alicealamo Alice Alamo

E no inverno cruel, Near entendeu que a derrota também podia ter um gosto tão doce quanto a vitória.


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#DeathNote #Mello/Near #Mello #Near #Yaoi
Kurzgeschichte
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Capítulo Único


Talvez fosse o chocolate, talvez este fosse mesmo o gosto natural dos lábios do outro, talvez estivesse apenas idealizando o momento como pouco fazia.

A verdade era que não se sentia bem com o ocorrido, e, por isso, seu cérebro esforçava-se para arrancar de si uma resposta lógica que explicasse toda a situação.

No dia, nevava. A janela da sala permitia que os flocos de neve fossem vistos pelos olhos negros. O parapeito já acumulava uma boa quantidade de gelo, reforçando a sensação de inverno.

Pobre parapeito... Os professores, a enfermeira, todos culpavam o parapeito pelo estado em que Mello se encontrava. Entretanto, Near sabia que não fora só isso. Fora o parapeito, os bonecos de neve, os anjinhos de neve, a guerra de neve, neve, neve, neve!

Ah, sim! Mello era fascinado pela neve e, assim que ela começara a cair do céu azul, ele correu para o pátio.

Near não... Permitiu-se apenas ficar diante da janela a observa a correria do pequeno demônio loiro. A velocidade a cada dia diminuía, tornando o pega-pega uma brincadeira fácil, os espirros o denunciavam no esconde-esconde, o chocolate arranhava sua garganta, e o rosto adquiria um tom rosado preocupante.

Para o espanto de todos, quando Mello caiu na neve ardendo em febre, e Matt corria para buscar ajuda, Near já se aproximava junto da enfermeira.

As meias brancas afundando desajeitadamente na neve, com pressa e sem precisão.

Matt o encarou confuso, mas murmurou um agradecimento a contragosto.

Mello não entendeu o que acontecia, não entendeu quando começou a se movimentar mesmo que tivesse certeza de não estar andando. Estaria voando? Sonhando?

Near seguia a enfermeira rapidamente, quase não conseguindo acompanhá-la. Viu o momento em que Mello suspirou mais profundamente, quando os lábios rosados e secos se entreabriram e o vapor da respiração tornou-se visível. Ele viu quando a cabeça tombou para trás, rendida, o corpo, fácil deduzir que amolecera, ainda mais quando a barra de chocolate deslizou pelos dedos gelados e chocou-se com o chão.

− Meu Deus! − ouviu a enfermeira exclamar.

Um dos monitores do orfanato se aproximou, tomou Mello nos braços e o carregou com mais facilidade.

Near não tinha como continuar a segui-los, crianças curiosas sobre o que estava acontecendo chegaram e se amontoavam a sua frente. Dirigiu-se à sala de brinquedos. Sua construção de dados estava lá. Sólida, inteira, de pé. E assim ficaria por um tempo sem Mello para a destruir. O que faria então? O que faria no dia seguinte se não teria uma fortaleza para reconstruir ou uma discussão para ouvir ou desafios para vencer ou por quem esperar à tarde?

Nada...

Pela primeira vez, notou que todo seu dia era programado em função do chocólatra.

Franziu levemente o cenho, desgostoso. Olhou mais uma vez para sua construção e sorriu discretamente ao chutá-la do jeito que Mello fazia.

Os dados foram caindo, espalhando-se pelo ar e depois rolando pelo chão. Seu castelo ruía assim como o resto do seu dia tedioso.

..............................

A cama estava quente e acolhedora, entretanto isso nunca havia sido razão suficiente para acabar com sua insônia.

Sentou-se e acendeu o abajur. A neve continuava a cair do lado de fora do quarto, agora com mais força do que antes. Mello ainda não havia sido liberado da enfermaria, e Near sabia, pela expressão das enfermeiras e a constante febre, que ele ainda demoraria no mínimo uns três dias para voltar a atormentá-lo... O que era ruim e terrivelmente tedioso.

Queria pelo menos se informar sobre o loiro, mas era impossível chegar à enfermaria sem que alguém o parasse ou começasse a interrogá-lo sobre o súbito interesse em Mello. Ah, e ainda tinha mais um problema! Matt.

Compreendia a amizade entre os dois, até a invejava, porém não sair do lado de Mello desde a hora que ele havia entrado era demais!! Roger já havia até ameaçado o ruivo, tiraria as visitas de L, proibiria o pátio. Mas tudo que Matt fez foi continuar jogando seu vídeo game ao lado da cama do enfermo.

Near ouviu quando o barulho do jogo passou por sua porta. Soube quando Matt enfim se retirara para o próprio quarto.

Mello então estava sozinho. Era isso que o incomodava e tirava seu sono. Bem... isso e a barra de chocolate em suas mãos.

Fazia anos que não comia chocolate. A última vez fora com Mello há muito tempo¹...

As mãos pequenas rasgaram a embalagem. Mordeu, comeu.

Como era saboroso, por várias razões ainda!

A primeira era que gostava de chocolate. Sempre gostou, contudo com Mello sendo chocólatra, mais forte, mais violento e muito mais egoísta, não dava para se materializar na cozinha e pegar uma das preciosas barras sem que alguns hematomas marcassem seu corpo.

A segunda razão era mais atrevida e mais fácil de ser entendida: aquele era o chocolate de Mello. Era o maldito chocolate que Mello comia quando vinha lhe atormentar, era o chocolate que derretia e sujava os dedos e os lábios de Mello, o chocolate pelo qual muitas crianças menores apanhavam quando tentavam roubá-lo. E era delicioso porque sabia que chamaria a atenção do rival por um novo motivo: estava enfim realmente o afrontando.

Comeu metade, os pés procuraram os chinelos sem pressa. Olhou o relógio e o ignorou. Dava para ouvir sua respiração graças ao silêncio dos corredores, sua pele se arrepiava com algum vento gelado que hora ou outra o surpreendia, mas nada disso foi capaz de fazê-lo querer voltar.

Exceto Mello. Exceto Mello dormindo de modo tão... sofrível.

Mello dormia com a respiração pesada. Dava para a ouvir da porta... A franja loira grudava-se à pele devido ao suor, tinha um pano branco sobre a testa, algo que o deixava parecendo ainda mais frágil.

Olhou para os lados incerto. Racionalmente, devia sair da sala e chamar a enfermeira. Porém... Quem era ela? Quem era ela, uma vez que não estava ali para conferir o estado de Mello? Para se certificar de que ele estava bem?

Deixou o chocolate ao lado da cama sobre a mesa. A pobre mesinha com chocolates e cartas denunciava que as crianças com certeza já haviam vindo visitar Mello. Tinha 100% de certeza de que Mello só agradeceria se Roger o obrigasse, que não leria as cartas e que comeria todos aqueles chocolates sozinho em dois dias.

Retirou o pano encharcado da testa dele, caminhou até o banheiro e o torceu. Lavou-o algumas vezes na pia antes de retornar para perto do loiro. Tirou-lhe o cabelo da testa antes de colocar o pano, achou o termômetro, colocou sob as axilas e... esperou.

Sentado na beirada da cama, não conseguiu simplesmente ficar indiferente. Seus olhos queriam examinar o doente, sua pele, seu rosto, os pequenos detalhes em que não prestava atenção no cotidiano. Sem perceber, mas sabendo sim a lógica explicação para o ato, as mãos de Mello estavam entre as suas. Segurou-as com cuidado, com carinho, sentindo o calor confortável que vinha delas, como eram macias e, principalmente, como seu coração pareceu despertar com o toque.

Aproximou vagarosamente seu rosto ao de Mello, colocou-lhe algumas mechas de cabelo atrás da orelha e contornou o formato do rosto com as pontas dos dedos. O nariz redondo, as maçãs do rosto, os lábios...

Não era covarde. Entendia o que queria fazer e o motivo. Não precisava ficar refletindo e refletindo... Pelo menos não na sua talvez única chance.

Encostou sua boca a de Mello. Sem pressão, com a sua delicadeza característica.

Mello tinha lábios quentes, ou talvez fosse a febre, não sabia. Sua única certeza foi que não queria se afastar, não queria perder aquela sensação que lhe envolvia o coração em um abraço terno.

O barulho do termômetro o fez se separar um tanto quanto assustado. Retirou-o, o rival estava com pouco mais de 38°.

Near se levantou, conferiu todas as janelas e tirou mais um cobertor do armário. Trouxe a cadeira um pouco mais para perto da cama e sentou-se. Seus dedos enrolaram algumas mechas de seu cabelo até que enfim ele percebesse que não era exatamente aquilo que queria fazer... Não com as suas...

Hesitante, manteve entre os dedos uma mecha do cabelo loiro, enrolou-o com cuidado para não acordar Mello e permitiu-se sorrir discretamente com o gesto bobo. Por um momento, quis que ele acordasse, que o visse ali sorrindo enquanto brincava com as finas madeixas. É... apenas por um momento, já que logo rebateu a ideia. Sua indiferença era que mantinha Mello interessado em si, não podia se arriscar a perder o rival, a perder o protagonista que encenava seu dia-a-dia.

Triste admitir que não era tão inteligente como se supunha. Se o fosse, não gostaria tanto de uma pessoa que, em grande parte do tempo, só o machucava e esforçava-se para feri-lo.

Riu de leve de sua sorte ao repousar a cabeça sobre o colchão ao lado do corpo de Mello. Continuou observando o rosto calmo do loiro enquanto o cheiro doce de chocolate e o silêncio o embalavam carinhosamente no sono.

...............................

Matt acordou cedo, mais cedo do que programara. Duvidava que a enfermeira, aquela velha ranzinza, já tivesse de pé! Conseguiria entrar na enfermaria sem que ninguém estivesse lá para barrar sua passagem.

Correu, tentando ao máximo ser silencioso. Claro que sem sucesso.

Os passos que martelavam o piso pararam na porta do destino. O sorriso deu lugar a uma expressão de puro deboche.

Mello não o tinha percebido, estava concentrado demais em outro alguém, mais especificamente na coisa quentinha que segurava sua mão e tinha a cabeça em suas coxas.

Havia acordado há poucos minutos e assustara-se a não conseguir mexer a mão. Foi quando o notou. Foi quando reparou que não estava sozinho, que Near dormia tranquilamente segurando sua mão.

Sentou-se sem movimentos bruscos, sentia-se melhor e sorriu com isso. Ajeitou a cabeça do rival em seu colo, aproveitando-se da proximidade para mergulhar os dedos na maciez do cabelo branco e ficar admirando surpreso o pequeno garoto.

Near o havia visitado.

Near não o deixara ali sozinho e, ainda por cima, dormira naquela enfermaria desagradável.

Ah, sim... Mello conseguira chamar sua atenção!! Conseguira fazê-lo se preocupar! Até mesmo conseguira ver uma expressão diferente da habitual máscara fria, uma vez que Near dormia tão sereno que era encantador ficar ali analisando a face infantil.

− Isso sim é inusitado demais para essa hora da manhã − Matt falou alto, atraindo a atenção de Mello.

Sem perceber, o loiro tirou a mão dos cabelos brancos e olhou irritado para o amigo! Ele podia ter acordado Near! E isso definitivamente não era algo que Mello desejava.

− Eu volto na hora do almoço − avisou saindo rindo do mau humor do amigo.

Mello bufou. Para sua sorte, havia chocolate o bastante para o acalmar. Seus olhos estranharam a embalagem violada, cerrou os olhos enquanto anotava mentalmente a segunda razão do dia que o faria bater em Matt.

Mas isso não era importante. Nada importava mais quando o chocolate começava a derreter em sua boca, principalmente quando ele tinha o gosto da vitória sobre Near.

Deu a última mordida se sentindo muito melhor do que realmente estava.

Voltou a segurar a mão de Near, feliz ao vê-lo se ajeitar em seu colo. Como era bom o gosto da vitória... Fechou os olhos e decidiu voltar a dormir mesmo sabendo que Near sairia dali nesse meio tempo e fingiria que nada havia acontecido.

Foda-se.

Mello vencera, ele agora sabia como importante era para o querido rival. E Near? Bem, ele deixaria Mello vangloriar-se, permitiria ser provocado porque, infelizmente, ele também tinha ciência de que fora derrotado. A prova? Sua incapacidade de esquecer o quão viciante os lábios de Mello eram.

25. Februar 2018 14:48 2 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Das Ende

Über den Autor

Alice Alamo 24 anos, escritora de tudo aquilo em que puder me arriscar <3

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Yuzi Stein Yuzi Stein
Amei essa história, super fofa. ❤
April 11, 2018, 22:01

  • Alice Alamo Alice Alamo
    Oii! Muito obrigada pelo comentário! Fico feliz que tenha gostado <3 Beijoss May 01, 2018, 02:53
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