se passado desde que vi aqueles olhos castanhos pela primeira vez, e eles ainda continuavam com o mesmo brilho. Não fazia tanto tempo que havíamos passado pela puberdade, uns três anos, talvez. Eu não sou mais aquele garotinho magrelo e mijão da primeira série – mas ainda tinha medo da Hanako –, muito pelo contrário, eu tenho quase um e oitenta e cinco de altura. Isso mesmo, pasmem! Um e oitenta e cinco. As orelhas continuavam grandes e as pernas tortas, mas isso faz parte do charme.

E Baekhyun? Ele ainda usava aqueles óculos de fundo de garrafa, e não tinha mais do que um e setenta e cinco, e continuava sendo meu herói; encostei minha cabeça na carteira, ouvindo o giz riscar o quadro negro enquanto a professora explicava como solucionava um exercício de química, eu já tinha desistido de tentar entender cálculo estequiométrico, aqueles milhares números e letras me fazia crer no mar de fogo que era o inferno.

Baekhyun mantinha sua bochecha apoiada no caderno, a amassando um tantinho de forma que o deixasse com um biquinho fofo, e seu óculos um pouquinho torto.

Sustentamos nossos olhares por bastante tempo, até ele mover seus dedos compridos e bonitos contra os meus cabelos castanhos, me fazendo fechar os olhos e aproveitar a carícia, até a professora dizer em bom tom “Byun e Park, sala de aula não é lugar para namorar”, fazendo Baekhyun rir e afastar a mão.

À medida em que eu arrastava os meus pés pelos corredores amplos, tendo Sehun em meu encalço tagarelando sobre uma cafeteria nova que havia aberto perto da escola, meus olhos percorriam pelos alunos, vendo-os andar depressa a fim de conseguirem comprar os cupcakes que a garotinha filha da dona da cantina fazia, e adivinhem onde estava Baekhyun? Isso mesmo, ele se esgueirava do vuco-vuco dos estudantes, conseguindo passar quase despercebido por ser rápido, e em poucos minutos ele havia conseguido chegar em segundo lugar, conseguindo os bolinhos.

Eu achava engraçado como eu me sentia dentro do filme Meninas Malvadas ao me deparar com o corpo estudantil durante o intervalo; uns riam alto na mesa do time de basquete. Vendo um grandalhão girar uma bola de basquete no dedo enquanto ele conversa animadamente com Yifan, eu quase pude ter a certeza de que estava dentro do East High. Sei que ambos filmes não têm tantas ligações, mais ambos mostravam a selva que o ensino médio poderia ser.

Eu sinceramente não sabia dizer a partir de qual momento eu me tornei popular, mas eu tinha quase certeza que o motivo foi Baekhyun. Meu melhor amigo era capitão do time de futebol americano, era tão rápido que eu poderia visualizar ele dizendo “bip-bip” enquanto corria, igual o Papa-Léguas, e por andarmos juntos, acabei me tornando popular também.

Não vou dizer “ah, mas eu nem ligava para isso e pipipi popopo” porque era mentira, ser popular tinha muitas vantagens, e uma delas era a visibilidade. Naquele instante, por causa dessa tal vantagem, estava um bolinho bem na minha frente, com cobertura de chocolate e recheio de morango. Não estou me gabando disso, mas recebíamos muitos mimos por sermos populares. Quase todos os dias, alguém me comprava um bolinho da garotinha e a pedia para entregar, sempre com um bilhetinho fofo me elogiando. Eu me sentia a pessoa mais bonita do mundo por ter um admirador ou admiradora secreta.

Enquanto tirava o bolinho da forminha, Baekhyun apareceu com o queixo todo sujo de cobertura enquanto resmungava baixinho sobre Jungkook ser um espantalho do Fandangos ou coisa parecida, porque o garoto havia comprado os únicos bolinhos recheados com morango, e só tinha sobrado os de maracujá e estavam azedos demais; soltei um riso enquanto pegava um guardanapo para limpar seu rosto, tomando o bolinho da mão dele, que estava pela metade e substituindo pelo meu. Ele olhou para o bolinho com uma devoção que eu pensei que ele fosse pedi-lo em casamento. Não demorou mais do que três minutos para que eu tivesse que pegar outro guardanapo para limpar seu rosto novamente. Baekhyun tinha chocolate até no nariz. 

Baekhyun começou a tagarelar com Sehun sobre a prova do dia anterior, dizendo que tinha quase certeza que iria bombar em literatura – talvez isso tivesse a ver com o fato de nunca prestarmos a atenção nas aulas para assistir supernatural. A professora deixava, porém, deixava claro também que tudo aquilo cairia na prova, era tipo“faça o que quiserem, só não reclamem depois” –, enquanto eu tinha certeza que a minha mãe ia me sentar a vassoura se eu tirasse mais uma nota vermelha em química. Pois é, eu ‘tô bem fodido.

– Posso perguntar uma coisa? – Sehun questionou alto de repente, fazendo quase todo mundo da mesa virar para si. Apontei para mim mesmo perguntando se ele estava falando comigo, assim que ele aquiesceu, eu fiz o mesmo, o dando liberdade para fazer a tal pergunta. – Sejam sinceros, vocês dois nunca deram uns beijinhos, uma mão amiga ou algo do tipo? – engasguei com ar naquele momento, juro, se eu tivesse bebendo alguma coisa, ela já estaria enfeitando a carinha linda do Sehun.

Olhei de soslaio para Baekhyun, que também parecia envergonhado com tal pergunta. Por algum motivo, naquela semana Sehun havia enfiado na cabeça que o Baekhyun enfiava a língua na minha garganta, e já havia dito nas entrelinhas que achava que tínhamos algo.

Ver todas as pessoas da mesa nos olhando me fez crer que quase todos tinham a mesma dúvida que Sehun; soltei um riso baixo e balancei a cabeça, negando.

– Por que você acha que temos algo? 

– Ah, sei lá. Vocês estão sempre de mãos dadas por ai, de sussurros e carinhos. Qualquer um que olhe dirá que são namorados. 

– Nós somos melhores amigos, oras. Não precisamos ser namorados para trocar carinhos. Crescemos juntos, é natural que isso aconteça. Baekhyun é como um irmão para mim, assim como sei que sou um para ele. – Sehun parecia não ter acreditado muito, mas apenas deu de ombros e voltou a conversar com o resto da mesa, enquanto Baekhyun permanecia em silêncio apenas bebendo seu suco de caixinha e mexendo no celular, porém, ele parou assim que viu Park Jimin sentar ao meu lado; Park Jimin era um garoto bonitinho do primeiro ano. Ele falava de forma calma e tinha a voz mansa, e quando ele sorria, seus olhos se espremiam de maneira fofa. Por mais fofo que ele fosse, eu não queria sair com ele. Simplesmente porque eu não sentia atração alguma por ele, então eu ficava em pânico quando ele tentava me chamar para sair, mas ou mesmo tempo, eu não queria magoá-lo porque ele sempre foi um amor comigo.

Eu sou o famoso saco de lixo de peruca, amigos. 

Um sorriso sacana adornou os lábios finos de Baekhyun quando Jimin perguntou o que eu faria no sábado, porque ele sabia que o baixinho tentaria me chamar para sair de novo, e o malditinho adorava me ver sofrer. Sinceramente, nem sei porque sou amigo desse traste; Jimin me perguntou se eu queria ir na festa que rolaria na casa do Kris com ele no dia seguinte, e eu fiquei sem saber o que fazer, então deixei meus olhos caírem no meu melhor amigo, em um pedido mudo por misericórdia, e como nos conhecíamos bem a ponto de um ler o olhar do outro, mais uma vez, Baekhyun foi meu herói.

– Chanyeol, você disse que ia no aniversário da minha sobrinha amanhã. Esqueceu? – Não era de fato uma mentira. Baekbeom iria dar uma festinha para Joonhyun amanhã, comemorando o segundo aninho da menina, que era a coisinha mais linda do mundo. 

– É claro que vou! Joonhyun não me perdoaria se eu não fosse. Infelizmente não posso ir. Talvez na próxima. – ele encolheu os ombros desanimado, mas logo voltou a sorrir e disse que cobraria a “próxima” e voltou a se sentar com o tal espantalho de Fandangos.

– Por que você não diz logo que não quer sair com ele? – Baekhyun questionou baixinho, desenrolando os fones de ouvido e me entregando um. Ele colocou a música e deitou a cabeça na mesa do refeitório, e eu fiz o mesmo enquanto tocava Ed Sheeran.

– Porque eu não quero magoá-lo. – confessei rente os lábios dele. Estávamos tão próximos que eu sentia sua respiração bater contra o meu rosto, e daquela vez, fui eu que levei a mão até seus fios e comecei um carinho de leve, o fazendo fechar os olhos. Ficamos em silêncio apenas apreciando a música, e era confortável daquela maneira. Dizer que eu não achava Baekhyun bonito seria mentira, depois da Park Bom, para mim ele era a pessoas mais bonita do universo, mas eu não gostava dele dessa forma, assim como sabia que ele não sentia nada por mim.

Baekhyun havia descoberto que era bissexual na oitava série, depois de se apaixonar por um garoto. Ele já havia namorado uma garota antes e ele, até então, achava que era hétero, mas aí Jisoo apareceu e foi a primeira vez que vi Baekhyun chorar igual a um criança por não saber o que estava acontecendo consigo; depois de lermos um bocado, descobrimos sobre a bissexualidade, e depois de ver que não era um bicho de sete cabeças, Baekhyun seguiu em frente, se apaixonando sem medo.

Eu nunca havia namorado ninguém ou me apaixonado; meu primeiro beijo havia sido com um garoto no primeiro ano, mas ele não sabia beijar direito e eu muito menos, foi cheio de saliva. Uma coisa nojenta que me passou mononucleose, e até hoje algumas pessoas me zoavam por ter pego.

Às vezes a vida é uma caçamba de lixo no meio do mato, amigos.

E deitado com a cabeça na mesa enquanto ouvia o Edinho, eu pude afirmar mais uma vez: os olhos de Baekhyun eram bonitos. Bonitos de forma como se tivessem colocado uma galáxia inteira dentro, de tão brilhantes.

...

Byun Baekhyun gostava de fanfics.

O garoto passava bastante tempo atrás da tela do computador. Escrevendo mil estórias sobre os garotos do Super Junior. Era um escritor famoso na internet que assinava como Baekteria; eu havia me rendido ao mundo das fanfics alguns meses atrás, tinha algumas fanfics em co-autoria com o Baekhyun, e aquilo era legal, era uma forma de relaxar. Eu me divertia com as fanfics colegiais, porque me via nos estudantes fracassados.

Baekhyun mantinha os olhos na telinha e às vezes soltava um risinho, então concluí que, a) ele estava vendo vídeos fofos de gatinhos, b) escrevendo alguma fanfic ou, c) lendo alguma fanfic. Ele parou de ler de repente e deu um pulo da cadeira, me olhando com uma cara engraçada, como se tivesse descoberto algo incrível.

– Você disse que não sabia uma forma de escapar do Jimin sem magoar ele, não é? – assenti, largando o celular do lado para prestar a atenção nele. – Eu sei uma forma dele largar do seu pé! Meu deus, como não pensei nisso antes?

– Em quê?

– Você pode arrumar alguém para fingir te namorar. – arqueei uma sobrancelha, perguntando mudamente se ele estava falando sério.

– E como eu vou fazer isso, Baekhyun? Eu não posso simplesmente chegar em uma pessoa e dizer “oi, você quer fingir ser meu namorado?”. Isso não vai rolar, até porque, namorados se beijam, abraçam e dão as mãos, eu não me sentiria confortável em fazer isso com alguém apenas por fingimento. – Baekhyun apenas concordou quieto e ficou em silêncio olhando para mim, como se estivesse procurando uma resposta para aquele problema sem solução.

Eu sabia que a solução mais fácil seria eu dizer a verdade de uma vez para Jimin, mas eu simplesmente não queria dar um fora nele por medo de magoá-lo.

Meu coração é mole demais, eu sei.

– Eu posso fingir ser seu namorado.

– O-o quê? – questionei desacreditado.

– O que foi? Dar as mãos, abraçar, chamar de apelidos fofos… Não é tão diferente do que fazemos, afinal. Você se sente confortável fazendo essas coisas comigo, não é? – aquiesci. – Então, é a solução perfeita. O pessoal já pensa que temos algo, de qualquer forma. Não seria tão difícil convencê-los, e também, o Sehun pararia de perguntar toda semana se temos algo.

– Mas ele só perguntou duas vezes...

– Para você. Eu já perdi as contas de quantas vezes ele me perguntou “você e o Park nunca deram sequer um selinho?”. Sinceramente, eu acho que ele gosta de você. Às vezes eu até acho que ele é o seu admirador secreto.

– Você ‘tá é doido. Sehun não gosta de mim. – Baekhyun deu de ombros. – Hmm, não estou certo sobre esse namoro falso… Namorados se beijam, certo? E se nos beijarmos e as coisas ficarem estranhas depois? – Baekhyun não disse nada, apenas levantou da cadeira e se jogou na cama, ao meu lado, me fazendo encará-lo. Arregalei os olhos quando ele se aproximou e encostou seus lábios nos meus; por mais que trocássemos carinhos, nunca havíamos chegado nesse tipo de intimidade. Senti minhas bochechas esquentarem de vergonha e fiquei com vontade de sair correndo.

– Você está sentindo alguma coisa por mim? – o encarei e neguei. – Você acha que alguma coisa vai mudar depois desse beijo? – neguei mais uma vez, o vendo sorrir. – Então, seu bobo. Isso pode nos trazer muitos benefícios também, como por exemplo, não precisaremos chamar ninguém para o baile de formatura, e ninguém ficará no nosso pé insistindo. Faltam só três meses para acabarmos o colegial, não é tanto tempo assim. Acho que conseguimos fingir até lá, não?

– Com uma condição. – eu disse, fazendo o Baekhyun espremer os olhos em minha direção. – Que você me compre um bolinho todo dia, afinal, assim que meu admirador secreto descobrir que estou namorando, ele não vai mais me mandar bolinhos. – disse a última parte com manha, fazendo Baekhyun soltar um riso e concordar.

Naquele sábado, depois da festinha de Joonhyun, eu e Baekhyun escrevemos uma fanfic bonitinha EunHae, obviamente fake dating, já que minutos depois de me falar sobre seu plano, ele levantou da cama e correu até o computador, dizendo que havia plotado algo. Eu apenas segui o baile.

Nós éramos os reis do fluffy. Deus me livre escrever lemon, pego meus dedinhos enroscados e vou embora.

...

Byun Baekhyun era meu namorado…. de mentira.

Seria estranho e eu Baekhyun simplesmente anunciarmos que estávamos namorando na segunda-feira, então, planejamos uma forma de nossos amigos descobrirem sobre o namoro.

Havíamos comprados algumas coisinhas discretas de casais, como pulseiras, plugs de celular e fones de ouvido. A primeira pessoa a perceber nossas pulseiras, fora Sehun, claro. O garoto tinha os olhos de águia; estávamos na aula de matemática quando Sehun alternou o olhar entre eu e Baekhyun, que estávamos concentrados no exercício do demônio que a professora havia passado. Ele cutucou Yixing e sussurrou alguma coisa no ouvido dele, e mesmo sem ouvir, eu sabia que era sobre nós.

Ele permaneceu quieto, olhando disfarçadamente para nós dois, sua curiosidade pareceu aumentar ainda mais quando Baekhyun se aproximou demais, sussurrando no meu ouvido algo sobre a aula. Como ele sabia que Sehun estava olhando, assim como Yixing, ele deslizou o nariz levemente na minha bochecha antes e sussurrar, e merda, eu não estava esperando por aquilo, e foi inevitável não sentir um arrepiozinho atravessar minha coluna.

Sehun não questionou nada, mas eu sabia que ele estava nos observando.

Na terça-feira, estávamos usando os plugs de celular. Sehun notou no intervalo. Estávamos conversando sobre o último capítulo que saíra de Lúcifer quando Baekhyun pegou o celular para ler uma fanfic que tinha atualizado. O plug do Neko Atsume estava bem ali, enfeitando o celular; Baekhyun me cutucou, dizendo que a fanfic havia atualizado, e eu peguei meu celular para ler também, foi quando Sehun resolveu perguntar.

– Vocês têm certeza de que não estão namorando?

– Temos. Por quê? – questionei, comendo a bala de gelatina que Baekhyun deu na minha boca.

– Então por que estão usando acessórios de casal? – metade de mesinha olhou na nossa direção, esperando pela resposta, inclusive Jimin, que havia chegado fazia alguns minutos.

– Ah… É… – enrolei um pouco, porque sabia que deixaria Sehun com uma pulga atrás da orelha.

– Estava na promoção, leve dois pelo preço de um. Então, Chanyeol comprou e me deu um. Para de ver coisa onde não tem, Hun. Sabe, eu ‘tô começando a achar que você sente algo pelo Chanyeol. – foi a vez de Sehun engasgar. Ele começou a tossir e depois caiu na gargalhada, dizendo que era a coisa mais engraçada que já havia ouvido.

Na quarta-feira, Kris anunciou que daria outra festa no sábado para comemorar a vitória do time de basquete que havia jogado no dia anterior, e eu sabia que Jimin tentaria me chamar novamente para ir, por isso, Baekhyun decidiu que faríamos nossos amigos descobrir naquele dia. Ao invés de Baekhyun sair correndo para comprar o tal bolinho quando bateu o sinal, ele sussurrou no meu ouvido que saíria primeiro e me esperaria atrás das arquibancadas na quadra, para podermos passar um tempo às sós. Eu sabia que Sehun tinha ouvido porque ele continuava nos observando. Tentei disfarçar e concordei, vendo Baekhyun sair pela porta. Sehun, querendo saber mais, se levantou da cadeira e veio até mim.

– Vamos?

– Hm? Ah… Eu tenho que ir na sala dos professores… Você sabe que eu ‘tô ruim em química, vou procurar a professora para ver se ela pode me ajudar, quem sabe me indicar um tutor ou algo do gênero.

– Ah, claro. Tudo bem. Vou esperar você na mesa. – assenti, saindo da sala. Sehun me esperou sair da sala para me seguir; quando cheguei na quadra, quase dei um pulo de susto quando Baekhyun me puxou pelo pulso e me pressionou na parede, fazendo nossos corpos ficarem colados. Eu conseguia sentir o cheirinho gostoso de chocolate que vinha dos seus cabelos.

– Sehun é péssimo em seguir as pessoas. – Baekhyun sussurrou rente aos meus lábios. – Estou vendo ele parado ali perto do vestiário, ele ‘tá olhando para cá… Hm… Eu posso mesmo… Você sabe…?

– Me beijar? – questionei baixinho e ele assentiu. Caralho, que situação estranha. Tendo-o tão próximo de mim daquela forma e sabendo o que aconteceria a seguir, eu senti meu coração acelerar. 

– Pode.

– Se você quiser, podemos só encenar um... Tem um ângulo que parec… – Baekhyun parou de falar assim que o beijei. 

Quando eu ouvia as pessoas falarem como se sentiam nas nuvens ao beijarem alguém que gostavam, eu achava que era ladainha de gente romântica, mas naquele momento, enquanto eu fechava os olhos para experienciar o beijo, eu senti uma dormência estranha nas pernas, como se realmente estivesse flutuando; se eu não sentia nada por Baekhyun, por que me sentia daquela maneira?

Fitei seu rosto ao abrir os olhos. Ele mantinha a boca entreaberta, soltando a respiração com um pouco de dificuldade. Seu rosto era tão bonito que eu senti vontade de beijá-lo por inteiro, e assim fiz, naquele instante, eu até mesmo esqueci que Sehun estava ali e qual era o motivo daquilo tudo. Baekhyun riu quando sentiu meus lábios se arrastarem por seu pescoço de forma calma, sem malícia. Foi quando me dei conta da situação e fiquei alguns segundos desnorteado sem saber o que fazer, porque parecia que o controle que eu tinha, havia escapado entre os meus dedos. 

– Eu acho que somos ótimos atores. – Baekhyun sussurrou ainda de olhos fechados enquanto deitava a cabeça no meu ombro. Ficamos um tempinho daquela maneira enquanto eu tentava acalmar meu coração.

Como já dito, eu havia beijado apenas uma pessoa na minha vida, e não foi uma experiência muito boa, e por esse motivo, eu mantinha na minha cabeça que todos os beijos seriam nojentos como aquele, mas não. Os lábios de Baekhyun tinham gosto de menta, já que ele era viciado naquelas balinhas brancas, e meu deus, obrigado senhor, por não ser um beijo babado.

– Deveríamos ganhar um Oscar. – disse soltando um riso baixo, mesmo que sentisse que meu coração poderia sair pela minha boca a qualquer instante.

É normal um beijo causar isso nas pessoas, certo?

– Bae… 

– Hm? 

– É normal o coração das pessoas baterem depressa após um beijo? – ele não disse nada naquele instante, apenas pegou a minha mão e levou até o peito, me fazendo sentir seu coração, que parecia um animalzinho enjaulado na caixa toráxica.

– Considerando que o meu também está, eu acho que sim. – ah, me sinto melhor.

Isso significa que eu não estou apaixonado pelo meu melhor amigo, certo?

Certo. 

– Vamos ir até o refeitório, tenho certeza que o Sehun vai esfregar isso na nossa cara, eu vi aquele malditinho filmando. É um traidor mesmo. – ele se afastou de mim, pegando a minha mão e me puxando dali. Continuamos de mãos dadas enquanto andávamos pelos corredores, os estudantes nem ficavam surpresos, já que vivíamos daquela forma. Não demorou muito para que chegássemos na mesinha dos populares; Sehun estava sentado lá conversando com Yixing, eu tinha certeza que ele já havia aberto a boca e contado para o chinês.

Nos sentamos lá e Baekhyun abriu a mochila e tirou um saco de anpan de lá, começamos a comer enquanto ele tirava o celular do bolso e esticava um fone na minha direção. Como sempre, ele deitou a cabeça no meu ombro e eu levei o dedo até seus lábios, os limpando, já que estavam sujos de anko, o fazendo sorrir com o ato.

– Vocês ainda tem certeza de que não estão namorando?

– Temos, sim, por quê? – perguntei sem dar muita bola. Sehun revirou os olhos.

– E melhores amigos se beijam na boca?

– Do que está falando? – Baekhyun perguntou, tirando o fone de ouvido enquanto Sehun buscava o celular no bolso, como previsto.

Eu queria sorrir porque o nosso plano estava dando certo, nossos amigos realmente estavam acreditando; Sehun fuçou no celular e aproximou dos nossos rostos, onde podemos nos ver perfeitamente, então, ele apertou o play e os olhos de todos arregalaram, inclusive o de Jimin que estava sentado na nossa frente. Todos pareciam surpresos com a cena.

– Onde conseguiu isso? Espera! Você nos seguiu?!

– Desculpa, hyung, eu só estava curioso. Dá pra ver que vocês se gostam só de ver a forma como olham um pro outro, pensei que estavam sendo idiotas por não enxergarem isso. Mas pelo visto, já enxergaram, e enxergaram muito bem. – disse vendo a forma como eu beijava Baekhyun no vídeo, e eu senti minhas bochechas esquentarem.

– Tudo bem. – Baekhyun suspirou. – Okay, vocês estavam certos, nós namoramos. Só não falamos antes porque ninguém aqui tem nada a ver com isso. 

– Ah, então era verdade… – Jimin sussurrou. – Já tinham me falado que vocês estavam juntos, mas eu não acreditei… Desculpa por ser insistente, hyungs. Eu pensei que o Yeol estivesse solteiro. 

– Ah, tá tudo bem, Jimin. – Baekhyun sorriu. – Você não tinha como saber, afinal.

– Bom, eu já vou indo. Desejo felicidades à vocês! – Agradecemos e ele saiu. O pessoal começou a se levantar e sair da mesa quando o sinal bateu.

Eu deveria estar feliz por ter conseguido dar um fora, mesmo que indiretamente, em Jimin, certo? Mas eu me sentia mal por enganar todo mundo.

– Por que está com essa carinha? – Baekhyun perguntou depois que todo mundo saiu.

– Me sinto mal por enganar todo mundo. Eu sou um péssimo amigo.

– Às vezes, Yeol, mentir é melhor do que falar a verdade. Você queria uma forma de tirar o Jimin do seu pé sem magoá-lo, não queria? – assenti. – Então. Ele vai ficar um pouquinho triste, mas se você tivesse o dado um fora, dito com todas as letras que não queria sair com ele, ele ficaria bem mais magoado, não acha?

– Talvez… Acho que eu deveria ter sido sincero com ele desde o começo.

– Está arrependido?

– Sim.

– Até de… me beijar?

– O que? Te beijar foi bom, eu só… – arregalei os olhos quando percebi o que disse, ouvindo uma risadinha sair dos lábios bonitos de Baekhyun. Ele inclinou-se um pouquinho e deixou um beijo nos meus lábios antes de levantar.

– Vem, a aula vai começar e não quero ficar ajoelhado no corredor por chegar atrasado de novo. – Peguei a mão dele, e ainda sentindo um calorzinho gostoso nos lábios, fomos assistir a aula de física.

E naquela semana, foi a primeira vez que beijei Baekhyun como meu namorado de mentira.

Se era de mentira, por que a palpitação do meu coração era de verdade?

...

Byun Baekhyun não era meu namorado... de verdade.

Já fazia cerca de duas semanas que estávamos naquele namoro falso, obviamente aquilo chegou nos ouvidos dos nossos pais, que estranhamente não ficaram surpresos com a notícia, foi algo do tipo “graças a deus vocês tomaram vergonha na cara”, e depois foi perrenho contar a verdade para eles. Eram nosso pais, eles precisavam saber; minha mãe ficou toda jururu porque queria o Baekhyun como genro.

Durante essas quase duas semanas, havia virado quase um costume Baekhyun me dar um beijo ao chegar na escola, nossos amigos ficavam“aaaaa”, dizendo que iriam escrever fanfics sobre nós.

Na sexta-feira havia acontecido uma coisa que me deixou com uma pulga atrás da orelha. Baekhyun tinha dito que iria dormir em casa para terminarmos de ver supernatural, como fazíamos toda sexta, e quando ele chegou, a primeira coisa que fez foi deixar um selar nos meus lábios. Eu nunca vi seus olhos tão grandes como naquele momento ao perceber o que havia feito. Ele pediu desculpa umas três vezes e disse que era força do hábito, já que havíamos feito aquilo a semana toda.

Mas eu havia gostado, e poderia muito bem me acostumar com aquele comprimento.

O que foi, melhores amigos não podem se beijar?

Era sábado e Kim Minseok daria uma festa em casa; o time de Baekhyun havia ganho o jogo pela manhã e para comemorar, Minseok, que era do time, resolveu dar uma festa.

Engraçado, esse povo dá uma festa pra tudo. Parece até que estamos em um filme adolescente americano onde tem uma festa diferente todo sábado. Enfim, o caso era que, eu, como namorado do capitão, tinha de ir.

Não que eu não gostasse de festas, mas preferia mil vezes estar em casa enchendo a pancinha enquanto assisto minhas séries. Só vou porque Baekhyun me disse que vai ter comida, e onde tem comida, tem ChanBaek.

Isso mesmo, ChanBaek.

As garotas da escola haviam dando um nome para nós, mas vieram com um blá blá blá de “tem que ser ChanBaek porque o Chanyeol é o ativo da relação e pipipi popopo, ele é alto e mais pipipi”. Fiquei de cara. Não aguento essas coisas, sério.

Voltando, eu estava sentado no sofá do Minseok enquanto Baekhyun conversava com os garotos. Ele vestia uma varsity vermelha escrita Byun atrás, com o número 4 bem grande. Todos os garotos do time estavam vestidos assim.

Eu tinha um copo de refrigerante batizado nas mãos e estava esperando alguém trazer a comida que havia me prometido. Jimin também estava lá, ele era do time de futebol também, tão rápido quando Baekhyun.

– Hey, Yeol. O Kris deu uma ideia de fazermos um jogo. O que acha?

– Que tipo de jogo? – perguntei, me interessando. Eu adorava jogos.

– Sete minutos no paraíso.

– Sério isso, Baekhyun? – franzi o cenho.

– Ah, qual é, Yeol. Vamos lá, vai ser legal. E você não é obrigado a beijar se não quiser, é apenas um jogo. – Suspirei, me dando por vencido; subimos até o quarto de Minseok, onde tinha um closet.

Fizemos uma roda e Baekhyun se sentou ao lado de Minseok, me deixando ao lado de Kris e Kyungsoo. Eles giraram a garrafa, e para a surpresa de todos, caiu em Sehun e Jimin.

Sehun foi morrendo de vergonha para dentro do armário, e quando o vimos sair todo bagunçado de lá, tivemos a certeza de que ele e o Jimin tinham aproveitado muito bem esses sete minutos.

Eu estava entediado mexendo na barra da camisa quando a garrafa caiu em Baekhyun e Do Kyungsoo. Arregalei os olhos vendo Baekhyun entrar com Kyungsoo lá dentro; Kyungsoo era da mesma sala que Jimin, e era beeeeeem bonito. Super inteligente também. Era do clube de xadrez e já havia ganho muitas competições.

Meu coração acelerava a medida que os dois permaneciam dentro daquele closet. Nem todo mundo que participa desses jogos tem que beijar, certo? Eles poderiam estar apenas conversando, ou sei lá, jogando dominó lá dentro.

Certo?

Sehun me encarava de forma preocupada, e eu me segurei bastante para não sair correndo dali ao escutar um barulho vindo do closet, como se alguém tivesse chocado as costas contra a parede. Eles poderiam estar apenas brincando de lutinha, certo?

Certo?

Assim que acabou os sete minutos, vi Baekhyun sair de lá com o cabelo todo bagunçado, seus lábios pareciam estar mais inchados, assim como os de Kyungsoo; merda, por que eu estava sentindo aquele aperto estranho no peito? Senti um certo alívio quando a garrafa caiu em mim e no Minseok, porque eu precisava sair dali. Ele me encarou curioso por alguns segundos, tentando estudar minha feição.

Eu apenas levantei e entrei dentro daquele closet. A cada passo que eu dava, eu senti minhas pernas vacilarem mais; Minseok entrou no closet e a porta foi fechada, o local estava porcamente iluminado e eu agradecia mentalmente por isso.

– Eu não vou te beijar. Você tem mononucleose. – Minseok disse em um tom divertido, me fazendo rir baixinho, mas eu estava no meu limite. Senti meus olhos úmidos, e também, me sentia a pessoa mais idiota da face da terra.

Se tivesse um prêmio para a pessoa mais idiota do ano, eu com certeza ganharia; aquela sensação ruim foi dominando meu peito de uma forma incontrolável. Eu só percebi que estava chorando quando Minseok me abraçou em silêncio, deixando eu chorar em seu ombro por alguns minutos. E eu chorei. Como uma criança. Um choro silencioso, afinal, dava para ouvir de lá de fora. O mais velho não disse nada, ele apenas acariciou minhas costas em um conforto mudo.

Depois de quase cinco minutos em silêncio, ele se afastou um pouco e meteu as mãos no meu cabelo, o bagunçando. Fiquei alguns minutos sem entender até ele pressionar o dedo indicador sobre o meu lábio inferior com certa força, fazendo o mesmo como o dele para que ganhassem certo volume.

– Se alguém perguntar, eu tenho o melhor beijo do mundo, tá? – ele sorriu, me fazendo rir. Antes de acabar os sete minutos, Minseok deu um beijo na minha testa e sussurrou que ficaria tudo bem, e estranhamente, aquilo me deixou melhor. Mas eu ainda sentia aquele incômodo na boca do estômago, como se tivesse levado um chute.

Quando saímos no closet, fui para o meu lugar sem olhar para os lados, porque sabia que o olhar de Baekhyun estaria sobre mim. Assim que sentei no meu lugar, Kyungsoo me cutucou e me encarou com aqueles olhões. Eu apenas queria sair correndo dali.

– Hm... Você sabe que isso é só uma brincadeira, não é? Sei que Baekhyun é seu namorado, mas espero que não fique chateado com ele, ou comigo. Isso não significou nada.

– Tudo bem, relaxa. – forcei um sorriso.

Eu não tinha motivos para ficar chateado, certo? Afinal, Baekhyun e eu não tínhamos nada. 

Se eu não gosto dele, por que sinto que estou caindo?

Foi naquele momento em que eu percebi que havia me apaixonado pelo meu namorado… de mentira.

...

Byun Baekhyun era apenas meu melhor amigo.

No domingo, eu havia amanhecido com uma dor horrível de estômago – eu juro que nunca mais bebo – que me fez ficar metade do dia na cama. Usei isso como desculpa para evitar Baekhyun; eu não estava com raiva dele ou algo do gênero, estava com raiva de mim mesmo por ter confundido tudo. Desde o começo Baekhyun deixou claro que aquilo era um teatro, e que não afetaria nossa amizade. Mas então, por que eu sentia que aquilo não era mais uma amizade?

Simples, porque eu era um idiota que havia me apaixonado pelo melhor amigo.

Merda, como isso foi acontecer?

Isso é castigo por mentir, Chanyeol. Agora fica ai sofrendo, babaca.

É. Talvez eu realmente mereça sofrer.

Baekhyun me mandou uma mensagem de manhã, perguntando se eu estava bem, já que havia passado mal no final da festa e vomitado minhas tripas. Respondi que estava me sentindo indisposto e disse que iria dormir o dia todo. Ele se ofereceu para ir em casa, mas eu disse que não era necessário e encerrei a conversa dizendo que iria dormir.

Ele não mandou mais nada depois disso.

Eu já disse que sou um saco de lixo de peruca? Pois bem, eu sou.

Eu realmente dormi metade do dia, e na outra metade, assisti a guerra ninja do Naruto para chorar um pouquinho, a fim de tirar aquele peso do coração.

Você é um fraco, Chanyeol. Você é o que, afinal? Um homem ou um rato?

Eu sou uma gelatina.

Na segunda-feira, depois de choramingar um pouco, minha mãe me deixou faltar na escola. Chorei um pouquinho dizendo que ainda estava indisposto e ela me fez tomar uma sopa para ressaca; preferiria beber tudo de novo a ter de comer aquilo, mas fazer o quê.

Passei o dia evitando as mensagens de Baekhyun, só que quando chegou a terça-feira, eu não pude mais fazer auê, e tive que ir para a escola, afinal, eu não poderia fugir para sempre, não é?

Mentira, poderia sim.

Não se enganem, eu não estava com raiva do Baekhyun, apenas queria colocar minha cabeça no lugar. E mantê-lo afastado me parecia uma boa opção; assim que cheguei na escola, fui direto para a sala de aula, como sempre. Peguei minha mochila para procurar meu fone e senti vontade de chorar ao me deparar com o fone de gatinho que havíamos comprado. Suspirei, pegando meu celular e colocando uma música para tocar enquanto deitava a cabeça na carteira.

Não demorou muito para Baekhyun chegar, e quando ele foi me cumprimentar com um beijo, eu virei o rosto, fazendo ele beijar minha bochecha.

– O que foi, Yeol? Ainda está se sentindo mal? – questionou com uma preocupação vívida na voz.

– Não. Eu só não dormi muito bem essa noite. Estou cansado.

– Por que não veio ontem? Aliás, por que não respondeu minhas mensagens? Pensei em ir na sua casa, mas não sabia se você estava bem... Fiquei preocupado… – Baekhyun disse deitando a cabeça na carteira também, ficando de frente para mim; ele estava de lente naquele dia. – ‘Tá todo mundo falando que você ‘tava no maior amasso com o Minseok no closet. Foi bom beijar ele?

– Ah, claro… Ele beija super bem...

– Ah… Que ótimo… – respondeu sem graça; depois disso, quase não falamos, e agradeci mentalmente por isso.

Porém, quando chegou no intervalo, tudo desandou.

Sabe quando você vê algo que faz o seu estômago revirar e você sente vontade de cavar um buraco no chão e entrar? Assim que entrei no refeitório, vi Kyungsoo e Baekhyun dividindo um fone. Eles conversavam baixinho enquanto sorriam um para o outro.

Sei que poderia não significar nada, mas doía. Porque eu sentia que estava perdendo Baekhyun, e aquela sensação me fazia querer sair correndo.

Assim que me viu, Baekhyun sorriu e acenou, mas eu apenas abri um meio sorriso e passei reto, indo me sentar embaixo das arquibancadas. Fiquei um tempinho ouvindo música até sentir alguém se deitar ao meu lado, e eu nem precisava abrir os olhos para saber que era Baekhyun.

– Olha, Chanyeol, eu posso ser lerdo, um pouco tapado de vez em quando, mas não sou idiota. Eu te conheço o suficiente para saber que está me evitando desde a festa. Eu só não entendo o motivo…

– Eu não quero falar sobre isso. – respondi. Eu apenas queria deixar aquilo pra lá, esquecer tudo.

Esquecer Baekhyun.

– Mas eu quero Chanyeol. Eu preciso saber o que eu fiz. Para poder pedir desculpas…

– A culpa não é sua.

– É de quem, então?

– Minha, Baekhyun! A merda da culpa é minha! Se eu não tivesse inventado essa mentira ridícula, nada disso estaria acontecendo!

– Eu não ‘tô entendendo…

– Você beijou o Kyungsoo.

– Beijei… E daí? Você beijou o Minseok…

– O caralho que eu beijei! Nós não nos beijamos!

– O que? Então, o que vocês ficaram fazendo lá dentro?

– Minseok estava me consolando enquanto eu chorava porque o cara que eu gostava tinha acabado de beijar outra pessoa. – Baekhyun arregalou os olhos e ficou em silêncio por alguns segundos.

– Você gosta do Sehun, Chanyeol? – soltei um riso sem humor. Aquilo só poderia ser brincadeira.

– Eu gosto de você. – confessei, vendo seus olhos aumentarem ainda mais; Baekhyun entreabriu a boca surpreso, sem saber o que falar. – Eu sou um idiota que estragou uma amizade de 13 anos porque não consegui separar uma encenação da vida real. Acho que eu mereço o prêmio de otário do ano. – levantei e peguei as minhas coisas, pretendendo ir embora.

– Chanyeol, espera, eu...

– Eu acho melhor acabarmos com isso, Baekhyun. Eu só quero esquecer que isso tudo aconteceu e voltar a ser como antes. Eu só preciso de um tempo para colocar a cabeça no lugar – eu não esperei uma resposta, apenas saí da quadra e mandei uma mensagem para Yoora, perguntando se ela poderia ir me buscar; havia contado tudo para ela no dia anterior, ela disse que eu era um idiota, mas passou a tarde toda me consolando.

E a partir daquele dia, Byun Baekhyun voltaria a ser como antes.;

Apenas meu melhor amigo.

...

Eu achava engraçado comparar certas situações com o efeito borboleta. O simples bater de asas de uma borboleta pode gerar um furacão do outro lado do mundo; por mais que eu não fosse muito bom em estudos, sabia que toda ação tem uma reação.

Aprendam, crianças. Quando você mente, tudo começa a dar errado, então, meus pimpolhos, não mintam.

Mentir é feio.

Eu não havia ido para a aula de novo; contei tudo o que aconteceu para a minha mãe e ela entendeu o meu lado. E também, me comprou um pote de sorvete e fez bolo, dizendo “se for para sofrer, que seja comendo coisinhas gostosas”; estava comendo bolo com sorvete e vendo Naruto quando ouvi a campainha tocar. Dei um berro dizendo “já vai”enquanto batia as mãos na calça para tirar o farelo da batata que havia comido antes. Minha mãe estava trabalhando e Yoora na faculdade, então, não tinha ninguém em casa, e infelizmente, eu tinha que atender a porta.

Abri a porta e quase caí pra trás quando me deparei com Baekhyun. O que ele estava fazendo ali? Ele deveria estar no colégio, e também, eu havia dito que queria ficar sozinho.

– O que está fazendo aqui? – me arrependi de ter soado rude daquela forma, afinal, Baekhyun não tinha culpa de nada; ele pareceu não se importar, apenas sorriu e entrou, abrindo a bolsa e tirando vários pacotes de bala de gelatina enquanto deitava no sofá.

– Vim passar o dia com o meu namorado. Fiquei sabendo que ele estava jururu sem mim. – arqueei a sobrancelha, tentando entender. Fechei a porta e caminhei até o sofá, sentando de frente para ele, que me olhava de forma mansa.

– O que você está fazendo?

– Eu já disse. Vim ver meu namorado… – cruzei os braços rente ao peito, querendo uma explicação melhor – Eu nem sei por onde começar, Yeol… Okay, vamos lá. O pessoal descobriu que nosso namoro era falso alguns dias antes da festa, e bem, eles ficaram um pouquinho chateados, mas ainda achavam que a gente se gostava, sabe? E bem, eu gostava de você. Bastante. Foi quando o Kyungsoo e o Sehun armaram um plano para te fazer ciúmes, eles achavam que se você pensasse que eu beijei o Kyungsoo, ficaria com ciúmes e se confessaria para mim. Mas o tiro saiu pela culatra! Eu juro que não queria te fazer chorar, Yeol, por favorzinho, me perdoa…

– Espera… Então você também gosta de mim?

– Sempre gostei.

– Desde quando?

– Desde quando pegamos catapora. Você pegou porque ficou preocupado comigo e não queria me deixar sozinho. Foi a maior prova de amor que alguém já me deu, sabia? – questionou sorrindo, levando os dedos até meu cabelo. – Me desculpa por toda essa confusão. Eu não deveria ter ido na ideia maluca daqueles dois indrumistas. Deveria ter dito que gostava de você desde o começo.

– Teria sido mais fácil. Acho que somos dois idiotas. Por que complicamos tanto as coisas?

– Porque somos dois idiotas. – soltei um riso baixo, deitando minha cabeça na mão dele. – Bom, agora eu sei que você gosta de mim e você sabe que eu gosto de você… Você quer namorar comigo?

– De verdade dessa vez?

– De verdade, com direitos a muitos beijos.

– Sem saliva?

– E mononucleose.

– Feito, eu aceito. – Baekhyun sorriu todo lindinho, se aproximando para me beijar. Suas mãos firmes foram parar em minha cintura e em pouco minutos viramos uma bagunça de beijos, farelos e sorvete, porque eu sou desastrado e derrubei o pote na camisa dele.

Sou sagitariano, fazer o quê

Byun Baekhyun era muitas coisas, mas acima de tudo, era o amor da minha vida.

Aliás, crianças, não beijem. Vocês podem pegar mononucleose, 'tá?

Tchau.

10. November 2018 23:52 0 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Das Ende

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