-Você volta? – Ele se sentou na cama e observou Naruto, o loiro o olhou como se ele estivesse louco. A camisa que tentava vestir foi deixada de lado e ele se aproximou da cama, tomando o rosto pálido entre as mãos.
-Claro que eu volto amor. – Os lábios doces se uniram aos seus por um momento breve, muito breve. – É só uma viagem de negócios.
Sasuke se sentiu tolo. Era claro que o marido voltaria para casa. Ele sorriu, escondendo dentro de si o medo de ficar sozinho.
-Promete? – A pergunta escapou seus lábios antes que ele pudesse evitar, pedindo por uma certeza, uma confirmação.
-Prometo.
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Sasuke se sentou na cama tão rápido que precisou de alguns segundos para se acostumar com a nova posição. Ele estava suado, alguns fios de cabelo grudavam em seu rosto – molhados como se ele houvesse acabado de tomar banho. Sua camisa estava igualmente molhada, seu peito subia e descia a cada ofego desesperado. Acordou como em todas as noites anteriores, com um pesadelo que se tornava realidade após cada despertar.
Ele caminhou até a janela, pelas finas cortinas era possível notar que o sol se levantava no horizonte, uma luz alaranjada começava a invadir seu quarto. Eram raios fracos que traziam um calor aprazível, eram sete horas da manhã. Sasuke não abriu a janela.
Sasuke caminhou até a cômoda, as fotos ainda estavam ali, o perfume de Naruto, os cremes e o gel. O roupão laranja estava pendurado na porta, o cheiro dele havia desaparecido nos dois primeiros anos. Um bilhete estava colado ao espelho, uma mensagem de amor, deixada ali para que ele não se esquece que pertencia a alguém.
No canto do papel, logo abaixo da assinatura de Naruto, o ano de 2018 estava rabiscado.
O rádio relógio mostrava que a temperatura era de vinte graus, o jornalista anunciava uma onda de calor.
Era inverno.
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As folhas vermelhas quebravam sob seus pés. Mais caiam das árvores. O sol estava fraco e uma brisa suave soprava em tantas direções que elas dançavam.
Algumas árvores já estavam nuas, despidas da beleza natural que as tomava na primavera. Era possível ver as carpas no lago artificial. Crianças corriam até seus pais, levemente agasalhadas.
Sasuke abriu as mãos a sua frente, algumas pequenas folhas ficaram presas entre seus dedos e ele as esmagou sem muita consideração. Ele ajeitou o cachecol em seu pescoço e voltou a caminhar.
Um grande outdoor anunciava a chegada de uma nova estação, o ano era 2025.
Era inverno.
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Seu nariz estava irritado. O pólen que se desprendia das flores pareciam flutuar direto para sua casa, determinados a atacar sua alergia como se estivessem em uma pequena guerra.
Seus olhos estavam vermelhos, mas isso não era culpa do pólen. Era 2028 e ele ainda chorava.
Ouviu algo a sua direita e despertou de seu estupor, a sua frente um casal recém casado o olhava com ansiedade.
-Ah, sinto muito. Onde eu parei? – Ele não ouviu a resposta, ela não importava. – Da janela da sala vocês tem uma visão privilegiada do parque, ele parece um novo lugar a cada estação, é adorável.
Ele forçou um sorriso em seu rosto, nem mesmo o calor emanando do casal, extremamente feliz com suas alianças tão novas, podia o aquecer.
As flores coloriam seu caminho com tantos tons diferentes que era difícil se focar. As pessoas paravam para assistir os pássaros construindo seus ninhos. Todos ao seu redor pareciam usar roupas alegres, vibrantes, Sasuke vestia preto.
Era inverno.
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Ele chorou, os dedos finos contornavam o nome encravado no mármore negro. Estava frio.
A neve se colava a seu cabelo. Suas roupas estavam molhadas, ele tremia, mas não era pelo ar gelado que arranhava sua pele.
Ele se deitou sobre o túmulo frio, sua garganta estava seca e era difícil respirar. As lágrimas estavam congeladas em seu rosto e, apesar de a nevasca não deixá-lo ver um palmo a sua frente, ele olhava para o céu.
Sasuke fechou os olhos, ele já não sentia mais o frio, a neve não o incomodava, o vento era minuto.
Abrir os olhos pareceu levá-lo para um outro mundo, Naruto sorria a sua frente, a mão estava estendida para ele. Ele não se lembrava se o marido era sempre envolto naquela luz dourada, mas combinava com ele.
-Vamos pra casa Sasuke.
Era verão, e nem mesmo o corpo gelado sobre o túmulo de Naruto poderia negar.
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