Palavras nunca foram seu ponto forte.
Na verdade, toda vez que abria a boca era quase certo que o que viria eram piadas meio maldosas e ironias, as vezes não tão refinadas. Tsukishima Kei simplesmente era daquele jeito, desde sempre e para sempre.
Por isso, em alguns casos, ele preferia se calar. Talvez por não saber o que dizer, ou talvez por simplesmente ter medo de estragar o momento, tal como acontecia naquele momento.
A primeira hora desde a chegada de Yamaguchi em casa era sempre a mais agitada, ele costumava falar bastante sobre seu dia enquanto corria de um lado para o outro na cozinha, procurando fazer um lanche de seu agrado – e ele fazia questão de fazer aquilo, era seu ritual para dissipar o excesso de adrenalina trazido para casa – e, naquela data em especial, por algum motivo, tudo havia dado errado.
Kei prestava atenção em cada detalhe, o relógio não despertou no horário correto, Tadashi perdeu o ônibus no caminho, perdeu uma quantia considerável de dinheiro e discutiu com um colega de grupo sobre um trabalho – porque agora, graças a influência de Tsukki, ele sabia muito bem se impor – além de ter ficado até mais tarde na faculdade resolvendo um problema de seu projeto.
No geral, Tsukki não desgostava de sua língua ácida, na verdade preferia daquela forma, mas, em momentos como aquele, ele daria qualquer coisa para saber as palavras certas a dizer para fazer Yamaguchi sentir-se melhor. E o fato de não saber como confortar seu namorado o irritava do fundo do coração.
Yamaguchi sempre sabia a coisa certa a dizer, mesmo quando o loiro não comentava sobre seus incômodos, ele o conhecia o bastante para aliviar quaisquer dores em segundos e transformar os piores dias em maravilhas, tudo o que Kei desejava era fazer o mesmo.
E chegou a tentar, algumas vezes abriu a boca para confortá-lo mas nenhuma das ideias parecia boa. No fim, optou por ficar calado, como sempre, e deixar que Yamaguchi falasse enquanto o ajudava a carregar os protetores de mesa para que a umidade dos copos não manchasse o móvel.
Tadashi continuou seu discurso, fazendo com que Kei se sentisse ainda mais inútil diante de sua inércia vocal, enquanto sentava no chão, recostado no sofá e entre as pernas de Tsukki, que estava sentado no estofado com as mãos em seus ombros, massageando de leve.
Sentia tanto, tanto! Mais do que achava que podia, Yamaguchi o fazia sentir toneladas de sentimentos que ele queria saber expressar de alguma forma, mas parecia simplesmente impossível toda vez que tentava. Às vezes, de noite, enquanto Tadashi dormia, ele sentia-se confortável para murmurar algumas vezes um “eu te amo” e recitar pequenos monólogos sobre como ele era importante para si, desejando conseguir dizer aquilo em plena luz do dia e olhando em seus olhos.
Por que era tão difícil?
Não havia nada para temer ali, Yamaguchi era seu namorado a anos e eles até mesmo moravam juntos! Conversas simples deveriam ser corriqueiras, no entanto, tudo o que Tsukishima conseguia fazer era ouvir o namorado falar enquanto tocava seus ombros, sentindo seus músculos relaxarem aos poucos.
Temia que aquilo não fosse o suficiente, que as batidas fortes de seu coração não chegassem aos ouvidos de Tadashi e que ele simplesmente cansasse de esperar por palavras que não vinham. Nada o desestabilizava mais que a possibilidade de ser abandonado por Yamaguchi, nem sequer conseguia pensar em como viver caso aquilo acontecesse.
Era um medo bobo, que caía por terra toda vez que Yamaguchi segurava suas mãos, assim como passou a fazer naquele momento, e sorria com carinho em sua direção, beijando-lhe os nós dos dedos num agradecimento mudo por ser um bom ouvinte.
—Eu também te amo, Tsukki.
Kei sorriu, descobrindo que não iria se importar com sua falta de habilidade com as palavras enquanto Tadashi compreendesse o amor em seu silêncio.
Vielen Dank für das Lesen!
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