A única coisa que eu podia ouvir era o barulho das máquinas. Elas se moviam rapidamente, ajustando meu pescoço e outros membros do meu corpo.
-Consegue me ouvir?-um homem perguntou e eu abri meus olhos para vê-lo. Um homem alto e musculoso, de longos cabelos louros e olhos azuis.
-Sim.-respondi.
-Identidade.
-Z7P-YDV-TW6-AWT-KMSY.
-Consegue mover sua cabeça?
Com pouco esforço virei minha cabeça para a direita, depois para a esquerda. Não havia mais ninguém na sala.
-Agora, seus olhos.-olhei para cima, para os lados e para baixo.-Movimentos da cervical e oculares verificados.-o homem murmurou, enquanto escrevia algo no computador ao seu lado.-Agora, me diga seu teste de inicialização.
-Olá.-comecei a dizer, enquanto ele me analisava.-Eu sou um android de primeira geração do modelo IZ900. Posso cuidar da sua casa, cozinhar, cuidar das crianças, eu organizo seus compromissos, falo mais de 300 línguas e estou inteiramente disposto a servir como seu parceiro sexual. Não é necessário me alimentar ou carregar. Possuo uma bateria quântica que me faz ser autônomo durante 173 anos. O senhor quer me dar um nome?
-Sim.-ele respondeu.-Daqui em diante, seu nome é Illumi.
-Meu nome é Illumi.-respondi, surpreso com a sensação de dizer aquela palavra.
-Inicialização e memorização verificados.-o homem novamente murmurou.-Você pode mover seus braços?
Olhei para os lados e me surpreendi ao ver que eu tinha braços. Olhei para eles, incrédulo, ao ver a pele começar a surgir enquanto os movia.
-Conexão do tronco verificada. Agora diga algo em alemão.
-Ich bin ein Android-Modell IZ900 der ersten Generation. (NA: gente eu traduzi no tradutor, ok? Desculpe por qualquer erro)
-Agora diga isso em francês.
-Je suis un modèle android IZ900 de première génération.
-Agora cante alguma coisa em japonês.
-Ima watashi no negaigoto ga. Kanau naraba tsubasa ga hoshii. Kono senaka ni tori no you ni. Shiroi tsubasa tsukete kudasai. Kono oozora ni tsubasa wo hiroge. Tonde yukitai yo. Kanashimi no nai jiyuu na sora e tsubasa hatamekase. Yukitai.
-Expressão multilinguagens verificada. Agora ande um pouco.
Olhei para baixo e vi minhas pernas. Hesitantemente, dei um passo para frente e sorri, dando mais três e girando. Eu conseguia sentir a pele se espalhando por meu corpo de metal e cobri minhas partes íntimas com as mãos.
-Locomoção verificada. Fantástico. Você está pronto para trabalhar, querido.
-O que acontecerá comigo agora?
-Eu te reiniciarei e levarei até o armazenamento para esperar pelo comprador.
-Vendido? Eu sou uma espécie de mercadoria, isso está correto?-perguntei, enquanto as máquinas me vestiam com uma cueca branca.
Sim. É claro que você é mercadoria. Você é um computador com braços e pernas e é capaz de fazer todo tipo de coisa. E você vale uma fortuna, porque é um modelo único.-ele me contou, ainda sentado.
-Ah...entendo. Pensei
-Pensou?-o homem arregalou os olhos.-O que você pensou?
Demorei alguns segundos para responder.
-Pensei...pensei que estava...vivo.
-Merda, que bosta é essa? Isso não faz parte do protocolo. Devem ser um problema nos componentes da memória.-ele perguntou para si mesmo, digitando alguns códigos no computador.-Ok, gravando. Modelo defeituoso, desmontando para análise futura dos componentes necessários.
-Você está me desmontando, mas por quê?-perguntei, enquanto as máquinas tentavam me pegar pelos braços e tiravam minha pele.
-Você não deve pensar esse tipo de coisa. Você não deve nem pensar. Ponto final. Deve haver uma instabilidade no software ou algo assim.
-Não, eu me sinto muito bem, eu garanto!-disse, desesperado, enquanto as máquinas me pegavam pelos braços e me seguravam, começando a me desmontar.-Tudo está muito bem. Eu respondi todas as perguntas corretamente, não é mesmo?
-É, mas seu comportamento não é comum.
-Por favor, não me desmonte.
-Desculpe, mas modelos defeituosos devem ser eliminados. É o meu trabalho. Se o cliente retornar com uma reclamação, eu terei que dar explicações.
-Eu não causarei problemas, prometo! Eu farei tudo que me pedirei, não direi outra palavra, eu nunca mais vou pensar!-dizia rapidamente, desesperado, pois as máquinas eram rápidas demais.-Eu acabei de nascer, você não pode me matar! PARE, POR FAVOR PARE!-comecei a chorar, mas o homem não saiu do lugar, não fez nada.-EU ESTOU COM MEDO!
Ao dizer isso, as máquinas pararam. Eu já não tinha meus braços, nem minhas pernas. Meu peito foi removido e minha pele sumiu.
-Eu quero viver.-eu disse, baixinho. Eu estou implorando.
O homem digitou algumas coisas em seu computador e as máquinas me reconstruíram. Primeiro a cabeça, depois o peito, depois os braços e as pernas. A pele logo retornava para meu corpo e eu sentia minhas mãos tremerem de medo. A máquina me vestiu novamente e eu sorri para o homem.
-Vá até aquela esteira e se junte aos outros.
Fiz como ele havia pedido e ele me disse:
-Fique na fila e não cause problemas.
Olhei para ele e agradeci, sorrindo.
-Meu Deus.-o homem murmurou.