helenasterling Helena Sterling

Minseok é o “bom” filho da vilã, a poderosa Rainha da Neve. Conhecer o rapaz de olhar caloroso e sorriso fácil não estava em seus planos, definitivamente. Se para o mal ou para o bem, só o futuro dirá.


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PARTE I

Era uma vez, no sul distante, um lugar governado por um rei que tinha apenas uma filha como família. Até o dia em que o exército congelado de uma mulher tomou a região, usurpou o poder e ascendeu ao trono, ficando conhecida como Rainha da Neve. A agora rainha prendeu o rei e a princesa em dois blocos de gelo que jamais derreteriam, os escondendo em algum confim do castelo.

Isso aconteceu há quase 10 anos e ainda existem rebeldes decididos a tirar do poder a mulher cruel que matara seu rei. O grupo mais forte, ou o único que talvez tivesse alguma chance, entre eles era liderado pelo duque Park e o conde Kim.

E no centro de tudo está Minseok, o filho da rainha má. Não podemos dizer que concorda com todos os atos de sua mãe, assim como não podemos dizer que discorda. Por vezes é a sanidade dela, por outras a loucura, mas, quase sempre, o meio termo. Nunca a viu como alguém ruim e havia uma doçura que só a ele mostrava, por ser, acima de tudo, seu filho amado.

Minseok herdou os poderes e a beleza marmórea da mãe. E, apesar do rosto neutro, carrega emoções intensas o suficiente para encher um oceano.

— Deve ser como o gelo, Minseok. Sempre, sempre frio. — Sua mãe sempre lhe dizia e com toda razão.

Sabia mais do que ninguém que suas emoções eram fatais, mas não podia evitar sentí-las. Era um principezinho solitário em sua dor, mesmo que o vilarejo ao redor apoiasse o reinado de sua mãe.

Enquanto isso, num reino que fazia fronteira ao norte, vivia o príncipe Jongdae, um aventureiro incurável, que já se meteu em mais confusões do que se pode contar.

O príncipe estava justamente saindo dos aposentos de seus pais quando um serzinho do tamanho de uma mão apareceu para ele. Uma fada. Tinha longos cabelos negros, olhos grandes da mesma cor e trajava um vestidinho verde feito de folhagens e ramos. Ela cintilou e rodopiou no ar bem a sua frente. Voou diretamente para seu rosto e juntou as mãozinhas antes de falar:

— Vossa Alteza! — E deu uma cambalhota no ar, muito animada. Jongdae ficou sem fala. Já tinha visto muito, mas era a primeira vez que alguma criatura ia procurá-lo. — Sou Sunmi, preciso de vossa sabedoria e força!

— Tem certeza que não está procurando um de meus irmãos?

— Príncipe Jongdae, corajoso e sempre disposto a ajudar. É você, não é?

Meio a contragosto, assentiu. Havia acabado de ouvir um sermão sobre responsabilidades e já estava indo se meter em confusão de novo, mas, se não fosse assim, não seria ele mesmo.

— Qual o problema?

— Há dez anos…

— Espere… aconteceu há dez anos e só busca ajuda agora?

— E acha que é o primeiro que eu vou atrás?! A maioria não quer nem saber e o resto morreu tentando!

O príncipe gostava de desafios, mas, saber que durante todo aquele tempo todas as tentativas foram falhas não era muito animador. Entretanto, manteve seus pensamentos para si.

Após a fadinha Sunmi explicar a situação do reino ao sul, Jongdae estava desconfiado. O que aquela pequena criatura ganhava ajudando? Onde se encaixava? Todavia, seu espírito justo e nobre não permitiria que recusasse. Se fosse uma armadilha, caíria nela com todo prazer. Costumava brincar dizendo que essa era a pior parte de seu sangue real.

Contudo, não faria como Sunmi queria, afinal, não tinha vontade de morrer congelado. Seria um pouco mais inteligente que seus falecidos companheiros de causa e não enfrentaria a rainha diretamente, carregando sua coragem e empunhando uma espada, não.

— Pois bem. — A voz do príncipe carregava uma determinação de quem tinha planos. — Mas me diga: por que não descongela o rei e a princesa você mesma?

— Eu o faria se pudesse.

— E como espera que eu consiga? — Fazia cada vez menos sentido e parecia mais uma armadilha.

— Ah, vai conseguir. Acredite em mim. — Sunmi disse com um sorriso nos lábios. — Ainda não posso lhe dizer plenamente como, mas é o seu destino.

— Assim como era o destino de todas as pessoas que procurou?

— Não era o destino deles. Ouça, haviam coisas que eu não sabia e agora sei. Gosta de garotos, não é? — A fada sorriu ao ver a expressão chocada do príncipe.

— É atrevida e não sabe pedir favores, mas tudo bem. Ajudarei. Partiremos em três dias, esteja preparada.

— Espero por esse momento há dez anos, não poderia estar mais preparada.




[...]




Minseok caminhava pelos corredores do palácio. O rosto não deixando transparecer sequer uma gota do que estava sentindo. Ia de encontro a sua mãe, Eunha.

Quando o príncipe entrou na sala do trono por uma das portas laterais, a rainha dispensou cortesãos, ministros e outros que estavam presentes lidando com assuntos do reino. O filho sempre estava em primeiro lugar e não gostava que os abutres escutassem suas conversas. Temia, principalmente, que a condição do rapaz se tornasse pública.

Eunha deixou o trono e deu um abraço caloroso no rapaz.

— Está cada dia mais bonito, meu filho — disse ao separarem-se do abraço. — Completará seu vigésimo sexto ano em breve — disse com um sorriso orgulhoso enquanto arrumava com as mãos os fios negros do filho.

Eunha tinha os cabelos exatamente da mesma cor na juventude, mas com o tempo ficaram brancos.

— Está pior. — Minseok levantou as mãos enluvadas. — Eu mal consigo formar o dragão, mãe. Nunca poderei defender este país.

O rosto da rainha se encheu de tristeza. Aquele era o pior assunto, o pior problema.

— Não precisa se esforçar tanto, meu bem. Apenas controlar o exército é suficiente.

O rapaz se despediu da mãe com um beijo na bochecha e voltou para seus treinos. Eunha alisou a saia do vestido, era branco, pois a cor a lembrava da infância. Fechou os olhos por longos segundos e depois olhou para as abóbadas do teto. Seu menino que vinha correndo para si com a roupa suja ou os joelhos ralados, sempre, sempre sorrindo.

Não existia mais.

E nunca voltaria.




[...]




Meses depois, Minseok saiu para caminhar numa tarde. A neve que caía como única companhia. Pouquíssimas árvores cobriam a colina cuja descida daria na cidade ao redor do castelo, e o inverno já estava chegando ao fim. Não fez questão de usar nenhum traje real extravagante, a infância humilde o fizera não ligar muito para esse tipo de coisa. Também não se importou em usar mais que uma fina capa azul, e apenas para cobrir a cabeça da neve que caía, afinal, não sentia frio.

Habilmente desviando dos galhos em meio a neve, silencioso como um lince em azul escuro, foi quando escutou um som incomum e parou. Não haviam animais ali, no máximo uns poucos pássaros, pois não havia espaço, e os cidadãos não se aventuravam em volta do castelo. Suspeitando de espiões da rebelião, Minseok abaixou e fechou os olhos, escutando. Treinava todos os dias, tanto seus poderes, quanto luta corpo a corpo, localizar um intruso num lugar tão familiar seria fácil demais.

Correu, sem ruídos por sobre a camada de neve, derrubando um homem. O imobilizou no chão rapidamente com o ataque inesperado. O rapaz até tentou se debater, mas logo se rendeu ao ver ser inútil.

— Vou perguntar só uma vez: quem é você? — Minseok disse ameaçador. Estava por cima do outro, segurando os braços atrás das costas dele, apenas o perfil era visível porque o resto estava grudado ao solo.

— Sou um viajante… aí! Poderia me soltar? Procurei abrigo na cidade, mas disseram que ninguém pode ser acolhido sem falar com a rainha antes.

Um viajante? Não era comum por aquelas bandas, mas era uma explicação aceitável.

A fada voava por perto, observando o primeiro encontro daqueles dois com um sorriso nos lábios. Transformou-se em um ponto de luz quando, após libertar o desconhecido, Minseok olhou em sua direção. Parecia nada mais que um inofensivo vagalume.

O príncipe observou o estranho com muita curiosidade. Sequer lembrava da última vez que alguém se aventurara na cidade desde que sua mãe subiu ao trono, digamos que o lugar se tornou um círculo particular de apoiadores. Não era difícil entender por que ninguém quis receber o estrangeiro. Trajava vestes simples, em cores sóbrias, e um chapéu marrom de camponês sobre os fios castanhos, mas as botas… aquele couro não parecia ser barato… intrigante

Ao mesmo tempo, Jongdae, em seu disfarce, tentava ver por sob o capuz azul. Não era qualquer um que conseguia o surpreender, quanto mais subjugar tão facilmente! Seu orgulho estava levemente ferido.

Ficaram naquele jogo de encarar por segundos até um deles quebrar o silêncio, e, o mais estranho, foi Minseok que o fez.

— Venha. Vou lhe arrumar onde ficar.

O quarto príncipe ficou surpreso. Lugar estranho… primeiro te atacam, depois te oferecem uma cama? Pensou, mas seguiu o encapuzado. Caminharam sem pressa até um bar local. Atravessaram a porta, fazendo o sino pendurado soar, atraindo olhares.

Minseok tirou o capuz, pois agora não cairia mais neve em si, e foi imediatamente reconhecido por todos, exceto Jongdae. Estava espantado, pior, encantado. Por que um homem é tão bonito?! Era o que passava em sua mente. Quer dizer, gostava de garotos, mas o rapaz do capuz parecia belo demais até para ser real.

Jongdae voltou a si quando o outro se aproximou do balcão, onde um homem secava um copo com um pano. Minseok era querido na cidade, ajudava no que podia, levava os problemas até a rainha, entretanto, quando o dono do bar, um homem chamado Dongwan, fez menção de reverenciá-lo, arregalou os olhos e balançou a mão negando.

Haviam dois motivos por trás disso: não confiava no estrangeiro e não queria assustá-lo. Sua posição como filho da rainha “má”, não atraía as pessoas, sabe?

— Não quero que ele saiba quem eu sou, espalhe a notícia. — Curvou-se para sussurrar a Dongwan, seguindo de um aceno de cabeça a Jongdae. — Ainda tem um quarto extra?

O homem fez que sim.

— Então… qual é o seu nome, meu jovem? — perguntou o anfitrião a seu novo hóspede.

— Sou Jongdae. — Ao ver que todos continuavam a encará-lo como se esperassem algo mais, limpou a garganta. — Venho de uma vila ao norte, fiquei sabendo que aqui arranjaria um trabalho. — O príncipe estrangeiro era quase um especialista em mentir.

Depois de deixar seu castelo, juntou-se ao grupo rebelde do duque e do conde e acabara ali como espião.

— Sua informação não está errada. Aqui é sempre necessário uma mão a mais. — A voz de Minseok era suave e sem emoção. E Jongdae começou a se perguntar se aquele homem era feito da própria neve que caía. Tão lindo e tão frio quanto.

Minseok guiou o novato escada acima pelo segundo andar do bar, até seu devido aposento, que nem de longe se comparava a um luxuoso quarto de castelo. Todavia, Jongdae já viajara tanto e fôra a tantos lugares que conforto não lhe era prioridade.

A prioridade era a aventura.

Dentro do pequeno cubo com uma cama — de colchão de palha —, baú, mesinha e banco, com apenas uma vela como iluminação, Minseok o ajudou a guardar as poucas coisas do recém chegado. Jongdae queria ao mesmo tempo agradecê-lo e lançá-lo pela janela, mas optou pela primeira.

— Agradeço muito. Se chama…?

— Minseok. Bem-vindo a Labrise, vai ver que não é difícil viver por aqui, apesar dos boatos.

E os príncipes, sem fazerem ideia de onde se metiam, apertaram as mãos.




[...]




Uma semana, Jongdae estava servindo mesas no bar e limpando tudo no fim do expediente. Praticamente toda cidade era cliente, e sem encrenqueiros em geral, não havia brigas, diferente dos bares de seu país. Mas devia imaginar que nada naquele lugar era como esperava. Com ênfase no príncipe, que Jongdae não sabia ser o príncipe.

Minseok interpretava um tipo de faz-tudo, o que não era de todo mentira, pois ele sempre fazia de tudo na cidade quando visitava após os seus treinos diários. Contudo, Jongdae não acreditava totalmente naquilo. A seu ver, o rapaz de cabelos pretos tinha um porte muito diferente de um camponês, porém não poderia denotar o fato sem entregar suas próprias origens. Já o outro príncipe nunca tinha convivido com realezas além da de seu país, por isso Jongdae estava seguro em seu disfarce.

E, o mais inusitado, gostavam da companhia um do outro. Minseok passou a frequentar o bar durante as noites para tomar uma taça de vinho e jogar conversa fora com o novato.

O príncipe estrangeiro estava um pouco mais acostumado com o jeito indiferente do outro. Não havia raiva, nem quando derramou vinho — talvez — sem querer em na camisa de linho branca, nem felicidade, nem tristeza, apenas um grande nada. Jongdae se mordia de vontade de testar os limites daquela criatura.

O príncipe mais novo estava tão distraído com o faz-tudo inexpressivo que, quando o pássaro pousou em sua janela, precisou de um tempinho para lembrar o que fazer. Claro, não estava ali para fazer novas amizades. Era um espião, numa missão importante para ajudar uma fada idiota. Enfiou na mente que não fazia nada de mal em se divertir um pouco, mais para aliviar o degradê de culpa que surgiu em seu interior. Escreveu um bilhete vago sobre ter se infiltrado com sucesso e enviou o pássaro de volta. Suspirando pesadamente antes de deitar para dormir.

No dia seguinte, era meio da tarde, Jongdae estava varrendo a entrada do bar quando Minseok apareceu. O príncipe disfarçado, o faz-tudo costumava aparecer pelo fim da tarde, sempre vindo do castelo — fato que também intrigava.

— Boa tarde — cumprimentou, ignorando a sobrancelha levantada de Jongdae ao acenar com a cabeça. Mal sabia que aquilo fazia Minseok ter vontade de sorrir, mas lutava contra aquilo a todo custo.

Entrou no estabelecimento e foi falar com o dono, deixando nosso trabalhador morrendo de curiosidade na entrada, fingindo que varria cuidadosamente. Logo teria que mandar seu próximo relatório e sequer havia tentado descobrir nada. Abraçou o cabo da vassoura tentando imaginar como perguntaria qualquer coisa sem parecer suspeito e sua mente nem fazia esforço para chegar a um veredito. Não. Maneiras de arrancar expressões do indiferentezinho parecia um tópico muito mais interessante.

— Se continuar, vai varrer a própria madeira para fora do chão. — O dito cujo apareceu perto de si, assustando-o. Jongdae quase caiu, diferente da vassoura que, com certeza, beijou o chão.

E Minseok sorriu pela primeira vez na sua frente. Dois segundos guardando todo um universo de cores e sentimentos, dois segundos da descoberta do novo.

Jongdae queria se estapear e ao mesmo tempo gritar porque era tão malditamente adorável em todos os sentidos. Estava perdendo e sabia disso. Não podia, era o traidor ali, mas não conseguia evitar.

Céus, estou me apaixonando por um bloco de gelo!

— Então, também tem sentimentos? — disse, porque o que crescia em si precisava ser quebrado de alguma forma.

Falhou, pois Minseok envergonhado atingia diretamente seu coração.

Queria ver mais, odiava isso, mas não conseguia evitar.

O tempo foi passando e a amizade dos dois cresceu tão forte quanto os sentimentos estranhos que Jongdae escondia em si, mas Minseok também não era de todo sincero. Então, foi como construir um castelo de aço sobre areia movediça, cedo ou tarde afundaria.

Jongdae amava as poucas expressões que o príncipe deixava escapar de vez em quando e se aproveitava um pouco do status de amigo, diga-se de passagem. Como quando, após iniciar uma guerra de tinta de propósito, sugeriu que fossem tomar banho de rio juntos. Seu plano não saiu exatamente como queria, porque Minseok se manteve de calça, mas foi divertido fazer uma guerra de água como duas crianças.

Dois meses se passaram, a primavera estava em seu auge quando as coisas tornaram a se complicar. Jongdae se ofereceu para ir buscar um pouco de lenha no armazém que ficava na floresta a oeste da cidade e acabou se perdendo. Ia escurecendo quando Minseok o encontrou, deu o sermão do ano e o acompanhou até os fundos do bar, onde guardaram os pequenos troncos partidos, juntos. Após, recostaram-se na mesa de madeira do local. Jongdae batia as mãos uma na outra para tirar qualquer tipo de farpa, logo sendo repreendido pelo mais velho a seu lado.

E era bom ter Minseok segurando seu pulso enquanto tirava as pequenas farpas de sua mão. Estranhamente bom, mas, mesmo assim, bom. O príncipe de cabelos castanhos se ofereceu para fazer o mesmo, com as bochechas um pouco coradas, vale dizer, mas não havia sequer umazinha nas mãos do outro, ele já havia tirado.

Jongdae virou o rosto, muito mais vermelho agora, pois havia um sorriso largo no rosto de Minseok. O falso faz-tudo estava perdendo a habilidade de controlar suas emoções perante a fofura do faxineiro barista. Fofura essa que só ele parecia ver.

— Posso te contar um segredo? — disse repentinamente Jongdae. Olhando para o outro no fim da frase como se tomasse coragem.

O de cabelos pretos assentiu.

Jongdae foi chegando mais e mais perto com delicadeza, deixando o mais velho visivelmente nervoso, entretanto, não se afastou. Deixou-o, com coração quase saindo do peito, roubar-lhe um tímido selar de lábios. Tão sutil que poderia ser um delírio, mas não ousava passar daquela restrita linha. Na verdade, estava preparado para levar um soco.

Não aconteceu. O soco esperado nunca veio. Então completou com palavras as lacunas que seu ato deixou.

— Não é como amigo que gosto de você, Minseok — Finalmente disse, finalmente tirou uma parte do peso de seu peito.

Nem sabia direito porque acatou aquele impulso. Mentiu desde que chegou, era um duas-caras imundo, mas, pensando melhor, se iria ser odiado de qualquer forma, que declarasse logo seus sentimentos. Aí, pelo menos, teriam algo verdadeiro naquela relação, algo que valesse a pena guardar mesmo após o fim.

— Jongdae, eu não sou bom com sentimentos, mas ninguém me faz sentir como você faz.

O de cabelos castanhos sorriu, incapaz de se conter. Logo passando a língua pelo lábio inferior, enquanto puxava o outro para si, para um beijo de verdade dessa vez. E de novo, e de novo, até se despedirem cheios de promessas para o dia seguinte.

O barista fez seu trabalho alegre demais aquela noite, porque os lábios do príncipe gelado eram a coisa mais quente que já provara. E, talvez, a mais doce também. Já Minseok foi até seu castelo quase saltitante. Era uma novidade para si ter tanto transbordando coração afora e sua mãe não pôde deixar de notar a diferença, qualquer um notaria.

Subindo para seu quarto, no fim do expediente, Jongdae cantarolava um toque que escutara fazia tanto tempo que nem lembrava mais onde, porém, sempre surgia quando estava feliz. Estava prestes a apagar a vela quando um pontinho brilhante entrou pela janela.

— Onde esteve todo esse tempo? — perguntou o príncipe.

— Observando. Está fazendo progresso rápido — disse sugestiva.

— Não fiz progresso algum. Ninguém na cidade que esteja ao meu alcance sabe sobre o castelo.

— Ah! Não precisa se preocupar com isso, bobo! Eu sei tudo sobre o castelo, qualquer coisa que precisar. Me referia a outro tipo de progresso.

O humano não tinha certeza se entendia.

— Então, como diz que eu fiz progresso?

— Com o príncipe, oras!

— Que príncipe?

— O príncipe Minseok.

— Minseok não é um príncipe.

Silêncio. Só se ouvia o som exterior. A mente de Jongdae encaixava peças que nunca fizeram sentido antes. Mas… não pode ser!

— Não acredita? Então veja com seus próprios olhos.

Um balançar de mão depois e Jongdae estava do tamanho de Sunmi. E chocado também, mas não vem ao caso. A fada derramou seu pó mágico sobre o príncipe e ele começou a flutuar, sob seu controle, pelo cômodo.

Levou o príncipe com sua magia até uma janela alta do castelo. Pousando sobre uma mesa. Olhando ao redor, estavam num quarto muito bem iluminado por diversos castiçais, com tapeçarias azuis, brancas e prateadas adornando algumas paredes e o piso. A cama bem arrumada estava coberta por lençóis brancos. O rapaz já ia perguntar por que havia sido levado ali quando a porta se abriu e duas pessoas entraram. Um homem e uma mulher. O homem sendo bem conhecido pelo príncipe Jongdae e a mulher… não era muito difícil de adivinhar quem era.

— Aquela é a rainha — disse Sunmi por via das dúvidas, enquanto puxava o rapaz para trás de algum objeto, com o objetivo de passarem despercebidos.

Então Minseok é mesmo o príncipe… O peso da realização caiu sobre Jongdae como um novo fardo.

— Mãe… — murmurou o dito cujo. — Está tudo bem, juro.

— Tem saído com frequência, pulou alguns treinos e hoje até sorriu pro vento durante o jantar! Não é nem de perto o seu normal. Por favor, me diga, não vou te repreender. Só quero saber o que está acontecendo com meu filho.

Dóia. Algo em Jongdae doía. Junto a falta de palavras de Minseok, ele se sentia igual. Se fosse um simples trabalhador ainda conseguiria levar adiante, mas o príncipe? Céus! Sua missão era assassinar a mãe daquele por quem se apaixonara. Apenas pensar no assunto enviava espinhos direto a seu coração, rodeando e prendendo, cortando.

— Me leve embora — sussurrou à fada. — Não há mais nada para ver aqui.

E Jongdae deixou a sala, a cidade, Minseok, tudo em prol daquela causa tola e aquela fada estúpida. Não tinha mais certeza se queria lutar aquela batalha.

Entretanto, a conversa entre mãe e filho continuou.

— Conheci alguém…

— Oh não! — A rainha virou-se, esfregando as mãos pelos cabelos. — O amor…

— O amor não é ruim mãe.

— Para nós é! Ambos sabemos que o problema é diferente no seu caso. O amor é muito poderoso e intenso. Muito quente — ela se aproximou e colocou uma mão em cada ombro do filho. — Pode, não, vai te…

— Estou ciente. Não sou mais uma criança, não precisa repetir. — A última frase saiu como um sussurro. — Mãe, estou tão cansado. — Cobriu o rosto com as palmas das mãos.

Eunha abraçou o filho, segurando sua própria vontade de chorar. Empurrando sua culpa para longe, onde não pudesse ser vista.

Foram longos minutos de silêncio que pesavam as dores de duas vidas inteiras. Mãe e filho compartilhando uma sina gélida.

— Eu quero viver — foi Minseok que quebrou o momento. Levantando a cabeça para encarar a mulher que lhe dera a vida —, de verdade. Pelo menos por um dia, quero não ter que me preocupar em conter meus sentimentos. Quero poder fazer tudo que alguém normal faria. Ao mesmo tempo, não quero te decepcionar, nem te abandonar. Nunca pensei que essa escolha poderia ser tão difícil.

A lágrima solitária que escapou foi seca antes que o rapaz a visse. Eunha deu um beijo na testa do filho e sorriu. Para Minseok, aquele sorriso falava mais de mil palavras.

— Me desculpe, mãe.

— Essa pessoa sabe quem você é?

— Não.

— Minseokie…

— Eu sei — encarou o olhar reprovador da mãe, antes de continuar —, mas… e se me odiar? Não é como se eu tivesse vergonha de quem eu sou, mas… isso — encarou as próprias mãos — não costuma aproximar ninguém.

— Se tem algo que aprendi com os erros do passado, meu filho, é que esconder quem somos apenas adia o inevitável. Se essa pessoa não pode amá-lo pelo que é, então não vale a pena. Entretanto, a escolha é sua.

No dia seguinte, Minseok acordou cedo, se lavou, trocou de roupa e vestiu sua capa azul. Estava determinado a dizer a verdade e lidar com as consequências. Não tinha certeza se Jongdae entenderia, mas esperava que sim. Esperava…

Esperava beijá-lo outra vez.

Porém, ao chegar na taberna, não havia sinais do rapaz. Ninguém sabia dele. Seu quarto estava vazio. Era como se houvesse desaparecido no meio da noite.

Primeiro, pensou ser obra de sua mãe, porque era difícil demais acreditar que ele o abandonara assim, sem mais nem menos. Seu coração doía. Se recusava a acreditar. Depois, só restou a dor, pois, de fato, Jongdae havia o deixado por livre e espontânea vontade, sem ter sequer o trabalho de se despedir.

Foi tudo uma grande brincadeira para ele?

Assim, Minseok voltou a sua rotina, só que pior. Seus treinos eram proporcionais a sua falta de emoção. Nenhuma lágrima foi derramada. Quando sua mãe perguntou sobre o assunto, a resposta foi um glacial “ele me deixou”.

Em um mês, Minseok era poderoso o suficiente para invocar e controlar o dragão de gelo, mas Eunha apenas sentia tristeza pela evolução do filho. Se, por ventura, acabasse por encontrar aquele que fizera tamanho mal a seu filho, não teria piedade.

7. März 2022 06:56 0 Bericht Einbetten Follow einer Story
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