guilhermerubido Guilherme Rubido

O que acontece quando alguém sofre um terrível acidente em um local afastado demais de um hospital e onde não há ninguém que possa ajudar? É isso que Camila e seus amigos vivenciam ao viajarem para passar uns dias em uma casa afastada. Tudo parece tão normal e ocorrendo como o esperado. Porém, um deles acaba caindo e o hospital está muito longe.


Horror Monster Literatur Nicht für Kinder unter 13 Jahren.

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O Rastejador


I


– A CHEGADA –


A cidade mais próxima ficara para trás há pelo menos uma hora, desaparecendo ao longe, a mais de 96 quilômetros atrás, engolida pelas colinas e estradas de terra batida que se amontoavam no horizonte pelo pequeno e empoeirado espelho do retrovisor.

Apesar do ar-condicionado estar se esforçando admiravelmente, o carro continuava abafado como um forno. No painel, as saídas de ar emitiam um som continuo e alto, urrando loucamente em um esforço inútil. Para Camila, pareciam que explodiriam a qualquer momento, deixando-os a sós no meio do nada com a carcaça incandescente do carro brilhando sob o sol. Isso se eles sobrevivessem a explosão, é claro.

Ao seu lado esquerdo, ressonando com a cabeça apoiada em seu ombro, Daniela dormia. A amiga embarcara em uma viagem no expresso do sono nos dez primeiros minutos de viagem; continuara assim desde então.

Ótima companheira, pensou Camila, é sempre bom contar com você, amiga.

No banco da frente, André falou com uma voz ensaiada, sem retirar as mãos do volante – a estrada de terra era difícil, muitos buracos e relevos se escondiam por ali. E na noite anterior chovera muito, fazendo com que a estrada se transformasse em um longo rio marrom e pastoso:

— Ei, crianças, tá na hora de acordar! Chegamos na Disney! — Falou André em uma tosca imitação do que deveria ser a voz de um pai de família.

Sentada no meio dos bancos, Camila ajeitou-se – com o máximo de cuidado que poderia ter para não acordar Dani – e olhou pelo vidro do para-brisa: não havia castelo mágico algum, muito menos um Mickey Mouse acenando ao fundo, feliz por poder recebê-los em sua terra. A imagem, embora não tão animadora, era bonita e aconchegante. No fim da estrada, onde o caminho enrolava-se de repente em si mesmo como uma longa cobra adormecida, erguia-se uma solitária casa, onde passariam o resto do fim de semana juntos, provavelmente bebendo, jogando e se divertindo.

Ao lado do motorista – essa em um tom mais agudo. A mãe, provavelmente – Marcos respondeu André:

— Oh, amor! Não é incrível podermos proporcionar essa viagem para nossas filhas maravilhosas?! — Falou Marcos com uma risada, pousando teatralmente a mão sobre o braço de André.

— Há, há — respondeu Camila ironicamente, desencostando-se do banco e esticando as costas o máximo que podia naquele espaço apertado. Sem o apoio do ombro da amiga como travesseiro, a cabeça de Daniela afundou no vazio, fazendo-a acordar com um susto. Camila se virou para sua esquerda, onde, apoiada na janela, Leticia dormia o sono dos justos e a chacoalhou: — Ei, Bela Adormecida. Acorda. Chegamos.

A menina virou-se para ela com os olhos ainda cerrados de sono. Parecia perdida. Camila viu um fio de saliva seca brilhar sob o sol no canto da boca da garota:

— Que horas são? — Ela perguntou com a voz sonolenta, limpando a boca com as costas da mão.

André se curvou para olhar o relógio no painel do carro:

— Quatro da tarde. Cara, eu não aguento mais ficar nesse carro. Acho que vou pular na piscina direto. Vocês roncam, hein? Por um momento achei que a gente tava levando um trator no banco de trás.

Camila também não aguentava mais o carro. Passara as 4 horas da viagem imaginando que o veículo poderia tombar na estrada a qualquer momento, deslizar em algum barranco e matar todos eles. Durante todo o percurso ela foi esmagada pelas amigas que dormiam ao seu lado, sem poder mexer direito as pernas e derretendo de calor. Não sentia mais uma das pernas, que ficara apoiada o tempo todo em uma elevação no meio do chão do carro, até que começou a formigar como se borbulhasse e, de repente, ela não a sentia mais.

Sim, André, eu te entendo, mas acho que minha situação é um pouquinho pior que a sua. Estava mal humorada. Só queria sair logo dali e, quando respirasse o ar puro e pudesse se esticar um pouco, já estaria melhor. Com certeza estaria. À frente, a casa ficava cada vez maior, assomando-se lentamente sobre o para-brisa do carro.

Quando chegaram, André estacionou o velho Renault Sandero sujo de terra do pai em frente a um grande portão de madeira e saiu para abri-lo. Camila ficou observando enquanto ele retirava do bolso um molho de chaves e procurava entre elas a chave que os libertaria daquela fornalha que chamavam de carro. Em poucos minutos, André destrancou o portão, abriu as duas portas e começou a caminhar de volta para o carro.

Camila tirou os olhos do portão. Com o canto do olho direito, percebeu que Marcos estava olhando para ela do banco do passageiro da frente. Percebendo que ela o vira, desviou a cabeça e começou a mexer nos bolsos. Tirou algo de lá e perguntou para ela, apontando um pacotinho comprido em sua direção:

— Quer um Halls? — ele falou, já mastigando um.

— Não, valeu — ela respondeu, pensando na forma como vira pelo canto do olho Marcos encará-la.

Uma mão passou por cima de seu ombro esquerdo e agarrou o pacote da mão de Marcos.

— Eu quero — falou Dani, que estava afundada no banco, ainda parecendo querer dormir.

André abriu a porta do motorista e deslizou para dentro. Sorrindo orgulhoso, olhou para eles e perguntou:

— Prontos?

E acelerou, atravessando o arco que cercava o portão de madeira.

11. Dezember 2020 14:27 3 Bericht Einbetten Follow einer Story
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Wesley Deniel Wesley Deniel
Olá, meu irmão de batalha ! É bom voltar a ter algum tempo para ler seus história e poder conversar um pouco com o amigo. Eu as sigo fielmente, pois vejo nela o que gostaria de ler (também tenho comigo escrever coisas que me fariam ler). E você escreve muito bem, vejo pesquisa, vejo esmero e um cuidado com duas obrar. Não é fácil encontrar coisa assim, bem escritas, planejadas. Escrevemos igual. Minhas pesquisas às vezes duram muito, muito mais que a escrita em sim, e depois vem as intermináveis reescritas. Dá trabalho, mas é justamente para cultivar uma base de leitores mais exigentes, que queiram uma experiência mais crível, longa... The Last of Us parte 2 foi primordial para que eu me dedicasse ainda mais a fazer algo bom Peço desculpas por "Destino : Inferno" ainda ter alguns deslizes. Certas passagens vom tempos verbais Foram corrigidos já em versões revistas, mas o trabalho nunca acaba, né ?
January 28, 2021, 08:15

  • Wesley Deniel Wesley Deniel
    Senti alguns elementos de das histórias de acampamento, tipo Jason Voorhees, que me pagaram de jeito. Eu a acompanharei, com toda certeza. E se puder ajudá-lo com alguma coisa, duvidas, pode estar certo que estamos nesta vida de escritores que sonham ser reconhecido, um pelo outro. Você é um cara que escreve muito bem, merece ter seu lugar ao sol. Estou pensando muito sério em um canal que englobaria resenhas de livro, narrações de obras que ainda não vi em nossa linha e também que fale do universo terror como um todo : filmes, séries, games e as narrações e grandes clássicos de King, Clive Barker, Neil Gaiman, Conan Doyle, Lovecraft e outros autores do Mythos, e claro, prestigiando os amigos que começaram comigo aqui. São tantas histórias por vir, vai ver só ! Por ora, continuarei seguindo e recomendo fielmente o irmão. Pois é sempre muito humilde e solícito, o que é imprescindível para criarmos uma comunidade de fãs. Grande abraço, companheiro ! Esteja em paz. 🙏 Wesley Deniel. January 28, 2021, 08:28
  • Guilherme Rubido Guilherme Rubido
    Salve, Wesley! Sempre uma honra tê-lo por aqui! Ainda mais ao ler o título de uma das obras da minha vida: The Last Of Us. Finalizei o 2 há meses e, ainda assim, não o superei. Cada música, cada lembrança, cada fala, faz meu coração ficar apertado. Ouvir Take On Me se tornou um fardo, haha. Não se preocupe com "Destino: Inferno", estou lendo e adorando. Peço perdão pela demora, mas, assim que terminar, deixarei um comentário por lá! Nós, como autores independentes, fazemos o papel de mil. Tentamos fazer nossa melhor revisão, mas, sendo um, sempre passarão erros. Ainda mais depois de horas e horas e horas encarando o mesmo texto. Tanto essa minha história "O Rastejador", quanto "A Morte Caminha", são minhas singelas homenagens aos filmes trashs e B's de terror. As situações exageradas e, muitas vezes, forçadas; as decisões questionáveis dos personagens; situações de terror/cômicas; elementos bizarros e sem muita explicação; o gore. Enfim, é um gênero que eu amo e que senti vontade de escrever. Espero que goste! Adoraria ver um canal seu, Wesley. Acho que seria ótimo! Se decidir criá-lo, pode contar comigo como espectador. No mais, espero que esteja escrevendo bastante e se divertindo com tudo. Sucesso para nós dois, Wesley! E muita força para prosseguir em suas obras. Abraço! January 31, 2021, 21:43
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