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Conto curtinho e aleatório, escrito há anos.


Kurzgeschichten Alles öffentlich.

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Kurzgeschichte
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180808 at dawn.

Não era de hoje que ela se perguntava o que tinha acontecido com sua escrita. Ela não sabia se o bloqueio tinha sido um reflexo de como sua vida pessoal andava, mas esperava sinceramente que esse não fosse o caso — ou ela teria que se preocupar com muito mais do que alguns dias sem escrever. Depois das ligações de sua editora, resolveu que se esforçaria um pouquinho mais para bater a data em que deveria entregar seu manuscrito, afinal “Ou você entrega ou pode se preparar para o cancelamento do livro” como disse sua editora. Ela podia imaginar o rosto furioso da mulher de cabelos cor de fogo enquanto ouvia sua voz ao telefone.


Ela olhou seu relógio — marcando 2:24 h da madrugada — e levou sua xícara de café à boca, só para lamber seu bocal ao perceber que o café tinha sido há muito consumido. Estalou o pescoço e girou seus pulsos — como eu um ritual de escrita — e passou a digitar em seu notebook, continuando de onde havia parado da última vez.


Os dois homens estavam sentados de um jeito nada amigável e desconfortável, mesmo que quem passasse do lado de fora pudesse imaginar que trocassem confidências — o que não era uma mentira. Um deles era alto, tinha os cabelos tingidos de rosa e usava óculos amarelos. Era o que parecia falar mais enquanto o outro — cabelos desbotados de verde e pálido, terrivelmente pálido, com olheiras que deixavam seus olhos meia-lua com aparência de cansados — apenas ouvia.


Não foi o olhar frio que o amigo lhe deu, mas o jeito como ele falou as palavras seguintes.


– Você não deveria brincar com coisas que não entende, Y. — foi tudo que ele disse, antes de se levantar de repente e deixar o amigo pensativo na cadeira da lanchonete 24 h.


Mal ele sabia que tudo Y queria era entender o que estava acontecendo com ele. Era claro como o dia que alguém estava controlando sua vida… aquela mulher. Pelo menos agora ele tinha o endereço. Ele podia tirar todas as satisfações que quisesse e ela teria que ouvi-lo… ah, ela o ouviria mesmo que não quisesse.

– Maldita — ele diz baixo e se levanta.

É agora ou nunca.


Ela deu uma pausa, não pensava que aquilo estivesse bom. Mas pelo bem de seu livro, era aquilo que iria para a editora. Levantou-se vagarosamente de sua poltrona e pegou sua xícara de café, levando até a cozinha. Ligou sua cafeteira para esquentar o restava ali, talvez por preguiça de passar um novo café, talvez porque não tivesse energia suficiente e precisasse de cafeína urgente ou desmaiaria de sono.


Pronto o café, sentou-se novamente e bebericou de sua xícara.


– Droga, doce demais — ela disse. Mesmo que aquilo não fosse realmente um problema, afinal, o açúcar ajudaria a mantê-la acordada. Voltou a digitar.

Ele caminhou por quase 20 minutos pelas ruas escuras da cidade, o cheiro de lixo e podridão subindo às suas narinas, enquanto pensava no que falaria assim que a visse. Era tarde, mas se ela não o atendesse ele derrubaria sua porta. Não podia deixar para amanhã todas as questões que tinham sido reunidas durante essas últimas semanas desde que soube a verdade.


Enquanto subia as escadas, pensou no rosto dela e em como ela o encararia. O que ela diria ao vê-lo ali na sua frente. Sua mente ficou vazia por um momento enquanto encarava o número de seu apartamento. Ele respirou fundo, mãos suando e bateu firmemente…


Ela tinha sido interrompida. Assim que escreveu aquilo, um arrepio correu por sua espinha. Eram três breves batidas em sua porta.


Ninguém a visitaria àquela hora da madrugada e ela tinha certeza que não tinha pedido nenhuma entrega.



Espiou pelo olho mágico, mas quem quer que fosse estava de costas e tudo que ela podia ver eram suas roupas escuras e a touca na cabeça.


– Quem é? — ela perguntou e como não obteve resposta, antes de conseguir pensar, abriu a porta.


O coração dela caiu para seu estômago ao ver o homem que se encontrava em sua frente. Cabelos verdes desbotados, pálido e de olheiras extremas. Ele a encarou sem nenhuma expressão, por mais que ela pudesse ver raiva em seus olhos.


– Tenho certeza que você sabe quem eu sou — ele disse, na voz que ela havia imaginado dezenas de vezes em sua cabeça enquanto escrevia — Agora me explique, por que você decidiu ferrar com a minha vida?

30. Oktober 2022 15:03 0 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Das Ende

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