Meu corpo dói. Me levanto com dificuldade da cama, apanhando minhas roupas. Meus dedos tremem e me visto com dificuldades. Olho para o homem velho na cama acender um cigarro. Engulo seco com o olhar que ele me lança. Ele pegou um bolo de notas de 20 dólares de dentro da gaveta e jogou na minha cara. Me abaixo e recolho o dinheiro, sentindo cada parte de minha alma arder.
Saio do apartamento, verificando minha aparência no espelho do elevador. Arrumo meus cabelos molhados pelo suor, tentando deixar de uma forma decente e pego um batom vermelho na minha bolsa pequena e esfarrapada, passando de qualquer jeito. Respiro fundo e saio do prédio, caminhando com dificuldade para a praça onde eu trabalho.
Já se passam das 3 da manhã. A lua está tímida, escondida pelas nuvens pesadas e escuras. O cheiro de poluição e de gente bêbada invade minhas narinas a medida que me aproximo. Alguns mendigos dormiam em um canto e, ao lado, meus amigos estavam trabalhando.
– Yura! – Minha amiga Mila acena para mim. –Como foi?
–Aquele velho tarado pagou o dobro para poder me bater. – Reviro os olhos. Eu preciso do dinheiro para pagar minha faculdade, mesmo que seja dessa forma.
Mila ri, arrumando a saia. O batom borrado, o cabelo pintado e os olhos cansados. Seu corpo envolto por uma saia curta preta e uma blusa vermelha justa e decotada. Os saltos vermelhos comprados de segunda mão completavam o visual. Acende um cigarro, provavelmente roubado.
–Sei como é. Pelo menos você consegue pagar suas contas. Eu estou quase sendo despejada da merda daquele barraco. – Suspirou e em seguida sua face mudou enquanto ela ria alto. Desespero.
–Você poderia morar comigo...–Comecei mas fui interrompido automaticamente.
–Eu não vou morar com seu avô. Ele ia me humilhar assim como faz com você. – Me encolho com a afirmação.
–Tsk! Aquele velho é um imbecil. Tomara que morra rápido. – Esquento minhas mãos uma na outra assoprando ar quente. Uma buzina. – Mais um. Hoje eu faço dinheiro.- Acabo rindo alto e Mila me acompanhou.
Vou até o carro. Um Maserati, preto. Valor: muito. Quando: nunca. A janela elétrica abriu devagar, um rosto cansado apareceu.
–Quanto? O resto da noite?– Engulo seco. O cara usa um terno que provavelmente custa mais que minha casa. Não tem cara de assassino, apenas um pervertido enrustido que traí a esposa com travestis de esquina. Eu já estou cansado, aumentei meu valor.
–Faço por 300 a hora.- Me apoio numa perna, cruzando meus braços de forma desleixada.
–Entra no carro. -Ouvi a outra porta destrancar. Obedeci. Me sentei e coloquei meu cinto.
–O que você vai querer? Oral com anal completo? Sadomaso? Adicionais são um pouc...-Interrompido.
–Cala a boca! -Olho para ele assustado, uma mão correu para a fivela do cinto e a outra para meu canivete na bolsa.
–Calma! Foi mal, relaxa, porra! Eu só não quero ouvir nada agora. -Suspiro, me ajeitando no banco.
Ele entrou com o carro em um prédio residencial. Estranho. Clientes nunca levam prostitutas para a própria casa. Deve ser um apartamento só para isso. Dei de ombros. Gente rica tem manias estranhas.
–Tá' tudo bem?– Ele pergunta alterado. Estava usando algum tipo de droga? Respondi em um sopro. Ele me observou de cima a baixo. – Meu nome é Jean. Apenas Jean.– Levantei as sobrancelhas. – Você é Yuri, eu já sei. – Ele diz de forma ríspida.
Pronto. Fodeu. Ele sabe meu nome. Provavelmente vou ter meus órgãos arrancados e depois ele vai foder meu cadáver até cansar. Tomara que ele me arrume um pouco de crack para tornar a experiência mais agradável. Talvez cocaína, ele deve ser do tipo que usa só coisas caras.
– Que merda! – Ele grita com raiva, batendo com força no volante. Eu me assusto e ele segura meu pulso antes que eu possa fazer qualquer coisa. – Desgraça, para com isso! Merda! – Ele parece xingar mais a ele mesmo do que a mim, o que deveria me tranquilizar. Eu espero.
Engulo seco.
– Você me comprou pra me foder ou só pra me xingar? – Ele me olha com raiva. – Ah, entendi. Você é passivo. Eu não sou tão bom em foder os outros mas acho que consi... – Ele segura minha bochecha com força e me beija. Empurro ele para longe. – Beijos contam como adicional. – Ele me puxa para outro beijo e, quando o ósculo se quebra, ele abriu a porta e saiu.
– Venha. – Diz limpando a boca borrada do batom. Sigo ele até o elevador, onde subimos sozinhos até a cobertura. Ele abre a porta e eu entro. Ele me segura com força, me puxando para seu colo. Começou a tirar minhas roupas com pressa. Sentou no sofá comigo em cima e começa a tirar a própria roupa.
Não presto atenção em muita coisa. Ele tem umas tatuagens engraçadas. Seu cabelo é bonito, mas não sei se fica bom em seu rosto. O corpo é musculoso, porém rígido. Não se encaixa bem no meu. Escuto a embalagem da camisinha se abrindo e em seguida seu membro me invade. É grande mas não confortável. Muito menos gostoso. Como todos os outros. Ele segura nas minhas coxas com firmeza mas sem marcar. Seus gemidos saem roucos. Reviro meus olhos com um tapa que ele me dá. Tapas também são adicionais. Sorrio com o pensamento, tomara que eu consiga alguma grana boa hoje. Ele me olha com luxúria.
– Porra, você é gostoso para caralho, gatinho. – Ele geme com um forte sotaque canadense. De repente, me lembro que estou trabalhando e começo a gemer como uma vadia virgem.
– Isso!... Muito bom, Jeaaan... Que delícia...Mais! Mais! – Frases alternadas com gemidos e arfadas. Falsos, obviamente. Meu olhar pousa no relógio da parede da sala dele, já passaram meia hora desde que chegamos. Já ganhei 150, com mais 50 dos adicionais. Volto meus pensamentos para gemer e tentar lembrar o nome dele ao mesmo tempo.
Ele dá um último gemido rouco, parando de estocar. Saiu de mim lentamente, se deixando largar no sofá para recuperar o fôlego. Olho o relógio. Olho de volta para ele, eu preciso de mais dinheiro.
–Jean... Você não quer mais? Eu ainda quero... Sentir esse pauzão dentro de mim... Bem forte e bem gostoso... – falo extremamente lânguido, arrastando todas as palavras. Ele sorri de canto e começa de novo. Olho para o relógio e vejo que consegui dobrar meu dinheiro quando ele começa a me beijar. Vamos para o quarto. Não vejo em nenhum lugar foto de família ou até mesmo dele. Não é sua casa, como imaginava. Ele me coloca de quatro na cama e começa a me foder. Suspiro cansado.
– Não tá gostando?... – Ele para do nada. Porra. Ele nunca comprou sexo antes? Que tipo de cliente se importa se a puta tá gostando ou não? O tipo que vai vender os órgãos depois?
– Tá' bom para caralho... Continua... Bem gostoso. – Gemo a frase, e ele volta a me foder. Sua mão ameaça encostar no meu pênis, mas ele hesita e volta com ela para minha bunda. Reviro meus olhos. Provavelmente enrustido. Ele goza novamente.
Fizemos aquilo mais umas duas vezes, e eu não gozei em nenhuma. Oh, que grande novidade... Meus olhos procuram o relógio. Seis da manhã. Já estou atrasado para a faculdade. Porém, meu corpo inteiro dói. Permaneço deitado até que o telefone de Jean toca. Eu me levanto, começando a me vestir. Finjo não prestar atenção.
–Oi. Fala porra. ... Eu? Eu to em casa.– Pausa – É. – Essa é a casa dele? Pra valer? Que otário. Vou tentar roubar algo. –... Caralho! Ok, manda o Altin aqui. Eu vou resolver isso. – Ele desliga. – Ok, você precisa vazar daqui bem rápido. – Ele me olha, pegando a carteira.
Antes que eu possa mencionar o preço, ele me entrega algumas notas de cem. Aquilo dava um pouco mais do que minhas contas. Não gostei disso, queria ainda mais. Termino de me vestir. Uma corrente de ouro reluz ao meu olhar quando a vejo no criado mudo, ao lado do abajur. Meus dedos leves correm por ela antes que ele veja. Isso deve servir. Ele destranca a porta.
– Vaza, rápido! – Ele me empurra para fora.
Novamente no elevador. Arrumo meus cabelos, limpo meu rímel e ajeito minhas roupas. Está visível minha condição. Uma puta barata. Não tão barata, na verdade. Sorri, olhando a corrente com um pingente em forma de I. Isadora? Iasmim? Iago? Isabela? Iuri? Reviro meus olhos. Deve valer alguma coisa.
Saí do elevador. Um homem muito parecido com Jean está entrando no prédio. Porém, muito mais bonito. O cabelo com o mesmo corte que ornava melhor com seus olhos asiáticos. A pele escura, o cachecol e o casaco tornavam a visão gostosa de se ver. Seu capacete em um dos braço dava um ar rebelde. Ele olhou para mim e eu engoli em seco. Percebo que estou a muito tempo encarando ele.
– Otabek Altin. – Ele diz para o porteiro, que libera a entrada. Olhou novamente de relance em meus olhos, antes de entrar de uma vez no elevador. Meu coração acelera.
E então eu saio do prédio. Mais uma noite vencida.
Vielen Dank für das Lesen!
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