morikatsu Mori Katsu

Naruto estava cansado da vida sem sentido. Em um ímpeto resolveu largar tudo e partir em busca do que considerava essencial; a felicidade. Não contava no entanto que seus planos fossem frustrados por uma arma biológica solta por um grupo terrorista, que fazia das pessoas verdadeira bestas sedentas por carne e sangue. A chance de Naruto encontrar a felicidade fora arrancada de suas mãos, de repente, viu-se correndo para resgatar o pouco que lhe restava. Ainda que a convivência com seu ex-chefe se resumisse em andar em um campo mimado, mesmo que não fosse correspondido ou recebesse qualquer recompensa em troca, sacrificaria a própria vida para manter Madara seguro.


Fan-Fiction Anime/Manga Nur für über 18-Jährige.

#naruto #Apocalipse-Zumbi #MadaNaru #Até-Que-A-Morte-Nos-Separe
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—Aguente firme, é só mais um dia. — disse Naruto para o seu reflexo cansado na parede espelhada do elevador. Vestia terno cinza escuro combinando com as bolsas sob os olhos. Tinha 27 anos, uma aparência que prendia atenção facilmente e a postura de um velhinho debilitado. Seu mantra de todas as manhãs há muito tempo perdera a entoação de incentivo e nem o confortava mais, repetia por mero hábito. — Só mais um dia e ficará tudo bem.


Tentou assumir uma postura altiva, ereta, e imediatamente voltou a postura de velhinho de outrora. Cada que fazia um movimento brusco uma apunhalada nas costas o atingia. A dor incomoda, lancinante já era crônica, o torcicolo no entanto era novidade. Era resultante da péssima combinação de uma noite mal dormida com o conforto questionável do sofá-cama.


Ossos do ofício.


A luz piscou e um leve chacoalhar quase passou despercebido. Alguém da manutenção deveria dar uma olhada naquilo antes que alguém ficasse preso, aquela era a segunda vez que Naruto ouvia alguma coisa travando enquanto luz oscilava. No antigo prédio, ele subia oito lances de escada até o escritório, fazia isso diversas vezes por dia, uma verdadeira tortura. Entre um elevador ruim e a escadaria, ficava difícil escolher a pior opção.


O antigo escritório da rede de farmácias Lótus ficava em um prédio antigo em frente a uma padaria e ao lado de um motel. As salas apertadas vez ou outra apresentavam algum problema de infiltração e uma ou duas dúzias de baratas corriam livres nos dutos de ar. Ele não conheceu a Lótus em uma situação favorável. Atualmente, o escritório ficava no centro da cidade, em um prédio razoável para o padrões elevados de quem estava ativo no mercado, ganhando espaço, lucrado e expandindo cada vez mais.


Carregava uma pasta preta de couro contendo a papelada do trabalho; o balanço geral, planilha de gastos e relatórios que passou as últimas duas noites em claro terminando. O que havia causado uma dose extra de dor de cabeça. As portas abriram e a claridade do ambiente atingiu olhos cansados de Naruto em cheio fazendo-o piscar e franzir o cenho com profundo incomodo. 


Ele via o centro da cidade através das janelas panorâmicas; Suna erguia-se num caos organizado de concreto, aço e vidro. Se parasse para admirar a vista ele conseguiria ver o prédio da emissora JNN umas quadras a frente, se subisse até o terraço, seria premiado como verde da área de reflorestamento uns vários km ao norte. Talvez nem tanto, o tempo lá fora indicava uma chuva torrencial.


— É só mais um dia.


O escritório possuía um design em verde e branco. As paredes eram brancas imaculadas como se tivesse sido pintadas recentemente, bem diferente das paredes com manchas duvidosas do antigo escritório. Havia vasos de plantas espalhados nos cantos que tornavam o ambiente relaxante tanto quanto era possível para um local de trabalho, as mesas dos funcionários tinham o mesmo tom das folhas. Seu chefe disse uma vez que verde era a cor da sorte. 


Os quadros de arte moderna pendurados, rabiscos e borrões que um simples telespectador pouco entendia mas reconhecia que valia uma nota, ressaltavam o nível elevado do lugar. E acima de tudo, davam uma pista de como era a pessoa que comandava aquele lugar; alguém de bom gosto escrupulosamente educado. Também era rígido, inflexível, teimoso e não tolerava atrasos.


Naruto sempre chegava uns 10 minutos antes, nunca depois do horário. Era irrepreensível nesse aspecto. Hoje recebia olhares aflitos em sua direção, solidários até, afinal teria uma bronca pela frente.


Alguém sofreu um ataque epilético enquanto dirigia, o acidente feio deixou várias pessoas gravemente feridas e causou um engarrafamento gigantesco. Naruto não presenciou nada, ouviu apenas comentários de outros motoristas, que curiosos, saíram de seus carros e se espalharam pelo meio fio para ver a confusão se desenrolar. Viu pedaços de cacos de vidro, um retrovisor quebrado e manchas de sangue sobre o asfalto.


O dia começara de forma horrível.


Ele sabia que deveria ter ligado relatando o imprevisto, era o correto a ser feito para que ninguém pensasse que havia morrido. Aparentemente essa era uma das poucas coisas que o faria se atrasar. O que em parte explicava a aflição dos colegas. Atravessou o recinto por entre as mesas deles, respondeu mecanicamente a quem lhe deu bom dia e não hesitou um segundo antes de abrir a porta.


— Está atrasado. — disparou o homem numa voz grave e baixa lançando um olhar rápido na direção de Naruto.


As paredes da sala ao contrário do restante do escritório eram todas verdes, não havia janelas. Nada muito extraordinário, o que tirava o fôlego era o quadro na parede atrás da mesa. Deuses gregos alados, exibindo seu porte naturalista no céu ateniense. O chefe dele apreciava arte, mas aquele quadro em particular fora adquirido por capricho.


— Eu sei Madara. — pontuou o óbvio. Se seu chefe perguntasse o motivo acabaria contando sem pensar duas vezes. Madara sempre insensível, não parecia interessado de qualquer maneira.


Houve um tempo que teriam dito coisas mais calorosas um ao outro logo de cara, um tempo que poderiam afirmar que possuíam uma amizade sólida. Essa época dissipou-se no ar como fumaça, sem deixar rastro. Quando se conheceram Madara procurava alguém que entendesse de números, enquanto Naruto era apenas um recém formado em contabilidade procurando emprego.


O antigo sócio da Lótus que era responsável pela administração, desviou dinheiro e fraldou pagamentos de impostos quase levando a empresa à falência. Deixou Madara enrolado com a justiça, e fugiu para gastar o dinheiro em coisas dispendiosas como uma cobertura em Monte Carlo. Enquanto resolviam a torrente de problemas que surgia, a linha tênue entre patrão e empregado foi borrada. A relação que deveria ser apenas profissional, tornou-se pessoal e Naruto foi o principal responsável por arruiná-la por ter se deixar envolver demais. Passado o constrangimento, decidiram fingir com muito empenho que linha que os separava era nítida.


A frigidez mútua beirava a antipatia.


Naruto entregou a papelada ao chefe antes de sentar. Ao lado de um porta retrato ele viu uma xícara de chá intocada que Madara pediu e provavelmente esqueceu de tomar, algo que acontecia com frequência.


— Se não tomar isso logo vai acabar estragando — repreendeu Naruto acrescentando num tom monótono — exceto que tenha começado a gostar de coisas frias.


— Tome se quiser, acho que já passou da hora do chá de qualquer maneira. — balbuciou ele buscando os óculos ao lado do computador para ler os relatórios. O cabelo cumprido trançado caia no ombro esquerdo, as mangas da camisa social azul estavam dobradas até os cotovelos e os dois botões do colarinho estavam abertos. Naruto podia ver a pele branca da garganta dele.


Ele pegou a xícara, a porcelana estava morna com o chá preferido de Madara, Earl Grey. Puro sem uma gota de adoçante ou açúcar. Tinha preferência por café, energético, vinho ou qualquer outra bebida desde que não fosse chá. Porém, deu de ombros e provou um gole.


Madara passava os olhos sobre as folhas, satisfeito como ótimo resultado que a companhia obteve no mês anterior. Naruto, distraído, mantinha o olhar fixo distante de quem possuía muitas preocupações, diversos problemas e nenhuma solução enquanto bebericava o chá. Seria considerado um momento de silêncio reconfortante se não estivesse com esse olhar perdido no próprio chefe.


Madara era alguém que fazia mulheres tímidas exclamarem: Que homem! Mas, para Naruto, era júbilo e tortura, o sonho e o pesadelo, a carícia e o tapa em seu rosto. O controle de ferro duramente treinado era a única coisa que o impedia de ficar tempo demais observando-o. Agora, no entanto, ele nem mesmo estava tentando não olhar.


— Quero me demitir. — disse ele repentinamente, não estava imerso em pensamentos afinal, gravava cada detalhe daquele rosto pela última vez. Fazia muito tempo que aqueles lábios não sorriam para ele, formavam uma linha inflexível que continuava chamando atenção dele mesmo assim. Madara piscou como se tivesse dúvida quanto ao que tinha acabado de escutar. Naruto pensava, não pela primeira vez que os cílios dele pareciam ter sido desenhados com carvão; eram linhas espessas, longas e perfeitas. — É repentino, sei disso.


Aquele homem era uma obra de arte viva que Naruto poderia ficar admirando cada detalhe por longas horas. O hábito duramente construído que o impedia de encarar aquele rosto perfeito, lembrou a ele uma vez mais o porquê de não poder olhar.


— Por que? — exigiu Madara após uma breve pausa. Ele deixou os papéis de lado, recostou-se na cadeira parecendo leniente. Naruto meio que esperava que ele cruzasse as pernas e pusesse a mão sob o queixo para ressaltar sua arrogância natural, em vez disso, logo depois ele se inclinou para frente, expressando — para espanto dele — ultraje, como se tivesse qualquer direito sobre ele — Recebeu uma proposta melhor?


— Nenhuma, só não quero mais trabalhar aqui.


Naruto tinha a atenção do chefe, ele não o olhava com tamanha intensidade a muito tempo. Era desconcertante como ser flagrado enfiando o dedo no bolo.


— Algum motivo especial? — Madara inquiriu para certificar-se que o pedido feito não estava relacionado ao que estava errado entre eles. Na certa uma pergunta mais direta seria como engolir um copo de pregos com baratas, desagradável e nojento na mesma medida, mas era impossível afirmar.


Às vezes a desconfiança de Madara ofendia, não era como se o contador fosse pular em seu pescoço quando estivesse distraído. Se Naruto pudesse ignorar o constrangimento, sem dúvida ignoraria como se nunca houvesse existido. Naruto riu, o calor não alcançou seus tristes olhos azuis. Das diversas razões que o forçaram— graças a Deus finalmente — a pedir demissão, o clima entre eles não era a principal.


— Para ser franco, estou cansado. De tudo isso. — As palavras simplesmente escaparam, foi impossível detê-las depois de tanto tempo entaladas em sua garganta. Mas a necessidade de ser claro excedia a de expor o que sentia, por isso uma escolha adequada de palavras era indispensável. Com mais confiança Naruto retomou o diálogo — Pode parecer estranho mas nunca desejei sequer fazer contabilidade. Não sou um matemático entusiasta e já estou mentalmente esgotado. Melhor que ninguém você sabe que lidar com a Lótus não foi uma tarefa simples, agora que as coisas estão estáveis, quero me demitir.


— De fato é estranho. E teria sentido para mim se tivesse feito antes, quando as coisas realmente estavam feias. — disse Madara com simplicidade — Quem aceitaria trabalhar para uma empresa que está sendo investigada, quase falida e que o dono provavelmente é um criminoso?


Naruto sentiu-se tonto.


— Se você fosse má pessoa talvez fizesse. — Ele aceitou porque se encontrava financeiramente em um momento ruim. Quando percebeu que se importava com aquele homem muito além do que deveria, escolher permanecer nem foi uma decisão difícil. Mas verdade seja dita, anos da vida dele foram sacrificados em uma carreira que não gostava tanto assim.


Madara não tinha desviado o olhar do dele, esperava por mais, uma explicação melhor.


— Tem certeza que quer se demitir? — disse apaziguador para contornar a situação. — Se esta tão cansado, posso lhe dar férias.


Madara quando não gostava de algo, poderia ignora-la, contorna-la de alguma forma ou passar por cima como um trator. Ele era ótimo nisso. Naruto conhecia na pele a parte do "ignorar" e do "contornar". Nesse ultimo momento não queria ser contornado como um problema nem ignorado como se fosse insignificante.


— Por favor, pelo menos agora você pode demonstrar qualquer coisa por mim que não seja indiferença? — Naruto rogou — Alguma vez teve a sensação de que até o ar que respira quer sufoca-lo? É assim que me sinto aqui dentro. Estou cansado de ter essa sensação me esmagado. Eu poderia sim tirar ferias, mas como disse antes, essa nem era a profissão que eu queria desde o início. Não vou dizer que trabalhar para você foi algo desagradável, pelo contrário, foi uma das melhores coisas que já fiz na minha vida! — esse era o pior arranjo inadequado de palavras que poderia ser dito — Mas não quero daqui dez anos me perguntar o que teria sido de mim se tivesse tomado outro rumo, e, me arrepender de ser alguém que vive para o trabalho e que é incapaz de demonstrar pelo menos gratidão por alguém que te lembra que tem que comer. Francamente, às vezes gostaria de não ter te conhecido.


O ninho de abelhas que pairava entre eles, que não ousaram cutucar de forma alguma desde de 2016 fora acertado em cheio.


Madara descobria que podia ruborizar e não estava apreciando a nova habilidade de forma alguma. Ele encarou Naruto duramente por trás dos cílios negros.


— Da minha parte, foi um prazer trabalhar com você. — afirmou, embora tudo indicasse o contrário.


* * *


Quando parou para pensar qual deles tinha sido o mais infantil, chegou a conclusão de que pouco importava. A forma como o ex chefe soou aliviado em se ver livre dele fez com que perguntasse se queria que permanecesse até o final do expediente.

 

— Você já fez o seu trabalho — ele erguera a papelada como prova da competência de Naruto, talvez com força desnecessária — Está dispensado, já pode tirar suas férias.


— Obrigado, por mais uma conversa esclarecedora. — Em vez de reafirmar enfaticamente que seus motivos para se demitir eram autênticos, de falar que não estava bravo e que toda aquela distância não tinha importância, Naruto não perdeu a oportunidade de alfinetar o ego inflamado de Madara.


E ele se sentiu muito bem depois de fazê-lo. Conseguiu fazer com que aquele ingrato demonstrasse algo além de indiferença. Madara a primeira vista parecia esculpido em pedra, mas era aço até a última fibra, Naruto com certa satisfação e tristeza pode ver raiva pura naqueles olhos.


Assim que pôs os pés em casa foi recebido como sibilo odioso do gato que tinha o costume infeliz de se deitar no tapete da entrada. Naruto ao entrar pisou acidentalmente na calda do bichano que esperneou.


— Comprei uma cama cara e confortável para que pudesse dormir e você a deixa esquecida no canto da sala, a culpa é sua! — disse pegando o animal nos braços para afaga-lo, a bola de pelos negros contorceu-se imediatamente e arranhou o rosto do dono deixando três marcas na bochecha direita. Indignado, Naruto o largou. — Sabe de uma coisa? Eu deveria trocar você por um cachorro, ouvi dizer que é o melhor amigo do homem. E tenho precisado muito de amigos ultimamente.


Desolado e ferido, observou o gato ir em direção à cozinha, arrogante e nem um pouco interessado em quem colocava comida em sua tigela. Ingrato. Lembrava o comportamento de um certo alguém. Outro ingrato.


— Vou me livrar de você de uma vez por todas, sair e voltar com alguém para dividir a cama comigo. Alguém que goste de cães.


A bagunça que vinha há duas semanas adiando a faxina, as louças empilhadas na pia e o gato rabugento que mordia qualquer um que se aproximasse o fizeram mudar de ideia rapidinho. Minato ficaria decepcionado se soubesse o quanto tinha se tornado um homem desleixado, ele próprio estava horrorizado. No seu primeiro dia de férias prolongadas suas companhias seriam a vassoura, luvas de borracha, sabão em pó e Akuma, o gato.


O esgotado Naruto seguiu seu bichano. Estava se sentindo leve sem o fardo enorme que a Lótus impunha em seus ombros, mas ainda se sentia sufocado e com uma dor latente do peito. 

5. August 2018 12:23 0 Bericht Einbetten Follow einer Story
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