hieroway hieroway

Sem seu namorado, Gerard recorre ao último recurso para estar junto dele.


Fan-Fiction Bands/Sänger Nur für über 18-Jährige.

##suicidio ##frerard ##mychem ##mcr ##morte
Kurzgeschichte
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Capítulo único

A morte, por si só, é uma piada pronta. Morrer é ridículo!

Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário, tem planos pra semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro e no meio da tarde morre. Como assim?! E os e-mails que você ainda não abriu? O livro que ficou pela metade? O telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente?

Não sei de onde tiraram esta ideia: morrer...

A troco de que? Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam para nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego, mas não desistiu. Passou madrugadas sem dormir para estudar para o vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente...

De uma hora para outra, tudo isso termina numa colisão na freeway, numa artéria entupida, num disparo feito por um delinquente que gostou do seu tênis. Qual é?

Morrer é um chiste.

Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e penduradas também algumas contas. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira. Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu.

Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue a próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer. Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã.

Isso é para ser levado a sério? Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo. Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase nada guardado nas gavetas. Ok, hora de descansar em paz. Mas antes de viver tudo? Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas. Morrer é um exagero.

E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça.

Nunca pensei na morte como uma coisa ruim, mas sim como algo natural que vem porque tinha que vir, mas até então, nunca tinha enxergado, presenciado, sentido realmente o que era morrer. Não, eu não morri, mas é como se fosse. Sinto como se meu coração estivesse dilacerado desde o maldito momento em que atendi aquela ligação. Quando algum parente ou conhecido que não costuma ligar muito o faz no meio da madrugada, só pode significar uma coisa: alguém morreu. E assim foi feito.

Meu namorado se foi. Frank se foi. Nada poderia ser pior para mim nesse momento do que isso. Minha vida anda uma bagunça, meu irmão no meu pé, minha mãe só sabe encher o saco e eu não ando tendo criatividade nem para meus desenhos. Sempre que toco em uma folha de papel em branco, tudo o que sinto vontade de fazer é rabisca-la sem sentido até que a mesma se rasgue e eu me irrite e termine de rasga-la, colocando toda a raiva que está presente em mim.

Nem mesmo música tem conseguido me ajudar com isso, na verdade, eu tenho me irritado ainda mais com qualquer tipo de som. Tenho tentado me aproximar mais da minha família, como era quando eu era criança, mas parece que só os afasto. Em um minuto estou bem e em outro não, provavelmente isso os deixa loucos. Provavelmente não, com certeza! Porque se até eu não me aguento, imagine os outros.

Algo dentro de mim tentava falar mais alto do que todo o trabalho que eu tive para me limpar em definitivo, mas agora eu sentia que não precisava mais me segurar, já que não existe mais sentido no mundo para mim.

Frank... A única pessoa que me apoiou quando ninguém mais tentou. Quem me resgatou no fundo e me levantou para a vida. Quem me fez enxergar o mundo com outros olhos e colocou cor em meus dias. Quem era a fonte de inspiração para meus desenhos e possíveis músicas. Ele era um anjo na terra e infelizmente o tiraram de mim quando tudo finalmente estava tomando um rumo. E o que mais me mata é não ter podido estar presente quando ele mais precisou de ajuda, de mim. Fui tolo quando fui a sua casa e não percebi que ele estava mais magro e com olheiras profundas nos olhos, mas ainda assim saiu de sua cama e nos preparou um delicioso lanche, me tratou super bem e até fizemos amor, como se fosse um dia qualquer, conversou alegremente e soube disfarçar o que estava na cara e eu, idiota, não percebi.

— Como eu pude ser tão estúpido? — gritei, jogando algumas folhas de papel que estavam espalhadas pela escrivaninha e pela cama direto ao chão, quebrando também um estojo feito de acrílico e rachando as pequenas tintas secas que haviam ali, deixando-me ainda mais puto com a vida. — Por que, Gerard? Você não serve para nada! — gritei novamente, puxando meus cabelos e caindo no choro, jogando-me de joelhos no chão e machucando os mesmos pelo piso gelado e duro.

Até agora ninguém veio interceder por meu surto e eu preferia assim. Não gostava de ser interrompido por ninguém quando estava triste. Apenas queria ficar sozinho em minha bolha de solidão e tristeza. Mas como nada na vida é como queremos, meu telefone tocou e eu o joguei longe, que atingiu a parede e desmontou, dando oportunidade para a bateria cair e pular para um lugar que não fui capaz de enxergar.

Nesse momento meu quarto era o único lugar que eu queria estar. Escuro e sombrio, como minha alma. Gerard Way sempre tem que acabar com tudo. Gerard Way sempre estraga tudo e qualquer coisa boa que aconteça em sua vida. Gerard Way é um inútil.

Levantei-me do chão e saí em busca de algo que nem eu sabia o que era. Abri minhas gavetas e joguei algumas roupas pelo chão, pouco me importando se o quarto se encontrava em estado de calamidade. Como uma luz, um saquinho plástico se acendeu para mim no fundo da quarta gaveta que abri, e ali me lembrei da sensação que aquele pozinho me dava.

Sentei em minha cama novamente e abri o pacote, sentindo-me nostálgico. Não sei quando isso foi parar na gaveta, mas estava desnorteado demais sequer para pensar em validade ou estado em que foi guardado. Tudo o que eu queria era me sentir inebriado pelo efeito da droga e desmaiar quando o limite chegasse.

Terminei de jogar minhas coisas para longe e arrumei três carreirinhas do pó em cima da mesa de cabeceira, procurando por algo para enfileira-las e algum pedaço de papel para que pudesse inspirar. Acabei optando pelo tradicional: cartão de crédito e uma nota de um dólar.

Assim que inspirei com toda força, senti o efeito daquilo me tomando, o queimar familiar que a tanto não sentia, a tontura que chega de imediato e a vontade de continuar. Fui com tudo para cima das outras duas fileiras.

Com a tontura e os sentidos aguçados, minha visão se tornou turva e corri meus dedos por minhas coxas descobertas, devido a estar usando apenas uma boxer fina. As unhas roídas arranhavam minha pele devagar, causando um desconforto pela irregularidade das mesmas, então pressionei os dedos e senti a pele queimar embaixo de minhas mãos. Olhando para baixo, os vergões avermelhados já eram visíveis. Repeti o movimento com cada vez mais força até ver sangue, então voltei para a cocaína e formei mais umas cinco carreiras, sorvendo todas de uma vez.

O conteúdo do pacote já havia acabado, por isso deixei que o cartão e anota caíssem de minha mão e deitei em minha cama. O burburinho que vinha de cima me indicava que a notícia já havia se espalhado, ignorei e continuei deitado, levantando a cabeça apenas o suficiente para beber um longe gole da garrafa de cerveja que havia sido esquecida ao lado do criado mudo.

O líquido desceu queimando minha garganta por estar quente e pelos sentidos aguçados devido à droga, porém eu estava pouco me fodendo para isso e terminei de beber o resto do álcool, logo me levantando a procura de qualquer coisa que pudesse me levar para longe daquele mundo.

Acabei encontrando uma garrafa de whisky barato embaixo da escrivaninha, com mais ou menos metade do conteúdo, virei de uma vez em goles longos, fazendo com que meu corpo inteiro entrasse em combustão. Sentia como se todos os meus membros estivessem em chamas, principalmente a língua. O trajeto que o líquido tomou em meu interior, me fez experimentar uma sensação única de dor e prazer misturados. A essa altura, toda a dor do meu coração era ofuscada pela dor física que eu mesmo me causava pelas drogas que consumia.

Meu Frankie... Por que tinham que tirar meu pequeno Frankie de mim?

Pensamentos dolorosos passavam por minha mente e levei minhas mãos aos cabelos, puxando os fios com força e sentindo alguns se desgrudarem da pele enquanto gritava com toda força que tinha com a cabeça enterrada em meu travesseiro, querendo socar e quebrar tudo o que via pela frente. Por isso levantei e puxei minha cama pelo estrado, virando-a de ponta cabeça até o outro lado do quarto. Observei o cômodo rapidamente e vi todos os objetos possíveis de quebrar que estavam ali, troféus, cds, discos, um aparelho de DVD e alguns porta-retratos, inclusive um em que Frank estava sentado no meu colo apertando minhas bochechas e fazendo um biquinho adorável para a câmera.

Naquele dia, tudo estava perfeito, e se a doença que o levou de mim já era presente em seu corpo, nem ele sabia... Curtimos uma agradável tarde em sua casa com filmes e muita comida, mãos entrelaçadas e beijos roubados em cenas clichês que nos fazia rir. Nada no mundo poderia tirar de mim a felicidade que eu senti naquele dia. E nada no mundo poderia tirar de mim a dor que eu sentia agora, a não ser a morte, é claro.

Levando as mãos à cabeça, puxei todo o ar possível e o soltei em forma de grito. Um grito gutural que saiu do fundo da minha alma. Minha garganta queimava, mas eu continuava gritando, até quando fiquei sem fôlego, parei apenas para sugar mais ar e voltar a gritar, puxando meus cabelos e rodando pelo quarto, completamente sem rumo e sentindo uma dor excruciante por todo o corpo.

Minha cabeça latejava como o diabo quando eu me sentei no chão com as costas apoiadas na cama ainda em pé. Olhei para um ponto específico e ali fiquei, pensando em tudo e em nada ao mesmo tempo. A voz de Frank ecoava em minha mente e se eu fechasse os olhos, seria quase capaz de sentir seu toque em minha nuca, subindo e descendo o dedo médio pelos fios maiores de meu cabelo, me arrepiando enquanto me olha nos olhos. Aqueles olhos tão singulares, tão inigualáveis, ora verdes, ora castanhos, o brilho que transmitia quando me olhava e o sorriso... Aquele maldito sorriso adornado pelo piercing de argola no canto dos lábios vermelhos, seus dentes levemente desalinhados e o modo como seus olhos sorriam junto, pelo menos enquanto olhavam para mim. Seu cheio doce, seus cabelos macios roçando eu meu nariz quando dormíamos abraçados e a quentura de seu corpo no meu. A voz rouca dizendo eu te amo e os gemidos manhosos em meu ouvido.

Minha mente vagava para lados que eu não queria lembrar. Um filme de Frank feito pelos meus olhos passava por meus pensamentos. Eu era capaz de visualizar perfeitamente seu sorriso sem graça quando eu o elogiava, abaixando a cabeça e chutando o nada com seus all stars surrados, a calça larga e rasgada nos joelhos enquanto brincava nervosamente com os dedos das mãos.

As lágrimas brotavam em meus olhos e escorriam por meu rosto, molhando toda minha camisa e por vezes pingando direto em minha coxa, fazendo arder de leve os arranhões, mas aquilo não era nada comparado ao que eu sentia por dentro.

Engatinhando em direção ao criado mudo, abri a primeira gaveta a procura de uma coisa que há muitos anos não usava. No fundo de uma caixinha de madeira, estavam duas lâminas enferrujadas e possivelmente cegas. Observando-as com atenção, não me importei com seu estado e voltei a me sentar no mesmo lugar de antes, ponderando sobre o que deveria fazer.

Segurando a lâmina com a ponta dos dedos, fiz o primeiro corte em meu pulso e senti a ardência característica do ato rasgando minha pele. A dor não era forte, a ardência e o sangue saindo pelo corte era o que me faziam ficar tonto. Como tinha muito tempo desde a última vez em que fiz isso, minha pressão baixou. O corte era superficial, mas foi apenas para me lembrar da sensação antes de partir para algo mais fundo. Descendo com o metal alguns milímetros na pele, fiz outro corte na horizontal e depois outro, seguido de outros.

Minha pele rasgava e se acostumava com o fato de estar sendo mutilada antes de deixar o sangue surgir e escorrer por meu braço. A droga fazia um belo trabalho em turvar minha visão, então acabei fazendo um corte na diagonal em cima de três outros na horizontal, abrindo ainda mais a pele tão machucada.

O sangue pingava em minhas pernas e sujava todo o chão, além de minha camisa e boxer. Minha cabeça girava com a dor do alívio e fiz um último corte grande na vertical antes de finalmente largar a lâmina e recostar minha cabeça contra o estrado da cama.

Pensando em Frank e em seu sorriso, em como eu gostaria de estar com meu menino quando ele precisou de mim e no quanto eu queria que ele estivesse aqui, para me salvar de mim mesmo.

— Estou indo te encontrar, Frankie.

Qual é a pior coisa que eu poderia dizer? Até mais, sem boa noite.

21. März 2018 19:04 0 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Das Ende

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