bielcastelli Biel Castelli

A vida nem sempre é perfeita, e às vezes é difícil entender os rumos que ela toma. Em alguns momentos a dor é quase inevitável, e é preciso muito esforço para entender e aceitar. Naruto e Shikamaru se amam desde a infância, mas eles precisam superar barreiras, enfrentar o medo e seguir em frente. O amor não precisa ser eterno para ser bonito, e eles vão precisar de um tempo para entender isso.


Fan-Fiction Anime/Manga Alles öffentlich.

#naruto #shikamaru #Narushika #shikanaru #boyxboy #yaoi #drama #relacionamento #THNX #CL
Kurzgeschichte
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Vou agradecer para sempre por ter sido você

Hey babes, antes de mais nada... Feliz Ano Novo atrasado, que 2021 nos traga coisas boas <3

Ahh o que eu posso dizer sobre essa história... ela é emocionante, nunca pensei que escreveria algo assim ainda mais com esse casal mas ouvindo a música que leva o mesmo nome da história, só me veio eles na cabeça e com a ajudinha da minha beta eu consegui montar o plot e depois ela me ajudou a complementar mais ainda 💞

Então separem os lencinhos, peguem o fone de ouvido (vou deixar o link da música nas notas finais mas caso não queiram descer até o final é só procurarem aí no YouTube "CL - THNX") e Boa Leitura.




Parei em frente a cerca branca da minha casa, ainda hesitante em descer do carro. Nunca pensei que chegar ao meu lar seria pior do que enfrentar uma turma de adolescentes com hormônios à flor da pele, ser professor de ensino médio não era fácil, mas atualmente ser o marido estava sendo a tarefa mais árdua do dia. Quando havia se tornado tão difícil? E o pior, como deixamos que chegasse a esse ponto. Olhei para o retrovisor e o azul dos meus olhos parecia tão opaco e era claro as olheiras por baixo deles. Um sinal claro de que a dias eu não dormia bem, nem eu e muito menos ele. Saí do carro e caminhei até a porta da frente, ouvi as risadas do único ser que me dava forças todos os dias e o que me manteve em pé até agora, provavelmente ele estava rindo de alguma coisa do celular ou na TV. Meu filho era um bom menino, e era por ele a minha resistência em terminar com tudo. Vê-lo sofrer seria insuportável pra mim, ainda que ele veja a infelicidade dos pais todos os dias.


— Cheguei — falei alto adentrando em casa.


— Oi pai — Shikadai veio da direção da cozinha todo sorridente e me abraçou.


— Oi filho — beijei o topo de sua cabeça e o levantei no colo.



— Pai, eu não sou mais um bebê! — resmungou rindo.


— Pra mim é e será — baguncei seu cabelo — Como foi o teste para o time de basquete?


— Foi ótimo, consegui entrar para o time — fez um sinal de joinha sorrindo. Uma referência ao nosso personagem de anime favorito de basquete, Kuroko Tetsuya.


— Parabéns — o abracei mais uma vez, orgulho da minha pequena criança de catorze anos.


— Cadê seu pai? Ele foi te buscar?


— Não sei, fiquei esperando ele lá, mas já tava ficando um pouco tarde então eu vim de ônibus — falou dando de ombros.


— Hum, entendi — suspirei desgostoso — Que tal a gente pedir comida japonesa para comemorar sua conquista?


— Acho perfeito, mesmo sabendo que você irá roubar todo meu salmão – riu alto ao ver minha cara de indignação.


— Ei, eu não tenho culpa se você demora um ano para mastigar um pedaço de comida — falei já pegando o telefone e discando para o restaurante.


— É necessário mastigar bem a comida, senhor Naruto.


— Vaza daqui — joguei o pano de prato nele que correu para seu quarto.


Depois de fazer o pedido fui para o quarto tomar um banho, enquanto Shikadai ficava atento a chegada do entregador caso eu demorasse, e era o que eu iria fazer. Assim que entrei embaixo do chuveiro e senti a água quente cair em minha pele, deixei as lágrimas caírem. Pensar em como meu casamento tinha chegado aquele ponto, me destruía em mil pedaços. Uma parte de mim queria que tudo ficasse bem, mas outra parte queria muito ir embora e deixar todo aquele sofrimento para trás. Às vezes no meio da noite, eu acordava e ficava olhando pro escuro em um completo silêncio, apenas me perguntando quem errou primeiro ou qual de nós dois se descuidou e deixou aquele amor bonito que tínhamos morrer.


Shikamaru e eu éramos casados a mais de quinze anos, nos conhecemos no ensino fundamental e acho que foi amor à primeira vista, nos aproximamos e não desgrudamos mais um do outro. Nossos pais se tornaram melhores amigos, porque obviamente vivíamos um na casa do outro. Com a chegada da adolescência veio a puberdade e com ela algo mais cresceu, o desejo de sentir os lábios gordinhos dele nos meus, de tocar em seu cabelo por horas e até mesmo de ir além. Eu como um bom adolescente apaixonado, não conseguia mais esconder meus próprios sentimentos, acabei me declarando para ele numa das noites em que dormi na casa dele. Quando fui retribuído fiquei tão feliz que poderia soltar mil fogos de artifícios, naquela noite tivemos nossa primeira vez, nosso primeiro beijo e foi mágico para ambos. Mesmo que hoje eu veja como fomos desajeitados e totalmente despreparados, mas foi perfeito em sua imperfeição.


Não foi surpresa nenhuma para nossos pais quando contamos que estávamos juntos, eles sempre nos apoiaram em todas as nossas decisões. Até mesmo alguns anos depois, quando completamos dezenove anos e decidimos tentar construir a nossa própria vida juntos. Alugamos uma casinha minúscula e que mal cabia nossa mobília, mas era o que dava para pagar com nosso trabalho, e ali começamos nossa vida. Passamos por vários apertos, mas nunca pensamos em desistir, era eu e Shikamaru um cuidando do outro, um era o pilar do outro. Mesmo nos piores dias, eu ainda era seu abraço e ele meu lar. Mais alguns anos à frente completamos a faculdade, arrumamos ótimos empregos e finalmente compramos nossa própria casa, grande e espaçosa. Demos a ela cada toque nosso, seja nos porta retratos sobre o aparador azul claro da sala, ou o sofá azul que foi motivo de muita briga, já que eu o queria cinza e Shikamaru queria cada canto da casa azul. De acordo com ele, tudo deveria combinar com meus olhos.


Quando nossas vidas estavam estáveis, sentimos a necessidade de aumentar nossa pequena família e então Shikadai veio, através de uma barriga de aluguel nasceu a pessoa mais importante para minha vida e nós dois finalmente nos sentimos completos. Mas a vida é cheia de surpresas, Shikamaru acabou perdendo o emprego quando a empresa resolveu fazer um corte de funcionários e infelizmente ele estava no meio, passamos uma fase extremamente difícil, tínhamos um filho pequeno que exigia muito de nós. Mas eu não permiti que isso nos abalasse, peguei salas extras na escola para ganhar um bônus no salário até que Shikamaru conseguisse um novo emprego, e mantive as coisas até que ele conseguisse um novo emprego. No final daquele ano tudo se acertou quando ele conseguiu um emprego como braço direito do secretário da câmara de vereadores, e era onde ele estava até hoje.


Conseguimos dar uma infância incrível para Shikadai, o garoto era mimado pelos avós que não deixavam faltar nada para ele. Os anos foram se passando e nós três construímos tantas memórias felizes juntos que um livro seria pouco para contar tudo, mas aí chegou o momento que eu nunca esperaria, o casamento esfriou. Shikamaru e eu começamos a nos afastar um do outro, o sexo já não era o mesmo e o beijo não tinha mais aquele amor, não tinha mais contato e as poucas palavras que trocavamos virava uma discussão. E em meio a essas brigas, eu me odiava e o odiava, tentava ao máximo fazer com que Shikadai não visse, mas ele acabou presenciando muitas delas.


— O que eu devo fazer... — suspirei fechando o registro.


Voltei para a sala depois de me vestir e encontrei Shikadai sentado ao chão com a mesinha a postos e a comida já sobre ela.


— Nossa, eu demorei tanto assim? — ri me sentando ao seu lado.


— Pensei em te gritar, mas acho que você precisava desse tempo — me encarou — Está tudo bem?


— Estou, só cansado — sorri.


— Eu amo você, sei que o senhor não tá bem — me abraçou de lado deitando sua cabeça em meu ombro — Estou aqui se precisar desabafar.


— Essa frase deveria ser minha para você, já que eu sou o mais velho — sorri — O que seria de mim sem você — tentei segurar o choro ao abraçar ele — Também te amo meu filho.


— Cheguei — Shikamaru avisou.


— Oi pai, vem comer com a gente — sorriu — Papai comprou comida japonesa.


— Oi garotão — admirei o sorriso que foi direcionado ao garoto, fazia meses que eu não via um daqueles direcionado a mim — Vou dispensar a comida, estou cansado acho que vou tomar um banho e deitar.


— Certo — Shikadai deu de ombros e voltou a comer tentando disfarçar o descontentamento.


— Vou lá ver se seu pai precisa de alguma coisa — roubei o salmão dele e me levantei


— Pai, por favor não… — falou segurando meu braço e o olhar que ele me deu. Era tudo que eu sempre quis evitar e agora estava bem ali.


— Não irei brigar.


— Promete?


— Prometo filho.


Segui Shikamaru até o quarto e quando entrei ele já estava quase sem roupa, alguns meses atrás essa imagem nos levaria a cama, mas nem ao menos isso nos motiva mais.


— Oi...


— Por favor, não comece — suspirou.


— Só quero saber porque não foi buscar Shikadai no teste de basquete hoje?


— Tive uma reunião de última hora.


— Poderia ter avisado o garoto ou até mesmo pedir a um dos nossos pais que o buscasse, ele ficou lá por horas te esperando — sentia a raiva correr em minhas veias ao não ter a atenção do outro em mim, parecia que estava falando com as paredes. — Enfim, ele passou no teste, estamos comemorando.


— Que ótimo — murmurou.


— Depois, se você não estiver muito cansado, pergunte como foi o dia dele e dê os parabéns. Se importe com ele Shikamaru e não deixe que os nossos problemas afetem o amor que você tem pelo nosso filho – falei e sai do quarto.


Voltei para a sala e terminei de jantar com Shikadai, tentei fazer algumas brincadeiras para descontrair e parecia ter dado certo.


— Pai, você se importaria se eu fosse para o quarto jogar um pouco? — perguntou olhando para mim.


— Claro que não — acariciei seus cabelos e beijei sua testa — Já fez suas tarefas?


— Fiz todas na escola — piscou para mim.


— Esse é meu garoto — fiz joinha e sorri ao escutar sua risada gostosa.


Terminei de arrumar as coisas ali levando para a cozinha e depois fui corrigir as provas que foram feitas naquele dia, em certo momento avistei Shikamaru sair do quarto e ir em direção ao quarto de Shikadai. Ele ficou por algumas horas e eu nem o notei sair, apenas quando fui me deitar e já o vi na cama dormindo. Me deitei puxando a coberta para cima de mim e virei as costas logo pegando no sono.


************


O resto da semana passou voando, Shikamaru e eu não tivemos nenhum atrito, mas agora parecia que ele sequer conseguia me olhar. Às vezes sentia como se ele quisesse me dizer algo, mas talvez por temer que tudo terminasse em discussão ele simplesmente travava e seguia com outra coisa. Dentro de casa mantínhamos os diálogos automáticos e apenas quando Shikadai estava conosco que falávamos sobre ele. Eu sentia falta dos sorrisos que Shikamaru me dava, de todas as vezes em que dançamos em um fim de tarde, apenas por dançar. Tinha saudade até de sentir saudade dele, porque às vezes me perguntava se era apenas nostalgia ou se queria mesmo voltar no tempo. Talvez eu quisesse, porque no fundo eu não queria dividir minha família, mas eu não queria mais ver aquele olhar do meu filho e também não queria ser infeliz e nem que Shikamaru fosse. Por muito tempo pensei que isso poderia ser uma fase, mas não passou como as outras, essa permaneceu e nós nos perdemos um do outro.


Depois de mais uma sexta-feira extremamente esgotante, eu finalmente estava em casa. Adentrei já esperando que estivesse tudo em silêncio, e não pude deixar de ficar surpreso ao encontrar Shikamaru sentado no sofá.


— Oi — sussurrou.


— Oi — murmurei me aproximando e sentando no sofá a sua frente — Shikadai já chegou?


— Está no treino, mandou mensagem dizendo que vai vir com Inojin.


— Certo.


— Podemos conversar? — perguntou, me olhando pela primeira vez naquela semana.Seus olhos estavam vermelhos e inchados e eu sabia que ele havia andado chorando.


— Já não estamos fazendo isso?


— Estou tentando criar coragem para isso há semanas, talvez meses. E eu nunca sei como começar.


— São mais de quinze anos, Shikamaru, diga logo o que precisa dizer — mesmo dizendo frases confiantes, sentia minha barriga revirar ao escutar aquilo, minhas mãos já estavam suando.


— Eu não sei como começar essa conversa — me encarou com os olhos cheios de água.


— Direto ao ponto, como sempre fazemos.


— Nós devemos nos separar.


Meu chão sumiu naquele momento, minhas mãos começaram e sentia minha pele suar frio.


— Eu… — tentei segurar o choro em vão, meu rosto já estava sendo banhado pelas lágrimas.


— Eu venho pensando nisso a meses, nosso casamento não é mais o mesmo. Nós não podemos continuar assim. isso tem feito mal a nós dois e ao nosso filho, eu estou machucado e você também. O amor não é pra ser assim, nós não somos isso.


— Podemos tentar consertar — murmurei — Eu… podemos ir à terapia de casal?


— Eu te amo, e eu sempre vou amar. Mas nós não somos mais os mesmos, quando brigamos eu não me reconheço e nem as palavras que digo a você. Eu já te vi chorar escondido, Naruto e eu não quero isso. Nem mesmo o azul dos seus olhos é o mesmo. Você me entende? — sorriu em meio ao choro — Nosso casamento não vai se consertar com uma fita adesiva ou duas sessões de terapia, porque nós não queremos mais isso. Mas temos medo, medo de destruir nossa família e de machucar nosso filho.


— Tem outra pessoa? — o encarei.


— Não, eu não seria louco de trair você e muito menos te machucar dessa forma — ditou sério se levantando vindo até mim e se agachando na minha frente.


— Então o que aconteceu? Como permitimos chegar a esse ponto, Shikamaru? Quando foi que nos perdemos um do outro? Porque deixamos nosso amor acabar assim? — indaguei chorando.


— Eu não posso te dizer isso, quando na verdade nem eu sei. — pegou em minhas mãos e deixou um beijo em cada uma — Aconteceu que a vida fez nosso casamento esfriar, começamos a brigar por qualquer coisa, já não sentimos mais nada quando nos tocamos ou nos beijamos. Não posso dizer que nosso amor morreu, porque ele ainda existe e é por amor que vamos nos permitir ser felizes de novo.


— Eu sei — engoli o choro e o encarei por um momento admirando o homem incrível que estava à minha frente e que me fez feliz desde a minha adolescência.


— Nós fomos o primeiro amor um do outro, todas as experiências que tivemos fomos juntos e eu não me arrependo de nada, mas não podemos nos alimentar apenas do passado ou vivermos infelizes apenas por medo de perder. Você é um homem incrível Naruto, merece tanto ser feliz.


— Shikamaru...


— Eu sei que você entende tudo que quero dizer.


— Eu sinto falta de mim, ás vezes acho que mais do que sinto falta de você. Eu me olho no espelho e não me reconheço mais. Eu entendo tudo o que você disse, apesar de não querer que nosso casamento acabasse eu não posso nos prender a essa infelicidade constante. Nenhum de nós está feliz, e eu não quero que nosso filho veja mais brigas ou que ele nos odeie. Eu sinto muito por tudo e por todas as vezes em que eu errei com você, espero que possamos ser amigos, não quero que você sinta um gosto amargo em sua boca toda vez que alguém ou você citar o meu nome. Como também não quero que aconteça isso comigo, e que sempre tenhamos o Shikadai acima de tudo, ele é nosso bem mais precioso. Eu ainda te amo Shikamaru, mas infelizmente precisamos nos deixar ir — beijei a sua testa.


– Naruto Uzumaki, você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida e como já te disse eu não me arrependo de nada. Você me deu o melhor presente do mundo, nosso filho é todo o meu mundo e eu nunca conseguirei ser grato o suficiente por tudo que você fez por nós. Eu também te amo – me abraçou fortemente e caímos no choro, eram sentimentos guardados há meses e tudo explodiu naquele momento.


– O que tá acontecendo aqui ? – nos separamos ao escutar a voz de Shikadai que nos olhava confuso


— Filho — Shikamaru se afastou de mim indo até o garoto e o puxou para mais perto — Precisamos conversar.


— Você acha que ele está pronto pra isso? — perguntei.


— Ele já nos viu nesse estado, se não contarmos agora ele não irá parar de perguntar mesmo.


— Pai Naru, o que está acontecendo? — Shikadai falou em um tom alto já com os olhos cheios de lágrimas.


— Senta aqui filho — o puxei para o sofá me sentando ao seu lado e Shikamaru puxou a poltrona para próximo de nós.


— Falem logo.


— Eu e seu pai conversamos sobre tudo o que está acontecendo nos últimos meses e decidimos que o melhor para nós dois é a separação — disse Shikamaru.


— O que? — perguntou incrédulo.


— Seu pai e eu tivemos uma conversa amigável e decidimos que o melhor para nós nesse momento é isso — encarei o garoto que nos encarava paralisado absorvendo toda aquela informação.


— Eu não sei o que dizer — Shikadai nos abraçou começando a chorar — Eu sei que vocês não estavam bem, mas eu pensei que tudo iria melhorar, que era só uma fase.


— Você precisa entender que nada disso é culpa sua, e que eu e seu pai amamos você acima de tudo. Nosso amor por você é enorme e isso nunca vai mudar – Shikamaru falou.


— E às vezes é necessário dar um ponto final em algo que já não nos faz mais felizes para que experiências e aprendizados novos aconteçam, e nos tornemos uma nova versão de nós mesmos — falei apertando ele em meus braços


— Eu tô muito triste, mas eu entendo o lado de vocês. E eu quero que vocês dois saibam que eu amo os dois e que são os melhores pais do mundo.


— Obrigado filho, seu apoio é muito importante para nós — disse Shikamaru.


— Com quem irei morar? — se afastou limpando o rosto.


— Você escolhe — falei.


— Eu acho que vou ficar com o pai Naru, a gente mora perto da minha escola e… — ele estava claramente se culpando por ter que escolher um pai, meu garoto sempre foi muito apegado em ambos.


— Tudo bem filho — Shikamaru bagunçou os cabelos do garoto — Assim que eu me estabilizar você pode ficar alguns meses lá em casa


— Certo — sorriu — Eu amo vocês.


— Nós também te amamos.


*******


Um mês tinha se passado desde a separação, não estava sendo nada fácil. Achei que pelos meses afastados e pelo tempo em que já não tínhamos uma relação, eu não sentiria falta dele. Um grande engano meu, chegar em casa e não ouvir sua voz ou ver suas roupas no guarda roupa estava sendo péssimo. O pior é o vazio na cama, a noite quando tudo está silencioso e eu não escuto o ressonar dele, tudo parece ruir e eu choro. O que me conforta é ver que nosso filho está se adaptando melhor do que imaginávamos, mas o pai o liga todos os dias para dar boa noite e isso me deixa aliviado.


— Terra chamando Naruto — Ino balançou o pacote de macarrão no meu rosto — Pensando nele de novo? — era minha melhor amiga, esteve comigo desde o colegial e desde a separação passou a vir me visitar mais vezes. Hoje estavamos no mercado, tinha esquecido das compras mensais. E isso era bom.


— Não — disse pegando o pacote de sua mão — Vamos terminar essas compras logo, Shikadai está quase chegando da casa dos meus pais.


— Tudo bem pensar nele ainda, Naruto. Não precisa se sentir culpado, ele foi seu primeiro amor e seu marido por anos, um relacionamento não se acaba assim.


– Eu escutei Shikadai e ele em uma chamada de voz esses dias, ele perguntou por mim e disse ao nosso filho que sentia falta de nós. Está sendo difícil para nós dois, mas eu sei que se voltarmos nada vai mudar.


— E você está mesmo bem?


– Eu sinto falta dele, muita, mas eu sei que isso vai passar — parei e encarei a loira que me olhava com ternura — Sinto falta do abraço confortante dele, de fazer ele rir em momentos difíceis. E sinto falta da minha família junta, e eu o odeio por me permitir ir e também me odeio por deixar tudo terminar assim — falei honestamente.


— Não tem que se odiar, tudo na vida tem um fim Naruto, relacionamentos não estão a salvo — Ino falou.


— Desde quando minha amiga que vivia bêbada pela faculdade virou uma ótima conselheira?


— Pode deixar o passado de lado por favor? — me lançou um pacote de molho de tomate, que por pouco não acerta meu rosto — Sábado Sai pode ficar com as crianças e a gente pode ir em uma baladinha, o que acha?


— Baladinha? Acha mesmo que temos idade pra isso?


— Não há nada melhor do que superar alguma coisa com uma rola amiga, e não ouse a falar da nossa idade de novo — disse me fazendo rir


— Sem rola amiga, por favor e eu te amo. Obrigada por estar aqui.


— Também te amo, meu amor. Agora vamos nesse açougue logo ou eu te deixo nesse mercado.


Estávamos escolhendo a carne quando Ino petrificou no lugar e ficou encarando um certo ponto atrás de mim.


— Não olhe! — disse quando fiz menção em me virar.


— O que foi?


— Shikamaru está logo ali, escolhendo frutas enquanto nos encara.


— Não vou olhar — falei finalmente sentindo o olhar dele sobre mim.


— A forma que ele te olha ainda continua tão bonitinha — falou derretida.


— Cala a boca — peguei em sua mão e a puxei para longe dali, pagamos nossas compras e fomos para respectivas casas.


Cheguei em casa e quase gemi em prazer ao ter o cheiro maravilhoso de lámen invadir meu nariz.


— Shikadai, porque não me contou que tinha aprendido a fazer lámen — gritei indo em direção a cozinha sendo pego de surpresa ao ver minha mãe ali. — Mãe! — ri colocando as coisas em cima da mesa


— Eu mesma, estou fazendo o lámen que você tanto ama — sorriu vindo me abraçar — Shikadai quis ficar com o avô, eles não paravam de falar sobre um jogo de basquete que ia ter hoje e eu os deixei para assistirem juntos e vim ficar com você. Uma noite mãe e filho, como nos velhos tempos.


— Que ótimo, mãe.


— Como você está? — perguntou voltando a mexer na panela.


— Bem — falei enquanto guardava as coisas.


— Não minta para mim Naruto Uzumaki — odeio o fato de nunca conseguir mentir para ela.


— Estou indo, melhor agora?


— Ótimo


— O que de fato veio fazer aqui mamãe? Adoro nossas noites mãe e filho, mas sei que não é apenas isso.


— Algum passarinho me contou que amanhã, vocês vão assinar os papéis do divórcio e que anda chorando a noite.


— Vou pegar aquele garoto, ele que me aguarde.


— Seu filho te ama, ele está apenas preocupado com o pai dele.


— Eu sei que sim, às vezes a maturidade dele me assusta.


— Você era idêntico a ele, mas sendo assim peguei umas coisas que tinha lá em casa e vim pra cá, você não devia esconder a chave reserva embaixo do vaso de flor que fica na frente de casa, fácil demais para invadir.


— Entendi, invasora.


— Eu trouxe um vinho.


— Essa foi a segunda melhor frase que eu ouvi de você hoje, a primeira foi sobre o lámen.


— Garoto atrevido.


Ajudei ela terminar o lámen e fomos comer na sala enquanto assistimos algum filme aleatório na Netflix, quando bebíamos o vinho. Quando percebi, estava chorando.


— Chore, meu bebê pode chorar. Vai ficar tudo bem. — minha mãe me disse enquanto me acolhia em seu abraço e acariciava minhas costas.


— Eu ainda me pergunto por que não deu certo mãe, onde foi que erramos… Nós nos amávamos e eu sei que ainda amamos, então porque não dá mais certo? — perguntei choroso.


— Sabe filho, o amor é mesmo assim. Quando tudo parece dar certo algo vem e abala toda a estrutura, e alguns amores existem pra uma vida inteira, mas nunca juntos. Você e Shikamaru tem o que há de mais lindo, o fruto do amor de vocês, Shikadai é um menino incrível, amado e querido por todos a volta dele. Tente manter isso em mente quando a dor vier, tudo isso vai passar logo e vocês vão seguir em frente. O sentimento que existe em seu coração, meu bem, vai ser a sua força pra seguir em frente. — ela disse secando as lágrimas do meu rosto. — Vem, vamos para a cama.


— Dorme comigo hoje? — perguntei manhoso.


— Claro, meu bebê — sorriu beijando minha testa.


*****


No dia seguinte acordei com minha mãe gritando no telefone pela casa, ela sempre falava alto demais, papai dizia que dava para escutar ela a quilômetros de distância. Peguei o celular na cômoda vendo que já eram nove da manhã, fechei os olhos e suspirei, daqui a uma hora estaríamos assinando os papéis, e honestamente eu não me sentia pronto para isso. Me levantei e fui para o banheiro tomar um banho para tirar a ressaca, tomei um comprimido para a dor de cabeça e me arrumei formalmente. Caminhei para a cozinha esperando encontrar minha mãe lá.


— Fiz um suco de laranja pra você, tome — me estendeu o copo.


— Estamos atrasados — peguei o copo de sua mão — Tsunade já está lá nos esperando?


— Não estamos, o juiz teve um problema e se atrasou. Avisei ao seu pai que irei com você e ele vai levar Shikadai para um sorvete e depois o traz em casa.


— Tudo bem, vamos? — perguntei colocando o copo dentro da pia


— Vamos, você está bem?


— Não, mas como você disse vai ficar.


Peguei minhas chaves e fomos em meu carro até o fórum, Tsunade que é minha advogada nos esperava lá fora.


— Bom dia — a saudei.


— Bom dia — sorriu — Já li e reli os papéis e estão todos corretos, com tudo que vocês decidiram.


— Ótimo, Shikamaru já chegou? — perguntei e a loira acenou com a cabeça confirmando — Vamos então.


Adentramos o fórum e fomos recebidos pela recepcionista que já nos aguardava para nos guiar até a sala de mediação, quando entramos senti minha garganta fechar. Meu coração batia incessante ao ver Shikamaru depois de um mês inteiro sem qualquer tipo de contato, ele parecia abalado assim como eu.


— Bom dia — cumprimentei.


— Naruto — ele veio até mim estendendo a mão — Como você está?


— Não sei se essa é a pergunta mais adequada — sorri sem graça apertando sua mão de volta.


— Eu sei, é só estranho demais estarmos aqui e eu não sei o que dizer – sorriu


— Eu me sinto da mesma forma, mas vamos terminar logo com isso — me sentei na poltrona e esperei ele fazer o mesmo.


O juiz adentrou a sala, e explicou que tudo seria apenas uma mediação e não uma audiência, já que ambos estavam de acordo com todos os bens e com a guarda do nosso filho. Logo depois ele deu a voz aos advogados.


— Sua advogada já deu uma lida nos papéis, o senhor quer fazer o mesmo? — perguntou o advogado de Shikamaru, Asuma.


— Claro — peguei as folhas começando a ler atentamente tudo.


— Tudo em ordem. Caneta? — Asuma me estendeu uma caneta e antes que eu assinasse eu olhei para Shikamaru, havia em seus olhos a mesma pergunta que havia nos meus, era a coisa certa que estávamos fazendo?


Mas talvez fosse tarde para a resposta, e poderia sim ser a coisa certa. Era por amor que decidimos pela separação, porque ambos queremos o melhor um para o outro, mas isso não impedia de doer. Assinei os papéis e entreguei para Shikamaru que os assinou.


— Pronto?


— Sim, essa mediação está encerrada. Advogados me acompanhem para assinatura das atas e protocolos. — o juiz determinou.


— Vou deixar vocês sozinhos — mamãe disse se levantando e saindo.


— Promete que vai ser um bom pai para o nosso filho e que nunca seremos aquele casal que joga o filho um contra o outro? — perguntei, eu queria chorar, mas estava cansado de lágrimas.


— Eu jamais faria isso, você e ele serão sempre parte da minha vida. Eu amo a família e a memória que construímos, hoje quando te vi pensei em desistir de tudo, mas eu não quero mais te fazer sofrer — Shikamaru falou segurando minhas mãos.


— Ontem minha mãe me disse que existem amores que nunca nasceram para dar certo, mas que o nosso foi especial. Vamos dar uma vida linda ao nosso filho, Shikamaru e por ele nós vamos ser felizes.


Eu me levantei e fui até ele, e foi a primeira vez que nos abraçamos depois da separação. Nosso amor ainda estava ali, mas era diferente. Nós mudamos, nosso tempo passou, mas ainda seríamos nós. Nosso filho era a prova de que nosso amor existiu e que por muito tempo, ele foi bonito. Nos deu boas lembranças e uma vida incrível, Shikamaru foi meu primeiro amor e eu o dele, ninguém nunca tiraria isso de nós. Pelo tempo que estivemos juntos, eu sou grato e sempre serei e eu sei que ele também, mas era por nos amarmos tanto que estávamos dispostos a deixar ambos seguirem seus caminhos separados. Alguns amores existem, mas eles não precisam ser eternos para serem bonitos.


E quando deixamos o fórum para trás, eu chorei e prometi para mim mesmo que seria a última vez. Porque precisamos seguir em frente.


***********




Ahh o que vocês acharam? 🥺 eu tô todo engatilhado até agora, meu olho enche de água rapidinho quando releio ela. Não consigo escolher um momento que fiquei "meu deus" pq eu fiquei assim a história inteira, mas acho que o momento mãe e filho foi algo que me fez ficar boiola sensível.

Prometo escrever uma história bem boiolinha deles para compensar o choro de vocês aqui.

CL - THNX: https://youtu.be/h3xSV5jxk6A

História betada por Marcela Jackson, tu sabe que eu amo suas betagens mas aqui tu se superou kkk tu fez um trabalho lindo e incrível 🤧❤

Até mais babes ❤

15. Februar 2021 18:59 0 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Das Ende

Über den Autor

Biel Castelli "Escrever é uma maneira de viver outra vida. Muitas outras vidas." - Etgar Keret / all these bitches is my sons 🍼

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