Seu rosto esteve voltado para mim desde o momento que percebeu minha presença no batente da porta. Se a sombra escura sob os olhos e os cabelos começando a ressecar não fossem um indicativo do cansaço se apossando do corpo diminuto, talvez os ossos despontando e a fadiga recorrente fossem o cartão postal de sua deterioração. Mesmo assim, Helena ainda fazia jus à origem de seu nome.
A mulher mais bela que conheci em anos, no fim de sua essência e sanidade, me encarava com aqueles olhos brilhantes, mas inconstantes e perturbados, como um coitado encarava seu vício — sabe bem que é bom e que vai matá-lo no final.
Perigosamente perto, as pontas de meus dedos encontraram os lábios macios e sua voz me acariciou. “Maria”, o nome de santa sussurrado. Meu nome.
Assim como ela, eu também era uma viciada — viciada no desespero bonito que podia arrancar, viciada na vida que escorria por entre meus dedos — e naquela noite eu sabia que seria a última vez antes de precisar procurar outra presa que me satisfizesse.
Sua vida tinha acabado, mas sua existência era incerta até que acordasse na noite seguinte. Outra criatura.
Vielen Dank für das Lesen!
Wir können Inkspired kostenlos behalten, indem wir unseren Besuchern Werbung anzeigen. Bitte unterstützen Sie uns, indem Sie den AdBlocker auf die Whitelist setzen oder deaktivieren.
Laden Sie danach die Website neu, um Inkspired weiterhin normal zu verwenden.