A rua principal subia num serpenteio sem-fim, até onde a vista não alcançava mais. E lá no alto se viam as pipas multicoloridas, com suas rabiolas soltas ao vento, investindo no vazio do céu, soberanas.
Do alto do cruzeiro avistavam-se as pequenas construções, algumas sem reboco, outras mais bem acabadas, parecendo escalar as escarpas do morro. De longe se sobressaíam muitos terraços; muitos varais plenos de roupas. Às vezes uma ou outra bela morena se aquecendo ao sol. As vielas num vai-e-vem ininterrupto; um sobe-e-desce humano, tal como um enorme formigueiro.
À distancia não se percebiam os odores fétidos dos focos de esgoto, aflorando ladeira abaixo; tampouco se viam as armas, ostentadas de forma corriqueira... e não se ouviam os impropérios dos bares de esquina.
De longe não se divisavam os gatos sobre a rede elétrica e as vans piratas até pareciam confortáveis. De longe não se percebiam o choro convulsivo que às vezes emanava das muitas paredes de madeira velha; choro sentido de criança, de adolescente, de mãe, de avó... diante da realidade crua.
De longe as crianças pareciam felizes.
De longe a favela era bela, tal qual uma tela de Portinari ou de Romero Britto...
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