alicealamo Alice Alamo

Porque, para chamar aquilo de amor, só mergulhado em profunda insanidade.


Fan-Fiction Anime/Manga Nur für über 21-Jährige (Erwachsene). © Todos os direitos reservados

#estupro #naruto #Gaara-Naruto #gaanaru #gaara #NarutoYaoi #lemon #violência #ua
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Capítulo Único

Gaara não conseguia se mexer. Doía. Tudo doía. Ainda estava na mesma posição em que fora deixado: de bruços, com o rosto contra o piso frio de mármore, nu, sentindo cada parte de seu corpo doer e clamar por alívio. Sentia também o líquido viscoso entre as pernas, sentia-o escorrer por sua pele, lembrando-o de cada momento vivido naquele quarto nas últimas horas, nos últimos dias, nos últimos meses, nos últimos anos.

Uau... Fazia já anos. Quase se esquecera. Quase... Se não fosse por Naruto tê-lo lembrado com aquilo que ele chamava de comemoração. É... Sasuke tinha razão: não adiantava fugir ou tentar... Sempre seria encontrado.

Gaara era orgulhoso, teimoso, e só por isso não permaneceu no chão frio por muito mais tempo. Com dificuldade, apoiou a palma das mãos no chão frio e fez grande esforço para se erguer. Uma pontada aguda de dor em seu quadril o fez fechar os olhos e morder o lábio inferior com força, sentindo as recentes feridas se abrirem e o sangue chegar-lhe à língua.

A primeira tentativa de ficar de pé foi um fracasso e o levou ao chão novamente. Os olhos úmidos, a dor gritante, o mundo a rodar e rodar. Gritou, contorcendo-se e querendo socar o chão. A segunda tentativa foi menos dilacerante. Caiu, sim. Mas na cama felizmente. Arrastou-se contra o colchão, agarrando os lençóis azuis petróleo como se eles fossem ajudá-lo. O cheiro do perfume neles o enjoou, e Gaara só teve tempo de virar o rosto para a beirada da cama antes de vomitar no chão tudo o que tinha no estômago (o que não era muita coisa).

Ouviu a porta ser destrancada pelo lado de fora e uma equipe de cinco mulheres entrar no cômodo. Três delas o ajudaram a se levantar da cama, guiando-o até o banheiro ao lado. Elas não o olhavam, não falavam com ele, não naquele dia.

Deitaram-no na banheira e ligaram a água. O contato da água morna com as feridas fez Gaara trincar os dentes, gemendo de dor com o resto das forças que possuía. Queria pedir para que não o tocassem, para que esperassem, para que fossem gentis, porém naquele dia ele não tinha voz, ele não mandava, ele não era ninguém.

Apaixonara-se por Naruto há cinco anos. Namoravam há quatro quando finalmente o havia aceitado.

Conhecer Naruto foi algo incrível. Na entrada da faculdade, recepcionando os calouros do ano, Naruto sorria entregando panfletos sobre a festa de recepção. Gaara passou reto sem nem o olhar, desviando até para não ter que pegar o papel. Mas Naruto era insistente... Até demais. Vendo a atitude, ele o seguiu com o papel em mãos e um sorriso no rosto.

− Calouro? – Naruto perguntou alto – De que curso?

Gaara respirou fundo, olhando o relógio de pulso. A boa educação dizia-lhe para responder e ser educado, porém faltava quinze minutos para a palestra inicial de seu curso e nem ao menos sabia onde era o auditório. Bufou, olhando a porta atrás de Naruto e calculando suas chances de dibrá-lo. Nesse tempo, Naruto tomou os papéis de suas mãos e soltou uma exclamação, surpreso.

− Calouro de arquitetura? Ah, então você é meu calouro, ruivinho! – ele falou alto, chamando a atenção – Sabe onde é o auditório? É claro que não.... Vem, eu te levo. Segura aqui.

E, quando Gaara percebeu, já estava com o maldito papel entre as mãos, seguindo o suposto veterano que não parava de falar por um minuto sequer. Não foi uma boa primeira impressão. E não melhorou também com o tempo. Pelo menos não até se perceber apaixonado.

Os olhos azuis de Naruto sempre o impressionaram apesar de se negar a admitir. Aquele sorriso bobo também... Aliás, aquele sorriso era a melhor parte, a mais bonita e cativante, o melhor momento do seu dia. Gaara agradecia poder vê-lo quase todos os dias na faculdade. Naruto era um ano mais velho apenas, e vivia invadindo as aulas de Gaara para reassistir algumas para as quais não havia dado atenção no ano anterior.

− Gaara! – Naruto entrou o chamando como se fossem amigos há anos – Acertei o nome, não? Me empresta uma caneta? Vou sentar aqui, tudo bem?

Gaara o olhou com indiferença naquele dia. Não acreditava no azar de o ver se sentar ao seu lado logo na primeira aula da faculdade, o primeiro dia de aula mesmo, sabe? Emprestou a caneta a contragosto e não foi mal educado o bastante para mandar Naruto calar a boca mesmo que ele não parasse de falar durante a aula. Para ser sincero, foi até educado ao acordar o outro quando, de repente, ouviu aquele típico suspiro mais profundo de quem adormece.

Um erro.

Era como se Naruto tivesse entendido aquilo como um convite à amizade!

Gaara quis dizer que não, quis se afastar e simplesmente se manter naquele canto afastado de todos onde se sentia confortável, contudo toda vez que pensava em fazer isso Naruto aparecia na sua frente sorrindo e o convidando, obrigando, a ir com ele a uma festa, uma exposição, bar, cinema ou qualquer outra coisa que o outro inventasse de última hora!

Não soube exatamente quando passou a se sentir bem ao lado de Naruto, quando começou a gostar da presença dele e ficar esperando pelas saídas juntos ou qualquer outro pequeno momento que pudesse partilhar com ele. Não. Sabia sim. Sabia exatamente quando sua mente entendeu o que as batidas aceleradas do seu coração significavam.

Naruto namorava na época. Ah, sim... Qual era o nome daquele estudante de direito metido a juiz? Sasuke! Ah, sim... Naruto namorava Sasuke naquela época e era perdidamente apaixonado por ele. E esse era o problema. Sasuke também amava Naruto, na mesma intensidade, ou mais, não sabia afirmar. Mas Sasuke era orgulhoso demais para entender a parte de Naruto que Gaara agora entendia, para suportar o que ele suportava, para se apaixonar não só pelo médico como pelo monstro.

Gaara havia se apaixonado enquanto eles namoravam ainda. Apenas a própria índole o fez não tentar se aproximar mais do amigo do que deveria.

− Você está quieto demais hoje – Naruto comentou pensativo, sentando-se ao lado de Gaara no sofá em uma tarde qualquer – O que houve?

− Nada.

E não era mentira. Ele só estava pensando, reflexivo. Queria entender o porquê não conseguia se sentir confortável ao lado do amigo que mantinha insistentemente os olhos em si.

− Gaara? – ele chamou, tocando o seu rosto e o obrigando a olhá-lo. – Está com problemas? Posso ajudar, sabe disso, não?

Aquele toque. Algo tão bobo e piegas, mas havia sido aquele toque no rosto, aquele olhar preocupado, aqueles olhos azuis o olhando intensamente, aquela vontade quase irresistível de se aproximar e tomar os lábios de Naruto para si, fora tudo aquilo que o fizera se perceber apaixonado.

Não foi muito depois que Naruto chegou em sua casa com uma garrafa de uma bebida qualquer. Sasuke terminara o namoro de três ou quatro anos.

− Vou precisar que seja minha babá, calouro – Naruto avisou com um riso amargo, virando a garrafa diretamente contra os lábios – Me vigia ou bebe comigo?

Não bebeu. Não podia. Se bebesse, sabia que não sairia nada bom daquela noite. Deixou Naruto beber sozinho, assistiu àquela cena melancólica em que ele ria sem humor, amargo, xingando Sasuke sem entender o motivo do término, virando a garrafa e bebendo cada vez goles mais longos. O choro foi silencioso. Doeu ver as lágrimas caírem lentamente pela face de Naruto. Entretanto, aguentou. Ajudou aquele idiota bêbado a subir as escadas e deitar na cama e, depois, não conseguiu sair do quarto... Sentou-se no chão, olhando para Naruto sem conseguir não se sentir mal pelo coração acelerado batendo contente por ver uma mínima possibilidade de aproximação.

Lembrava-se perfeitamente quando tinha enfim conseguido...

Os lábios de Naruto eram agridoces. Doces no começo, embriagadamente amargos dependendo do dia. Descobriu isso sem querer, ou melhor, por acidente já que querer ele queria.

Ainda estavam na faculdade, Gaara tinha um trabalho monstruoso para entregar no dia seguinte e Naruto, por partilhar do ódio contra o professor daquela matéria, resolvera o ajudar. Lotes de energéticos rolavam pelo chão, papéis, réguas e lápis se encontravam pela mesa quadrada na qual Gaara se debruçava compenetrado. Naruto estava sentado na sua frente, calculando as medidas do projeto e suspirou mais fundo quando o relógio bateu duas da manhã. Gaara ergueu o corpo, espreguiçando-se, e passou a mão pelo rosto decidindo se levantar e pegar mais café. Naruto o seguiu para a cozinha, rindo de algo idiota que ele mesmo havia dito.

Gaara suspirou cansado, olhando para a xícara em suas mãos. Seu corpo doía pelas horas gastas em cima do trabalho, a vista estava embaçada, e a mente, pior ainda. Ouviu os passos de Naruto, e seu corpo relaxou inconscientemente quando a mão quente tocou seu rosto, acariciando sua bochecha como comumente Naruto pegara a mania de fazer.

Fechou os olhos entregue. Ah, qual é? Estava fisicamente exausto, precisava descansar a mente e o corpo e, ainda por cima, estava justamente com a pessoa pela qual era apaixonado! Óbvio que fraquejaria, óbvio que, por um momento, se esqueceu de que não deveria deixar Naruto saber o que sentia. Mas como faria isso com ele tão perto em um momento como aquele?

Quando se deu conta da situação, abriu os olhos e corou, querendo se recompor, porém Naruto lhe sorria de forma carinhosa, descendo a mão de seu rosto para sua nuca, brincando com os fios ruivos à medida que se aproximava e prensava seu corpo contra a pia. Prendeu a respiração sem perceber e arfou quando os lábios de Naruto tocaram os seus com extrema leveza.

Naruto mordeu seu lábio inferior e voltou a beijá-lo, passando a língua por seus lábios em um pedido para que abrisse a boca. Fez as línguas se tocarem hesitantes, procurando conhecer, explorar as bocas um do outro. Quente. A boca de Naruto era quente e parecia acolhê-lo de forma cativante, com os lábios macios e o gosto da bala que antes comiam para se manterem acordados. Ele arranhou sua nuca e apertou sua cintura, passando a mão por suas costas e arrancando-lhe um suspiro. E foi então que percebeu o que acontecia.

Gaara apertou o corpo de Naruto, levando uma das mãos ao cabelo loiro e aprofundando o beijo à sua forma. A lentidão morreu, a hesitação também e não demorou para Naruto estar sentado sobre a bancada, com Gaara entre suas pernas beijando-o enquanto as mãos entravam por sob sua blusa e a arrancavam.

Quanto tempo para o quarto? Pouquíssimo. Nem se lembrava. Não importava, não tinha como se importar enquanto Naruto gemia sob o seu corpo, chamando o seu nome a cada investida que recebia. Enterrou-se nele; seus lábios sempre ansiosos pelo gosto de Naruto, suas mãos desesperadas pelo calor daquele corpo, o suor daquela pele, seus olhos perdidos na luxúria dos de Naruto. Amou-o.

Esperou por Naruto no dia seguinte. Gaara era direto, prático, queria resolver aquela situação o quanto antes, mas ele não apareceu. Demorou uma semana para o maldito tocar a campainha às três da manhã.

Gaara abriu a porta e cruzou os braços sem deixar o outro entrar. Naruto coçou a nuca, o sorriso sem graça evidenciando a culpa, mas havia mais... Era um olhar de culpa, dor e desespero, e foi por não o entender que Gaara suspirou e descruzou os braços.

− Sabe que horas são? – Gaara perguntou cansado.

− Achei que precisássemos conversar.

− Às três da manhã? – Gaara ironizou, abrindo espaço para que Naruto entrasse. – Está há uma semana atrasado.

Naruto franziu o cenho, olhando-o em dúvida.

− Tudo isso? Nossa – ele riu sem jeito. – Já deu tempo para você me esquecer?

Gaara o olhou indiferente. Naruto o encarava nos olhos, sem hesitação, mordendo o lábio, impaciente. Gaara permaneceu quieto, orgulhoso, contudo suspirou derrotado quando Naruto olhou para baixo envergonhado, pronto para abrir a boca e recuando um passo.

− Você é um imbecil – ditou resignado – Não acredito que me acordou à essa hora em um sábado. Durma. Mais tarde conversamos.

− Gaara... – Naruto ergueu a cabeça e segurou o braço do amigo que já lhe dava as costas e ouviu-o respirar fundo antes de se virar e se aproximar.

Gaara segurou o queixo de Naruto entre os dedos e capturou-lhe os lábios. Encostou a testa na dele, mantendo as bocas próximas, observando o sorriso singelo que surgia no rosto de Naruto.

− Vem, vamos dormir – pronunciou-se, segurando a mão de Naruto e se dirigindo para o quarto.

Deitou-se com Naruto entre seus braços, o rosto dele na curva do seu pescoço, o calor fundindo-se ao seu. Um hábito que se tornou comum depois disso e que se repetiu noite após noite, com frequência ainda maior depois de Gaara aceitar morar com Naruto na casa que ele herdara dos falecidos pais.

Uma das coisas que Gaara percebeu após começar a morar com Naruto foi que ele sempre sumia durante uma semana a cada mês. E como ele sempre voltava dessa semana sorrindo forçado e com os olhos transbordando culpa e dor. O que não bastaria para o impedir de cobrar uma justificativa! Naruto nunca o respondia, e isso apenas deixava Gaara mais e mais fora de si.

Aturou por seis meses quando a primeira grande discussão aconteceu. O espelho quebrado foi a única marca da briga, resultado de um soco de Gaara para evitar bater em Naruto. Os olhos verdes queimavam em ódio e desconfiança ao deixar a casa e foi dessa forma que encontrou Sasuke em um bar qualquer.

Ele bebia em uma mesa, conversando com alguém que Gaara não conhecia, mas que devia ser íntimo pelo modo como se debruçava sobre ele para falar algo e tirar um riso discreto de Sasuke. Gaara ignorou a educação e o bom senso ao andar até eles, puxar uma cadeira e se sentar sem ser convidado.

− Qual é o problema de Naruto? – cuspiu, servindo-se de uma dose de sakê e virando rapidamente contra os lábios.

Sasuke piscou confuso e se endireitou na cadeira, desviando os olhos.

− Pode nos deixar um minuto, Neji? – perguntou baixo a contragosto.

Gaara viu o estranho assentir e se levantar, tocando o ombro de Sasuke antes de se afastar.

− Está com Naruto?

− Sim. Há seis meses e não sei se por muito mais tempo se ele continuar sumindo todo mês.

− Sumindo... – Sasuke repetiu com olhar melancólico. – É... Aquele Dobe some mesmo todo mês...

− Foi por isso que o deixou?

− É – Sasuke pareceu pensar. – Pode-se dizer que sim.

− Por que ele some?

Sasuke retesou o corpo e olhou diretamente nos olhos verdes de Gaara. Mágoa. Podia ver apenas mágoa naqueles olhos, e isso lhe dizia que Gaara não sabia nada sobre a verdade.

− Ele some para evitar que você faça o mesmo que eu, para evitar que você não aguente saber quem ele é e o deixe.

Gaara balançou a cabeça em nervosismo, passando a mão pelos cabelos e virando mais uma dose de sakê.

− Explique – mandou vendo Sasuke negar – Eu tenho direito de saber!

− Eu sei que sim... – Sasuke suspirou – Mas não quero que saiba. Não quero que o deixe. Acredite, ele não está te traindo, não está fazendo nada disso; ele está te protegendo. Aceite e fique com ele. ..

A voz dolorida e os olhos baixos indicaram algo que Gaara realmente não sabia sobre Sasuke.

− Você ainda o ama...

− É claro que amo – Sasuke riu ácido.

− Então... por quê? – Gaara perguntou atônito.

− Porque a parte que ele está escondendo de você me assusta. Não... Ela me deixa em pânico, desesperado, quebrado – engoliu em seco – Agradeça por não saber do que estou falando. Acredite em mim, é mais... saudável ser ignorante. Eu queria aguentar, queria ter continuado com ele sem sentir medo, mas não dava...

− Do jeito que está falando parece que ele iria te matar – Gaara comentou sem entender.

− É complicado. Peça para ele não sumir, diga que não se importa seja lá o que ele esconde. Se, mesmo assim, ele desaparecer, eu te passo o endereço onde ele vai estar. Só não o confronte... Veja e caia fora do lugar sem que ele te veja. Ele não pode saber de você, entendeu?

A forma quase desesperada com que Sasuke falou fez até parecer um apelo. Gaara concordou embora tivesse mais dúvidas do que respostas ao se levantar e deixar o bar. Não voltou cedo para casa. Demorou muito... Era madrugada quando virou a chave na fechadura e acendeu a luz da sala. Suas defesas caíram, assim que viu Naruto sentado no sofá, abraçando os joelhos e de cabeça baixa. Havia duas garrafas no chão, e os olhos vermelhos de Naruto denunciavam que ele havia chorado.

Sentou-se ao lado dele sem falar nada e o fez soltar as próprias pernas para que então pudesse se sentar no colo dele, encostando as testas e acariciando os fios loiros.

− Gaara... – Naruto começou a dizer, apertando a cintura do outro como se temesse que, se ele se levantasse, não voltasse mais.

− Desculpe pelo espelho. Está tudo bem, apenas esqueça o que eu disse.

Naruto mordeu o lábio, acenando em concordância e deixando Gaara beijá-lo, movendo-se sobre seu colo de forma provocativa. Gaara suspirou rente à sua boca, desviando os lábios para seu rosto e depois para o pescoço, distribuindo beijos lentos e excitantes, sugando a pele e arrastando os dentes por ela como sabia que Naruto gostava.

As mãos já haviam entrado pela camisa de Naruto, retirando-a e aproveitando-se para se deliciar com a visão do peitoral definido que o namorado possuía. Retirou a sua própria, gemendo com o contato das peles, apreciando o calor que vinha da de Naruto e fundia-se ao seu em uma combinação tão atípica.

Arrepios percorreram seu corpo quando as mãos dele passaram pela linha de sua coluna, e os dedos se enroscaram nos fios ruivos. Seu membro endurecia por sob a calça, enrijecendo enquanto rebolava ainda mais para poder ouvir os gemidos baixos de Naruto.

Beijou-o com luxúria, segurando-lhe o rosto enquanto sua bunda era apertada com força. Não soube dizer em quanto tempo abriu a calça de Naruto ou quando tocou a ereção e passou a massageá-la. Era tão delicioso ouvir Naruto gemer com aquilo, jogando a cabeça para trás, mordendo o lábio inferior, tremendo sob seu toque.

Desceu do colo dele, ajoelhando-se no chão rapidamente para poder passar a língua pela extensão do membro. Naruto o ajudou a terminar de retirar a própria calça e tentou segurar os fios ruivos para poder, enfim, enfiar-se nos lábios finos.

Gaara riu, salivando antes de contornar a glande com a ponta de língua e suga-la com lentidão.

− Não enrola... Por favor, hoje não... Eu preciso de você – Naruto choramingou.

A voz tão embalada em desejo, tão carregada de necessidade, tão sofrida que Gaara riu ao descer os lábios pelo comprimento e chupá-lo com vigor.

Naruto se remexeu no sofá, gemendo sem se conter, abrindo as pernas e sentindo as lágrimas se acumularem nos olhos e o desejo na pélvis. Levou as mãos aos cabelos ruivos sem saber se os puxava ou guiava Gaara ou então apenas se segurava. O barulho da sucção causava arrepios em seu corpo, os olhos verdes o fascinavam, sem deixar que desviasse os seus e, assim, se perdesse intensamente nas sensações que o dominavam.

Gaara gemeu ao sentir o gozo derramar-se em sua língua, derramar-se e preencher sua boca, manchar seus lábios. Parte caiu, parte engoliu, parte deixou sobre seus dedos, deslizando-os pelos testículos e indo ao ânus, circundando-o.

− Gaara – Naruto arfou – Vai logo, por favor!

Dois dedos deslizaram pela entrada de Naruto, fazendo-o arquear as costas e fechar os olhos com força. Gaara passou a língua pelos lábios, deliciado pela forma como Naruto conseguia ser tão lindo naquela posição que julgaria constrangedora. Ouviu o gemido lânguido, aquele mais alto que indicava seu alvo fora atingido.

Trocou um sorriso pervertido com Naruto antes de vê-lo se ajeitar no sofá, ajoelhando-se de costas para si, apoiando-se nas costas do sofá enquanto empinava o quadril em sua direção. Queria dizer que não pensara nas consequências, mas as sabia de cor. Foi por puro egoísmo que se enterrou em Naruto sem continuar antes com a preparação.

Ambos os gemidos eram de prazer; os corpos fluíam como se dançassem exatamente a mesma música, o mesmo ritmo. Naruto inclinou-se mais, Gaara o segurou pelos quadris, forçando-se contra o corpo do namorado cada vez mais rápido, mais forte, mais fundo, mais... desesperado.

Intenso. Nada menos que isso. Poucas eram as vezes que gozavam juntos, mas aquela em específico fora a mais intensa. A pressão do canal envolta de seu membro, os gemidos, o suor, o cheiro de sexo, tudo, tudo, tudo contribuía para que gozasse de forma extremamente prazerosa, sentindo Naruto derramar-se em sua mão enquanto gritava.

Amaram-se. Tinham se amado intensamente e, apesar disso, não estava tudo bem. Gaara sabia disso ao enviar uma mensagem para Sasuke enquanto Naruto dormia ao seu lado. Pesquisou rapidamente o endereço recebido e mudou a senha do celular antes de voltar para a cama. Abraçou Naruto, beijando o ombro dele enquanto rezava para não descobrir nada demais, para não ter o que descobrir, para Sasuke ser um imbecil mentiroso. Remoeu tudo isso durante um mês. Esperou, planejou e se sentiu um filho da puta ao colocar a blusa com capuz e subir na moto em direção ao local que Sasuke indicara. Naruto havia sumido há dois dias. Dois dias. Exatamente o tempo que Sasuke pediu para que Gaara esperasse antes de ir ao local à noite; precisava ser a noite pelas palavras de Sasuke. Era um galpão abandonado. Dava para ouvir a música a metros de distância.

Os carros estacionados, as vozes aglomeradas, as risadas, o cheiro de álcool, suor e maconha, talvez, era forte. Não parecia o tipo de lugar que encontraria Naruto. O galpão estava aberto a quem quisesse, não foi difícil entrar entre a multidão. Não conhecia aquela gente, não eram da faculdade, nem da sua turma nem da de Naruto, então quem eram? Não importava, precisava achar Naruto e entender de vez aquela situação. Mas ali, no meio de tanta gente, como poderia encontrá-lo?

Sentiu mãos percorrerem seu corpo, apertando-o. Bufou tirando-as de si, ouvindo uma risada conhecida.

− Itachi? – Virou-se confuso, percebendo a surpresa do outro.

− O que? Mas... como... – Itachi resmungou sem entender – O que você está fazendo aqui? Você não deveria estar aqui!

Gaara franziu o cenho, estranhado o tom irritado de Itachi. Aliás, o que o irmão de Sasuke estava fazendo ali?

− Preciso te tirar daqui. – Itachi ditou sério, olhando para os lados antes de segurar o braço de Gaara e começar a arrastá-lo – Foi Sasuke, não foi? Ele que te contou. Eu vou matar aquele imbecil.

Gaara respirou fundo, parando de andar e se soltando bruscamente de Itachi. Por um momento, viu o olhar de súplica que ele lhe dirigia e ficou ainda mais curioso.

− Gaara, por favor, você precisa ir embora – Itachi explicou (ou pediu?) calmamente, como se falasse com uma criança.

A resposta que Gaara daria morreu ainda em pensamento ao ouvir o nome de Itachi ser chamado. Estreitou os olhos ao ver Naruto rir, virando uma garrafa contra os lábios para depois oferecê-la a Itachi. Ainda não havia sido visto, era como se Naruto nem o tivesse notado ali, e Itachi parecia desesperado para impedir que isso ocorresse. A raiva fez seu sangue ferver, o ciúmes então só piorou a situação e o fez dar um passo à frente e tomar a garrafa das mãos de Naruto, tacando-a no chão.

Itachi fechou os olhos, derrotado.

Gaara encarou Naruto.

Naruto... Naruto parecia olhar Gaara, irritado, porém, de repente, uma certa dúvida o fez observar Gaara melhor, aproximando-se para retirar o capuz que o impedia de ver a face perfeitamente. Subitamente, Gaara o viu passar de surpreso para interessado. A feição indicando que ele começava a entender algo antes de um sorriso de canto passar a adornar os lábios.

− Estava o escondendo de mim, Itachi? – Naruto perguntou baixo, um tom de voz perigoso pairando no ar.

Os olhos azuis brilharam maliciosamente enquanto Itachi desviava o rosto. Gaara não entendeu, mas sentiu a atmosfera mudar completamente. Viu Naruto se aproximar, sorrindo abertamente, deslizando os dedos pela sua face como se o analisasse.

− Venha, Gaara – Ele passou os braços por seu pescoço, roubando-lhe um selinho – Acho que quer conversar, não?

Gaara olhou para Itachi atrás de Naruto, mas o Uchiha manteve a cabeça baixa, sem encará-lo. Naruto riu em seu pescoço, enrolando entre seus dedos algumas mechas do cabelo ruivo. Gaara o empurrou sem violência, dando as costas para aquela multidão e se encaminhando à saída. Sabia que Naruto o seguiria, portanto não olhou para trás antes de pisar do lado de fora do galpão. Naruto vinha calmamente em sua direção. As mãos no bolso, os olhos presos no céu enquanto cantarolava a melodia da música que antes tocava. Gaara queria gritar, quis segurar Naruto pelos ombros e gritar as perguntas presas na garganta! Então era aquilo? Ele sumiu para simplesmente se divertir com os amigos? Que merda era aquela?

− Você está irritado – Naruto sorriu de canto. – Não posso te deixar dirigir assim.

− E você, bêbado – Gaara respondeu irritado, tomando as chaves da mão de Naruto.

Naruto riu, abraçando as costas de Gaara quando ele se virou para olha o estacionamento.

− Se eu não tenho carro, que chaves são essas que tomou de mim? – perguntou cínico, pegando as chaves rapidamente, balançando a cabeça divertido. Gaara segurou-lhe o braço com força, puxando-o com violência.

− Não brinque comigo.

− Brincar? − Naruto piscou com falsa inocência – Não, não começamos a brincar ainda, Gaara – ele falou lentamente, passando a língua nos lábios e colando mais os corpos. – A moto está logo ali, e o apartamento a dez minutos. Espere para conversarmos lá. Eu garanto responder e contar tudo. Ah, sim, vai ser ótimo fazer isso de novo.

Gaara o soltou, e Naruto riu, caminhando até a moto e subindo nela. Fez o mesmo com a sua, engolindo a vontade de perguntar desde quando Naruto possuía uma moto. A raiva o impediu de ver o velocímetro e se limitar a ir dentro do limite. O capacete não deixava sentir o vento cortar seu rosto. Nada o incomodava além da imagem de Naruto à frente, e só piorou quando na frente de um portão de um condomínio. Seguiu-o. Estacionaram no subsolo do prédio, e Gaara mordeu a língua para se manter paciente. Entrou no elevador quieto. Naruto apalpava os bolsos atrás das chaves do provável apartamento.

Aliás, agora era a primeira vez que podia analisar o namorado.

− Desde quando usa brinco? – tentou puxar assunto, mas Naruto o ignorava com um sorriso no rosto.

Observou-o ir até a porta do apartamento, deixando-a aberta para si.

− Devo admitir que você demorou mais que Sasuke para vir até mim – Naruto constatou, abrindo a geladeira e pegando uma garrafa d'água. – Sasuke surtou depois de um mês apenas, achava que estava sendo traído.

Gaara o viu beber um longo gole d'água e então andar pelo luxuoso apartamento até uma mesa ao canto da sala.

− Quem te contou? Ou você me seguiu? – Naruto perguntou servindo uma taça de vinho para si e se sentando no sofá branco.

Gaara olhou ao redor. O apartamento todo era monocromático, o que não era preto era branco e o que não era branco era preto. Sentou-se incomodado sem saber o motivo. Naruto não parecia preocupado ou culpado como deveria. Ele estava frio, girando o líquido dentro da taça antes de leva-la aos lábios e beber lentamente, sem tirar os olhos azuis sobre Gaara.

− Ninguém.

− Mentira – Naruto ficou sério, cruzando as pernas e apoiando o corpo no sofá – Não foi Itachi, isso eu sei porque ele tentou te tirar de lá, não é? Isso me deixa com Sasuke. Ele te contou.

− Não.

− Ah, relaxe – Naruto riu – Devo agradecer a ele. Sem o gatinho medroso, quanto tempo mais você demoraria para ir até o galpão?

Gaara arqueou a sobrancelha, cerrando os punhos. Naruto estava debochando de si? Havia sido enganado todo aquele tempo?

− Por que não se senta, Gaara? – apontou o sofá ao lado – Bebe vinho? Não, não, você bebe algo mais forte, não é? Infelizmente só terei vinho, mas garanto que a safra é boa.

O que fazer? Sua vontade era simplesmente estrangular Naruto, literalmente. Socá-lo, socá-lo, até que o rosto dele se desfigurasse sob seus punhos. Mas não. Não era mais tão violento aquele ponto. Naruto, ironicamente, havia mudado parte dessa sua característica e agora a atiçava! Seu sangue fervia. As mãos tremiam. O coração batia tão rápido que podia jurar que sua pressão cairia. A aliança na mão direita pesou, e foi impossível não a odiar. Olhou diretamente para Naruto e retirou o anel, depositando-o sobre a mesa de centro em frente ao sofá. Naruto riu.

− É sério isso? Terminar esse namoro é tudo o que vai fazer? Nenhum grito, ofensa ou descontrole? Senta logo, preciso te explicar a situação.

− E há o que explicar além do fato de ter me enganado?

Naruto suspirou e apontou para o sofá. Gaara o ignorou. O bom humor que via em Naruto sumiu. Assistiu-o trincar os dentes e tamborilar os dedos no braço do sofá antes de beber o último gole de vinho e apontar, com a taça, o sofá a sua frente.

− Senta. Agora – ele repetiu impaciente, visivelmente irritado. – Senta!

Gaara franziu o cenho ao vê-lo se levantar. Naruto gritava. Ele nunca havia gritado daquele modo nem adotado aquela postura agressiva! Mas quando a mão dele se fechou na gola de sua camisa... Foi a gota d'água. Nunca tinha brigado com Naruto. Nunca havia desferido um único tapa contra ele, mas não sentiu remorso algum ao socá-lo e vê-lo cambalear. Naruto o olhou com olhos arregalados, tocando o rosto quente e dolorido e rindo satisfeito.

− Ele vai ficar confuso quando ver esse roxo. – Naruto voltou a se sentar, como se a irritação anterior não existisse.

− Ele? – Gaara vacilou.

− Ah, agora está interessado, "Gaa-kun"? Que tal então pegar a porra dessa aliança e se sentar?

A curiosidade e o orgulho entraram em conflito, mas os pés já o levavam ao sofá oposto a Naruto.

− Você, pelo menos, parece mais inteligente que Sasuke. Tive que socar ele por uma hora antes de ele querer ouvir qualquer coisa – Naruto bufou – Agora, por onde eu começo...

− Que tal pela parte em que me diz o quanto se divertiu me enganando? – perguntou ácido.

− Ah, mas eu não me diverti. Digamos que não é comigo que você namora. Eu só soube de você hoje.

Gaara riu sem humor, mordendo o lábio, pronto para se levantar.

− Você namora parte de mim; a parte mais dominante do conjunto que se autodenomina "Naruto". Eu sou apenas uma outra manifestação desse conjunto que consegue se expressar de vez em quando.

− Dupla personalidade? Não tem uma desculpa melhor, Naruto? Ou vai me dizer agora que não se chama Naruto?

− Oh, não – Ele riu – Sou o Naruto. Sasuke me apelidou de "Kyubi" uma vez – ele disse pensativo. – Eu apareço quando vejo uma brecha, vou ao trabalho normalmente, porque é algo de que gosto, mas me permito sair com outras pessoas que não os amigos chatos que a outra parte já tem. Ele sabe quando vou aparecer e, quando me manifesto, já estou nesse apartamento. Acho que ele queria te esconder de mim, porque, imagino, que causei o término dele com o Sasuke – debochou com um sorriso de canto.

− Deixa eu ver se entendi – Gaara cruzou os braços – Naruto tem duas personalidades: a que eu conheço e você. Quando ele vê que irá ceder o controle para você, ele se afasta e se isola.

− Exato – Sorriu, ignorando o tom irritado e descrente de Gaara. – Eu só tenho acesso as memórias dele quando vejo a pessoa as quais elas se referem. Só soube das memórias que envolvem você porque te vi no galpão.

− Prove.

Naruto revirou os olhos, pegando o celular e discando rapidamente antes de passar para Gaara.

− Confia em Sasuke? Ótimo. Pergunte para ele então "quem é Kyubi". Confesso que adoraria ver a reação dele...

Gaara o olhou desconfiado, sentindo a crueldade nas últimas palavras.

− Alô?

− Sasuke?

− Gaara, onde você está? Itachi me ligou, e eu não entendi. Espera, esse celular...

− Sasuke, quem é Kyubi? – Gaara perguntou sem paciência – Sasuke?

− Onde você está? – A voz de Sasuke estava séria – Gaara, ele está aí, não é? Você apareceu para ele! Deixou ele te ver, não foi? Saia daí agora! Você precisa sair! Ele lembrou de você? Vocês conversaram? Não importa, saia da onde está e vá para casa! Ele não é o Naruto, saia de perto dele por favor.

Gaara engoliu em seco. Era verdade? Aquele não era mesmo Naruto? Como não?

Naruto riu, sentando-se ao lado de Gaara e tomando o celular de suas mãos sem aviso.

− Olá, Sasuke. Você partiu meu coração indo embora tão de repente, gatinho. Itachi me disse que você me quer longe. Ah, calma, não grite. Parece que Naruto tem um namoradinho, e você sabe que não posso ficar estragando os relacionamentos dele saindo com outros. Ah, sim, obrigado por passar o endereço para Gaara me poupou muito tempo de espera. Alô? Alô? – Naruto ergueu as sobrancelhas − Ele desligou. Que pena.

Gaara fechou os olhos, levando as mãos à cabeça e tentando absorver tudo aquilo.

− Acredita em mim, agora? – Naruto respirou fundo, entediado – Não é tão ruim. Quer dizer, poderia ser pior. É claro que fiquei com algumas outras pessoas, mas a culpa não é minha, não tinha como saber que a outra parte estava comprometida. Vê? – ele mostrou a mão direita em deboche – O filho da puta até tirou a aliança para que eu não descobrisse sobre você.

− Quanto tempo? − Gaara sussurrou − Quanto tempo para ele voltar?

Naruto estalou a língua no céu da boca e se levantou. Caminhou até a mesa ao canto e encheu a taça novamente.

− Eu ainda devo ter quatro ou cinco dias. Por quê? Não vai me fazer companhia?

Gaara ignorou a ironia e se levantou, caminhando de cabeça baixa até a porta, apertando a aliança na mão com força.

− Até mês que vem, "Gaa-kun".

Foi difícil esperar o fim da semana para poder ver Naruto novamente. Gaara contou os dias, agonizando em silêncio enquanto analisava os novos fatos. Sentia como se tivesse sido enganado o tempo todo, feito de trouxa, mas, ao mesmo tempo, não conseguia não pensar que Naruto deveria ter motivos para esconder aquilo dele.

Ouviu a campainha antes que a semana terminasse e abriu a porta, temendo que fosse Naruto. Ainda não estava pronto para conversar com ele. Felizmente, viu Sasuke parado no meio da chuva, ensopado, entrando rapidamente na casa enquanto passava as mãos pelo cabelo molhado.

− Você está bem? Ele te fez alguma coisa? – Sasuke perguntou afoito.

− O que faz aqui?

− Naruto não sabe. Ouviu? – perguntou com certa urgência na voz – Naruto não sabe o que o outro faz, não sabe como ele é, sabe apenas que ele existe! Prometa que não contará. Prometa, Gaara! Naruto não tem acesso às memórias de Kyubi, então ele não sabe e nem pode saber! Me prometa isso! Ele imagina que Kyubi possa fazer loucuras, mas não a gravidade delas, por isso ele não quis que você soubesse! Gaara, você tem que me prometer que não vai contar nada. Nada!

O tom, as palavras, o modo como Sasuke o olhava enquanto andava de um lado para o outro, inquieto e desesperado, tudo fez com que Gaara assentisse mesmo sem entender muita coisa. Então, quando Naruto enfim regressou à casa, tudo o que Gaara fez foi esperar no quarto.

Naruto parou encostado no batente da porta, olhando para Gaara de forma culpada e cansada. Os olhos azuis estavam úmidos, a mão pousada sobre a outra que continha a aliança.

Gaara se arrastou até o outro. Passos pesados e contados. Passou a mão pelo pescoço dele, contornando-o e puxando Naruto pela nuca para um abraço. Nunca o abraçou tão forte quanto naquele momento. Nunca ficou tão feliz de sentir os braços de Naruto o apertarem com tanta urgência, como se fosse o último, como se aquilo fosse a resposta, a salvação, para todos os problemas.

− Eu já sei. Sasuke me contou. Está tudo bem. Eu te amo.

Quatro frases. Um resumo de tudo. E só quatro frases. Aquilo era o suficiente para si, e para Naruto pareceu bastar embora os soluços tenham aparecido e pedidos de “desculpa” tenham sido ditos.

Foi inevitável não estranhar Naruto naquela semana. Olhava-o buscando a outra personalidade, analisando-o, tentando ver algo que antes não tinha notado no namorado. Contudo Naruto era o mesmo Naruto pelo qual se apaixonara, sem o deboche, sem a ironia, sem a maldade peculiar que Gaara vira nos olhos de “Kyubi”.

A curiosidade aflorava conforme os dias passavam e o novo mês se aproximava. Estava impaciente, no mínimo. Queria entender melhor Naruto para ajudá-lo! E, para isso, precisava entender a outra personalidade tão bem quanto entendia a dominante.

Foi com esse pensamento que tocou a campainha do apartamento de Kyubi quando Naruto sumiu sem o avisar. A porta abriu-se lentamente, a figura de Naruto apareceu vestida apenas com uma calça e o rosto cansado pelo sono. O sorriso travesso deixou claro que Gaara estava mesmo diante de Kyubi, não havia dúvidas.

− E não é que você veio mesmo?

O modo como ele falava era diferente de Naruto. As palavras saíam lentas e escorregadias pelos lábios, uma música melodiosa e envolvente, era uma certa sensualidade com toques de diversão.

− Se entrar, vai ter que ficar a semana toda comigo – Naruto disse, aproximando-se e levando a mão aos botões da camisa de Gaara – A semana toda. Não vou te deixar sair desse apartamento nem que você implore por isso.

Aceitar aquelas condições estúpidas foi o primeiro grande erro que cometeu. Tudo havia começado bem ali. Todo o drama, todo o vício, toda a maldição que era sua vida havia começado quando entrou no apartamento e ouviu Kyubi trancar a porta, escondendo muito bem a chave depois.

O primeiro dia foi um inferno. Aguentou as piadas, os comentários, o sarcasmo de Naruto. E tudo quieto. Entendeu, antes de tudo, que Kyubi era, no mínimo, arrogante, gostava de sentir-se superior. O segundo dia foi o pior...

Não sabia o que tinha causado o mau humor do outro, mas o sentia. Cada olhar atravessado, cada resposta cortada. Viu-o acender um cigarro e caminhar até a sacada, tragando profundamente o cigarro para então fechar os olhos e soltar a fumava lentamente. Ele não o olhava, estava perdido, apoiado na beirada, olhando o maldito céu acinzentado e observando os relâmpagos que indicavam a tempestade que viria.

Não era Naruto. Não era Naruto. Gaara repetia essa frase insistentemente em uma tentativa de não se preocupar, mas era em vão. Era a imagem de Naruto diante de si, e isso tornava difícil se conter. Levantou-se e caminhou até a sacada, passando a mão pelas costas de Kyubi e perguntando:

− Você está bem?

Como resposta, uma risada ácida, uma tragada mais profunda no cigarro. Não entendeu quando ele sorriu de repente, passando os olhos por si e se aproximando para soltar a fumaça perto de seu rosto.

Kyubi deu um passo à frente, fazendo Gaara recuar sem outra escolha. Gaara não gostou de sentir a grade da sacada em suas costas. Olhou instintivamente para trás, percebendo o quão alto o apartamento era e engolindo em seco quando o corpo vibrou ao ter o de Naruto tão próximo.

O cheiro de cigarro era horrível, mas, com o perfume de Naruto, até que dava uma boa combinação. A malícia nos olhos azuis deixava claro o que ele queria. Abriu a boca para reclamar da proximidade, e Naruto soprou lentamente a fumaça contra si.

Tossiu, sentindo a garganta secar e arder. Mas nada disso parecia ter abalado Naruto que apenas sorria, colocando ainda mais os corpos.

Quando Gaara se recompôs, com os olhos vermelhos e a paciência curta, Naruto o beijou.

Violento. Muito violento. A boca de Naruto se movia contra a sua bruscamente, cortando seus lábios e deixando que o gosto de cigarro se misturasse ao do sangue. Quis empurrá-lo, mas o medo de cair da sacada foi maior, obrigando-o a manter as mãos na beirada, segurando-as com força enquanto sua boca era violada.

Não pode dizer que não gostou porque, ainda assim, eram os lábios de Naruto, o gosto dele, mas havia algo diferente no toque, no clima que se estabelecia.

Há quanto tempo não tocava Naruto? Há quanto tempo os problemas haviam se acumulado tanto a ponto de não conseguir mais tempo para uma noite de sexo com o próprio namorado?

Queria se convencer que foi esse o motivo pelo qual correspondeu o beijo, pelo qual suas mãos largaram a beirada da sacada e se afundaram nos fios loiros enquanto sua língua tocava a de Naruto.

Sentiu-se quente. Um arrepio percorrendo a nuca, as costas, o baixo ventre e excitando-o. As mãos de Naruto entraram sob sua blusa, arranhando a pele com força enquanto o puxava para longe da sacada e o empurrava contra a parede.

As semi ereções se chocaram, esfregando-se uma na outra em busca de prazer. A mão de Naruto puxou o cabelo de Gaara com força enquanto a boca descia ao pescoço, mordendo e lambendo a região, ouvindo Gaara suspirar e gemer de dor.

A dor o trouxe à realidade. Gaara abriu os olhos e espalmou as mãos no peito de Naruto, empurrando-o.

− Chega! Você não é Naruto, não vou fazer isso! – decidiu, falando alto, respirando rapidamente, afoito e confuso.

Naruto riu, e o modo como ele riu fez Gaara estreitar o olhar e querer sair daquele apartamento.

− Você acha que tem escolha? Você realmente acha – ele perguntou se aproximando, passando a mão com delicadeza no rosto de Gaara antes de prender o queixo dele com força – Que tem escolha, “Gaa-kun”?

Gaara balançou a cabeça descrente, soltando-se de Naruto e... Nada. O empurrão que daria não foi dado. A resposta que gritaria não saiu. Nada foi feito porque Naruto o tinha socado com tanta força que agora estava no chão, zonzo, confuso enquanto ouvia os passos se distanciarem. Piscou algumas vezes tentando focalizar a visão.

Naruto encheu uma taça de vinho, bebendo-a rapidamente antes de estralar dois dedos de cada mão e voltar a andar para perto de Gaara.

O barulho do sapato contra o piso era tudo que Gaara conseguia compreender com exatidão. Deus, qual a força que Naruto tinha posto naquele soco? Ele queria mesmo derrubá-lo daquela forma?

O cabelo ruivo foi puxado para trás, obrigando Gaara a olhar diretamente para Naruto abaixado à sua frente com um sorriso jocoso.

− Como eu disse, você não tem escolha.

Arregalou os olhos ao sentir os lábios colarem-se aos seus novamente enquanto o corpo de Naruto debruçava-se contra o seu, deitando-o à força. Debateu-se, tentou acertar Naruto e retirá-lo de cima de si, mas o soco em seu abdômen o fez retorcer-se por tempo o suficiente para Naruto tirar a própria blusa e abrir o zíper da calça.

− Se você parar de lutar, pode até gostar, sabia? Afinal, eu ainda sou seu “Naruto”, não é mesmo? – ele riu.

A língua em seu pescoço, as mordidas fortes, o cheiro de sangue, tudo o fazia sentir ânsia. Gritou! Gritou enquanto tentava usar as pernas para se livrar do peso sobre seu corpo. A ereção de Naruto contra seu membro o fazia endurecer mesmo que não quisesse, mesmo que estivesse em pânico, mesmo que estivesse ciente de que aquilo nada mais seria do que um estupro.

As unhas o cortaram enquanto arrancavam sua blusa, e as mãos imobilizavam seus braços. A língua invadia sua boca e a explorava como se lhe pertencesse. Quis mordê-lo, quis machucá-lo, mas não conseguiu. Era Naruto afinal de contas. Era uma parte de Naruto, mas ainda assim era o corpo daquele que amava, daquele que respeitava, daquele a quem nunca faria mal.

Odiou-se. Odiou-o. Sentiu os olhos úmidos e o desespero entalar-se na garganta quando se percebeu nu diante do olhar predatório. A adrenalina subiu, o cérebro registrou tudo em câmera lenta e achou uma brecha. Doeu socar Naruto e se levantar correndo. Entrou em um dos quartos e fechou a porta, amaldiçoando a falta de chave na fechadura!

Respirou alarmado, usando o corpo para impedir que Naruto abrisse a porta. Seu coração batia forte, medroso, e as mãos tremiam sem saber exatamente o que fazer. Ouviu os passos do lado de fora da porta e, mesmo não conhecendo bem a outra personalidade de Naruto, podia apostar que ela sorria.

− Eu abriria a porta se fosse você...

A rouquidão fez Gaara abaixar a cabeça, sentindo cada parte do seu corpo se arrepiar e a repulsa crescer. Sentiu-se exposto, sentiu-se vulnerável! Olhou o quarto rapidamente à procura de algum objeto que pudesse usar em sua defesa. Não poderia bater em Naruto ou machucá-lo, só precisava mantê-lo afastado, longe até pegar a chave do apartamento e sair correndo dali.

− Vou contar até três antes de colocar essa porta abaixo, Gaa-kun... Acredite, amor, se eu tiver que a arrombar, as coisas ficarão piores para você. Um.

Gaara arregalou os olhos, posicionando-se melhor para segurar a porta.

− Dois.

O coração acelerou tanto, as mãos suaram e ficaram frias, o cérebro simplesmente o abandonou, cansado de tentar entender aquela loucura em que havia se metido.

− Ah, Gaara... Você vai se arrepender tanto, tanto, meu querido... Três.

O impacto fez a porta se abrir minimamente. Gaara a reteve no lugar, mordendo o lábio com força, sabendo que não aguentaria aquilo por muito tempo. Naruto chutava a porta sem se importar com o estrago. Gaara podia ouvir a respiração dele, os passos, tudo ficava registrado em sua mente contra sua vontade.

Soltou a porta quando viu que não aguentaria mais. Afastou-se rapidamente e colocou-se em posição de combate, pronto para se defender quando Naruto entrasse. E ele entrou. Depois de ter derrubado a porta, Naruto entrou passando a língua pelos lábios e batendo palmas.

Defendeu os primeiros golpes, mas logo percebeu o quanto aquela luta era injusta. Não queria machucar Naruto, não podia! Já Naruto... Ele realmente estava ali para derrubá-lo, não se importando com a gravidade dos ferimentos que causava ou se causava algum.

Gaara caiu. E Naruto não parou. Mesmo caído, Gaara sentiu os punhos se chocarem contra seu rosto duas ou três vezes antes dos dedos agarrarem seu cabelo e a língua percorrer sua face até o ouvido.

− Eu disse que você iria se arrepender, não disse?

E então aconteceu. A boca dele desceu pelo seu pescoço quando todas as outras partes de seu corpo estavam doloridas demais para reagir. As mãos se fecharam em sua carne, apertando cada parte sem pudor enquanto Naruto gemia e terminava de se livrar das próprias roupas. Os beijos pareciam queimar em sua pele, gravando na alma cada maldito lugar em que estava sendo tocado.

Tentou, em um último esforço, livrar-se da mão que apertou seu membro, estimulando-o. As lágrimas caíram por seu rosto sem que pudesse retê-las e a voz não encontrou barreiras para convergir em um grito de pura dor quando Naruto o penetrou sem qualquer preparação ou cuidado.

A cara de êxtase que ele exibia, o sorriso satisfeito, os gemidos deliciados, tudo enojava Gaara. Em certo momento, agradeceu ser virado de bruços e, assim, não ver mais o prazer estampado na face de quem tanto amava. Mordeu o lábio com força, recusando-se a gemer mesmo quando a próstata era atingida e seu corpo apreciava a onda de prazer. As unhas cravaram-se no piso de padeira, arranhando-o tamanha era a dor quando os movimentos se intensificaram, quando Naruto simplesmente se esqueceu de tudo a não ser do próprio gozo que em pouco tempo preencheu Gaara.

A boca de Naruto se arrastou pela coluna até a nuca de Gaara, beijando e mordendo a pele, deslizando a língua pela linha das costas enquanto se retirava do corpo dele apenas para então repetir tudo de novo e de novo e de novo e de novo até que estivesse de fato satisfeito e Gaara já tivesse desmaiado no chão.

A raiva e a dor mesclaram-se quando acordou no chão frio, ouvindo a risada de Naruto. Abriu os olhos. O corpo se recusou a obedecê-lo e se contraiu dolorosamente. Olhou para onde vinha o som da voz de Naruto e o identificou sentado na cama com o notebook em seu colo, comendo pizza, ignorando completamente sua presença.

Deveria fingir que estava dormindo? Precisava sair dali, mas sentia medo de respirar alto demais e atrair a atenção do outro. Céus, estava com medo de Naruto? Pera, estava mesmo com medo da pessoa que amava? Como? Como? Era Naruto, porra! Não podia o temer!

“Naruto não sabe”

As palavras de Sasuke vieram-lhe à mente. Então era àquilo que ele se referia. Naruto não se lembraria do lhe havia feito, de tê-lo batido e estuprado, daquela violência toda.

Seu sangue gelou ao ouvir o notebook sendo fechado. Soube, naquele momento, que havia sido descoberto e tudo o que lhe restou foi aguentar, aguentar até que aquela semana acabasse.

− Não minta para mim, amor – ouviu-o próximo – Sei ser bem pior do que ontem. Se mentir para mim, ou tentar novamente, saberá.

As mãos se fecharam em seu cabelo. Não podia andar, Kyubi não ligou, arrastou-o pelo cabelo mesmo pelo corredor até a sala. Estava drogado. Ah, sim, aquela fraqueza não podia ser somente pela surra contínua ou pela violação. Kyubi o havia sedado, e a ideia o apavorava menos do que o sorriso maligno que Naruto exibia ao estralar os dedos.

− Bem, amor, vamos começar a diversão...

Quantos Kyubi havia chamado para aquilo que ele chamou de “festa”? Três. Naquele dia, três pessoas o tocaram e fizeram o que quiseram consigo sob o olhar de Naruto que assistia à cena como se fosse um filme dos mais interessantes. E isso foi só o terceiro dia...

No sétimo, último dia, estranhou Kyubi morder o lábio, contrariado, enquanto chacoalhava o molho de chaves diante de seus olhos e dizia:

− Vou na frente. Dê um jeito em você antes de ir para casa ou ele estranhará. Ligue para Itachi. Ele sabe o que fazer.

Gaara viu seu celular ser colocado sobre o colchão da cama ao seu lado. Os olhos pesavam tanto, mas tanto, que era quase impossível os obrigar a ficar abertos. Sua mente estava tão confusa que quis chorar quando os lábios de Naruto se colaram aos seus naquilo que o maldito chamava de despedida. Com dificuldade, discou o número de Itachi, rezando para que ele atendesse tão breve quanto possível. Ouvir a voz do Uchiha foi a melhor coisa de sua semana e chorou ao perceber que não tinha voz para pedir ajudar.

Gaara? Alô?

Abriu a boca, tentando produzir algum som que não fossem gemidos de dor ou soluços humilhados. Felizmente, Itachi já conhecia aquela cena.

Por favor, me diz que você não passou a semana com ele, Gaara... Diz que você ouviu o Sasuke por mais idiota que ele seja, diz que o ouviu e não foi até Naruto nessa semana.

O aumento dos soluços foi resposta mais que suficiente para que Itachi desligasse o celular e pegasse as chaves do carro. Gaara nunca agradeceu tanto poder ver o Uchiha abrir a porta e se aproximar. Não ligou para sua nudez, não se importou com as lágrimas que lhe manchavam o rosto ou o sague que lhe cobria o corpo. Apenas deixou que Itachi e um amigo dele o levassem para o hospital onde seria devidamente tratado.

Sasuke apareceu pela manhã do dia seguinte no hospital. Precisou flertar com a enfermeira para que ela o deixasse ver Gaara, mas era preciso.

− Ele não é um monstro – afirmou, convicto, ao entrar no quarto e ver o estado em que Gaara estava – Não é ele o monstro, você entende isso, não entende?

Gaara não o olhou. Permaneceu com os olhos verdes presos ao teto enquanto fingia não sentir seu coração sangrar pelas lembranças que afloravam em sua mente.

− Agora sabe por que eu o deixei. Mais do que isso, agora sabe o por que eu o deixei mesmo o amando mais do que a mim mesmo.

Gaara fechou os olhos em claro sinal de que não queria ouvir nada sobre aquele assunto.

− Irá deixá-lo? – Sasuke perguntou quase sem voz – Ele já é ele mesmo... Já me ligou por não saber onde você está ou porque não atende o celular. Ele está preocupado, Gaara.

“E eu, quebrado”, pensou em responder.

− Por que você não terminou antes? − Gaara perguntou em um fio de voz. − Você soube no começo de tudo e, mesmo assim, ficou com ele por anos...

Sasuke fechou os olhos, como se se lembrasse de algo extremamente doloroso.

− Eu não conseguia me ver longe de Naruto e... − riu amargo − Não adiantava fugir. Kyubi me achava. Ele sempre me achava. Todo mês. Sempre. Teve duas vezes que consegui o evitar e, acredite, eu nunca me arrependi tanto... − fez-se silêncio − E também... Eu tinha esperança de que fosse acabar, de que Kyubi se entediasse, de que...

− Ele te amasse como Naruto amava − Gaara completou fechando os olhos.

Como Itachi havia feito para que ninguém do hospital lhe perguntasse nada, não sabia, mas era extremamente grato. Teve alta e saiu daquele maldito lugar antes que qualquer um dos dois Uchihas o viesse buscar. Como se precisasse de um babá!

Dirigiu-se para casa, para a casa que dividia com Naruto. A mão hesitou no bolso, apertando as chaves enquanto ele olhava para os lados, indeciso. Nunca caminhou tão lentamente para a porta da mansão, nunca subiu aquelas escadas como quem marcha para a forca, nunca abriu a porta do próprio quarto e sentiu ânsia por ver sua cama, a cama que dividia com Naruto noite após noite.

− Gaara, meu Deus, por onde você andou? – a voz de Naruto o fez se sobressaltar, virando-se rapidamente e recuando de forma inconsciente – Gaara? Você está bem?

A voz preocupada, os olhos azuis o encarando com tanto carinho e confusão que Gaara respirou fundo contendo o medo que sentia ao olhar para Naruto. Sorriu fraco, ou tentou, e apenas concordou. Cada passo para perto de Naruto doía, abria uma ferida, criava outra, não sabia dizer, apenas doía e, mesmo assim, chegou perto o suficiente para abraça-lo hesitantemente pela cintura, deitando a cabeça no ombro dele e suspirando profundamente quando os braços o envolveram, e Naruto depositou um beijo em sua testa.

Suas mãos seguraram o tecido da camisa de Naruto como se sua vida dependesse daquele conforto e chorou como queria, como podia, gritando e deixando tudo transbordar para que no mês seguinte pudesse ser enchido de novo porque, sim, diferente de Sasuke, Gaara amava Naruto mais do que a si próprio, amava a ponto de sacrificar a si mesmo para poder ficar com ele! Mesmo que lhe custasse semanas de sofrimento, mesmo que doesse, mesmo fosse quebrado em pedaços por Kyubi para então pedir para Naruto o ajudar a se reconstruir. Amava Naruto, e isso significava não contar, não o deixar saber... De quebrado, já bastava ele. Não faria aquilo com Naruto, sabia que ele não aguentaria saber o que fizera, tudo o que já fizera. Naruto quebraria, e Gaara temia não saber como o ajudar a se consertar.

Por isso, beijou-o mesmo que a ânsia o dominasse. Por isso, escondeu cada uma das marcas todo o mês. Por isso, aguentou, chorando em silêncio, cada vez que Kyubi o machucava. Por isso, mais uma vez, estava ali, sendo cuidado pelas empregadas que Kyubi havia contratado especialmente para não ter que correr consigo para o hospital toda vez que o batia, o estuprava ou o torturava como podia. Por isso, deixava que as mulheres o deitassem novamente na cama com (agora) lençóis limpos, sabendo que no dia seguinte Naruto, o seu Naruto, apareceria e que teria que sorrir como sempre, mentir como sempre, beijá-lo como sempre, conversar como sempre, sofrer para sempre...

25. Februar 2018 16:01 4 Bericht Einbetten Follow einer Story
14
Das Ende

Über den Autor

Alice Alamo 24 anos, escritora de tudo aquilo em que puder me arriscar <3

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Post!
Crazy Clara Crazy Clara
Eu me senti mal gostando da história e do final. Pobre Gaara. Mas tudo tão linod. Primeiro o desenvolvimento que deixa aquele gostinho de "me dá mais, por favor", e como não ficou nada corrido, tudo no tempo certo mesmo sendo um só capítulo. Agora sobre personalidades. Meu deus. Já até comentei, apaixonei por essa virada que nunca tinha visto, de ver um Naruto realmente mau. Não muito fulo ou como uma manobra para afastar pessoas. Realmente mau, fdp que dá vontade de socar. Amei e odiei esse cara. Nossa. Nossa nossa. Não sei de onde tirou essa ideia, mas estou apaixonadíssima. E é aquela: gostinho de quero mais esse final, mas parece que tentar dar mais estragaria. De qualquer forma, parabéns e muito obrigada por disponibilizar uma história tão bacana,
February 26, 2018, 22:15

  • Alice Alamo Alice Alamo
    Oii! A fic ficou grande e eu me preocupei um pouco com isso justamente porque era muita coisa para contar e eu não queria correr, mesmo que ficasse grande no final, sabe? Olha, são poucas fics em que vejo o Naruto mal, fato, mas às vezes é legal escrever rsrsrsrs. Muito obrigada pelo comentário! Fico feliz que tenha gostado (né? justo você que escreve meu Gaara amado tão bem) <3 March 02, 2018, 21:36
Pekena UzUc Pekena UzUc
Oi, eu nunca consegui comentar nessa one msm já tendo lido ela mais de 10 vzs kkk desculpa mais é que ela me deixa muito impactada e realmente me deixa sem saber o que falar sobre ela. Bem estou vindo hj comentar para mostrar que ainda estou te seguindo não importa pra onde seja ^^
February 26, 2018, 01:38

  • Alice Alamo Alice Alamo
    Você é uma pessoa linda <3 Muito obrigada pelo apoio. Essa oneshot é pesada mesmo, então eu entendo a hesitação rsrsrsrs Obrigada pelo review =) February 26, 2018, 01:41
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