Nunca fui boa em coisas consideradas femininas, como cantar e tocar. Mas sempre fui forçada a praticar meu canto e fazer aulas de piano, em razão de: "uma princesa deve ter uma voz angelical e tocar uma boa música quando necessário".
Mas o que eu realmente gostava era de fugir do castelo, para ir ao campo dos guardas e aprender como usar uma espada e a me defender, porém mamãe sempre me proibia de ir lá.
A medida que fui crescendo e aprendendo como me "comportar" igual a uma princesa que sou, parei de tentar fugir para ir lá, mas isso não significava que eu tinha desistido, pois quando tinha tempo, importunava meu guarda pessoal, para que me ensinasse, Lidyo, apesar de já estar ficando velho, era o melhor entre os guardas e como cuida de mim desde que tenho nove primaveras de idade, não consegue me dizer não. Então me ensinava golpes e a como me defender, claro, tudo isso escondido de meus pais.
E tudo isso me era proibido, pelo fato de eu ser uma menina, mas que inconveniente, quem disse que uma garota não pode ser tão forte quanto um homem?
As regras realmente não cabem a mim, não vejo a hora de me tornar a rainha de Kurkala e, então, mostrar como posso ser delicada e ainda sim poderosa e indestrutível.
Realmente, estava ansiosa para me tornar rainha, pois foi para isso que fui treinada por dezenove verões, claro, o fato de ser a primeira mulher herdeira do trono me limitou de muitas coisas, como por exemplo, ver meus dois irmãos mais novos crescendo.
A Lyanda era a filha do meio, com 17 primaveras, confesso que ela é tudo o que eu sempre quis ser, tem uma voz adorável e sua bondade é inigualável. Alguns dizem até que ela é a garota mais linda de todo o reino, seus cabelos castanhos claros e seus olhos cor de mel que deixam todos com inveja, até a mim, não nego. A beleza dela realmente é rara, ao contrário de mim que tenho os olhos escuros como a noite e os cabelos tão escuros quanto. Fui a única dos filhos que puxou as características físicas do papai.
E também tem o filho mais novo, Cathal, apesar de ser só uma criança de 14 invernos já tem um gênio bem forte, ele é bem fechado e fala pouco, seus cabelos levemente encaracolados sempre estão mal arrumados e sempre parece estar com vergonha de algo já que na maioria das vezes está com as bochechas coradas, mas creio que se tornará um ótimo príncipe.
Muitos me perguntavam se eu não me sentia estranha com o fato de ver minha irmã mais nova se casando antes que eu, mas realmente não ligava para isso, gostava de ver ela animada com os preparativos para o casamento e, com certeza, a felicidade dela era a minha também.
Eu achava graça de como ela se referia ao noivo, Jacob que também é herdeiro de seu reino, Evoke, que fica no sul, agindo como uma boba apaixonada, me sentia melhor em saber que Lyanda também se tornaria rainha um dia.
É legal ver os dois apaixonados, mas também é enjoativo, deve ser por isso que apesar de eu ter dezenove anos, nunca tive um pretendente e, sinceramente, agradeço por nunca ter acontecido, sou a futura rainha de Kurkala.Tenho um povo para governar, Não tenho tempo para me preocupar com assuntos do coração.
Confesso já ter amado sim alguém. Ele era o filho do meio do meu guarda Lidyo, mas durou pouco, até porque Simon, filho de Lidyo não era como o pai, Lidyo é um homem educado que preza pela paz e respeito. Já o filho era um completo baderneiro que adorava me provocar, e afinal era apenas uma paixão infantil. creio que Lidyo não soube lidar com ele e então mandou para morar com os tios no leste.
Lá as coisas eram mais difíceis para o povo e desde então não o vi mais. Além dessa paixãozinha infantil por Simon, tive algumas trocas de beijos no jardim com o príncipe Finbar, irmão do Jacob, mas nunca passou disso pois disse a ele que não tinha sentimentos por ele e ele, chateado, retrucou dizendo que na sua frente só via uma " princesinha mimada".
Não o culpo, ele estava realmente chateado, pude ver em seus olhos. Por fim, não tenho contato com tantos homens assim e são poucos os que me agradam.
Meu pai, o Rei Ajenoe estava sempre ocupado, mal víamos ele, com exceção dos momentos de refeição nos quais todos se sentavam na mesa e comiam como uma família feliz, o que infelizmente não era verdade.
- Quem colocou este vaso de flor aqui? - Pude escutar a voz da vovó na sala ao lado enquanto me sentava na mesa de jantar.
- Eu, minha rainha.
Um criado falou, provavelmente sem saber o que vinha pela frente.
- POIS RETIRE AGORA, SEU DELINQUENTE! EU ODEIO FLORES! ANDE, TIRE ANTES QUE EU MANDE CORTAR SUA CABEÇA!
Olhei para porta e pude ver minha criada Anne claramente segurando o riso, pois quando ninguém estava olhando eu imitava a voz de vovó e falava que cortaria a cabeça de Anne também. Ela ria de mim e dizia que eu a imitava perfeitamente, provavelmente por ser a neta dela.
Vovó passou pela porta e todos os guardas e criadas ali arrumaram a postura. Todos tinham medo dela, pois por qualquer erro, por menor que fosse, ela realmente mandava cortar a cabeça! Entre outras punições extremamente severas. Eu não concordava, mas ainda não tinha voz para enfrentá-la.
Eu gosto dos horários de refeição já que posso ver todos, principalmente papai, que ainda insiste em levar documento para ler enquanto come. Mas mamãe, a única que tem poder sobre meu pai, não permitia
Vi a mamãe tirar os papéis das mãos de meu pai com agressividade.
- Ravena, por favor, eu sei que não gosta que eu leia na mesa, mas isso é importante!
Mamãe pegou o papel e leu brevemente
- Não é tão urgente, concentre-se na sua família pelo menos em horários como esse Ajenoe!
E como sempre, ele a obedeceu. Ela era a única que ele obedecia, sempre achei lindo o amor entre eles e quando eu era criança perguntava como eles tinham se apaixonado, mas eles nunca me davam detalhes ou coisas do tipo, então não demorou muito até eu perder o interesse.
Dava pra se ouvir algumas criadas fazendo barulhos na cozinha, provavelmente tentando agradar o paladar da minha avó, a rainha Sophia.
Há alguns anos atrás, ouvi boatos pelo castelo de que ela nem sempre foi assim, severa e rabugenta, alguns dizem que ela se tornou assim depois que o marido morreu, meu avô rei Deflyin. Todos diziam que o amor deles era como os de contos de fadas, queria pelo menos ter o conhecido, mas infelizmente ele morreu antes de eu nascer, alguns baderneiros muito bem treinados invadiram o castelo e conseguiram chegar até o meu avô que lutou mas não conseguiu vencê-los, era uma luta injusta! Um contra cinco e, desde então, a segurança no castelo aumentou e minha avó mudou completamente.
Quando pude finalmente descansar em meu quarto, já era tarde, não sabia exatamente o horário, mas olhando para fora pela minha janela, pude ver o pôr do sol e, junto a ele, minha irmã e o futuro marido se divertindo no gramado. O sorriso no rosto da minha irmã enchia meu coração de alegria e, então ali no meu quarto, me permiti sorrir para aquela situação.
Ver a Lyanda sorrindo alegremente enquanto bagunçava o cabelo do noivo encheu meu coração de esperança e felicidade.
- Animada para o casamento da sua irmã princesa?
Olhei em direção a voz e vi Anne que já estava em meu quarto.
- Não sabia que estava aqui.
Ela sorriu para mim graciosamente como fazia todos os dias e me respondeu.
- Eu estava lá atrás, consertando um vestido seu princesa.
Devolvi o sorriso para ela, Anne apesar de ser apenas minha criada tinha toda a minha consideração, como se fosse da minha família, assim como Lidyo, visto que os dois sempre cuidaram muito bem de mim. Mesmo sendo só alguns anos mais velha que eu.
Já estava quase me deitando para dormir quando o mensageiro real chegou, como eu sabia disso? Esse homem, independentemente do recado e do horário que vem, sempre anunciava sua chegada em voz alta.
- Eu sou Jhonny e trouxe um recado para a família real! - Dizia quase gritando.
Vesti um manto por cima de mim, assim ninguém veria o que não deveria e desci até a entrada onde todos da família estavam, menos Cathal. Provavelmente estava dormindo.
Olhei para meu pai e sua cara não era das melhores e pude ouvir minha avó dizer.
- Não, eu não permito que isso aconteça de novo, Ajenoe coloque todos os seus melhores guardas a postos agora! Não sabemos o que pode acontecer!
O que ela disse me assustou e então caminhei até minha mãe enquanto observava vovó sair completamente brava.
- O que está acontecendo mamãe?
Ela me levou até um canto mais afastado, olhou em volta para não ter ninguém nos observando e falou.
- O povo do leste está exigindo que seu pai faça melhorias lá já que a tempestade destruiu muita coisa.
Não estava entendendo o porquê de tanto alarde, apenas por isso.
- Certo, mas por que vovó está assim? - Mamãe suspirou enquanto me olhava.
- Se seu pai não fizer o que estão pedindo, eles vão invadir o castelo...
Meu coração naquele momento se acelerou, da última vez que isso aconteceu meu avô morreu, então não acho que seja uma boa ideia ignorar esse aviso.
- Então é só papai fazer as melhorias, não é?. Se bem que deixar o povo nos controlar seria um sinal de fraqueza
- Sim Niamy, mas o povo não entende que seu pai tem outros assuntos a resolver. Ele vai fazer as melhorias lá, mas não agora!. E existem várias coisas que impedem isso agora, mas o povo ainda não entendeu.
Os dias se passaram e nada aconteceu, mas os guardas continuaram em alerta e a segurança foi dobrada, nunca tinha visto tantos guardas andando pelos corredores enquanto as criadas corriam de um lado para o outro com os preparativos para o casamento da Lyanda e Jacob que seria em poucos dias.
A suposta invasão ao castelo estava me tirando várias noites de sono. " pelos deuses eu odeio ficar parada sem fazer nada". Pensei enquanto me levantava da cama indo até a porta do meu quarto.
-Lidyo?...
Falei baixinho enquanto abria a porta do meu quarto pensando na possibilidade do Lydio me dar cobertura enquanto fugia para o estábulo e treinar um pouco com a minha espada.
-Princesa? O turno do senhor lidyo começa apenas de manhã.
Ele disse fazendo uma reverência enquanto eu fechava a porta do meu quarto decepcionada.
Vielen Dank für das Lesen!
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