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Antes de conhecer Park Jimin, Min Yoongi não entendia o que era sentir amor. Entretanto, nos toques, sorrisos e momentos ao lado do outro, Yoongi aprendeu todos os lados, formas e diferenças que o sentimento poderia ter. Porque Jimin era sua pessoa. (Inspirada em Trivia: Love)


Fan-Fiction Bands/Sänger Nicht für Kinder unter 13 Jahren.

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O que é o amor? (único)

Escrito por: @LadyofSomething/@RedWidowB

Notas Iniciais: Olá!

Primeiramente, gostaria de agradecer demais @ksjtiny/@ksjtiny pela betagem (e pelas dicas), assim como gukxcviie/gukxcviie pela capa PERFEITA! Vocês são incríveis <3 obrigada por ajudarem a dar vida a essa bichinha.

Segundo, espero que gostem dessa coisinha, assim como adorei escrevê-la. Boa leitura!


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O primeiro romance que li na vida, um livro que minha mãe afirmava ser o melhor de todos, me pareceu idiota. Eu não conseguia entender o que de tão interessante ela havia visto naquelas trezentas páginas. Era apenas a história de uma mulher comum, conhecendo um homem também comum, vivendo o que, pra mim, também deveria ser comum, já que eu não tinha idade para saber que nem todos conseguiriam fazer comigo o que o protagonista causava na mocinha.

Afinal, eu sabia o que era ter coração disparado, pois acontecia quando eu corria; sabia o que era nervosismo e mãos suadas, pois, era o que sentia antes e durante as provas da escola. Não havia novidades.

E amor? Bem, eu não sabia muito bem o que esperar dele. Para mim, era apenas um sentimento que eu deveria ter por meus pais por terem me criado e alimentado a vida inteira. Não sentia aquele tipo de coisa por garotas, e garotos nem ao menos passavam por minha mente ainda, então amor era somente mais uma palavra no meio de muitas que eu, a partir daquele momento, conhecia.

Entretanto, após tanto tempo vivendo minha vida comum, em minha existência pacata e quase patética, a primeira vez que entendi o que o romance velho de minha mãe queria dizer foi quando conheci Park Jimin.

É claro que, diferente dos livros, eu não vi estrelas ao seu redor, ou todas as firulas usadas para descrever quando se sente atração ou admiração por alguém. No entanto, eu ainda soube que com ele foi o oposto do que eu sentia ao conhecer outras pessoas.

De forma alguma, pude imaginar que apenas o ver seria o único passo necessário para que a compreensão me acertasse, porém foi o que aconteceu.

Eu era apenas um homem comum realmente, mas ele, para mim, não correspondia à alcunha.

Trabalhávamos no mesmo escritório ridículo, em departamentos diferentes e igualmente terríveis, mas Jimin destoava completamente da monotonia daqueles corredores cinzentos.

Talvez fosse a forma que ele sorria, ou o jeito que seus olhos me enfeitiçavam, ou como sua voz tornou-se minha favorita antes mesmo de ser direcionada a mim. Ou talvez eu não devesse culpá-lo, uma vez que Jimin nem ao menos tentou fazer com que eu caísse por ele.

Foi uma situação tão simples, até clichê, em que nos encontramos no refeitório da empresa: eu quase derrubei meu almoço em mim mesmo quando o vi sorrir. Era muita informação de uma só vez para minha cabeça atolada de trabalho. Muita beleza em um só ser.

Ele me ajudou com a comida, com o mesmo sorriso que causou o acidente, e eu apenas aceitei meu destino. Não havia como não me apaixonar.

Todas as vezes em que o via de longe, eu tinha mais certeza de que não era comum o que meu corpo fazia comigo.

Jimin não tinha um só traço similar ao “normal” pra mim. Sua beleza física havia captado meu interesse, porém a forma que aparentemente tratava as pessoas ao seu redor tornava-o ainda mais belo. Eu estava verdadeiramente encantado pelo pouco que “conhecia”.

E apesar de saber que havia a chance de estar criando apenas uma imagem romantizada do rapaz em minha mente, eu quis arriscar conhecê-lo. Não era como se eu não soubesse que pessoas têm defeitos.

Eu não queria que meus pensamentos permanecessem no “e se” para sempre. Não queria contar, no futuro, que um dia guardei somente para mim todas as sensações que apenas pensar nele me causavam. Foi assim que me aproximei, torcendo para que ele não me visse como um louco desconhecido estranho — coisa que eu, sozinho, já achava que era.

Sinceramente, aproximar-me não foi fácil. Minha timidez e sua forma extrovertida de ser não convergiam em minha imaginação, então a ideia de fingir ser quem eu não era quase foi cogitada. Quase.

Para minha sorte, fui muito bem ensinado que não valia a pena mentir. Afinal, de que adiantaria fazê-lo acreditar que eu gostava de gente para no final descobrir que a única pessoa que eu queria por perto era ele?

Dessa forma, acumulei o máximo de coragem possível e, durante o horário do almoço de uma terça-feira de outono, fui até ele. Minhas pernas ficavam cada vez mais bambas, e as extremidades do meu corpo começaram a esfriar tanto que pensei que minha pressão sanguínea havia me abandonado.

Quando parei em frente a ele e seus colegas de trabalho, Park Jimin sorriu pra mim, como se fôssemos velhos conhecidos.

— Boa tarde — eu disse, pensando seriamente em me esmurrar até voltar para minha mesa.

— Boa tarde — ele e os outros em sua mesa me cumprimentaram, chutando a coragem para fora do meu corpo.

E foi com medo mesmo que continuei.

— Meu nome é Min Yoongi e, hum… — Respirei fundo. — Poderia falar com você? — perguntei diretamente a Jimin.

Suas bochechas avermelharam-se e, com o um aceno que quase me assassinou, ele me acompanhou até fora do refeitório, onde eu já não sabia mais o que falar. Algumas paranoias surgiram em minha cabeça sobre eu sequer saber a sexualidade dele, assim como se ele ao menos estava solteiro. Entretanto, apenas segui o fluxo do que acontecia.

Ainda que hoje me lembre da situação intitulando-o com seu nome, na época, eu não sabia como Jimin se chamava. Então foi o que perguntei assim que o silêncio tornou-se estranho enquanto caminhávamos.

— Park Jimin — ele respondeu, e sua voz tatuou o nome em minha mente.

— Eu sou Min Yoongi — contei, fazendo-o sorrir.

— Eu sei, você disse quando me chamou para conversarmos.

Tentei não focar no ódio que senti de mim mesmo.

— Claro! Desculpe.

Jimin riu, e eu esqueci o ódio por todo o curto período que fui agraciado com o som que saía de sua garganta.

— Não precisa pedir desculpas — afirmou, logo tocando em meu braço com a ponta de seu indicador. — Nem ficar nervoso.

Não soube dizer se o que me deixou mais trêmulo foi o toque, sua expressão divertida ou o dito. A única coisa que soube, imediatamente, foi que aquele homem poderia me desmontar e destruir inteiro com apenas sua voz.

— Você gostaria de sair comigo? — soltei como se meu cérebro houvesse derretido de vez.

Mais uma vez o Park fechou seus olhos com o enorme sorriso que deu — e eu percebi apenas muito tempo depois que era algo comum para ele.

— O que acha de nos conhecermos melhor antes?

Eu nem ao menos cogitei discordar.

Não era o sim que eu queria, mas não sendo um "não" definitivo, estava feliz.

Desse modo, passamos a conversar sempre que nos víamos, principalmente nos horários de almoço. Nunca estávamos realmente sozinhos, no entanto ele fazia questão de não me deixar deslocado em seu meio social.

Não era minha vontade primária conhecer os amigos que ele tinha em nosso trabalho, mas foi isso que aconteceu.

É claro que eu não tinha nada contra qualquer um deles somente por serem próximos de Jimin, porém fazer amizades não era meu forte. Se tive algum amigo na vida, eu lembrava apenas de um: Holly, meu cachorro de infância. Aquele poodlezinho foi o único a ouvir minhas ideias e lamentações púberes.

Pessoas eram complicadas! Eu via isso em meus pais e nos outros ao meu redor. Todos sempre estavam sobrecarregados de problemas. Logo, para que eu teria muitas outras ao meu redor? Para trazer seus problemas para mim?

Descobri, aos poucos, que o Park não dividia de forma alguma minha opinião. Se, antes de o conhecer, eu temia suas habilidades sociais, por perto foram apenas períodos de muita reflexão sobre como ele era um ímã de gente.

Todos o adoravam, talvez ao mesmo nível que eu, e Jimin sabia retribuir na medida certa todo o carinho que recebia. De certa forma, ele provava que meu ponto era equivocado, já que suas amizades pareciam apenas lhe trazer satisfação, e não a bomba de problemas que eu sempre enxerguei em meus pais e desconhecidos.

Eu, por outro lado, justamente por pensar demais nos contras de um círculo social extenso, não fazia ideia do que fazer quando alguém se aproximava. Meus instintos diziam para que eu tomasse muito mais cuidado do que realmente procurasse estabelecer uma ligação com os outros.

Assim, esse foi o caso de Jung Hoseok e Kim Taehyung, que eram melhores amigos de Jimin e, por algum motivo que até hoje não sei, resolveram me ter como amigo também.

Inicialmente, diversas teorias passaram pela minha cabeça, inclusive sobre ambos não me quererem perto do melhor amigo. Ainda bem que estava equivocado, e que eles quebraram minhas barreiras.

Eu achava que o ponto mais alto da minha vida, até aquele momento, era ser chamado para almoçar com Jimin todos os dias. Estava errado, no entanto, pois ter amigos me pareceu tão bom quanto, mesmo que de formas diferentes.

Taehyung e Hobi tinham o próprio jeito de me animar, ainda que, para chegar ao ponto de termos intimidade, meses se passaram.

Meses esses que nenhum avanço com o Park havia acontecido também.

Meus (novos) amigos insistiam em dizer que era a forma que Jimin lidava com o romance, enquanto minha mente temia que fosse o jeito adorável de ele me dizer “não” sem magoar meus sentimentos. Afinal, nós continuávamos a rotina de almoços juntos, às vezes até saindo do prédio velho do trabalho lado a lado; no entanto, nada mais. Nem ao menos um passo em direção ao outro.

Além do mais, eu não me sentia no direito de cobrar resposta, ou de pedir uma segunda vez por um encontro.

Quem eu era para fazê-lo? Apenas um cara com problemas sociais apaixonado por outro homem que eu nem ao menos sabia se gostava de rapazes também.

A ideia de ter sido mal-interpretado me perseguiu por todo aquele tempo, sempre variando entre o pensamento do Park ser hétero, ou de ele simplesmente não querer nada comigo.

Em sete meses, acreditei definitivamente no meu fim: a Friendzone. Jimin talvez gostasse da minha companhia — e isso já era maravilhoso —, porém não da mesma forma que eu apreciava a dele.

Taehyung dizia que eu deveria tentar convidá-lo mais uma vez, Hoseok dizia que eu deveria superar, e eu acreditava em uma mistura dos dois.

Eu poderia superá-lo depois de ouvir um não, correto?

Com toda sinceridade, nem eu acreditava nisso.

Foi assim que posterguei mais tempo, ignorando a vontade que sentia de me aproximar ainda mais dele, quem sabe segurar suas mãos ou acariciar seu rosto sempre corado. Tentava constantemente pensar que era melhor estar ao seu lado do que tentar investir nos meus sentimentos e ouvir diretamente a negativa que já esperava.

Então, é claro que eu não estava preparado para o momento em que, no horário da saída, em uma sexta-feira, ele tocou em meu ombro e disse:

— Você gostaria de beber algo comigo?

Ainda lembro de como sua mão estava trêmula e sua voz baixinha. Se era nervosismo, Jimin nunca me disse.

Eu odiava bebida alcoólica, e ele sabia disso. Não era um convite minimamente cortês, e estávamos apenas nós dois. Jimin queria sair comigo, e eu apenas aceitei.

A passos lentos — cansados, da minha parte — fomos em direção a um bar não tão longe da empresa. Não quis me iludir ou criar expectativas sobre o objetivo do Park ao esfregar seu ombro no meu e dizer que fazia frio, ainda que o próprio convite já houvesse sido sugestivo.

Preferi não tentar descobrir sozinho daquela vez. Se fosse apenas uma saída de amigos, assim seria, e eu me daria por satisfeito por tê-lo ao meu lado.

Quando chegamos ao bendito lugar, procurei nossos colegas de trabalho por ali, com o pingo de insegurança gritando que aquilo não era um encontro, que não éramos apenas nós dois.

Entrelaçando nossos dedos com a desculpa de que não queria me perder na multidão, o Park me mostrou que, pela primeira vez, estávamos sozinhos.

Pediu nossas bebidas com sua educação costumeira, tirando do atendente um suspiro que só reconheci por também fazê-lo sutilmente. Sentamos em frente ao balcão, e eu senti vontade de dizer que ele era belo. Que seus cabelos médios estavam lindos com a nova cor castanha, que combinavam com suas roupas sempre coloridas pastéis.

Lendo meus pensamentos, talvez, Jimin olhou em meus olhos com felicidade estampada nos seus.

— Você gostou do meu cabelo? — Ele já sabia que sim, era perceptível no seu tom de voz.

— Ficou lindo em você — disse, desviando a atenção de sua expressão doce de regozijo para nossas mãos que ele não fez questão de soltar.

As pessoas ao nosso redor faziam barulho, o barman chacoalhava o drink do outro lado do balcão, e o Park estalou os lábios carnudos antes de mais uma vez me surpreender:

— Eu me sinto bonito quando você me olha assim, então acredito no elogio também — contou subitamente.

"Assim" poderia ser qualquer uma das formas abobalhadas que eu o fitava, e imaginar que ele duvidava minimamente de sua beleza não me parecia correto. Entretanto, meu vocabulário não era extenso o suficiente para convencê-lo de todas as qualidades que enxergava nele.

Sem o que responder, sorri.

E foi tão estranho como, mesmo em um lugar cheio de som, senti a pressão do silêncio entre nós em minha garganta. Tinha que falar algo mais, eu queria afirmar todos os meus pensamentos de uma só vez, porque ele me deixava nervoso e, ao mesmo tempo, ansioso pela mesma sensação.

Deixei um som fraquinho sair da minha garganta, Jimin olhou para mim, e mais nada consegui fazer além de encará-lo.

— Sete meses e você continua tímido. — Ele apertou seus dedos enroscados nos meus. — É fofo.

— Você está tentando me matar? — minha boca grande perguntou.

Com mais um sorriso, confirmou.

Por horas, nossas mãos continuaram conectadas, enquanto Jimin puxava assunto por nós dois. Às vezes, eu me sentia orgulhoso quando percebia que parte do mérito era meu. Eu havia dado o primeiro passo, mesmo que meses atrás.

Se fosse outro dia da semana, teríamos nos preocupado mais com o horário e com a forma que deveríamos nos despedir. Porém, a madrugada de sábado nos agraciou com seu vento gelado assim que saímos do bar, e as poucas estrelas no céu presenciaram nossa caminhada acanhada, ainda de mãos dadas, em direção à garagem da empresa, onde deixamos nossos carros.

Eram duas da manhã quando alcançamos os automóveis distintos. Minutos depois, não entramos nos carros. Eu queria continuar ali, ao seu lado, e hoje sei que Jimin estava fazendo a escolha que definiria nosso futuro.

Com suas mãos macias, ele segurou meu rosto, empurrando meu corpo contra meu carro velho e encostando-se em mim. Pela milésima vez, olhou em meus olhos, procurando a confirmação que meu corpo inteiro gritava, então me beijou.

Não foi como no conto que li na pré-adolescência, sob um simbolismo romântico ou de fertilidade. Eu não ouvi anjos cantando, muito menos vi estrelas ao meu redor. Porém, foi bom. O tipo de bom que não havia experimentado antes e que não sabia se viveria muito mais tempo sem.

Nós nos beijamos sob o teto de um estacionamento velho, sem um luar interessado em abençoar nosso romance. Apenas dividimos aquele momento, utilizando de nossos próprios sentimentos para torná-lo especial.

Entre cada ósculo, surgia uma urgência em mim de pedir explicações. Ele gostava de mim? Nós seríamos algo?

Nada perguntei, no entanto. Assim que nos despedimos, ambos com os lábios vermelhos, apenas aceitei que, talvez, o Park não funcionasse da mesma forma que eu. Que as coisas com ele teriam tempos diferentes.

Durante o final de semana, enquanto me segurava ao máximo para não dizer a ele o quanto queria vê-lo o mais breve possível e que meus sonhos estavam recheados de sua imagem, trocamos mensagens sobre diversos assuntos que pessoalmente eu não teria o mesmo ímpeto de puxar ou responder.

Na segunda, ele me mostrou que não nos resumiríamos ao primeiro beijo.

Não tenho como dizer quantos foram, apesar de ter contado até o quadragésimo quinto selinho que Jimin me deu. Só era bom demais para ser real, e a felicidade que eu sentia não me era cotidiana.

Eu não era uma pessoa particularmente feliz. Mesmo que hoje eu tente não atribuir todos os sentimentos positivos a ele, o primeiro passo sempre será o dia em que decidi estar com o Park, porque foi ao seu lado que descobri que se sentir bem faz parte da vida.

Adorava seus beijos, nossas mãos dadas e todas as reações que a paixão me causava. Tudo que o envolvia era sinônimo de boas sensações.

No terceiro mês em que estávamos trocando tanto, a ansiedade de não saber se era recíproco tornou-se coragem.

Era a primeira vez em que íamos à sua casa, assim como a primeira em que ficaríamos definitivamente sozinhos em um local privado. Pensei que iria morrer, principalmente se meus questionamentos destruíssem nosso momento a sós.

Sentados no sofá, Jimin tinha suas pernas sobre as minhas enquanto dividíamos um pote de pipoca e assistíamos ao filme que ele havia indicado tempos atrás.

Eu deveria estar prestando atenção no filme, mas suas coxas grossas vestidas em shorts sobre minhas pernas me distraíam. Eu deveria aproveitar o momento, entretanto como poderia? Queria saber se, caso eu vivesse intensamente os momentos que estávamos tendo, ele viveria igualmente.

— Jimin? — chamei em determinado momento, quando o protagonista estava repetindo pela sétima vez seu objetivo no filme.

O Park se virou para mim com os olhinhos levemente arregalados.

— Oi, meu bem — ele respondeu, ajeitando-se no lugar. — Você não gostou do filme? Quer trocar?

Eu nem tinha como formar uma opinião sobre o bendito filme, já que não estava prestando atenção. Tinham muitos pensamentos em minha cabeça, atropelando um ao outro, então, ignorando sua pergunta, disse:

— O que nós somos?

Jimin piscou várias vezes, confuso.

— Como assim? — indagou de volta, claramente menos relaxado que antes, comprimindo seus ombros.

Comecei a me arrepender da impulsividade.

— Nós estamos aqui como amigos? — Apontei para nós dois com o indicador, circulando o ar ao nosso redor.

Suas sobrancelhas se apertaram e seus ombros relaxaram.

— Você acha isso?

Eu não queria achar.

— Não. Só quero entender sua perspectiva.

Ele tirou suas pernas de cima das minhas e endireitou-se ao meu lado, encostando seu braço no meu.

— Eu não sei como denominar nós dois, Yoon. Mas eu não te vejo mais como apenas meu amigo.

Esperei que a cena a seguir, ao seu lado, fosse similar ao que víamos em filmes de terror thrash, onde meu coração sairia pela boca, pulando loucamente até eu desfalecer.

— Então, estamos em um relacionamento? — inquiri baixinho, olhando para sua mão que, de repente, subiu em minha coxa direita.

— Você quer estar em um, Yoon?

Virei meu rosto em sua direção, apenas para confirmar a expressão alegre que imaginei que encontraria.

Naquela noite, enquanto Jimin repetia contra meus lábios o novo título — de namorado — que me deu, nós fizemos amor. Meio desajeitado, por ser minha primeira vez com um homem, encabulado por ser a nossa primeira vez e maravilhoso por sermos nós dois.

Sob seus cuidados e carinhos, eu me deixei levar. Cada nova experiência, sensação e júbilo era gravada em minha pele e memória.

Gosto de dizer que foi entre seus dedos que grudei os meus, no intuito de nunca mais os deixar ir, e que, naquele dia, eu soube o que era estar ligado a alguém de forma tão intensa.

Assim, o tempo passou. Como Jimin diria, nós tivemos nossa "Lua de Mel", em que dividimos momentos que vivemos o melhor de cada um. As qualidades que já conhecia nele foram ressaltadas e aquelas que conheci depois apenas incrementaram o amor que sentia por ele.

O que poderíamos considerar ruim, não passávamos, pois satisfação era o único resultado de quando nos encontrávamos.

Hoseok dizia que aquilo era passageiro, enquanto Taehyung insistia que, entre o Park e eu, as coisas nunca dariam errado. Mais uma vez, acreditei um pouco em cada um.

Infelizmente, a única fonte que eu tinha como base era um livro antigo e clichê da minha mãe, porém até nele havia o momento em que o casal percebia que nem tudo são flores.

Nosso momento, então, foi quando Jimin me pediu para conhecer meus pais.

É claro que eu o amava, é claro que eu tinha orgulho de tê-lo ao meu lado. Como eu poderia não sentir tais coisas? No entanto, meus pais não eram, nem nunca seriam, parte essencial — para mim — de provar isso.

Para o Park, o "não" que disse foi o mesmo que destruir todas as afirmações que um dia lhe fiz. Afinal, ele tinha ótima relação com os pais e fazia questão de repetir que eu deveria conhecê-los, além de falar de mim para eles.

No meu caso, era diferente.

Conviver com Jimin apenas me mostrou o que já desconfiava: eu não sabia o que era amor, pois nunca o recebi daquela maneira. Atualmente sei que cada pessoa possui um jeito de amar, e também sei que o modo de meu pai e minha mãe não eram compatíveis entre si ou comigo.

O carinho que meu namorado tinha em relação a sua família não refletia a forma que eu vivi a vida inteira. Eu não tinha um porto seguro para voltar, eu não tinha uma fonte de amor inesgotável — pelo menos na minha opinião.

Meus pais não sabiam que eu gostava de garotos e não tinham notícias minhas há anos. Eu não poderia simplesmente surgir e dizer "hey, amem seu filho gay".

E em minha limitação comunicativa, não foi isso que respondi ao Park. Eu simplesmente disse "não", e por isso ficou, até eu vê-lo chorar.

Para uma pessoa retraída, é difícil lidar com os sentimentos, sejam de quem for. Então, lidar com os de Jimin foi um dos maiores desafios que tive. Afinal, como nunca pensei que ele também poderia ter inseguranças? Como não percebi que, independente de todas as nossas diferenças, ele também era uma pessoa como eu?

Tal qual o desafio de entendê-lo, passei pelo de deixá-lo me entender. Limpando suas lágrimas e deixando-me perder em seus olhos molhados e expectativos, contei o que ninguém mais sabia, além de mim.

Despejei todas as frustrações que nunca imaginei ter, ou que diria a alguém, mesmo que o medo do julgamento estivesse cercando-me o tempo inteiro.

E se ele não entendesse? E se ele me visse como um idiota?

Quem sentia-se sozinho na própria casa a vida inteira? Quem se sentia inseguro por nunca ter tido aprovação dos pais? Quem se afastava dos próprios pais por não ter coragem de enfrentá-los?

Quem tinha medo dos pais não amá-lo?

Minhas lágrimas foram limpas por ele, exatamente como fiz, em retribuição sutil e silenciosa. Com isso, senti como se seus polegares afastassem todo o peso que carreguei sozinho por tantos anos.

Chorei ainda mais ao constatar que, por Deus, eu o amava e era amado. Que eu sentia tanto medo que me cegava sobre como Jimin me via com amor.

O choro que compartilhamos pareceu limpar minha consciência. Eu poderia ser amado, e eu era, mesmo que não pelas pessoas de quem eu sempre esperei.

Foi assim, e com a ajuda de meu namorado, que procurei um profissional.

Em dois anos de relacionamento e meses de terapia, aprendi que, acima de tudo, eu precisava aprender a me amar. A aceitar que o primeiro passo para meu bem-estar deveria ser meu, então eu finalmente procurei meus pais.

O Park, assim como todas as demais descobertas sobre o amor que tive, estava ao meu lado, segurando a minha mão com a firmeza de sempre.

Não foi uma conversa fácil, muito menos uma das minhas lembranças favoritas ao lado dele. Porém, lidar com a falta de amor de um lugar é muito mais fácil quando se tem apoio, e eu tinha, não só de meu namorado, como também dos meus amigos que, aos poucos, também se tornavam mais que apenas dois loucos que resolveram me adotar como introvertido de estimação.

Logo, eu tinha orgulho de não ter deixado que Jimin fosse meramente mais um "e se". Agradecia ao meu eu do passado por ter tomado a coragem que somente eu sei o quanto foi dolorosa de conseguir. Ficava feliz em saber que, mesmo que tudo acabasse, ele seria parte da minha história, e não apenas um nome jogado no meio dela.

Porque Jimin me ajudou, ainda que indiretamente, a ser melhor pra mim. Porque Jimin era a minha pessoa, por ter me ajudado a ser a pessoa que hoje sou, e que reconhece o amor.

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Notas Finais: Muito obrigada a qualquer pessoa que se dispôs a ler mais uma loucura minha. Essa fic foi muito especial para mim, pois a escrevi ao mesmo tempo em que conhecia e me apaixonava pela minha namorada, então, parte dos sentimentos retratados aqui, são reflexo dos meus por ela. E mesmo que no futuro não tenhamos um final feliz como os yoonmin, fico feliz que esses sentimentos bons tenham ficado gravados aqui.

23. Februar 2022 23:55 0 Bericht Einbetten Follow einer Story
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