O Sol adormecia no horizonte daquela grande arena de batalha. Lentamente, a luz do sol era ofuscada pelo grande castelo negro que protegia seu rei tirano. Em volta do castelo, uma grande vila de camponeses cansados de tanto serem explorados tinham suas casas manchadas pelo sangue dos inúmeros e bravos cavaleiros que morreram naquela batalha.
O Rei Slash I começava a perceber que não haveria como invadir o castelo apenas com seus soldados, ele precisava de mais. Ainda com uma espada de prata banhada em sangue em mãos, ele caminhava em meio a aquelas armaduras quebradas no solo, ele caminhava sem medo em direção aos soldados inimigos. Sua barba batia no meio de seu peitoral brilhante, a camada de metal que cobria seus braços possuía inúmeras gravuras de proteção contra a magia…ao olhar de longe, era como se seus braços de prata carregassem as ondas do mar. Sua coroa era acoplada em seu elmo fechado. Seu elmo era totalmente prateado e fechado, havia apenas duas aberturas que o permitia ver. Pouco abaixo de seu queixo, a ponta do elmo criava um pequeno amassado ao bater em seu peitoral. Acima de sua cabeça, uma cartola negra com anéis de ouro em seu contorno não possuía qualquer gotícula de sangue…diferente das pontas de ouro em seu topo. Eram como adagas de ouro apontadas para cima…oito adagas rodeavam sua cartola, todas as suas pontas estavam manchadas de sangue.
De seu lado direito, um soldado inimigo fazia um casal de camponeses de refém. Eles não devia ter mais de vinte anos. O vestido branco da jovem começava a ser manchado de vermelho ao tocar aquele solo. A calça preta e a camisa branca do homem pareciam sujas…haviam marcas de corda em seu pescoço. O Rei da um passo em sua direção e o soldado aproxima ainda mais sua espada do pescoço daqueles jovens. O Rei olha para o lado e vê quatro soldados com armaduras de metal correndo ate ali. Os quatro soldados envolvem os reféns. No meio daqueles quatro soldados, o soldado começava a falar.
-Ordene que seus homens parem o ataque. Se ajoelhe e me entregue sua coroa. Disse o homem por trás daquele elmo.
O Rei olha para os olhos daquele homem, ele estava nervoso…olha para a jovem refém, seus olhos transbordam em lágrimas. Ele passa seus olhos pelos corpos do casal, buscava ferimentos graves…Só oque ele encontra são marcas de violência na cintura da jovem…ao olhar com atenção, Slash percebe que a pureza daquela jovem havia sido arrancada de si, haviam lhe tirado a força a poucos minutos atrás.
-Olhe para lá, rapaz. Disse o Rei ao apontar para onde a grande batalha ocorria. Seu rei será morto pela minha espada. Irei libertar essas terras desse tirano depravado. Um novo reinado terá surgido ao amanhecer. Acha mesmo que vale a pena arriscar isso para salvar duas vidas? Oque são duas vidas diante de um reino inteiro?. Respondeu o Rei.
Um rapido ruido se ouve. Os quatro guardas começam a olhar em volta daquelas simples casas…Ao virarem seus olhos para os reféns…o soldado que os segurava possuía uma flecha atravessada em seu elmo. Antes que pudessem avançar nos reféns, Slash puxa o machado de suas costas e segura firme no cabo de sua espada. Ele pula em direção aos reféns e apara as espadas dos soldados que tentavam mata-los. O Rei se levanta violentamente e força as quatro espadas para cima com seu machado. Ao ver os reféns correrem, Slash violentamente finca seu machado no estômago de um enquanto atravessa sua espada no peito de outro. Com toda sua força, ele lança os dois corpos nos soldados ainda vivos que caem no solo grudento. Slash se aproxima dos soldados caídos e arremessa seu machado na cabeça de um.
-Assim como os deuses, eu não terei pena da sua alma perdida. Disse Slash ao lentamente fincar sua espada no peito daquele soldado.
Ele puxa sua espada e, em seguida, se abaixa para tirar seu machado do meio daquele cranio aberto. Ele se vira e vê os camponeses correndo da batalha…eles param. Eles se abraçam e, em meio a essa demonstração de afeto, eles percebem que Slash os observava. Com isso, fazem uma breve reverencia e voltam a correr na direção oposta.
-majestade?!. Perguntou uma voz masculina ás suas costas.
Slash se vira e vê aquele arqueiro de cabelos curtos. Ele usava uma armadura semelhante aos soldados, mas haviam sutis diferenças. Sua cor era totalmente negra e seu metal parecia ser mais flexivel, consequentemente, era mais frágil.
-Agradeço pela bela flecha, Senhor. Foi no momento exato. Respondeu o Rei.
-É uma honra servir, meu senhor…Bom, meu objetivo inicial não era esse, majestade.
-Qual era seu objetivo inicial?.
-Vim para alertar que o rei destas terras não dá brechas, suas defesas são muito sólidas e dificilmente vamos conseguir invadir seu castelo.
O Rei se vira e começa a pensar. Ele olha para seus soldados batalhando para manter a posição elevada de ataque…ele olha para as paredes do castelo…seus soldados tentavam subir por cordas, a maioria era detida por flechas que vinham do castelo…mas haviam aqueles que conseguiam entrar.
-Preciso que chame Howe aqui. Rápido, por favor. Disse o Rei.
Após um tempo esperando, uma mulher surge de frente para o rei com um rapido clarão vermelho. Ela retira seu capuz negro e se ajoelha brevemente.
-Estou aqui, meu rei. Disse ela.
-Eu tenho uma ideia em mente, mas eu preciso que você me leve até o reino Dropblood. Disse Slash com sua voz aveludada e levemente rouca.
-Por quê lá, se me permite perguntar? Aqueles que vivem lá não possuem sentimentos ou qualquer coisa do gênero, não acho que seja possível que ele nos ajude. Respondeu aquela Jovem bruxa com suas pupilas que brilhavam na cor vermelha.
-Eu tenho um plano. Disse o Rei. Ei, rapaz. Venha cá. Disse ele para o arqueiro que voltava correndo.
-Sim…Senhor. Disse ele sem fôlego.
-Axl está no comando até eu retornar. Diga que eu preciso que ele estique essa batalha por mais um pouco. Se defendam, mas não recuem. Disse o Rei.
Slash se vira para a bruxa e segura em suas mãos. Eles fecham os olhos e, com um clarão de luz vermelha, eles desaparecem daquele campo de batalha.
Em um piscar de olhos, Slash e a bruxa Howe, atravessaram um continente inteiro. Agora se encontravam em um local completamente escuro. Ao olhar para cima, era possível ver uma cobertura negra que cobria o reino por inteiro e impedia o sol de adentrar e fazia com que a cor roxa fosse predominantemente visível no ar. A sua volta, um grande vilarejo estava abandonado, casas estavam em pedaços. Seus telhados e paredes possuíam grandes crateras e rachaduras.
-majestade, a esquerda. Disse Howe em um tom de alerta.
O Rei se vira de imediato. Ele leva sua mão direita até o cabo de sua espada, que continuava presa a sua cintura e puxa o machado de suas costas. Ao elevar o machado aos céus, eram expostos as varias gravuras mágicas feitas por Howe. A Sua esquerda, ainda imóvel, um ser humanoide cujos ossos eram visíveis de tão magro que aquele organismo era. Um movimento ocorre a frente, outro ser surge para observa-los. A Iris de seus olhos brilhavam na cor cinza. Possuía dedos finos e unhas afiadas que pareciam estar crescendo a cada segundo. Era possível ver um liquido pingar dos cantos de sua boca marcada por um par de grandes dentes caninos.
Slash pega na mão de Howe e começa a caminhar em direção ao castelo ao horizonte. No topo de cada uma daquelas oito torres no castelo, uma estaca empalava corpos em decomposição. A Medida que caminhavam, mais rachaduras se tornavam visíveis nas paredes do castelo negro. Quanto mais proximo daquela criatura, maior pareciam seus olhos prateados. Em meio ao forte odor de podridão, o ser de olhos prateados dispara um grito estridente em direção a Slash, que firma ainda mais sua mão no cabo de seu machado a espera de um ataque iminente.
-Senhor, os olhos dele. Ele ainda não adquiriu consciência. Disse Howe.
-Maravilha…Ele será um exemplo para os outros….Respondeu Slash.
-Que outros?. Perguntou ela.
Howe olha com atenção a sua volta e percebe inúmeras criaturas os observando. Alguns com olhos brancos e outros com olhos cinza.
A criatura a frente dá mais um grito e salta na direção do Rei. Com um rapido movimento, Slash o corta ao meio e ouve o ruido das duas metades daquele corpo colidindo com os ossos estilhaçados naquele solo. Slash leva seu machado aos céus pela segunda vez e volta a caminhar em direção ao castelo. Howe se esforça para não virar e ver as criaturas devorando o corpo da criatura dividida.
Já de frente para os portões do castelo, Howe dá mais alguns passos e toca sua mão na superfície daqueles grandes portões de madeira maciça. A Textura emaderada daqueles portões era semelhante a passar as mãos em uma gravura de cemitério. Ruidos surgem, os portões começam a ranger no mesmo instante que o som de grandes correntes sendo puxadas ecoam por aquele salão escuro que surgia. Ao abrir os portões por completo, um ar incrivelmente gélido é emanado do salão principal daquele castelo. No fim do salão, um trono estava ocupado por seu rei.
Slash e Howe começam a caminhar em sua direção. Os portões se fecham ás suas costas e, quanto mais eles caminhavam, mais detalhes macabros se tornavam visíveis naquele trono de ossos. Rastros de sangue manchava a coloração dos ossos rachados daquele trono. O Rei levanta de seu trono e aguarda imóvel enquanto os convidados inesperados param de caminhar.
-Abaixe essas runas. Nosso acordo me impede de fazer mal a ti…majestade. Disse o Rei a frente de seu trono.
-Vim para lhe propor mais um acordo. Preciso de vampiros para penetrar em um castelo inimigo. Disse Slash ao guardar o machado em suas costas.
-Nosso acordo diz que seus inimigos serão nossas bolsas de sangue, e… Nos chame disso novamente e você será posto em ganchos enquanto pinga sangue no meu piso.
Howe olha para os lados daquele salão e percebe inúmeros corpos presos em ganchos próximos as paredes escuras. Ao olhar com mais atenção, Howe percebe que um dos corpos tentava esticar a mão em sua direção, era como se implorasse por misericordia.
-Suponho que nunca tenha experimentado o sangue puro de um monarca. Disse Slash ao repousar suas mãos em seu cinturão prateado.
-Sangue de recém nascido possui a mesma fama do sangue de um Rei com sangue puro…Respondeu o Rei vampiro.
Slash retira a espada de sua cintura e faz um pequeno corte no vão entre as placas no braço de sua armadura. Ele ergue seu braço para frente e, imediatamente, o Rei vampiro abre suas grandes asas negras. Elas pareciam ser feitas totalmente das sombras, era como se uma fração das infinitas trevas que tomavam aquele local fosse sugada. Com uma batida de suas asas, ele se põe de frente para Slash. O Rei vampiro se abaixa e, enquanto o sangue pingava em sua lingua pontuda, Slash observava com atenção a coroa feita de dentes que repousava na cabeça daquela criatura. Ela era feita inteiramente de ossos pontudos de diversos tamanhos, mas haviam quatro dentes caninos que se destacavam por serem maiores e serem os únicos com marcas de sangue seco. O Rei V começa a contorcer suas asas, com um breve rosnado, seus pés deixam o solo enquanto seu pescoço se dobrava para trás devido ao imenso prazer que sentia. Do teto daquele salão, inúmeros morcegos acordam e começam a rodea-lo com suas pequenas asas agitadas. Ele vira seus olhos para Slash, a iris de seus olhos brilhavam na mesma coloração do seu sangue.
O Rei V ameaça investir em Slash, mas Howe se coloca a sua frente e ergue suas mãos para cima. As sombras dos cantos daquele salão pareciam estar sendo sugados novamente, dessa vez, howe era a responsável por molda-la a sua vontade. Uma cúpula negra envolve Howe e seu rei, mas o Rei V finca bruscamente suas asas naquela proteção, oque faz varias rachaduras surgirem por toda aquela cúpula. Howe fecha seus olhos e recita palavras de um antigo pergaminho de magia negra. Runas começam a surgir por volta daquela cúpula e, ao ver isso, O Rei V contrai suas asas de imediato. Seus pés colidem violentamente contra o solo e, lentamente, parecia que estava retomando o controle de seu corpo.
-Obviamente, existe um rei no castelo que preciso invadir. Ele pode ser todo seu. Dizia Slash.
-Sabe…talvez você seja um dos poucos reis que ainda se dispõe a batalhar ao lado de seus soldados. Respondeu V.
-Não existe honra alguma em mandar outros homens lutarem as suas guerras. Um exercito que sabe que a vida de seu rei é tão importante quanto a deles os incentiva a lutar mais, os incentiva a sobreviver no meio de toda aquela matança. Todas as vidas importam…Suponho que não saiba oque significa isso, não é mesmo?.
-Você supõe demais, majestade…mas sim, nesse caso, você tem razão.
-Vai conseguir se controlar depois de tomar o sangue daquele rei?.
-Não sou uma criança, Senhor. Consigo me reprimir quando é necessário. Até porquê…bom, primeiras vezes costumam ser mais prazerosas.
-Temos um acordo?.
O Rei V se vira e faz um breve aceno com sua mão direita. De trás de seu trono, um homem com um imponente cinturão de couro surge das sombras. Diferente dos vampiros, aquele homem possuía um corpo definido, estava longe de estar desnutrido. Era visivelmente forte, seus braços e peito descobertos deixavam inúmeras tatuagens e cicatrizes expostas.
-Vá até o reino de….Dizia V antes de se virar para Slash.
-Reino Endwalk. Respondeu Slash.
-Vá ate lá e escureça as coisas. Volte o quanto antes. Precisamos de você para levar todos nós até lá. Concluiu V ao bater lentamente suas asas e começar a subir. O Bruxo do Rei V desaparece em um clarão roxo. Ruidos começam a surgir, vinham de fora e ecoavam cada vez mais nas paredes daquele salão.
Slash e Howe observam imóveis enquanto inúmeros vampiros entravam naquele lugar por meio das incontáveis rachaduras nas paredes e no teto. O som de dezenas de asas batendo assolam os ouvidos de Slash. Os vampiros rodeavam seu rei enquanto aguardavam próximas ordens.
Após alguns segundos, em mais um clarão roxo, o bruxo tatuado surge aos pés de seu rei. Slash apenas observava enquanto o bruxo se aproximava de Howe. De frente para o outro, os bruxos entrelaçam seus dedos e fecham os olhos. Slash empunha sua espada e seu machado enquanto ouve o som das unhas dos vampiros que cresceram violentamente. No segundo seguinte, todos presentes no castelo foram levados ao Reino Endwalk, mais precisamente, foram postos enfileirados de frente para seu castelo.
Slash observava os poucos soldados que ainda lhe restaram. A Maioria estava com seus corpos jogados ao redor do castelo. Manchas de sangue marcavam fortemente as paredes de pedra e o portão de madeira. Slash dá um passo a frente e, com o exercito de vampiros a seu favor, dispara em direção ao castelo. O Rei V bate mais rapidamente suas asas e fica de frente para o grande portão de madeira. Ele finca suas grandes unhas no topo do portão e começa a puxa-lo com toda a força para baixo. Slash e seus soldados usavam um grande ariete na parte de baixo do portão. Ao verem que o portão estava proximo de cair, Slash ordena que seus soldados se afastem. O Portão vai a baixo e V e seus súditos começam a subir e sugar todos os soldados dos andares de cima do castelo.
Slash comandava seus soldados a abrir caminho até as escadarias do castelo. A Espada daquele rei penetrava facilmente nas armaduras de metal inimigas. Apesar da idade avançada, seus braços e pernas conseguiam ser tão rápidos quanto eram quando tinha metade de sua idade.
Ao passar por todos aqueles soldados, Slash captura um soldado pelo pescoço e faz com que ele o guie até a sala do trono aonde o rei certamente estava escondido. Eles sobem inúmeros lances de escadas e, enfim, chegam de frente a uma porta com vários ornamentos de ouro. Quatro guardas protegiam a dita porta. Todos estavam em posição de batalha, empunhadas suas espadas reluzentes com as duas mãos. Slash larga o pescoço daquele soldado e avança em direção aos guardas de frente para a porta. Ele desvia de três investidas, mas uma espada atinge em cheio seu ombro esquerdo. Slash sente sua armadura dobrar e lhe cortar, ele sente seu sangue quente escorrer por seu peito, mas se mantém firme. A Mesma espada tenta cortar sua cabeça, mas ele violentamente se levanta e segura a espada com uma de suas mãos. Ao fechar violentamente seus dedos, a proteção de sua mão quebra aquela fina e afiada espada. Slash quebra o pescoço do guarda desarmado com um unico giro de seu braço. Os três guardas restantes voltam a ataca-lo, mas Slash esquiva com certa dificuldade. Ele usa sua espada para decapitar um dos guardas enquanto usa seu machado para se proteger de outros ataques. Com um unico movimento precisamente veloz, Slash usa suas duas armas para partir os guardas ao meio. Ao notar um movimento, Slash se vira e ameaça atacar, mas a lamina de seu machado para a centímetros da nuca do soldado que o levou até ali. Ele lentamente se vira, seus olhos derramaram lágrimas em seu peitoral metálico.
-Por favor…Eu não quero morrer. Piedade, Rei. Implorava aquela jovem voz por trás do elmo.
Slash, ainda com seu machado apontado para o pescoço do soldado, se aproxima e arranca o elmo repleto de rachaduras daquele que lhe implorava misericordia. O Rei olha com muita atenção no fundo dos olhos daquele jovem rapaz. Nitidamente era sua primeira batalha. O Horror tomava conta de seu rosto.
-Tem quantos anos, filho?. Perguntou Slash.
-Faço 20 anos hoje, majestade. Dizia ele ao tentar conter suas lágrimas.
-Parabéns. Tem familia?.
-O Rei mantém minha…minha mãe e irmã sob sua posse. Elas são os brinquedos dele. Ele abusa delas. O Rei disse que, se eu fosse um bom soldado, ele as libertaria e eu poderia levar elas para longe desse…desse inferno.
O Jovem soldado abaixa seus olhos, como se sentisse vergonha por saber tais informações e não fazer nada.
Slash toca no queixo do jovem com as costas de seus dedos e levanta sua cabeça. Após olhar no fundo de seus olhos, Slash abaixa seu machado e se vira para a porta dourada do castelo.
-Espere aqui. Vou tirar elas de lá e matarei esse homem. Disse Slash.
O Jovem, repentinamente, se ajoelha e agradece, mas implora para que Slash permitisse que ele o acompanhasse. Slash pensa por uns instantes e aceita a oferta.
Slash larga o machado nas mãos do jovem que, após se surpreender com o peso da arma, se prepara para invadir a sala do trono. Na contagem de três, Slash e o jovem começam a chutar com toda a força, após alguns golpes, a porta vai ao solo. Ao entrar, os dois dão de cara com um salão repleta de estatuas de ouro maciço. No topo, cinco candelabros de cristal iluminavam o salão. Exatamente no centro da sala, em um trono com gravuras que se assemelham a um mapa, estava o rei a quem aquele reino antes pertencia. Suas mãos trêmulas repousam em cima de dois equinos de ouro postos em ambos os lados de seu trono. O Rei parece olhar para os lados. Slash acompanha seu olhar e percebe cinco guardas. Antes que pudesse dar mais um passo, Slash vê aqueles soldados se ajoelhando perante ele. Ao olhar um pouco mais ao lado, quatro camas enfileiradas e bagunçadas estavam encostadas nas paredes de rochas. Mulheres grávidas e seminuas se encolhiam no canto de suas respectivas camas. Na cama mais ao longe, uma visão embrulha ainda mais o seu estômago. Duas crianças cuja nudez de seus corpos estavam cobertas por um fino lençol. Pareciam machucadas, seus olhos lhe transmitiam um ar claro de te trauma.
Slash imediatamente caminha em direção ao rei, que se levantou e correu na direção oposta ao notar que seus guardas não o protegeram. Sua corrida termina rapidamente, pois uma grande vidraça o impedia de saltar de seu castelo.
-Seria mais inteligente você se matar,mas não fará isso. Porcos que nem você temem mais a morte que qualquer um. Temem as punições que suas almas irão sofrer no submundo. Dizia Slash em voz alta.
Slash se aproxima e acerta um forte soco naquela vidraça vermelha. Alguns estilhaços cortam fundo nas costas daquele rei sujo. Seu sangue começa a escorrer por seu corpo. Slash pega em seu pescoço e o levanta. Ele dá um passo a frente e segura O rei desesperado para que Slash não o soltasse daquela altura.
-Uma coisa eu te garanto….Dizia Slash ao apertar aquele pescoço.
O Rei V surge com suas asas batendo fortemente a frente do rei sujo.
-As torturas do submundo não lhe farão sofrer tanto quanto isso. Concluiu Slash ao jogar o rei nas mãos do Rei v.
O Rei V finca seus dentes no pescoço daquele rei. Suas asas começam a se contorcer e o descontrole toma conta de seu corpo.
Um grito estridente de ódio surge. Ao olhar para trás, Slash vê o jovem guerreiro correr e saltar em direção ao rei sujo. Ao colidir com o rei sujo, o jovem finca seu machado no peito do monarca e olha em seus olhos.
-Aproveite o submundo, papai. Disse O jovem ao ver o sangue do rei sujo escorrer pelo machado.
O rei V lança o corpo do rei sujo sob suas costas e quebra o pescoço do jovem soldado.
-NÃO!. Gritou Slash ao ver o jovem de pescoço quebrado.
O Rei V suga completamente o sangue do jovem com uma unica mordida e o deixa cair. Em camera lenta, Slash via o jovem, ainda de olhos abertos, cair junto de seu machado.
-Nosso acordo termina, ambos tivemos exito. Disse o Rei V ao se virar e erguer suas mãos em direção a seu exercito de vampiros.
Longe daquele castelo, Howe e o bruxo tatuado uniam suas mãos. No segundo seguinte, todos voltaram para seu reino escuro enquanto o sol voltava a surgir naquelas terras.
Slash se vira ao ouvir sons de metais colidindo. Os cinco guardas caminhavam juntos em sua direção. Aquele mais a frente se abaixa proximo ao trono e pega algo que logo se revela sendo uma coroa. Era uma coroa de coloração negra com detalhes em cinza. Todas as ruas, rios e vilarejos daquele reino estavam gravados por todo o contorno daquela coroa de oito pontas.
Os guardas se aproximam e se ajoelham diante de Slash. A coroa era erguida em sua direção. O Som de choro começa a surgir. Slash olha para o lado e vê uma mulher e uma criança de joelhos. Não pareciam se preocupar com os cacos de vidro que cortavam seus joelhos, apenas olhavam o corpo do jovem soldado irreconhecível aos pés do castelo.
Slash se aproxima e se ajoelha a seu lado. Após uma breve oração, ele desvia seu olhar para aquela mulher.
-Todas são filhas do antigo Rei?. Perguntou Slash.
-S…Sim…todas nós somos….Disse a Mulher soluçando.
Slash quebra uma das oito pontas da coroa e guarda em seu cinturão. Pouco antes de se levantar, entrega a coroa para aquela mulher e a ajuda a se levantar.
Slash caminhava em direção a saida. Ele descia as escadarias o mais rapido que conseguia, mas só agora ele notava que não era mais tão jovem. Há alguns anos, Slash teria descido as escadas correndo e se lançaria nas mãos de seus guerreiros para comemorar, hoje, seus joelhos quase não aguentavam mais andar ao finalmente sair do castelo.
Seus soldados comemoravam com um forte abraço em grupo. Ao notarem a presença do rei, se ajoelham com um sorriso que era escondido por seus elmos. Slash agora percebia a quantidade imensa de camponeses locais que o observavam.
-Peço que ouçam com atenção e repassem minhas palavras por todo o reino. Esse castelo possui uma nova rainha. Digo isso a quaisquer bastardos que pensam em tirar o trono dela…tentem e, o mesmo que ocorreu com o antigo rei, acontecerá com vocês. Concluiu Slash.
Slash caminhava por um longo túnel feito inteiramente de rochas cinzentas. Ao final, a visão de um templo branco feria seus olhos castanhos. Levou alguns segundos para que seus olhos voltassem a se acostumar com tamanha claridade. Passado o túnel, agora Slash caminhava por um belo e silencioso salão de mármore. Em sua armadura prateada, colunas cônicas eram refletidas em meio aos arranhões no metal. Ao centro do grande salão, uma coluna feita inteiramente de vidros retratava historias dos mais nobres monarcas que já existiram. Sem Slash perceber, aquela coluna separava magicamente um espaço aonde a imagem de Slash negociando com o Rei V começava a surgir.
Slash pega a ponta que retirou da coroa de Endwalk e coloca no centro daquela coluna, ao lado de varias outras pontas de coroas.
A poucos metros da parede no fim do salão, cinco estatuas de vinte metros demonstravam imponência. Eram cinco monarcas retratados e enfileirados lado a lado. Três mulheres e dois homens, duas delas possuíam coroas iguais. Duas rainhas, que governaram o mesmo reino em épocas distintas, foram escolhidas para se tornarem deusas e continuarem a servir os povos do mundo. Apenas duas vezes na historia ocorreu de dois monarcas do mesmo reino serem escolhidos para se tornarem deuses.
Slash leva sua mão até sua coroa e faz um breve movimento de gira-la. Algumas engrenagens rangem, mas a coroa se desprende de seu elmo. Com sua outra mão, Slash retira seu elmo e o coloca no solo ao dobrar um de seus joelhos. Seus cabelos volumosos e cacheados repousam sob seu peitoral de metal. Ele lentamente abaixa sua cabeça e ergue a coroa em direção as estatuas de mármore.
-Mais um reino foi liberto da imundice de um rei. Seu povo, agora livre, poderá viver dignamente. Peço que abençoem o meu reino, mas os abençoe em dobro, pois sofreram demais nas mãos de um rei sujo. Abençoem outros reinos três vezes mais, pois muitos ainda estão nas mãos de nojentos seres vivos. Peço que fortaleçam aqueles que merecem e enfraqueçam aqueles que pretendem levar o mal adiante. Orava Slash.
Ele abre seus olhos e observa em silencio as imponentes estatuas. Ele coloca sua coroa no topo de sua cabeça e se levanta. Slash se vira e começa a caminhar em direção a saida. Uma de suas mãos segurava o elmo com pequenas rachaduras enquanto a outra repousava no cabo de sua espada.
Muitos afirmavam que,ao morrer, Slash se tornaria um deus e tomaria um trono no templo dos imortais, outros tinham duvidas, mas ninguém ousava dizer que ele não merecia esse posto.
Slash subia degraus de pedra e começava a sentir o clima frio daquela montanha. Após subir o ultimo degrau e finalmente chegar a Superfície, Slash ergue um pouco sua mão e toca de leve uma pequena nuvem. O Frio começa a penetrar nas camadas de sua armadura. O Clima no topo daquela montanha era quase mortal. Mesmo estando na montanha mais alta de todo o planeta, Slash não se intimida com a altura e olha com atenção para dois pontos negros no meio de toda a neve que cobria os pés daquela montanha. Ele leva sua espada aos céus e, com o sol que nela refletia, anunciava que estava pronto para descer.
Howe olha para cima e percebe aquele forte ponto de luz com pontas que se assemelham levemente a uma estela. Após alguns movimentos com seus dedos, círculos começam a surgir em volta de Howe e seus dois cavalos. Num piscar de olhos, Slash surge a seu lado.
-Como foi o encontro com os seus deuses?. Perguntou Howe.
-Só oque consigo dizer, é que eles parecem me ajudar a dormir a noite. Diferente dos bons, não há como calcular a quantidade de seres ruins que existem nesse mundo. Eles ainda estarem vivos me deixa muito incomodado. Respondeu Slash ao se aproximar de seu cavalo.
-Não consigo nem raciocinar direito, esses transportes de organismos vivos me suga demais…Ainda assim, consigo levantar um questionamento ao senhor, majestade.
Slash sobe em seu cavalo e lhe faz um longo cafuné em sua crina branca.
-Seria o mesmo questionamento de sempre?. Perguntou Slash ao olhar para Howe.
-Precisamente. Mesmo com tantas preces de pessoas necessitadas…eles não libertam o mundo das pragas. Com "pragas", eu estou me referindo a tudo que assola o mundo.
-Sua aversão aos deuses é conhecida por muitos, Lady Howe.
-Tenho motivos para não me ajoelhar na presença de poderosos.
-Você diz isso, mas se ajoelha perante mim.
-Você é um homem bom. Me provou isso em incontáveis oportunidades, agora…esses seres possuem o poder de deixar o mundo em uma paz absoluta, mas não o fazem. Ou será que não possuem tal poder?.
-Sua visão do mundo é interessante, mas não se trata de poder, se trata de fé.
-Fé? Homens deviam se ajoelhar diante de suas mulheres, não diante de homens que governaram antes de suas vidas começarem.
Slash deixa escapar uma breve risada e pega as rédeas de seu cavalo.
-Vamos lá, precisamos voltar o quanto antes. Concluiu Slash.
Após saírem de um denso vale, Slash e Howe ficavam a poucos passos de um imenso portão negro que se estendia até aonde os olhos não eram capazes de chegar. Grandes e incontáveis estacas foram posicionadas em pontos estratégicos. Suas pontas apontavam para cima e se preparavam para um possível ataque de dragão. Duas torres repletas de soldados que, por sua vez, comentavam a volta de seu rei. Um grande portão se abre ao meio daquelas torres. Assim como as torres, o portão que se abria era feito de madeira escura.
Um longo corredor vazio mostrava a trilha que levava diretamente até o castelo branco daquele reino.
-O REI ESTÁ DE VOLTA!. Anunciava uma criança assim que Slash começa a galopar naquela trilha.
Em ambos os lados, era possível ver casas, estábulos e forjas espalhadas por aquele vasto terreno. A Criança com com mangas finas e um colete de couro voltava a anunciar a volta do rei. Inúmeros camponeses olham diretamente para a trilha que levava até o castelo, ao verem seu rei, largaram seus afazeres e correram para recepciona-lo.
Slash levanta sua mão e tenta olhar, acenar e dar atenção ao maximo de pessoas que conseguia. Muitos daqueles que se ajoelhavam pareciam sorrir e comemorar mentalmente sua volta.
-Eles te amam. Disse Howe que cavalgava a seu lado.
-Gostariam de você também se não fosse tão…rabugenta. Vamos lá, tente sorrir para as crianças. Respondeu Slash sorrindo.
Um grupo de crianças acompanhavam os cavalos que galopavam lentamente. Howe tenta exibir seu belo sorriso, as covinhas nas laterais de seu rosto são seu maior destaque. As crianças se assustam e evitam olha-la. As crianças param de acompanhar…apenas uma jovem continuava a caminhar a seu lado. Howe para seu cavalo e olha com atenção para aquela jovem de cabelos longos e finos. Howe olha para os lados e realiza movimentos discretos com seus dedos. Um anel de fumaça azul surge nos dedos de Howe que, no mesmo instante,lança o anel no ombro da jovem. O Anel de fumaça cresce alguns centímetros e forma uma pequena coruja. Aquela coruja feita de fumaça esfrega sua cabeça na bochecha daquela criança que, por sua vez, expõe seu belo e jovem sorriso, alguns de seus dentes nem haviam tido o tempo de crescer. A Coruja se desfaz e os olhos da criança parecem brilhar. Howe dá uma piscadela e apressa seu cavalo para acompanhar Slash a frente. A criança observa Howe se afastar e, com o objetivo de parecer seu ídolo, ela leva suas pequenas mãos ás suas costas e puxa um capuz semelhante ao de Howe.
Slash e Howe descem de seus cavalos em frente a escadaria que levava até a porta do castelo.
-Aqui está…Mickey?. Disse Slash ao entregar as rédeas de seu cavalo a um homem que lhe esperava.
-Mike, Senhor. Respondeu o Homem sem jeito.
-Me perdoe. Como estão as reformas no estábulo?. Perguntou Slash.
-Estamos trabalhando em um ritmo excelente, majestade. Logo terminaremos as obras. Que os deuses nos mostrem aonde esse vampiro se esconde.
-Pode ficar tranquilo, ele irá aparecer e será eliminado. Concluiu Slash ao dar dois tapinhas nas costas daquele homem.
Slash sobe aquelas escadas rochosas e se coloca de frente aos portões de seu castelo. Os portões se abrem com um grande som de rachaduras se abrindo. No fundo daquele salão, um trono ocupado era iluminado por um feixe de luz vindo de algum lugar no teto escuro. Seu trono levava o formato em miniatura da mandíbula de um dos cinco dragões primordiais. Ao lado direito daquele trono de madeira, que simulava os grandes dentes do dragão dos ventos, havia outro trono, esse simulava o maxilar superior do mesmo dragão. Nenhum dos tronos era capaz de retratar com exatidão a imponência e o terror que um dia esses magníficos seres exalavam pela terra.
Slash caminha em direção a seu trono e olha em volta na intenção de verificar se todos os seus livros e pergaminhos continuassem ali. Centenas de livros e pergaminhos antigos cobriam os arredores de seu salão. Aquele que ocupava seu trono se levanta. Slash se aproxima e uma copia perfeita de si vai em sua direção, se afastando de seu trono. Slash fica de frente para uma fração de sua consciência que foi incumbida de cuidar do reino enquanto o reino de Endwalk era invadido. Slash havia sido dividido em dois graças a um antigo artefato de Howe.
Eles dão as mãos e Slash se sente completo novamente. Ele se senta em seu trono e pega um pergaminho que repousava aos pés do trono. Enquanto o som dos passos de Howe ecoavam pelo salão, Slash retira um pequeno óculos que estava enrolado no meio daquele antigo pergaminho. Ali se iniciava mais um ciclo de pesquisa para o Rei Slash.
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