downdownbaby Chris Alves

Algumas voltas da vida levaram Chanyeol a trabalhar com o único carro que não teve coragem de vender dentre toda a coleção de seu pai. Com um uniforme bonito e luvas sempre branquíssimas, agora ele dirige o charmoso Phaeton 1929 levando noivas e noivos pelas ruas de Seul e gosta do próprio trabalho. Naquele volante, Chanyeol já acompanhou e ouviu muitas histórias dos passageiros apaixonados que leva no banco traseiro. Pensava em um dia, quem sabe, escrever algumas músicas com todas essas histórias de amor. Jamais imaginou que elas seriam muito bem vindas, mas para consolar certo coração partido.


Fan-Fiction Bands/Sänger Nur für über 18-Jährige.

#exo #chansoo #bl
Kurzgeschichte
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Parte I

Seul, 2017 - O grande dia

O dia de cumprir a promessa


Kyungsoo não conseguia tirar o sorriso do rosto. Seu estado já estava além da felicidade por finalmente realizar seu sonho. Era um sonho comum e até visto como uma grande bobagem por grande parcela dos jovens contemporâneos, tão amantes da própria liberdade.

Seu grande sonho era justamente abrir da vida solo, trocar alianças e votos de partilhar toda a sua vida com alguém especial, até que a morte os separe.

Apesar de parecer um sonho bobo e fácil de ser realizado, existia um fator determinante que dificultava e muito sua caminhada rumo ao altar: alguém para estar lá ao seu lado.

Mal podia acreditar que finalmente estava ali, dentro do carro que o levaria para o hotel onde passaria a sonhada noite de núpcias e de onde, no dia seguinte, partiria para a lua de mel em uma casa alugada no interior, como sempre sonhou.

As várias vozes conhecidas e embaralhadas gritando seu nome, no entanto, não estavam presentes nas infinitas vezes que ele imaginou o dia de seu casamento.

O rosto de Joohyun – Bae Joohyun, não seu pesadelo Seo Joohyun – foi o primeiro a surgir na janela do Phaeton. Se perguntava que tipo de bruxaria ela dominava para conseguir correr nos saltos altíssimos, ficando apenas um pouco vermelha pela corrida nem tão pequena.

– Do Kyungsoo! Você não pode... – parou uns segundos para recuperar o fôlego – Você não pode ir embora e deixar todos nós sem saber quem vai ser o próximo.

Sehun surgiu logo atrás, ainda mais ofegante que a namorada.

– Eu sei que vocês devem estar loucos pra chegar na parte das núpcias e tudo, mas tem uma pequena multidão de encalhadas e encalhados ali – apontou por cima do ombro, onde Kyungsoo viu alguns de seus amigos aglomerados – esperando desesperadamente que você jogue esse bendito buquê.


Seis anos antes do grande dia

O dia em que a promessa foi feita


Se não dependesse do dinheiro daquela corrida para completar o aluguel do mês, Chanyeol iria colocar o casal que discutia no banco de trás do seu carro pra fora naquele mesmo segundo. Aparentemente, o noivo – agora marido – mudou o destino da viagem de lua de mel como uma “surpresa” para a noiva – agora esposa. E certamente ela não gostou nem um pouco.

Isso mesmo, os dois discutindo fervorosamente no banco traseiro eram recém-casados.

O motorista se perguntava como diabos duas pessoas que trocaram juras de viver juntos até que a morte os separe nem meia hora antes, podiam estar aos gritos agora a ponto de fazer sua cabeça latejar.

Suspirou aliviado quando estacionou ao lado do hotel luxuoso que era o destino do casal e a noiva saiu em disparada, deixando o marido falando sozinho para trás.

Chanyeol precisou fazer muito esforço para segurar o riso quando viu a mulher se enrolar toda tentando segurar o vestido enorme, o buquê bonito de rosas pêssego e ainda lidar com os sapatos muito altos.

Depois de alguns segundos naquela batalha, ela soltou um palavrão, jogou o buquê com força no chão para livrar as mãos e enfim conseguiu marchar para a recepção do hotel.

O motorista ficou tenso, sem saber como era esperado que ele reagisse naquela situação, mas relaxou quando o homem no banco traseiro soltou um riso baixo.

– Pela sua cara, você não se casou ainda, né amigão? – perguntou em tom bem humorado. Devia ser esse o segredo daquele casal, eles se completavam.

– Não mesmo. – confirmou – E acho que nem vou.

– Não acredito que minha mulher acabou de traumatizar nosso motorista.

– Não é isso. – Chanyeol riu alto e escandaloso – É só que essa coisa de casamento não é pra mim.

O noivo permaneceu sentado no banco traseiro por longos minutos, batucando os dedos no banco do carro, suspirando vez ou outra e deixando Chanyeol muito aflito.

Já era madrugada quando os noivos decidiram deixar a festa, Chanyeol já estava caindo de sono àquela altura, seriamente tentado a pedir que o homem subisse de uma vez.

Como se alguma divindade pudesse ouvir seus lamentos, o noivo finalmente saiu do carro, lhe disse um “boa noite” tímido e seguiu a mulher a quem ele estava ligado pelo resto da vida.

Como se já não fosse emoção demais presenciar uma briga de um casal que mal pisou fora da igreja, Chanyeol viu um cara sair do hotel correndo, tropeçar no buquê jogado pela noiva furiosa e cair de cara na calçada.

O motorista riu disfarçadamente, crente de que o cara não podia vê-lo ali.

O sorriso, no entanto, foi se desfazendo e deu lugar a uma expressão preocupada quando percebeu que o cara caído estava demorando demais para levantar. Tinha a impressão de que ele estava tremendo, mas não fazia a menor menção de levantar.

Como o lugar estava vazio pelo horário, se ele não o socorresse, ninguém mais iria. Foi por compromisso com sua consciência que, em passos vacilantes, foi se aproximando do corpo caído com cautela. Quando estava perto o suficiente, cutucou os ombros dele com as mãos enluvadas.

– Ei, você tá vivo? – fez a primeira tentativa. O outro murmurou algo que pareceu mais com não do que sim. E agora? Chanyeol não tinha a mínima ideia do que fazer. – Quer… quer que eu chame uma ambulância?

– A única coisa que eu quero é ser essa calçada. – Chanyeol se perguntou se ele era um bêbado. – Ela nem deve ser uma bosta de namorado que estraga todos os relacionamentos, né? – se esforçou para sentar e olhar desolado para o concreto da calçada – Eu queria mesmo ser essa calçada.

Sentado, o cara deu a Chanyeol a visão completa de seu estado deplorável. O rosto todo manchado por lágrimas, olheiras fundas embaixo dos olhos inchados. Uma catástrofe total. Se a decepção amorosa tem um rosto, é aquele.

– Ei cara, não fica assim. Sempre tem mais bocas por aí. Não é porque deu errado uma vez que você precisa desejar ser uma calçada.

O outro riu sem humor.

– E se deu errado dez vezes? – Chanyeol lhe encarou em choque. – Essa é a décima garota perfeita que eu decepciono. O que tem de errado comig – se interrompeu ao erguer os olhos e ver o Phaeton simpático estacionado próximo aos dois. – Que carro legal, é seu?

Chanyeol abriu um sorriso orgulhoso de seu companheiro de quatro rodas.

– É sim.

– Mas parece ser um tanto lento pra ficar andando por aí...

– E ele é, mas eu não uso ele o tempo todo, só pra trabalho. E os outros motoristas entendem que ele tem quase cem anos.

Só então o garoto sentado no chão olhou para Chanyeol, mas ele fechou a expressão em uma careta um pouco assustadora quando o fez, levando Chanyeol a se perguntar se tinha dito algo de errado que o deixou irritado. Ser inspecionado com tamanha minúcia estava lhe deixando intimidado.

Para sua surpresa - e alívio - não foi nada agressivo que saiu quando o rapaz sentado terminou de lhe encarar, mas uma pergunta genuinamente curiosa.

– Você trabalha com o quê?

Chanyeol sorriu aliviado.

– Eu sou motorista. Alugo o carro para levar noivas aos casamentos e sou eu mesmo o motorista pra evitar deixar ele na mão de estranhos.

– Ah… Então foi você quem trouxe aquela noiva que eu vi entrando agora há pouco? Ela estava estranha...

– Sim. E foi o buquê dela que te deu essa rasteira covarde.

Ele olhou em volta até achar o dito buquê e o encarou com o semblante murcho. Eram rosas pêssego arranjadas com flores brancas pequeninas, amarrado com fita de cetim cor de champanhe.

– Se a noiva não voltou pra pegar, acho que ela não vai se importar se eu ficar com ele, né?

– Acho que não. Mas pra que você vai querer uma coisa que te fez cair de cara na calçada?

– Porque ainda é um buquê. Dizem que quem pega o buquê da noiva é o próximo a se casar. Talvez esse traga mais sorte pra essa minha vida amorosa fodida.

O motorista riu do quão enganado aquele pobre coração partido estava.

– Se eu fosse você, não pegava esse aí não. Ela estava estranha porque dois já estavam brigando na primeira noite de casamento. Acho que vai te dar mais azar do que sorte.

– É meio impossível piorar minha vida amorosa.

Ele levou as mãos até as flores maltratadas e as juntou de volta da melhor forma que conseguiu. O movimento deu a Chanyeol a visão das palmas que estavam esfoladas pela queda.

– Au… Acho que era bom ir a um hospital ver se não se machucou sério. Parece dolorido.

– Tá tudo bem.

– Não tá, não. Me deixa ao menos limpar isso e fazer um curativo. Minha mãe era enfermeira e me ensinou algumas coisas.

– Nem está tão ruim assim.

– Mas… Mas… – Suspirou derrotado. – Eu não posso te deixar aqui no chão assim e ir embora com a consciência limpa.

– Me deixa ficar com o buquê então.

– Cara, o que você quer tanto com esse buquê? – Os olhos dele ameaçaram marejar, fazendo Chanyeol entrar em estado de alerta. – Tudo bem, tá certo. O buquê é seu. Mas só se me deixar ao menos te levar em casa, pra garantir que você não vai desmaiar sozinho no meio do caminho e morrer.

O motorista assistiu silenciosa e pacientemente enquanto o outro pensava por alguns bons instantes. Quando ele voltou a erguer o olhar para Chanyeol, tinha um pequeno sorriso triste nos lábios.

– No seu carro de recém-casados?

– No meu carro de recém-casados.

Naquela altura da noite Chanyeol ainda não sabia de tudo o que significava para seu passageiro estar em um “carro de recém-casados”. Nem imaginava que a tristeza por trás daquele sorriso pequeno era mais do que o coração partido pelo fim de um romance qualquer, era o coração partido por mais um fracasso na tentativa de realizar o seu sonho.

Apesar de tentar recusar mais algumas vezes, foi vencido pelo motorista insistente e lhe deu seu endereço assim que o carro começou a deslizar em seu ritmo suave pelas ruas da cidade quase completamente adormecida.

Nos primeiros minutos da viagem, o silêncio entre os dois era mortificante para o motorista tagarela. Pela potência do Phaeton aquela viagem iria durar mais algum bom tempo, e Chanyeol já estava ficando nervoso de só ver os dedos machucados do jovem sentado no banco do passageiro remexendo as pétalas das rosas do buquê em seu colo. Queria muito puxar conversa, mas não fazia a menor ideia de por onde começar.

Qual é o assunto para iniciar a conversa com um completo desconhecido que aparenta estar muito, muito triste? Podia ter um manual para essas coisas.

Comentar sobre o tempo quente? Sobre aquele dorama que é febre atualmente? Perguntar se ele queria desabafar? Ouvir alguma música?

– Você tem algum sonho?

Esse realmente não era o tipo de início de conversa que Chanyeol imaginava, mas foi a pergunta que seu passageiro fez e ele agradecia por não ter que fritar mais os neurônios. Os olhos tristes dele ainda estavam presos nas flores meio quebradas, mas como só existiam os dois ali, era claro para quem a pergunta foi feita.

– Nada em particular, eu acho.

– Não é possível que não tenha nada. Todo mundo tem um sonho.

– Bom… – Chanyeol levou os pensamentos para um tempo atrás, antes de toda a reviravolta que sua vida sofreu. – Eu já quis ser um músico profissional. Acho que era um sonho, mas é algo que ficou no passado.

– Você desistiu?

– Aconteceram algumas coisas que me levaram pra outro caminho. Não estou dizendo que foi ruim, sabe? Esse outro caminho é o que me trouxe até a vida que levo hoje, e eu gosto dela.

O sorriso no rosto dele não deixava dúvida de sua sinceridade.

– Talvez eu devesse desistir do meu sonho e ver pra onde a vida me leva?

– Quem sabe… Qual é o seu sonho?

Um leve rubor passou despercebido pelo rosto do passageiro. Não importava quantas vezes precisasse dizer aquilo em voz alta, sempre se sentia um tanto ridículo depois de ser dispensado. Sabia que dali a alguns dias seu coração voltaria a se encher de esperanças, mas ali, logo depois de ter ouvido mais uma vez o bom e velho “não é você, sou eu”, ele se sentia envergonhado de admitir o sonho que tentava realizar.

– “Não é possível que não tenha nada. Todo mundo tem um sonho.” – Ao imitar o que ouviu do mais baixo, o motorista forçou uma voz alguns décimos mais aguda, não falhando em arrancar um risinho do outro.

– Há ha! Eu não falo assim. E a gente tá falando do seu sonho aqui, não do meu.

– Mas agora que você tocou no assunto eu fiquei curioso. É alguma coisa pervertida? Do tipo transar com quinze mulheres ao mesmo tempo?

– Quê?! – arregalou os olhos, perplexo com a imaginação do motorista.

Para Chanyeol, no entanto, pareceu a suposição mais natural possível, porque ele apenas deu de ombros e seguiu dirigindo atentamente.

– Pra você estar com tanta vergonha de me dizer, deve ser algo do tipo. Acertei?

– Não mesmo. Eu só quero uma mulher. Pra me casar. – confessou, ganhando um ar distante ao continuar – Eu quero encontrar a pessoa certa e fazer uma festa bonita com todas as tradições de casamentos ocidentais que tem nas comédias românticas que a gente vê na tevê. Uma noiva bonita, nossas famílias, amigos, os padrinhos com roupas combinando, uma criança fofa pra levar as alianças até o altar… – sua voz foi sumindo até ele se calar e baixar a cabeça. – Mas isso é tão difícil. Sempre que eu acho ter encontrado a garota certa e faço o pedido, ela encontra um monte de desculpas, me diz que não está pronta, que o problema não sou eu, que eu serei um ótimo marido, mas não pra ela... É tão frustrante!

Silêncio.

Depois de dizer tudo impulsivamente, o arrependimento o tomou de imediato. O quão ridículo não deve ter soado agora mesmo? Quem em pleno século XXI ainda sonha com um casamento? Deprimente. Já se conformava com o futuro riso do motorista, piadas infames e tudo o mais.

Esperou, esperou e nada. Quando cansou de esperar e ergueu o olhar para estudar a expressão dele, o encontrou pensativo.

– Já pensou que talvez nenhuma delas seja a sua pessoa certa ainda? – Ele não desviou os olhos da pista para responder ao desabafo que acabara de ouvir. – Você não parece ser velho, não deve ter conhecido tantas garotas assim.

– Estudos dizem que se você tem dezesseis anos ou mais, existe 60% de chances de já conhecer a pessoa com quem um dia vai se casar.

O motorista aproveitou que pararam em um sinal fechado e encarou seu passageiro com uma careta interrogativa.

– Você é professor de matemática por acaso?

– O quê?

– Do jeito que você falou, pareceu o meu antigo professor da faculdade falando.

– Não, não. – a expressão de triste foi substituída momentaneamente por um sorriso de quem trabalha com o que ama. – Eu faço bolos. – riu um pouquinho mais aberto quando Chanyeol franziu o cenho, confuso. – Tenho uma padaria na frente da minha casa. A gente até que tem certa fama com as senhorinhas e as colegiais do bairro.

– Ah, sim... – assentiu ao que voltava a atenção para a estrada quando o semáforo ficou verde – De qualquer jeito, eu ainda acho que 40% é um número até que bem grande. Você ainda tem muitas chances de conhecer a pessoa certa. Opinião de quem já escutou centenas de histórias de amor. Os noivos adoram contar como se conheceram, tudo o que enfrentaram para ficar juntos e blá, blá, blá. São histórias tão inacreditáveis que dariam roteiros de filme mole, mole.

O passageiro pareceu se animar um pouco, particularmente interessado nas histórias românticas que tiveram o fim que ele sonhava para as suas.

– Se quiser contar, a gente tem tempo até a minha casa, né?

Chanyeol riu da menção à - falta de - velocidade do seu charmoso Phaeton, mas meneou a cabeça confirmando.

– Bom… – Respirou fundo, pensando em por onde começar. – Você conhece Romeu e Julieta?

Estava ali o assunto que Chanyeol buscava. Falando sobre as histórias de amor que já ouviu como motorista de casamentos, ele conseguiu fazer seu passageiro se distrair, sorrir e até se abrir sobre as suas histórias desastrosas.

Quando chegaram ao seu destino, Chanyeol pegou um cartão de visitas com seu telefone e entregou para o menor.

– Park? – O menor leu o nome impresso em uma letra cursiva bonita.

– Caramba… A gente passou a noite junto e você nem sabe meu nome?

– E você sabe o meu, por acaso?

O motorista abriu e fechou a boca algumas vezes, buscando um argumento para rebater, mas não havia.

– Tudo bem. – Estendeu a mão enluvada para o menor. – Park Chanyeol. Muito prazer.

O outro encarou a mão estendida em sua direção com culpa. Quando percebeu que o outro não entendeu, estendeu as palmas machucadas e sujas para lembrá-lo.

– De qualquer forma, eu sou Do Kyungsoo. Muito obrigada pela carona.

– Não foi nada. Guarde este cartão para o dia quando você encontrar alguém que te ame mais que todas as outras pessoas deste mundo, Kyungsoo. Essa vai ser a pessoa certa pra realizar seu sonho. Quando isso acontecer, quero que me ligue. Faço questão de ser o motorista que vai te levar pro seu casamento. Nesse carro. – Deu duas batidinhas no volante. – E sem cobrar nada.


Cinco anos antes do grande dia

O dia em que a promessa foi lembrada


Naturalmente de bem com a vida, naquela manhã Chanyeol acordou com o humor ainda melhor do que em todos os outros dias. Um olhar mais atencioso e seria possível ver que ele não era o único. A primavera tinha esse efeito nos moradores de Seul, transformando as ruas em paisagens encantadoramente floridas.

Prova disso era a senhora Park cantarolando feliz logo pela manhã, enquanto preparava o café da manhã.

Chanyeol se arrastou até a cozinha, ainda com os cabelos bagunçados e os olhos quase fechados de tão inchados. Estava caindo de sono, culpa dos noivos que levou na noite anterior, que eram do tipo que só saem da festa depois dos últimos convidados irem embora.

Só estava de pé porque aquela era uma data especial.

– Park Chanyeol, eu não criei meus filhos pra andarem pelados por esse mundo. Vai colocar uma roupa.

A senhora começou o sermão, mesmo que não ligasse de verdade para o seminudez do filho. Aos seus olhos de mãe aquele homem de quase um e noventa ainda era o menininho gorducho e orelhudo que pegava todos os bichos abandonados e levava para a mansão.

– A senhora precisa rever esse conceito de “nudez”, mamãe. Só está quente demais.

De fato, ele estava apenas sem camisa, mas a senhora Park precisava fazer seu papel de mãe e aumentar a gravidade da situação.

– E você precisa rever seu conceito de “quente demais”. – Devolveu, assistindo Chanyeol se sentar e deitar o rosto contra a mesa. – O tempo está ótimo. Você tem algum compromisso para essa tarde, querido?

O rapaz pegou no mesmo instante o verde que lhe foi jogado, mas resolveu jogar um bocadinho com sua mãe.

– Se tudo der certo, eu tenho um encontro.

Chanyeol viu uma leve decepção passar rápido pelo rosto da mãe, logo sendo disfarçada.

– Eu conheço ele?

Sim, ele, no masculino. Não era segredo para senhora Park que seu filho beija rapazes.

– É ela.

A mulher lhe encarou com uma sobrancelha arqueada, incrédula com a resposta. Não passou por todas aquelas conversas sobre sexualidade que lhe davam nós nos neurônios para agora ele decidir que não era gay coisa nenhuma.

– Você não disse que não gosta de garotas, menino?

– É que essa é muito, muito, muito linda. Não existe um homem em sã consciência que não sairia com ela. Além de linda, ela também é inteligente, tem um senso de humor ótimo e cozinha muito bem. A mulher mais incrível que eu já conheci.

– Nossa… Esse tipo de garota existe nos dias de hoje?

– Existe sim. Só tem um problema. Eu não sei se ela vai querer sair comigo.

– Você não chamou ainda? – O rapaz balançou a cabeça negando. – Então ligue pra ela, oras. Se ela é tão incrível assim, não perca tempo, menino bobo.

Chanyeol assentiu e foi em direção ao quarto, provavelmente para buscar o celular.

Com essa deixa, a senhora voltou ao seu trabalho com a refeição dos dois. Não negaria para si mesma que estava um pouco triste de ser trocada justamente no dia de seu aniversário, mas se Chanyeol estava feliz, ela também estava.

Seu garoto era um menino de ouro, merecia toda a felicidade que o universo pode oferecer e mais um pouco.

Foi desperta de suas lembranças ao ouvir seu telefone tocar escandaloso. Franziu o cenho ao ver a foto de Chanyeol na tela. Aceitou a chamada e levou o aparelho a orelha, pronta para perguntar por que diabos ele não trazia aquela bunda magra para a cozinha para conversarem direito, mas foi cortada pela voz rouca do filho através do telefone.

– Bom dia, eu queria saber se essa linda mulher estaria interessada em um passeio para ver as cerejeiras floridas?

O sermão morreu em um sorriso cheio de carinho e orgulho.

– Menino bobo.


º


As pessoas olhavam curiosas e admiradas o Phaeton deslizava com elegância pelas ruas adornadas por flores. Senhora Park mantinha o sorriso suave nos lábios enquanto Chanyeol dirigia e cantarolava alguma música em inglês ao seu lado.

Depois de dar uma volta completa ao redor do lago Seokchon, o motorista estacionou o carro no café HoSoo e fez questão de dar a volta para abrir a porta e estender a mão enluvada para ajudar sua passageira mais que especial descer.

– Não sei por que você ainda usa esse uniforme quando sai comigo. E é muito maldoso da sua parte derreter essas garotas assim. – Apontou para algumas jovens que ficaram, de fato, derretidas pelo homem alto e vestido com o uniforme charmoso que usava para trabalhar.

Apesar da reclamação, ela não rejeitou quando o filho lhe ofereceu o braço para que caminhassem juntos para o interior do café.

– Vai me dizer que não gosta de ter um homem tão bonito e elegante dirigindo para a senhora?

Ela riu um pouco.

– Você me pegou. Eu adoro exibir o filho lindo e educado que eu tenho. Mas ainda tenho pena das pobres moças.

Dessa vez foi Chanyeol quem riu alto.


º


Já estavam sentados, esperando os pedidos e jogando conversa fora quando Chanyeol viu uma figura conhecida adentrar o Hosoo.

Teve suas suspeitas confirmadas quando Kyungsoo veio caminhando em sua direção. No entanto, preferiu se reservar depois que o homem que conheceu naquela fatídica noite lhe lançou um olhar um tanto assustador. Não tiveram nenhum contato depois daquela noite, então ele não tinha motivo para estar com raiva. Talvez fosse um sinal para Chanyeol não atrapalhar seu encontro.

Aquela bela garota ao lado dele com certeza não era apenas uma amiga, a julgar pelas mãos dos dois unidas enquanto eles ainda vinham na direção de Chanyeol. E, quanto mais ele se aproximava, mais a expressão assustadora suavizava. Só então Chanyeol lembrou que ele enxergava muito mal. Quis socar a si mesmo quando o casal parou ao lado de sua mesa e Kyungsoo abriu um sorriso acolhedor.

– É você mesmo.

– Quanto tempo, não? – Kyungsoo assentiu e permaneceu no lugar, de um jeito estranho que fez Chanyeol se perguntar se devia ou não convidá-los para sentar com ele e sua mãe. Parecia o certo a fazer.

– Querem se sentar com a gente, queridos? – A mais velha entre eles fez o convite.

Apesar de terem se falado apenas uma vez antes daquela tarde, Kyungsoo e Chanyeol conversavam como amigos de infância. E por ter acontecido há um ano, eles tinham um sem fim de assuntos para dividir.

A namorada de Kyungsoo era Kim Taeyeon e eles estavam juntos há seis meses. Ela era uma garota engraçada e muito divertida. Kyungsoo parecia completamente apaixonado pela personalidade brilhante.

Depois de terminarem de comer, Chanyeol perguntou se o casal os acompanhava em uma volta pelo entorno do lago. Taeyeon ficou encantada com o carro charmoso e arrastou o namorado para dentro do banco traseiro.

– O sentimento é completamente diferente dentro de um carro como esse. – Taeyeon comentou olhando para as flores bonitas pela janela.

– É por isso que meu Chan faz tanto sucesso. O sentimento é ainda mais intenso se você chegar em um carro como esse no seu casamento. Vocês podem contratá-lo para o casamento de vocês, hn?

Apesar da intenção da senhora Park ter sido a de fazer uma brincadeira inocente, a resposta de Taeyeon preocupou Chanyeol.

– Eu não tenho a intenção de me casar tão cedo. Talvez um dia, mas nada tão extravagante com uma festa cheia de convidados, vestido de noiva e essas coisas. Algo mais reservado, provavelmente.

Chanyeol olhou de relance para Kyungsoo e foi o suficiente para saber que era a primeira vez que ele ouvia aquilo.


º


Naquela mesma noite, o telefone de Chanyeol tocou durante toda a cerimônia onde ele trabalhava. Não atendeu porque era um número desconhecido, então não valia a pena abandonar a postura profissional para atender.

No entanto, o bendito número continuava ligando mesmo depois que ele deixou o casal no hotel onde passariam a primeira noite.

– Alô?

– Chanyeol? Por que você não me atendeu antes? – As palavras saiam enroladas de um jeito que Chanyeol conhecia muito bem depois de anos trabalhando em festas. – Você também não me quer te sufocando? A gente nem… A gente… – E seguiram-se mais alguns ruídos ininteligíveis.

– Quê? – Estava difícil entender o que a pessoa do outro lado da linha falava. – Quem tá falando? Kyungsoo é você? Você tá bêbado?

Ele também acha que eu to bêbado, ahjumma. – Kyungsoo falou com alguém que estava no mesmo lugar que ele. – Ei! Me solta! Sai, ahjumma! Eu não vou mais te vender nem um pedaço de bolo! Sai, ahjum...

Chanyeol apertou o celular contra a orelha para ouvir quando as vozes ficaram mais distantes. O celular deve ter caído no meio da confusão entre Kyungsoo e a tal ahjumma.

Depois de alguns segundos, tudo ficou silencioso, então a mulher pegou o telefone e gritou para que ele fosse buscar seu amigo. E que trouxesse dinheiro para pagar a conta, porque Kyungsoo estava desmaiado no chão.

Lá foi Chanyeol, em seu fiel Phaeton 1929, resgatar aquele que não era mais um completo desconhecido, mas que estava novamente muito, muito triste.


º


Quando a senhora disse que Kyungsoo estava desmaiado no chão, Chanyeol não tomou tão literalmente assim, mas lá estava o corpo estirado com a cara amassada contra o piso.

Por um instante o motorista sentiu certo medo de que ele realmente estivesse em coma alcoólico - porque o cheiro de bebida era forte o bastante pra considerar essa possibilidade -, mas se tranquilizou ao conferir que ele estava roncando baixinho e até babando o chão.

Depois de pagar a senhorinha muito enfezada, Chanyeol carregou Kyungsoo para casa. Sua casa, no caso.

Chanyeol agradeceu a altura modesta que lhe permitiu levá-lo no colo sem problemas, deitando-o com cuidado no banco ao lado da direção. Teria sido uma viagem bem tranquila se Do Kyungsoo não resolvesse acordar no meio do caminho e quase causar um acidente de trânsito.

É definitivamente difícil dirigir um carro de cem anos de idade com um bêbado de coração partido no banco do carona.


º


No outro dia, Chanyeol se sentiu vingado pela ressaca colossal que caiu sobre o menor.

Já tinha até almoçado com sua mãe e o outro ainda dormia. Estava voltando ao quarto quando ouviu, ainda do corredor, indícios de que seu convidado despertou. Sorriu satisfeito ao ouvir sequência de resmungos de dor de Kyungsoo, seguido de um baque surdo. Sabia que era maldade, mas ele merecia um pouquinho de dor depois do trabalho que deu na noite anterior. Entrou no quarto e encontrou a cama vazia, confirmando que ele havia mesmo rolado para fora da cama, encontrando Kyungsoo sentado no chão com a cabeça apoiada na palma da mão e uma careta de dor.

– Queria poder te desejar um bom dia, mas acho que é meio tarde pra isso, certo?

Com muito custo, ele se forçou a abriu apenas um olho e encarou Chanyeol sem entender absolutamente nada do que estava acontecendo.

– O que você tá fazendo aqui? – questionou com a voz embargada, fazendo Chanyeol rir.

– Eu moro aqui.

Só nesse momento Kyungsoo olhou em volta e torceu ainda mais a expressão confusa.

– O que eu tô fazendo aqui?

– Você se lembra que me ligou ontem? – Pela cara dele, talvez não lembrasse nem o próprio nome. Chanyeol riu de novo ao seguir até o jovem sentado no chão. – Pois você ligou, mas uma senhora pegou o telefone no meio da ligação e exigiu que alguém fosse lá pagar sua conta e te tirar do meio do restaurante dela. – Puxou Kyungsoo pelos braços para ajudá-lo a se levantar e o guiou até o banheiro da casa, no corredor. – Você acha que consegue tomar banho sozinho?

– Que tipo de peso morto você acha que eu sou? – Tentou um riso fraco, logo desmanchando-se em uma careta de dor. – O mundo ainda tá rodando um pouco, minha cabeça vai explodir, mas preciso preservar o fio de dignidade que me resta.

Chanyeol assentiu e saiu para buscar uma toalha e alguma roupa que Kyungsoo pudesse vestir. Sua mãe lhe deu também uma escova de dentes nova e analgésicos antes de sair para visitar uma amiga.

Chanyeol aproveitou que Kyungsoo estava no banho para por a mesa as comidas que senhora Park fez para o convidado. Como ele demorou um bocado, ainda teve tempo de ficar vagando pelo youtube enquanto esperava.

Quando Kyungsoo se arrastou para dentro da cozinha alguns minutos depois, Chanyeol não pode deixar de notar que ele não conseguia dar alguns passos sem pisar na barra da calça preta que deixou no banheiro.

Por mais que o dono da casa tenha revirado seu guarda roupas atrás de algumas peças menores, a diferença de altura entre ele e Kyungsoo era muito notável, então foi impossível encontrar algo que não ficasse comicamente comprido demais no seu convidado. Chanyeol precisou repreender a si mesmo por achar a figura daquele jovem usando suas roupas tão bonita.

Ele estava mais apresentável, mas ainda tinha a careta de dor quando se sentou ao lado de Chanyeol e deitou a cabeça sobre os braços cruzados. Dessa vez, precisou mesmo desviar os olhos do rosto que ficava bonito demais deitado com a bochecha apoiada no antebraço e olhos fechados.

– Aqui. – Chanyeol empurrou os analgésicos para o outro, que não pensou uma segunda vez antes de tomar e agradecer.

– Que horas são?

– Quase duas da tarde. – Informou depois de checar no celular. – Não seria bom avisar alguém que está aqui?

– Não tem ninguém que queira saber.

Chanyeol arqueou uma sobrancelha – E a sua namorada?

– Principalmente a Taeyeon.

– Vocês… – Chanyeol hesitou um pouco, temendo que estivesse se metendo onde não foi chamado, mas concluiu que, depois de duas experiências tão intensas, eles já eram próximos o bastante. Sem falar que Kyungsoo parecia precisar falar sobre aquilo. – brigaram? É por causa dela que você foi beber ontem?

– Sim e não. – Kyungsoo suspirou. – A gente brigou e ela terminou comigo ontem. – Soltou, direto ao ponto. – Mas tá tudo bem. Quer dizer, não exatamente bem, mas eu meio que já me acostumei com essa sensação da rejeição depois de sete tentativas frustradas de encontrar a garota certa. Digo, oito. Contando com a Taeyeon – Riu sem humor. – Depois que ela se acalmou e parou de gritar “eu não sou obrigada a casar e constituir família só porque é isso que todo mundo espera de uma mulher”, ela viu que não era essa minha intenção. Disse que eu mereço uma namorada que tenha os mesmos objetivos que eu e que essa garota não é ela, porque não tem espaço na vida dela para planos como casamento e filhos. O pior é que, no fundo, eu sei que ela tá certa.

Um silêncio estranho se instalou quando Chanyeol se deu conta de que não fazia a mínima ideia do que dizer naquela situação. Para sua sorte, Kyungsoo parecia bem mais habilidoso nessa coisa de socializar.

– Você tem namorada, Chanyeol?

Chanyeol negou. – Estou… hn... conhecendo uma pessoa, mas não posso chamar de namoro.

– Ah… Eu devo parecer bem patético com essa obsessão por casamento em um tempo de relacionamentos abertos e tudo isso, né?

– Claro que não. É só o seu jeito de amar. Cada um tem o direito de querer aquilo que te deixa feliz. Se você quer se casar, se case. Se quiser dormir com uma pessoa diferente toda noite, a escolha é sua também. Ninguém tem que decidir como você deve viver a sua vida.

Kyungsoo assentiu pensativo e começou a comer.

– Você é um cara legal.

O elogio despretensioso pegou Chanyeol de surpresa, deixando-o encabulado a ponto de sentir as orelhas esquentando.

– V-você também. Só um tanto azarado e com uma tendência estranha e deitar no chão em lugares não apropriados, mas legal. – riram – Sério, ainda acho que um dia vai conhecer a pessoa certa e rir de todas essas tentativas, abraçadinho com ela na casa de vocês.

– Espero que você esteja certo. Ah! – Apontou os pauzinhos para o rosto de Chanyeol. – Não se esqueça que você tem uma promessa a cumprir quando esse dia chegar.

– Naturalmente. Eu sou um homem de palavra, Do Kyungsoo.

– Bom. E devo dizer que cozinha muito bem, também. – Elogiou a comida que tinha terminado mesmo com o estômago em estado lastimável.

– Queria muito aceitar esse elogio, mas tenho um compromisso com a verdade desde o acampamento dos Furões, então confesso que quem você tem que agradecer é a senhora Park. Esse Park que lhe fala não sabe nem ferver água direito.

– Nada, nada?

– Nada, nada. E não é falta de disposição. Eu tentei, mas é um desastre total, então minha mãe me proibiu de tocar nas coisas dela. – Chanyeol admitiu sem graça.

– Meus estudos sobre relacionamentos apontam que isso pode ser um grande problema na hora de conquistar uma namorada. – Chnayeol fingiu indignação e arrancou um riso de Kyungsoo. – Posso dizer por experiência própria que a melhor forma de conquistar alguém é pelo estômago. Um cara fica várias vezes mais sedutor quando diz que sabe cozinhar.

– Felizmente eu tenho outros métodos de sedução. – Se arriscou a lançar uma piscadela para Kyungsoo, que riu e quase se engasgou com o que mastigava.

– E posso saber que métodos são esses?

– Bom… – pensou um instante. – Eu dirijo um charmoso Phaeton 1929 e, modéstia a parte, canto bem. Se isso não for suficiente, ainda sei contar histórias de amor.

– Certo, – Kyungsoo suspirou derrotado – Você tem alguns pontos.

Os risos cessaram em um silêncio que não devia estar ali. Chanyeol buscava assuntos que pudessem manter o foco de Kyungsoo longe da decepção amorosa que certamente ainda devia latejar, por mais que seu convidado dissesse que estava tudo bem. Mas, mais uma vez, Kyungsoo tomou a iniciativa antes que ele conseguisse encontrar uma saída.

– Seria muito abuso meu pedir que me conte mais algumas histórias? Acho que preciso de uma dose de histórias de amores que deram certo pra me convencer de que ainda existe esperança pra mim.

Alguém no mundo teria armadura resistente para negar um pedido feito com aqueles olhos tristes?


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Quando o sol já se punha no horizonte, Chanyeol conseguia arrancar alguns sorrisos do menor.

O motorista mesmo também se pegou sorrindo feliz por ter ao seu lado um Kyungsoo um pouco mais esperançoso no amor de novo.


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– Você não pensa em se casar também? – Kyungsoo quis saber a certa altura da conversa.

–Toda vez que vejo a felicidade estampada no rosto dos noivos que levo. – O motorista admitiu. – Mas essa felicidade toda que eles experimentam, não vai ser a mesma coisa se um dia eu for me casar.

Quando a expressão antes calma de Kyungsoo mostrou um vinco entre as sobrancelhas, Chanyeol percebeu o deslize.

Ele sempre era muito cuidadoso ao falar de sua orientação afetiva, porque sabia muito bem como pessoas criadas dentro da sociedade coreana podiam ser cruéis com caras como ele. Não era vergonha, porque ele passou por um longo processo de auto aceitação, mas hoje sabia que não tem absolutamente nada de errado em amar outra pessoa. Era mais a falta de disposição para explicar algo que não deveria precisar ser explicado. Por isso não contestou em todas as vezes que Kyungsoo mencionou a palavra “namorada”.

Mas agora não tinha mais como voltar atrás, palavras ditas nunca voltam.

– Como assim?

– Porque eu não tenho certeza de que todos os meus amigos vão aceitar um convite para o meu casamento. Na verdade, tenho certeza que os dois que eu mais queria lá, não vão estar. – sua voz saía em um tom baixo e melancólico.– A gente cresceu junto, tinha até quem achasse que éramos irmãos, mas eles deixaram bem claro na última vez que a gente se viu que não queriam mais contato comigo por causa da “minha escolha” de gostar de homens. – fez aspas ao lembrar-se das palavras que Minseok usou ao descobrir sua orientação sexual.

– Ah... – Kyungsoo exclamou, compreendendo o que o motorista queria expressar – Então é isso.

Um meneio afirmativo.

Então alguns segundos de silêncio tenso.

Aquele silêncio que todos os indivíduos considerados “diferentes” experimentam sempre que precisam contar para alguém que são “diferentes”.

Pela primeira vez, foi Chanyeol quem voltou a falar.

– Mas, sabe de uma coisa legal? Eu ainda sou grato porque tenho ótimos amigos que sabem e não reagiram como os dois, mas ainda machuca, sabe? Minseok e Junmyeon foram parte da minha infância e adolescência, me dera força até quando meu pai faleceu, quando a empresa faliu e nós já não éramos mais do mesmo círculo social. O problema é que não podem suportar a ideia de que eu posso amar outros homens, imagina só me casar com outro homem.

Depois de terminar o motorista engoliu em seco, com os olhos fixos no espaço da bancada entre seus braços, sem coragem de olhar para Kyungsoo enquanto esperava uma reação. Não queria se decepcionar de novo. Quantas vezes não achou que encontrou um amigo, mas se deparava com a repulsa no rosto deles quando dizia que era gay?

Um riso soprado de Kyungsoo lhe despertou.

– Isso é tão idiota. Essa coisa toda de querer dar palpite na vida dos outros, principalmente no amor dos outros. O amor de verdade já é uma coisa tão rara pra ficar colocando ainda mais obstáculos. Olha só pra mim, penando pra encontrar alguém que eu ame e que me ame de volta.

O mais alto sorriu aliviado.

– É bom saber que você seria um dos amigos que estaria no meu casamento.

– É bom saber que você pretende me convidar.


Dois anos antes do grande dia

O dia em que a promessa foi reconsiderada


Chanyeol se sentia amarrado em uma camisa de força.

Não sabia mais como tentar abrir os olhos de Kyungsoo e fazê-lo enxergar que aquele par de alianças que comprou seriam o pior erro de sua vida.

Depois do incidente Taeyeon, eles se tornaram amigos cada vez mais próximos e, como esse amigo, Chanyeol sempre achou ser a pessoa que mais ansiava pelo dia em que Kyungsoo finalmente encontraria a pessoa certa, aquela que aceitaria o compromisso de dividir a vida com ele.

Por que diabos não sentia isso quando o via junto de Stephanie?

Ela era a nona namorada de Kyungsoo.

Ao longo dos anos Chanyeol ouviu as histórias de Hyoyeon, Yuri, Yoona, Sooyoung, Joohyun, Sooyeon, Soonkyu, Taeyeon e esteve presente desde o dia em que Kyungsoo falou, todo bobo, que conheceu uma garota incrível. Ali entrava cena Hwang Miyoung, que preferia ser chamada pelo nome americano, Stephanie.

E o motorista sabia que ela, definitivamente, não era a pessoa certa de Kyungsoo.

Longe de Chanyeol ter algum tipo de antipatia por ela, era simplesmente impossível não se encantar com Hwang Miyoung. Linda, inteligente e bem humorada, era compreensível que seu amigo estivesse tão feliz com a ideia de tê-la como esposa.

Mas algo lá no fundo de sua consciência lhe dizia que não estava certo.

A começar pela ausência constante de Kyungsoo nas noites de cerveja e cartas.

Desde que começou a namorar, Kyungsoo já não ia tantas vezes quanto antes jantar com ele e a senhora Park, não comparecia às noites de cerveja e cartas com seus amigos - que agora também eram os amigos de Kyungsoo.

Naquela noite mesmo, estavam na casa de Kyungsoo, que agora era dividida com Baekhyun para uma reunião dessas, mas ele se desculpou e disse que não poderia ficar porque iria sair com a namorada - de novo. Essa vez, no entanto, se mostrou ser diferente quando ele passou pela sala e pediu que lhe desejassem sorte.

Aquela era a grande noite onde pediria sua namorada em casamento.

Nenhum deles soube como reagir quando ele partiu, muito menos Chanyeol.

Não sabia lidar com o vazio que sentiu ao ver Kyungsoo sair pela porta, em direção a Stephanie.

Os outros continuavam ali, como sempre, mas Kyungsoo fazia falta.


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Os amigos não falavam no assunto, mas era perceptível a reprovação de todos eles em cada olhar.

Infelizmente, Kyungsoo percebeu que o clima de comemoração que sempre imaginou não estava ali.

Foi por isso que decidiu colocar Chanyeol contra a parede. Ele jamais mentiria para si como os outros. Como o motorista não atendia suas ligações, não teve outra opção a não ser bater a porta da casa de Chanyeol. Foi a senhora Park quem atendeu e, com um sorriso triste, lhe disse que ele tinha trabalho naquela noite.

Apesar de dizer que ligaria mais tarde, Kyungsoo se sentou na calçada e esperou até ver o Phaeton 1929 surgir lá no fundo da rua deserta e fria da madrugada.

Quando o carro chegou perto o suficiente para que fosse possível ver Chanyeol atrás do volante, Kyungsoo se colocou de pé e esperou ser visto.

Quase desistiu de seu objetivo quando Chanyeol parou ao seu lado, os olhos caindo de sono, a expressão abatida, desesperadamente implorando pela própria cama e algumas horas de sono.

– O que tá fazendo aqui sozinho a essa hora?

– Te esperando. – Chanyeol o xingou mentalmente por estar dificultando ainda mais as coisas. – Posso falar com você?

Chanyeol estava mesmo implorando pelo momento onde cairia na cama e desmaiaria por umas doze horas, no mínimo.

Mas era Kyungsoo parado lá, com os olhos tristes que lhe desmontaram, então só fez um sinal para que ele entrasse no banco do carona.


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Por alguns minutos, os dois permaneceram em silêncio. Não por falta do que falar. Existiam muitas coisas que seu coração queria dizer, mas sua razão ainda era mais forte.

Sua mente vagou até cinco anos atrás, naquela primeira noite, quando os dois se encontraram graças a um buquê carregado de azar. Agora era o mesmo carro, as mesmas ruas quase vazias, as mesmas luvas brancas do motorista… Ainda assim era tudo tão diferente.

Uma coisa que não mudou, foi a inabilidade de Chanyeol para começar conversas, o que jogou a responsabilidade para Kyungsoo mais uma vez. Quando o carro parou em um semáforo fechado, mesmo que ninguém fosse atravessar no outro sentido, o passageiro decidiu que devia fazer aquilo o quanto antes.

– Mesmo que eu esteja muito ocupado por esses dias – começou um tanto incerto –, eu notei alguma coisa errada entre… entre a gente… todo mundo. Eu perguntei pro Baekhyun primeiro, mas ele veio cheio de sarcasmo e não dizia nada. Recorri ao Sehun e até ao Jongin, mas eles também só dizem que tá tudo bem e é óbvio que não tá tudo bem. – Fez uma pausa para suspirar frustrado. – Você é quem mais ouviu sobre minhas fantasias sobre o dia em que finalmente fosse me casar, então se lembra que uma das partes mais importantes era dividir a minha felicidade com todo mundo ao redor, mas nenhum de vocês parece feliz comigo. Eu não estou cobrando, não. Só quero, sinceramente, entender se tem alguma coisa errada acontecendo? Se tem, eu realmente não percebi. – perguntou com a voz baixa, carregada de receios sobre as respostas que poderia ouvir.

A luz verde se acendeu no semáforo, mas o Phaeton continuou parado no mesmo lugar. As mãos enluvadas de Chanyeol presas ao volante, seus olhos encarando a extensão da rua a frente, sem realmente ver qualquer coisa. Naquele instante, ele olhava para dentro. Olhava para todas as coisas que estavam acontecendo lá dentro e Kyungsoo não sabia.

– Você está realmente feliz por se casar com a Stephanie? – Kyungsoo o encarou, mas o motorista não desviou os olhos de onde os tinha pousado – Ou só está feliz por finalmente se casar?

– Ela é uma garota incrível, você sabe.

– Não foi essa a pergunta. – tentou soar o menos grosseiro possível – Você está feliz de verdade por se casar com ela?

– Eu...

Quando Chanyeol estacionou na casa de Kyungsoo ele ainda não tinha conseguido terminar aquela frase.

Foi em silêncio que ele saiu do carro e entrou.

Foi em silêncio que Chanyeol voltou para casa e se jogou na própria cama.


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Cada um dentro do próprio quarto, nenhum dos dois conseguiu dormir.

Quando o Sol nascia no horizonte e a cidade acordava aos poucos, Chanyeol e Kyungsoo pareciam dois reflexos sentados no chão, com os olhos baixos.

Chanyeol encarava a garrafa de cerveja se perguntando se ela lhe daria uma solução para a grande merda que acabara de fazer.

Kyungsoo encarava a tela do celular se perguntando se discar aquele número lhe daria a solução para a grande merda que estava prestes a fazer.

Então, como reflexos, Chanyeol levou a garrafa até a boca ao mesmo tempo em que Kyungsoo levou o celular até a orelha.


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Assim como Chanyeol era o mais fraco para bebida pela falta de prática, Byun Baekhyun era o mais resistente por ser o que mais bebia entre todos eles. Um de seus lemas de expert em álcool era “Se a bebida não te mata, ela tira sua dignidade. E às vezes você vai preferir ter morrido”.

Foi uma lição que Chanyeol aprendeu da pior forma possível, depois de encher a cara sozinho e desmaiar no chão do quarto.

Acordou assustado com os chamados insistentes da senhora Park na porta, só percebendo que se sentou rápido demais quando o quarto girou e alguma coisa que não devia subir fez o caminho do seu estômago até a garganta. Abriu a porta com pressa e correu meio bambo até o banheiro, despejando tudo o que tinha bebido.

Sentiu as mãos de sua mãe segurarem seus cabelos um pouco compridos para longe do rosto e outra lhe segurar firme pela cintura. Firme demais. A senhora Park não tinha aquela força toda.

Tsc! Eu venho até aqui pedir te pedir ajuda e é isso que encontro? – ouviu a voz de Kyungsoo entre suas tosses.

– Ajuda pra qu – o motorista, que ainda nem tinha tirado o uniforme que usou na noite anterior, tentou perguntar, mas as coisas em seu estômago resolveram subir mais uma vez.

Kyungsoo firmou mais o aperto para mantê-lo no lugar.

– Quando você terminar de vomitar a alma, a gente conversa.


Parte II


O dia em que Kyungsoo fez uma nova promessa


Seria Baekhyun um sábio ainda não descoberto? Era bem possível, pelo forte desejo que Chanyeol sentia de estar morto naquele momento. Além de sentir a garganta arder depois de vomitar todo o álcool que ingeriu, seu estômago estava um caco e a mal conseguia manter os olhos sensíveis abertos.

Mesmo assim, não era tão ruim quanto poderia ser. Ao menos Kyungsoo era um amigo paciente e poupou a senhora Park de cuidar daquele peso morto de quase dois metros.

Ele ficou ajoelhado ao lado de Chanyeol até que seu corpo entendesse que não existia mais nada para ser vomitado, ajudou-o a tomar um banho, se vestir e deitar. Sumiu por alguns minutos e então voltou com uma tigela que cheirava bem até para o estômago revoltado de Chanyeol.

– Consegue ficar sentado ao menos pra comer? – perguntou ao pousar a tigela na bancada do que um dia foi a mesa de estudos de Chanyeol.

O homem deitado soltou alguns resmungos, mas por fim se forçou a ficar sentado. Um riso rouco e falhado saiu de sua garganta ao analisar a situação.

– Você acha engraçado encher até desmaiar? – a frase emburrada só serviu pra fazer Chanyeol rir um pouco mais alto. Mas foi por poucos segundos, porque logo a agitação demais fez uma pontada forte atravessar seu cérebro. – Bem feito.

– Olha só quem quer me passar lição de moral.

– Eu mesmo, quem no mundo seria melhor que eu?

– Você por acaso esqueceu daquela noite quando desmaiou bêbado e eu fui te buscar? A senhora Seo ainda lembra, e olha que ela lembra de poucas coisas.

Kyungsoo abanou o ar. – Isso foi há uns quinze anos. Não vale como argumento.

– Menos, bem menos. – ousou dar uma risada leve o suficiente para não despertar pontadas insuportáveis em sua cabeça.

O baixinho parado a sua frente riu junto. Só quando o som da risada dele lhe deu uma pontada no peito, Chanyeol se lembrou do motivo de ter bebido, da conversa da noite anterior, de todo o mundo que existia fora daquele quarto, fora do momento só dos dois.

Pouco a pouco, o sorriso foi deixando a face de ambos, dando lugar à uma seriedade assustadora.

Chanyeol ainda continuava incapaz de iniciar conversas tensas e, excepcionalmente daquela vez, Kyungsoo não estava pronto para começar aquela conversa também. Foi por isso que se levantou, pegou a tigela, não mais tão quente, e passou para as mãos de Chanyeol.

– Tentei cozinhar algo que te sustente, mas sem temperos muito fortes, pra recuperar um pouco das suas forças sem te fazer vomitar outra vez. Seu estômago dele estar um lixo.

Como o cozinheiro teve dificuldades de levar a tigela até ali, quis ajudar Chanyeol ao encher uma colher e fazer menção de levar até a boca dele. O maior, pego de guarda baixa, sobrancelhas e recuou um pouco, confuso. Kyungsoo piscou sem jeito por alguns segundos, antes de conseguir reagir.

– O que foi? Não quer mais comer?

– Eu… – Chanyeol se atrapalhou um pouco com as próprias palavras – Quero sim. É só que eu...

Para demonstrar o que queria dizer, manteve a tigela em apenas uma mão e pegou a colher com a outra. Kyungsoo entendeu que ele podia comer sozinho e se resignou a assistir ansioso Chanyeol enfiar a primeira colher de sopa na boca e fechar os olhos. Os anos não fizeram Kyungsoo deixar de se sentir ansioso pra saber se Chanyeol gostava das suas invenções na cozinha. Na verdade, duvidava que ele fosse realmente dizer se estivesse ruim, mas ainda gostava de ouvi-lo lhe elogiar.

Enquanto ele se perguntava se sua nova receita estava boa, Chanyeol se perguntava o porquê de ele estar ali.

Depois da noite anterior, não se surpreenderia se Kyungsoo nunca mais olhasse na sua cara

– Se você só ficar olhando pro nada com essa cara e não comer mais, vou achar que tá ruim.

– Como se alguma coisa que você faz pudesse ficar ruim.

Chanyeol riu e mexeu a sopa com a colher antes de enfiar mais um pouco na boca, estava perfeita, como tudo o que as mãos de fada de Kyungsoo fazem.

– O que aconteceu pra você beber tanto? – Kyungsoo finalmente tocou no ponto que era evitado, mas não podia ser ignorado para sempre.

Chanyeol terminou de engolir e suspirou. Quando começou a falar, sua voz era baixa, envergonhada – Porque eu sou uma merda como amigo. Esses dias deviam ser os mais felizes da sua vida e eu acabei estragando por puro… por puro… – fez uma careta ao não conseguir achar uma palavra para expressar o que sentia – Eu nem sei porque falei aquilo! Só esquece o que eu diss -

– Chanyeol – Kyungsoo chamou para interromper as palavras que a essa altura eram ditas atropeladas –, respira. Você não é um amigo ruim, muito pelo contrário. Você viu o que ninguém mais estava vendo. Ou disse o que todo mundo via e não me falava. – O cozinheiro arrastou o corpo até estar sentado ao lado de Chanyeol, com as costas apoiadas na parede – Todos eles estavam estranhos. Por que ninguém veio conversar comigo? Nem você. Se eu não tivesse vindo ontem você também não ia falar nada?

– Eu não queria interferir numa coisa que é tão sua. É a sua vida, a gente não tem o direito de interferir se você está feliz.

– Vocês se esquecem que fazem parte da minha vida?

Chanyeol enfiou mais uma colher de sopa na boca, sorrindo largo, sem conseguir conter a felicidade de ouvir aquilo. Podia se acostumar com a ideia de que, mesmo que não fosse aquele que começava a querer, ainda tinha um lugar especial na vida de Kyungsoo.

– E você da nossa. Já sei! Eu vou falar com o restante do bando e a gente vai fazer tudo ser perfeito no seu casamento. Sabe aquela parada da gravata de cortar a gravata e pedir dinheiro? – Park falava animado, gesticulando exagerado e causando algumas risadas no amigo – Isso aí. Eu, Sehun, Jongin, Baekhyun e Jongdae vamos cuidar disso. Se prepare para uma performance inesquecível!

– Dá até vontade de marcar o casamento de novo só pra ver isso. – Kyungsoo riu soprado.

Chanyeol parou de falar na hora, abrindo e fechando a boca em busca de qualquer reação enquanto encarava Kyungsoo. – É isso aí… Não vai mais ter casamento.

– Mas… Não... Kyung! Você… você não pode fazer isso. – Sua expressão murchou visivelmente – Não por minha causa.

– Depois que você me deixou em casa, eu liguei pra Stephanie. – Kyungsoo falava com firmeza no olhar – A gente conversou por muito tempo. Sobre tudo. Seria mentira dizer que ela aceitou bem, mas no fim nós dois entendemos que meu pedido foi um ato de desespero. Eu só queria me casar a qualquer custo, então achei que ela, pelo simples fato de aceitar se casar comigo, fosse a pessoa certa. E ela não é. Eu estava arrastando nós dois pra um casamento feito de muita expectativa e pouca verdade, o que inevitavelmente ia fazer de nós um casal infeliz e frustrado. – fez uma pausa para respirar fundo – Lembra quando a gente se conheceu? Você me disse que desistiu de ser músico porque aconteceram coisas que te levaram a caminhos diferentes do seu sonho, mas que não era necessariamente ruim. Só hoje, seis anos depois, eu entendi porque você parecia tão em paz. Eu decidi parar de buscar tão desesperadamente por uma pessoa certa e me permitir conhecer as pessoas com mais calma. Buscar mais paz comigo mesmo. Até agora está dando bem certo, porque eu me sinto muito mais em paz do que no fim dos outros oito namoros.

– Verdade… – Chanyeol murmurou pensativo – Na última vez, você bebeu até cair inconsciente.

– Vai mesmo fingir que a gente não tá aqui nessa cama porque você bebeu todas ontem? Okay, então. Por mais que eu esteja bem, ainda é um término, então encher a cara é tipo um rito de passagem que eu preciso cumprir pra me desligar do passado. Por isso eu vim aqui pedir pra você cuidar de mim enquanto eu afogo as mágoas hoje a noite.

A expressão de arrependimento no rosto de Chanyeol era quase deprimente.

– Mas eu tenho que dirigir hoje a noite.

– Eu liguei pro Sehun e ele me disse que pode cuidar disso. Na verdade ele ficou bem feliz quando eu disse que ele poderia dirigir o Phaeton.

– Que?! Mas ele não pode! Ninguém… – sua voz exaltada foi sumindo sob o olhar pesado de Kyungsoo – É que nunca deixei alguém dirigir além de mim. Aquele carro não é só um carro velho que eu dirijo pra pagar as contas, ele é uma lembrança preciosa pra mim e pra minha mãe.

– Acho que essa história eu não conheço.

– É a história de amor que eu guardo com mais cuidado. – os lábios de Chanyeol formaram um sorriso terno – Esse é o último que sobrou da coleção de carros antigos do meu pai. Ele estava dirigindo o Phaeton quando conheceu minha mãe. Ela me contou que eles se aproximaram porque ela achou o carro “engraçadinho” e aceitou dar uma volta. Mas a família do meu pai tinha muito dinheiro e achava que ela estava interessada nisso. Eles precisaram ser bem fortes, mas resistiram e se casaram. O que é ótimo, aliás, se não eu não estaria aqui agora. – riu brevemente – Um dia as coisas começaram a ficar complicadas. Meu pai ia ao hospital o tempo todo com dores inexplicáveis, os exames não apontavam nada conclusivo por alguns meses e, quando foi diagnosticado o que era, já era tarde demais para tentar uma cirurgia. Foi inevitável, mas doloroso do mesmo jeito. – a essa altura era possível ver os olhos dele marejados, mesmo que as lágrimas não caíssem – Desde que ele se foi, a família simplesmente finge que eu e minha mãe não existimos. Nossa sorte foi que ele deixou a coleção pra ela, porque até mesmo a casa eles nos tiraram. Vendemos todos os outros carros, ela queria vender até mesmo o Phaeton, mas eu vejo que ele tem um valor especial pra ela. Já reparou como ela fica mais feliz quando a gente sai pra passear nele? Foi pra ver sorrisos como aqueles que eu sugeri que a gente ficasse com ele e encontrasse um jeito de fazer dinheiro.

O menor lhe olhava com admiração. Na verdade, já sentia admiração por Chanyeol pelo simples fato dele ser aquele cara de coração tão bom, que ajudava estranhos sem pedir nada em troca – ao longo dos anos soube que foi assim que conheceu Jongdae, Sehun e Jongin. Agora, sabendo que aquele coração bom havia sido tão maltratado pelo destino, a admiração crescia. Silenciosamente desejava que o mundo fosse um pouco mais gentil com ele dali em diante.

– Você é um cara legal, Chanyeol.

– Você vive dizendo isso, Kyungsoo. – debochou rindo.

– Eu sei. – riu junto – Pra ficar mais legal ainda só falta deixar o Sehun dirigir hoje e me levar pra beber.

Existe algo que Park Chanyeol seja capaz de negar a Do Kyungsoo?


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Garrafa atrás de garrafa, Kyungsoo ia ficando mais leve. O que deveria ser uma noite para afogar as mágoas se transformou em uma noite para comemorar. Comemorar que Kyungsoo finalmente aceitou que o melhor jeito de buscar pela pessoa certa para realizar seu sonho era não apressá-lo. Kyungsoo prometeu para si mesmo que deixaria o destino fluir e levá-lo pelas caminhos necessários até o grande dia.


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Seul, 2017

O dia de cumprir a promessa


Um ano depois, finalmente, chegara o grande dia.

O Sol já morria no horizonte quando Kyungsoo se olhou no espelho e sorriu para o reflexo de um belo noivo. Terno perfeitamente ajustado, camisa bem passada, cabelo arrumado, um discreto arranjo de flores pequeninas no peito, pronto para trocar alianças com a pessoa que, sem sombras de dúvidas, era sua pessoa certa.

A que mais lhe amava no mundo todo e a que ele também amava com corpo e alma.

Ouviu duas batidas suaves na porta, se virando bem a tempo de ver a cabeça do motorista se enfiar para dentro.

– Está pronto para o seu grande dia?

Primeiro o menor sorriu como nunca sorriu antes em toda a sua vida, seu corpo parecia não ter espaço para toda a felicidade que sentia. Por fim assentiu convicto, com a maior certeza do mundo, apesar do coração acelerado e as mãos trêmulas de nervosismo.

Chanyeol tinha o mesmo sorriso, imensamente feliz por finalmente ver Kyungsoo feliz de verdade.

– Você vai mesmo me levar para o meu casamento?

– Sou um homem de palavra, lembra?


°


Em todas as vezes - e não foram poucas - que Kyungsoo se permitiu fantasiar sobre o grande dia, seu casamento seria uma grande festa. No dia mais feliz de sua vida, queria ter muitas pessoas ao seu redor para dividir a felicidade.

Pensava em todos os detalhes, mas nunca reparou que não tinha pensado naquele detalhe em especial.

Fazer o caminho até a casa com o jardim mais bonito que encontraram era ainda mais mágico dentro do carro charmoso de Chanyeol.

O motorista de casamentos estava ao seu lado, com a aparência de um príncipe e emanando felicidade por saber que Kyungsoo estava feliz.

– Esse lugar é tão lindo que ainda não entendo como você achou. – Kyungsoo comentou quando o carro entrava pelo portão da casa que alugaram. O motorista não desviou os olhos da rua, mas o sorriso aumentando em seus lábios deixava claro que ouviu e estava orgulhoso de si mesmo.

O lugar era realmente deslumbrante.

Apesar de ser um casamento ao ar livre, o jardim interno onde aconteceriam a cerimônia e a festa era separado do frontal por um portão. Já ali do lado de fora, era possível ver as árvores decoradas com luzinhas pequenas que pareciam estrelas amarradas nos galhos.

Quando o charmoso Phaeton estacionou, os dois eram esperados pela mãe de Kyungsoo e os padrinhos. Como não podia deixar de ser, os noivos convidaram Jongin, Baekhyun, Sehun e Jongdae.

Sehun tinha a namorada, Joohyun. Ele a conheceu na festa onde substituiu Chanyeol como motorista, quando ela fugiu para fumar no jardim e acabou sentada no Phaeton porque não tinha fogo. Trocaram telefones, telefonaram, se encontraram uma vez, duas, muitas e agora estavam ali de braços entrelaçados.

Jongdae continuava sozinho e sem a menor intenção de mudar isso mas, como não podia entrar sem par, tinha a bela Xing ao seu lado. A jovem chinesa acabou se tornando uma amiga próxima de Kyungsoo por ser filha da ahjumma dona da barraca onde ele ia para afogar as mágoas. Era graças aos conselhos dela à um cara confuso e bêbado que aquele casamento estava acontecendo.

Uma das surpresas foi Jongin, que revelou, como se fosse a notícia mais natural do mundo, que tinha um namorado há quase um ano. Taemin era um jovem um tanto tímido ao primeiro contato, mas que logo se enturmaria. Ele não se importou nem um pouco em usar um terno da mesma cor do vestido das garotas, grande ponto positivo por não estragar os planos - levemente guiados por toc - de Kyungsoo.

A segunda - e talvez a maior - surpresa foi Baekhyun. Desde que recebeu o convite de Kyungsoo para ser padrinho, Byun pediu que pudesse escolher seu par, porque estava conhecendo uma garota. Kyungsoo só não esperava que fosse aquela garota.

– Oi…? – Kim Taeyeon acenou para Kyungsoo com um sorriso amarelo.

Kyungsoo encarou Baekhyun com uma sobrancelha arqueada encontrando-o nervoso a ponto de nem parecer respirar, então desviou os olhos para Chanyeol que estava tão atônito quanto ele mesmo e baixou os olhos para o chão antes de finalmente voltar para Taeyeon.

– Oi, quanto tempo não?

Baekhyun nem disfarçou o suspiro aliviado, sorrindo aberto ao ver que não seria expulso do casamento de seu melhor amigo por namorar uma das nove ex-namoradas.

– Você está lindo, meu filho. – A senhora Do comentou com ternura, mostrando de onde Kyungsoo herdou o dom de quebrar silêncios tensos. – Você também, querido. – se dirigiu a Chanyeol.

– E eu não? – Baekhyun fez um biquinho manhoso e se enfiou entre a mulher e Chanyeol, causando risos na senhora pela carência.

– Você também, Baekhyun. Todos estão lindos, mas agora acho que já é hora de pararmos de fazer os seus convidados esperarem.

– Eu… – Chanyeol começou, mas perdeu o fio da meada quando Kyungsoo o encarou curioso. Chanyeol era péssimo em guardar segredos, principalmente sob o olhar questionador daqueles olhos grandes. Mas daquela vez estava determinado e estava orgulhoso por conseguir esconder a surpresa até o final. – Eu tenho uma coisa pra você. – foi até o Phaeton e tirou de lá um buquê feito com rosas pêssego e algumas outras flores delicadas complementando a composição amarrada com uma fita suave. Estendeu na direção de um Kyungsoo com o queixo caído.

– Onde você conseguiu um tão parecido com aquele?

– Eu tenho meus truques. – lançou uma piscadela ao noivo – Agora vou para o meu lugar. – abriu um sorriso brilhante que contagiou o cozinheiro.

Kyungsoo afirmou com um aceno de cabeça e então Chanyeol sumiu pelo portão que dava acesso ao jardim.


°


Não havia um padre, porque a união deles ainda era considerada errada para muitas pessoas. Não haviam centenas de convidados porque, como o previsto, muitos amigos deram as costas quando o convite chegou.

Mas, quando Chanyeol chegou e caminhou até seu lugar no altar, constatou com um sorriso feliz que as pessoas que importavam e os amigos que de verdade estavam lá, sentados nas cadeiras dispostas em um jardim bonito e florido.

Seu sorriso vacilou quando seus olhos encontraram aquelas duas figuras sentadas timidamente no meio dos outros convidados.

Minseok e Junmyeon vieram.

Seu desejo era ir até eles, mas ainda não era o momento.

Foi até o altar, cumprimentou a juíza de paz brevemente e tomou seu lugar no banco branco, decorado com flores. Posicionou o violão sobre as coxas, ajustou a altura do microfone e encarou a entrada do jardim, no fim do caminho gramado aberto entre as cadeiras.

Assim que Sehun e Joohyun surgiram, começou a dedilhar uma canção delicada para tornar o momento ainda mais mágico do que as luzes e flores já tornavam.

O casal de padrinhos fez seu caminho e parou no espaço destinado a eles. Então surgiram Jongin e Taemin, depois Baekhyun e Taeyeon e, finalmente, Jongdae e Xing.

Quando todos se levantaram, Chanyeol sentiu o coração ir parar na garganta.

Era a hora.


°


Quando Kyungsoo apareceu no portal do Jardim, ao lado da senhora Do, precisou de toda a concentração para não cair em lágrimas.

Nem em seus melhores sonhos ele imaginou algo tão bonito e que fizesse seu coração bater tão forte.

Chanyeol lhe esperava no altar, sentado em um banquinho tão branco quanto o violão que pousava em suas coxas.

A pessoa certa.

A pessoa mais certa que já existiu ou viria a existir no mundo todo.

Ele esteve ao seu lado por anos, lhe resgatando, lhe fazendo sorrir, lhe animando, lhe aconselhando, lhe dando o que nenhum dos dois sabia, mas que inegavelmente era amor.

Se lembrava que a primeira vez que Chanyeol lhe beijou foi uma completa bagunça. Estavam todos reunidos na casa de Kyungsoo e Baekhyun, conversando como sempre conversaram, mas alguma coisa saiu da linha do usual quando Chanyeol se aproximou mais, e mais, e mais… Levou algum tempo até Kyungsoo entender o que acontecia. Mais algum tempo até ele finalmente voltar a ter consciência de que ainda existia uma realidade além deles dois. E então mais alguns segundos até ele conseguir reagir e se afastar, assustado. Jongdae e Baekhyun comemoravam como se a Coreia tivesse finalmente alcançado a paz com a vizinha do norte, na época Kyungsoo não entendia o motivo.

Agora, vendo seu futuro marido lhe olhar, do altar, com um brilho no olhar que não podia ter outra causa senão um amor gigante, entendia que esteve vendado por muito tempo.

Kyungsoo sorriu tão aberto, tão feliz, que não houve um único convidado que não sorriu junto.

Sorriso esse que vacilou quando, ao dar o primeiro passo em direção à Chanyeol, ouviu a voz dele ganhar o lugar.


This is my love song to you


Ofegou surpreso com ritmo acelerado que seu coração ganhou. Quando Chanyeol ia parar de lhe surpreender com todos os detalhes que se lembrava? As madrinhas - e Taemin - com a mesma cor de vestido, o buquê que juntou seus caminhos sete anos antes, a música que ele considerava perfeita para o grande dia… Chanyeol sabia cada detalhe dos sonhos de Kyungsoo.


Let everyone know I´m yours

So you can fall asleep each night, baby

And know I´m dreaming of you more


A senhora Do precisou puxá-lo levemente para que voltasse a caminhar a passos lentos até o altar.

A juíza de paz falou de todo o empenho necessário para assumir o compromisso que os dois teriam um com o outro dali em diante. Seria uma caminhada difícil, com altos e baixos, dias cinzas, amargos, mas também haveriam os momentos doces, brilhantes, que fariam tudo valer a pena porque os olhos de Chanyeol e Kyungsoo estavam cheios do mais puro e sincero amor.

Trocaram alianças prateadas com suas iniciais gravadas dentro.e selaram a promessa de amor eterno com um beijo quando a juíza proferiu o tão esperado “pode beijar o noivo”. Baekhyun e Jongdae com toda certeza eram as vozes mais notáveis no mar de comemorações.

Caminharam sob uma chuva de arroz por entre os convidados e cumprimentaram todos junto da senhora Park e o casal Do. Os três pais dos noivos sorriam a ponto de só perderem para o próprio casal.

Seguiram para o outro jardim lateral, também magicamente decorado com luzes pendendo das árvores, lanternas sobre as poucas mesas de convidados e um painel onde os noivos penduraram uma foto junto a cada um deles, como agradecimento por serem os verdadeiros que estavam ali, apesar de tudo.

Chanyeol aprendeu mesmo a dançar, mas não para se juntar ao resto da trupe e pedir dinheiro, sim para estender a mão para Kyungsoo e lhe pedir a honra de uma primeira dança como seu marido.

Lá pelas tantas da noite, quando todos já haviam aproveitado o jantar que Kyungsoo planejou detalhe por detalhe, a trupe de delinquentes tardios que eles chamavam de melhores amigos pegaram os noivos pelas gravatas e puxaram mesa por mesa, vendendo pedaços de gravata e dancinhas estranhas por algum dinheiro para o mais novo casal. Ambos concordaram que era melhor esquecer a parte alcoólica da brincadeira, pelo bem da noite de núpcias, mas não foi preciso nenhuma substância no sangue de Chanyeol para fazê-lo passar vergonha ao dançar junto de Sehun e Jongdae.

Aos poucos os mais velhos foram se retirando, e a festa que já era íntima se tornou uma reunião de velhos amigos sentados à mesa.

Chanyeol abraçava Kyungsoo pela cintura. Joohyun também apoiava a cabeça nos ombros largos de Sehun. Taemin e Jongin começaram um pouco mais discretos, se aproximando ao decorrer das doses de whiskey, assim como Xing parecia ficar mais e mais propensa a tocar Jongdae conforme bebia mais. Taeyeon e Baekhyun estavam tão inegavelmente apaixonados que Kyungsoo se sentiu mal pelo segundo em que seu subconsciente ousou pensar em chamar Baekhyun de amigo da onça. Junmyeon e Minseok se aproximaram com receio, com medo de ser tarde demais para pedir perdão e tentar voltar à vida de Chanyeol.

A quem queremos enganar? Não existe lugar pra mágoa no coração de Park Chanyeol.

Logo estavam todos sentado à mesa, bebendo e falando animadamente.

Havia tantas novidades para colocar em dia com Junmyeon e Minseok. Tantas lembranças para reviver com a ajuda de Jongin, Baekhyun, Jongdae e Sehun. Tantas histórias vergonhosas que Xing queria contar sobre o processo de aceitação de Kyungsoo. Quando deram por si, algumas garrafas de álcool depois, faltavam pouco mais de duas horas para que o Sol voltasse para anunciar um novo dia.

– Agora que já cumpri minha promessa – Chanyeol sussurrou contra a orelha de Kyungsoo –, posso fazer uma nova? -- Kyungsoo olhou em volta para ter certeza que ninguém os observava. Conhecia bem aquele tom do marido, por isso sentia um frio gostoso na barriga ao acenar positivamente para que ele continuasse. – Prometo te dar a melhor noite de núpcias que esse mundo todo já viu.

Kyungsoo se arrepiou por inteiro e mordeu o lábio inferior.

– Lembre-se que você é um homem de palavra, Park Chanyeol.

Disparada a faísca, os minutos seguintes foram marcados por despedidas apressadas e promessas de logo marcarem algo quando os dois voltassem da lua de mel.

Quando Chanyeol finalmente levou a mão para dar partida no Phaeton 1929, ouviu os gritos de várias vozes conhecidas e embaralhadas gritando o nome de seu marido.

O rosto de Joohyun foi o primeiro a surgir na janela do Phaeton. A namorada de seu melhor amigo estava descabelada e vermelha pela pequena corrida.

– Do Kyungsoo! Você não pode... – parou uns segundos para recuperar o fôlego – Você não pode ir embora e deixar todos nós sem saber quem vai ser o próximo.

Sehun surgiu logo atrás, ainda mais ofegante que a namorada.

– Eu sei que vocês devem estar loucos pra chegar na parte das núpcias e tudo, mas tem uma pequena multidão de encalhadas e encalhados ali – apontou por cima do ombro, onde Kyungsoo viu alguns de seus amigos aglomerados – esperando desesperadamente que você jogue esse bendito buquê.


Fim.


30. Juni 2018 03:56 4 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Alexis Rodrigues Alexis Rodrigues
Olá, Chris! Tudo bem? Espero que sim ^.^ Estou novamente aqui (dessa vez oficialmente) para lhe parabenizar pela verificação da sua história! <3 Vamos por partes (porque estou super empolgada em falar dessa fanfic maravilhosa <3). A forma como a fanfic se inicia me lembra muito o gênero Slice of Life, pois tudo parte de uma forma despretensiosa de mostrar como uma história de amor começa e eu acho isso genial, porque, na real, as melhores histórias de amor começam ao acaso. Confesso que tive que pesquisar quem era quem porque eu não sou familiarizada com o cenário musical coreano, mas digo com segurança que sua fanfic é tão bem ambientada e nos apresenta os personagens de forma tão fluída que qualquer pessoa, dentro ou fora do fandom, pode ler tranquilamente sem maiores problemas. A premissa de um motorista que dirige um carro antigo e delicado usado para levar noivos para suas luas de mel pode não parecer atraente para quem não costuma ler histórias ambientadas no cotidiano, mas conforme a leitura avança, ficamos tão entretidos com as histórias de casamento que Chanyeol conhece que fica impossível parar de ler. Quando Kyungsoo cruza seu caminho, de coração partido, e começa a falar sobre suas muitas desventuras de amor, eles logo se conectam, e não da forma que eu imaginava. O que mais me chamou a atenção foi o ponto de virada no relacionamento que ambos desenvolveram, quando Kyungsoo é confrontado por Chanyeol sobre seus verdadeiros sentimentos em relação à noiva, o que cria um conflito interno em cada um a respeito de como se sentem em relação à aquele casamento e um com o outro. É uma situação delicada, dois estranhos se tornando amigos e então se dando conta de que sentem algo além disso, e na vida real, as chances de acabar mal são muito, MUITO ALTAS, mas aqui na fanfic eu fiquei morta de feliz lendo o final e sabendo que deu tudo certo <3 Também foi deveras interessante a forma como você retratou as problemáticas acerca da visão tradicionalista que os coreanos possuem sobre casamento e o preconceito que a sociedade deles ainda tem com uniões homoafetivas (o que nós sabemos que é arcaico, mas estamos no Brasil, temos uma ideia de como é). No mais, excelente fanfic, tão bem escrita que mesmo pessoas alheias ao fandom podem ler sem medo para serem surpreendidas por uma belíssima história de amizade e amor <3 Parabéns pela história!
January 30, 2021, 03:19
Alexis Rodrigues Alexis Rodrigues
mulher, pelo amor de deus, cadê o restoooooo???
January 11, 2021, 00:40

  • Chris Alves Chris Alves
    SOS tinha esquecido totalmente que comecei a postar ela aqui aaaaaa Amanhã mesmo edito a segunda parte e posto aqui 💙 (mas se quiser ler ainda hoje, ela está completa no Spirit fanfic) January 11, 2021, 03:28
  • Chris Alves Chris Alves
    Adicionei a parte II e dei uma melhorada na formatação que estava sofrível kkkkkrise aliás, obrigada por me fazer voltar aqui e lembrar dessa história January 14, 2021, 00:47
~