Chanyeol caminhava a passos largos pelo extenso corredor bem ornamentado. A cada novo centímetro dado pelas longas pernas, voltava a repensar sua decisão...
Ele não deveria estar ali.
O Park havia sido convidado para participar de um evento de moda em Londres, e até aí tudo estava indo muito bem, obrigado, havia participado do desfile, tirado algumas fotos, conversado com algumas pessoas e até mesmo feito uma entrevista rápida com uma revista que utilizou o celular como câmera. Tudo no seu mais perfeito estado até o momento que teve de voltar para o seu quarto de hotel.
Ele sabia dos rumores de que o outro também estaria hospedado lá, mas realmente não deu bola — ou fingiu não dar — Foi apenas na mesma manhã em que havia desembarcado ali que viu um dos protagonistas dos rumores circulando despreocupado pelo saguão do hotel. Ele estava um pouco longe, mas mesmo assim o reconheceu, e nem tinha como o não fazer.
Mais tarde ainda no mesmo dia, descobriu que o outro também sabia que estava lá. A mensagem “302” estampou a tela do seu celular por vários minutos enquanto tentava assimilar o atrevimento daquilo, mesclando o olhar entre a mensagem e os números do remetente já tão bem conhecidos por si.
E era por isso que estava inquieto e irritado. Depois do desfile tentou descansar, realmente tentou. Mas a única coisa que conseguiu fazer foi ficar rolando de um lado pro outro sob os edredons do hotel. E tudo só piorava com sua mente o obrigando sempre a se lembrar da mensagem e dos malditos números nela.
Porcaria.
O Park não queria fazer aquilo. Já estava mais que na hora de cortar laços... mas parecia que ele sempre seria um traidor de si próprio, tendo sua mente como maior aliada naquela condição.
E foi num bufar alto, depois de rodar talvez pela décima vez sobre os lençóis brancos, que se levantou calçando os sapatos furiosamente. Saiu dos aposentos decidido, mas não sem antes, claro, olhar para os dois lados no corredor, confirmando se ele estava realmente vazio.
E foi assim que terminou daquele jeito, marchando em direção a outro quarto, um quarto que não era o dele.
Sabia que o melhor seria não fazer aquilo, mas por Deus, simplesmente não conseguia evitar.
Finalmente parou em frente a porta.
302
Os números pareciam brilhar à sua frente. A expressão impassível que sustentava era tão terrivelmente contraditória ao palpitar frenético de seu peito, como em todas as vezes que teimava em fazer aquilo no passado, e vinha teimando até hoje.
“Apenas mais uma vez… a última.”
A mesma frase, e a mesma mentira, ele sabia.
Estendeu o braço lentamente, batendo na porta sem relutar.
Dois toques.
Apenas dois toques foram suficiente e a porta foi aberta por ele. Yifan.
Chanyeol analisou desgostoso que aquilo só indicava que o outro já esperava por si, completamente ciente de que ele quebraria a própria promessa. “Eu nunca mais vou te ver.” tsc… mentiroso.
Sem dizer uma palavra, o chines se deslocou na entrada, dando espaço suficiente para o outro passar.
Quando o som da porta se fechando ecoou pelo quarto, não foi necessário que nenhum dos dois dissesse algo, nunca era.
Chanyeol foi prensado contra a porta num estrondo mudo, com o qual já estava acostumado. Os lábios foram tomados num beijo afoito que prontamente retribuiu entrelaçando os dedos nos fios castanhos do Wu e os puxando cada vez que era ainda mais pressionado contra a superfície fria de madeira.
— Senti saudades… — os lábios que tocavam os seus sussurraram, num mexer tão preguiçoso que quase não o ouviu.
Saudades…. Chanyeol sempre se negava a admitir aquilo, sempre que era perguntado, sempre que o assunto vinha à tona, ele sempre negava, em todas as vezes sem exceção, a cada encontro por um acaso, a cada palavra trocada, a cada toque discreto o Park continuava a mentir para si mesmo. Mas ali naquele momento, não havia um motivo para tal coisa, nunca havia.
— Eu também senti.
As roupas eram retiradas com pressa, uma por uma as peças iam caindo pelo chão, enquanto caminhavam às cegas pelo quarto, dedicados demais ao beijo para sequer se importarem em esbarrar ou não com as coisas pelo caminho. Só parando quando caíram sobre a cama.
Já havia prometido inúmeras vezes que nunca mais faria aquilo. Que nunca mais se entregaria para o outro, que nunca mais terminaria daquele jeito, com o corpo sendo tocado e apertado pelas mãos firmes. Apenas uma grande mentira que nunca se cansava de contar.
Seu corpo era arrebatado violentamente sobre os lençóis brancos, os quadris se chocando sempre na pressa típica de quando estavam juntos, onde só queriam suprir a necessidade desesperada de ter um corpo sobre o outro, adquirida depois de tanto tempo sem se verem.
Depois que o outro saiu do grupo disse que não voltariam a se ver mais. Havia ficado tão magoado com a saída dele… se sentia traído, e aquilo era tão fodidamente errado e egoísta, mas mesmo assim prometeu não sustentar mais um relacionamento com ele. Novamente uma mentira, e Chanyeol sempre seria o maior dos mentirosos, porque em todas as vezes que tinham a oportunidade, se encontravam, e amavam-se tão intensamente como se sempre fosse a última vez, e talvez realmente fosse...
Apertou mais as pernas ao redor do outro, sentido o famigerado calor subir lentamente por seu corpo, estava perto.
Quando gemeu mais uma vez arrastado, Yifan grunhiu, ele também sabia que estava perto. Ele sempre sabia. Apertou sua cintura com mais força o virando de costas para si, e voltando a se enterrar dentro dele de novo.
O barulho dos corpos se chocando freneticamente ecoava por todo o quarto, em sincronia com os gemidos e ofegos emitidos pelos dois.
Cada metro quadrado dos quartos de hotéis que se encontravam, de todos os interiores dos carros que alugavam escondido, eram testemunhas do quanto o Park era um perfeito mentiroso.
Porque era isso que ele era um mentiroso.
Apertou mais forte os lençóis sob os seus dedos, sentindo o formigamento nos quadris aumentar.
Sempre se encontravam, desde o tempo em que o Wu ainda fazia parte do EXO. Obviamente que suas escapadas no passado eram bem mais fáceis, afinal, estavam praticamente sempre juntos.
Mais um gemido. Levou uma das mãos até a ereção negligenciada a bombeando no mesmo ritmo das estocadas.
Se odiava tanto por fazer aquilo consigo, com eles…
O Wu não conseguia o negar, e o Park não conseguia parar de procurá-lo e vice versa, num ciclo infinito de um relacionamento improvável com o qual nenhum dos dois conseguia abrir mão.
E foi em mais uma estocada brusca que se desfez sobre os lençóis sentindo os próprios dedos se melecarem, enquanto abria a boca extasiado demais para sequer proferir algum som por ela.
E aquele era o momento em que Yifan o segurava com mais firmeza nos quadris o estocando com ainda mais força até que atingisse o próprio prazer, e se debruça-se por fim, sobre o corpo tão mole quanto o seu.
***
— Quando nós vamos nos ver de novo? — a pergunta veio de Yifan, um tempo depois de terem feito a segunda rodada, estando naquele momento ambos deitados sobre a cama bagunçada, aos poucos regulando a respiração.
Sabia que não tinham muito tempo, e logo o Park teria que voltar para o seu quarto. Não era como se pudessem se dar ao luxo de passar a noite toda juntos sem que ninguém percebesse, pelo menos não ali, não naquele momento.
Chanyeol desviou a atenção do teto e fitou os olhos tão escuros quanto os seus por um tempo antes de voltar a olhar para cima.
E naquele simples movimento, o Wu já sabia a frase que viria a seguir…
— Não vamos nos ver de novo. — sempre a mesma.
Yifan sorriu se aconchegando mais contra o outro.
Chanyeol continuava a ser um péssimo mentiroso. Pensou.
Vielen Dank für das Lesen!
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